Recebeu o nome de Eurocomunismo a política desenvolvida pelos principais partidos comunistas da Europa ocidental na década de 1970. O Eurocomunismo foi uma tentativa de adaptar o pensamento socialista à realidade da região, ao mesmo tempo que buscava estabelecer uma alternativa viável dentro do pensamento praticado no campo socialista, que sobrevivesse ao desgaste imposto pela hegemonia do pensamento soviético e que fosse capaz de se adaptar ao dinamismo econômico dos países europeus.
Desde 1956, quando do advento do XX Congresso do PC Soviético (o primeiro após a morte de Stalin), além dos acontecimentos que cercaram a revolta húngara, a cisão sino-soviética, até a invasão da Tchecoslováquia em 1968, o pensamento, bem como a estrutura do regime soviético foi alvo de vários questionamentos, tanto internos quanto externos. O PCI (Partido Comunista Italiano), a partir da direção de Palmiro Togliatti, foi o precursor deste movimento, seguido logo após pelos seus colegas espanhóis e franceses. A ideia era que somente por meio de uma aliança com os democrata-cristãos, então no poder, é que seria possível desencadear a trajetória de transição para o socialismo na Itália. O PCI buscava organizar-se para uma reação frente ao movimento comunista internacional no sentido de adequar-se às transformações na estrutural social do capitalismo avançado, que conquistou gradualmente o apoio da classe operária nas décadas do pós-guerra, desmobilizando-a de seus propósitos de ruptura com o sistema democrático parlamentar.
Tal aliança ocorreria em torno de um vigoroso programa de reformas democráticas, ao mesmo tempo em que buscava uma adequação programática do partido em duas frentes: a hegemonia soviética no campo socialista e o sucesso da social-democracia no ocidente. Na França, o partido comunista local chega a oficialmente abandonar o conceito de ditadura do proletariado, tão caro à filosofia marxista-leninista, e na Espanha, em meio à morte do ditador Franco, e da questão de sua sucessão, os comunistas irão apoiar os pactos de Moncloa, que serão importantes na transição democrática que de fato construiu a Espanha de hoje.
O auge do Eurocomunismo vai de 1974 a 1977, onde os comunistas conquistam uma vitória inicial por meio das urnas. Mas, o resultado a longo prazo desta aproximação com forças políticas mais à direita será o de migração de membros dos partidos comunistas para outros grupos, como por exemplo, os socialistas. O PCI romperá com o PC russo em 1981, insistindo na ideia do Eurocomunismo, o que serviu apenas para dividir e diminuir a importância dos partidos de esquerda na Europa.
Bibliografia:
KOCHER, Bernardo. O Eurocomunismo. Disponível em
MALTEZ, José Adelino. Eurocomunismo. Disponível em
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