Apesar da Segunda Guerra Mundial ter afetado de modo indiscutível todas as nações do globo, algumas destas permaneceram neutras. O conceito de neutralidade não se aplica a países que simplesmente não participaram do conflito, como por exemplo várias nações da África subsaariana, Ásia Central ou da América Central e do Sul.
Importante lembrar também que a posição de neutralidade não significou o total desapego às ideologias envolvidas na luta, e em algumas ocasiões os países oficialmente neutros ajudaram sob vários aspectos as operações dos principais atores envolvidos na guerra. Portanto, é difícil considerar neutro sob qualquer aspecto todas as nações que assim declararam-se, tanto no aspecto bélico como no aspecto político-ideológico.
Ao início da guerra vinte nações tomaram a posição de neutralidade, mas ao fim desta apenas oito conseguiram manter tal status. Os oito países foram:
Portugal
Espanha
Andorra
Suíça
Liechtenstein
Suécia
Vaticano
Irlanda
O exemplo de neutralidade frequentemente citado costuma ser o da Suíça, que mantém um histórico de neutralidade desde sua formação em 1648. Ao início da guerra, o país se mobilizou contra uma possível invasão, e uma consequente anexação da Alemanha, como acontecera com a Áustria (apesar de ser uma sociedade multicultural, a Suíça possui importante população de origem e língua alemã, mas sua filial do partido nazista era pouco influente). A posição suíça foi mantida por meio de um grande esforço, concessões econômicas e políticas, além de acontecimentos fortuitos que impediram qualquer avanço militar dentro de seu território. Por outro lado, devido à sua declaração de país neutro, a Suíça tornou-se um dos mais importantes centros de espionagem para ambos os lados em luta.
Além da Suíça, vários outros países não tomaram parte na guerra, ou seja, pelo menos oficialmente não apoiaram nenhum dos dois lados, como foi o caso de Portugal e Espanha. Portugal, embora fosse um país neutro, era governado na época pelo ditador Salazar, que apesar de manter um regime de orientação fascista, tinha simpatia pelos Aliados. Além disso, sua longínqua colônia de Timor fora invadida pelos japoneses, fato que levou a protestos diplomáticos por parte de Portugal. A Espanha era governada por outro ditador de orientação fascista, Francisco Franco, embora também declarasse neutralidade no conflito, tinha simpatia pelo Eixo (Franco chegou a enviar um grupo de voluntários espanhóis, conhecido como a Brigada Azul, para lutar ao lado dos alemães contra os soviéticos).
A Suécia foi outro importante país a declarar neutralidade, mas mesmo assim também foi forçada a realizar concessões, como a passagem de tropas alemãs e das já citadas brigadas azuis espanholas pelo seu território.
Já os Estados Unidos permaneceram neutros em relação ao conflito mundial até 1942, quando a base havaiana de Pearl Harbor foi bombardeada em um ataque surpresa promovido pelas forças do Império do Japão. Os norte-americanos, apesar de também participarem da Primeira Guerra Mundial tinham, assim como a Suíça, uma política de distanciamento dos conflitos localizados principalmente na Europa. Havia aliás, um forte movimento pacifista no país, contando com simpatizantes do calibre do famoso aviador Charles Lindberg. O ataque inesperado dos japoneses, porém, iria colocar toda a opinião pública a favor de uma declaração de guerra ao Eixo, e assim como na guerra anterior, os EUA entrariam tardiamente mas exerceriam grande influência no resultado do conflito.
Bibliografia:
As alianças e o fim da Segunda Guerra. Disponível em
DUBOIS, Howard; SWISSINFO. Neutralidade na Segunda Guerra Mundial: boas notas para a Suíça. Disponível em