Em 1944, nasceu Andreas Badder, um filho da “geração de Auschmitz” que viveu os tempos de prosperidade da Alemanha Ocidental financiada pelo poderoso Plano Marshall. Cercado pelo cuidado de diversas figuras femininas, Badder cresceu como um jovem mimado e sem grandes planos. Em sua adolescência tinha uma grande admiração pelos automóveis. No entanto, ao invés de adquirir um carro próprio, preferia roubá-los nas ruas de Munique pelo simples prazer da aventura.
Avesso aos estudos, não concluiu os estudos secundários e passou a vaguear pelos bares e cafés espalhados na metrópole germânica. Com visual despojado, olhos claros e cabelos negros, Badder não parecia buscar nenhum tipo de causa política extremista. No entanto, sua postura marginal e controversa acabou aproximando-o de um grupo terrorista nacional chamado “Facção do Exército Vermelho”, comumente conhecido pela sigla alemã RAF.
O objetivo essencial do grupo era bastante “simples”: abalar a ordem capitalista por meio de ações terroristas e incitar uma revolução de esquerda. A primeira ação criminosa do grupo liderado por Andreas foi a explosão de uma bomba na loja de departamentos Kaufhaus e Schneider, em 2 de abril de 1968. Sem muito preparo, o grupo, ainda composto por Horst Söhnlein, Thorwald Proll e Gudrun Ensslin, foi preso logo após o ocorrido.
Durante o julgamento, Baader e Ensslin foram os únicos a se responsabilizarem pela ação e, com isso, pegaram quatro anos de prisão. Em novembro de 1969, o casal de terroristas aproveitou uma saída da prisão para fugirem da Alemanha Ocidental. Pouco tempo depois Andreas foi pego pelas autoridades alemãs e retornou para a prisão. Entretanto, graças à ação de outros comparsas do RAF, Andreas conseguiu fugir da prisão em um ousado plano de fuga.
Depois disso, o RAF procurou treinamento com grupos terroristas mais experientes para executar planos de maior complexidade. Durante dois meses, o grupo se instalou na Jordânia em um campo de treinamentos do grupo terrorista muçulmano Fedaín. As diferenças culturais entre os resignados muçulmanos e os extrovertidos alemães acabaram forçando a expulsão dos integrantes da RAF do treinamento. Entretanto, já havia passado tempo suficiente pra que Baader pudesse armar ações com maior vigor.
Em maio de 1972, logo depois do início das ofensivas norte-americanas no Vietnã, o RAF arquitetou dois bem-sucedidos atentados terroristas. O primeiro foi armado em uma base americana sediada na Alemanha e o segundo na central de polícia de Ausburg. Por fim, a ação acabou matando um oficial norte-americano e ferindo cinco policiais alemães. Logo em seguida, outra série de bombas no Escritório de Investigação Criminal explodiu dezenas de veículos.
Na mesma época, uma bomba foi instalada no carro de um dos juízes que emitiam mandatos de prisão contra o RAF. Os vários atentados acabaram sendo refreados pelas autoridades alemãs que conseguiram aprisionar Andreas Baader. Depois disso, diversos outros membros da RAF foram presos e julgados pelas autoridades alemãs. A grande maioria dos integrantes, incluindo Andreas Baader, foi aprisionada em Stammheim, uma das mais seguras penitenciárias da Alemanha.
Ao invés de desarticular os remanescentes da RAF, a prisão motivou ações ainda mais sofisticadas. Em setembro e outubro de 1977, os terroristas seqüestraram um membro da diretoria de uma das maiores montadoras de carro da Alemanha e um avião na cidade de Frankfurt. Durante a ação aérea, o grupo foi surpreendido em uma parada feita na Somália. Um grupo especial antiterrorismo alemão, conhecido como GSG 9, conseguiu invadir o avião e executar três membros da “Facção”.
Logo em seguida, os corpos de Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe foram encontrados sem vida em suas respectivas celas. De acordo com o relato oficial, os terroristas teriam cometido suicídio coletivo após saberem dos fracassos do RAF. Ainda hoje existe uma grande polêmica em torno da morte de Baader e seus comparsas. No entanto, nenhuma prova concreta consegue provar a tese que defende a execução dos terroristas sumária feita por autoridades alemãs.
Por Rainer Sousa
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