Há aproximadamente 200 anos, o então jovem general Napoleão dominava boa parte da Europa. Ninguém poderia imaginar que a chamada Era Napoleônica influenciaria tanto a história brasileira.
Tudo começou com o Bloqueio Continental criado por Napoleão em 1806, o qual pretendia, sobretudo, atingir sua tradicional inimiga, a Inglaterra. Portugal manteve uma posição dúbia quanto ao bloqueio, o que gerou um atrito com o general francês. Ele então ordenou a invasão do país de D. João, o que culminou na partida da corte portuguesa rumo às terras brasileiras.
A partir do momento que o príncipe regente D. João e milhares de cortesãos desembarcaram no Brasil em janeiro de 1808, a colônia portuguesa na América viveu um choque cultural, político e econômico. Primeiro com a abertura dos portos às nações amigas e a criação de instituições administrativas. Em seguida, pela vinda de artistas, cientistas e outros estudiosos europeus. Nesse momento, destacam-se três momentos da história cultural brasileira:
1816 - Missão Artística Francesa
1817 – Missão Austríaca
1824 – Expedição Langsdorff
Estas missões, que tinham por objetivo “mapear” a cultura e a natureza brasileira, ajudaram a criar uma identidade para o país perante o mundo. Conheça, a partir de agora, a história dessas missões que tiveram influência direta sobre nosso modo de vida.
Missão artística francesa
No dia 26 de março de 1816 — em meio à tristeza pelo falecimento de D. Maria I, rainha portuguesa —, desembarca no Rio de Janeiro um grupo de artistas franceses encabeçados por Joaquim de Lebreton, ex-Secretário da Seção de Belas-Artes do Instituto de França. Entre os artistas encontravam-se Jean-Baptiste Debret, Nicolas Antoine Taunay e seu irmão Auguste Marie Taunay, Auguste Grandjean de Montigny e outros. No ano seguinte, chegam os irmãos Ferrez.
Há quem afirme que os artistas franceses vieram ao Brasil por intermédio do Conde da Barca e do Marquês de Marialva, admiradores das idéias francesas. Outros dizem que estes vieram por iniciativa própria, bonapartitas desapontados com o retorno da monarquia dos Bourbon na França após o Congresso de Viena em 1815. A questão é que Lebreton liderou a Missão Artística Francesa, também conhecida como colônia Lebreton, a qual trazia consigo o objetivo de criar uma instituição destinada ao ensino de artes no Brasil, a Imperial Academia e Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro, que seria inaugurada em 1826.
Nesse meio tempo, os artistas franceses realizaram trabalhos para a corte portuguesa. Montigny, Debret e Auguste Taunay participaram da organização dos cerimoniais da chegada da Imperatriz Leopoldina em 1817, aclamação de D. João VI em 1818 e a coroação de D. Pedro I em 1822.
Apesar do entusiasmo da corte com a presença de artistas franceses no Brasil, estes vivenciaram situações difíceis. Primeiro, em 1817, morre o Conde da Barca e seu lugar é assumido pelo Visconde de São Lourenço, partidário do retorno de D. João à Portugal. Em 1819, morre Lebreton. Desapontado com as adversidades, Nicolas Taunay volta para a França em 1821. Em 1831 é a vez de Debret retornar a sua terra natal.
Saiba mais:
Leia o manuscrito escrito por Joaquim de Lebreton em 12 de junho de 1816, para o estabelecimento da Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro.
Correspondências entre Joaquim de Lebreton e a corte portuguesa na Europa. O nascimento da missão artística de 1816.
Conde da Barca
Congresso de Viena
Visconde de São Lourenço
Academia Imperial de Belas Artes - Aiba (Rio de Janeiro, RJ)
Saiba mais sobre as medalhas do Brasil Imperial
Biografias
Joaquim Lebreton - Saint Meel de Gaël (França), 1760 – Rio de Janeiro, 1819
leia mais::
Jean-Baptiste Debret - Paris (França) 1768 - 1848
leia mais::
Nicolas Antoine Taunay - Paris (França), 1755 - 1830
leia mais::
Auguste Marie Taunay – Paris (França), 1768- Rio de Janeiro, 1824
leia mais::
Marc Ferrez - Saint-Laurent (França), 1788- Rio de Janeiro, 1850
leia mais::
Zéphirin Ferrez - Saint-Laurent (França), 1797- Rio de Janeiro, 1851
leia mais::
Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny – Paris (França), 1776 – Rio de Janeiro, 1850
leia mais::
Missão Austríaca
No dia 15 de julho de 1817, chegava ao Brasil a arquiduquesa Leopoldina da Áustria, que se casaria com o príncipe regente Pedro de Alcântara, futuro Imperador do Brasil D. Pedro I. Com ela vieram cientistas, botânicos, zoólogos e artistas europeus, formando a Missão Austríaca. A vinda de tantos estudiosos muito se deve à ação da própria imperatriz Leopoldina, que mostrava grande interesse pelas ciências naturais e pelas artes. Outro motivo foi a publicação do primeiro volume do livro do geógrafo alemão Alexander von Humboldt, Viagem às regiões equinociais do novo continente, feita de 1799 a 1804 por Alexandre de Humboldt e Aimé Bonpland, obra composta por 30 fólios e quatro volumes.
Na Missão Austríaca estavam Karl Philip von Martius, Johann von Spix e Thomas Ender, entre outros. Após reconhecerem as regiões circunvizinhas do Rio de Janeiro, em dezembro de 1817, a expedição partiu para São Paulo. Depois, rumou para Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão e Pará. Em 1819, Spix e Martius chegaram ao Amazonas e seguiram separados: Spix subiu o Rio Negro e seus afluentes; enquanto Martius rumou para o Rio Solimões e Jupará. Assim, a expedição viajou cerca de 10 mil quilômetros pelo Brasil durante três anos (de 1817 a 1820), recolhendo informações sobre a flora, fauna e sociedade brasileiras.
Em abril de 1820, Spix e Martius voltaram a Belém. Pouco tempo depois, retornaram à Europa e chegaram a Munique em dezembro do mesmo ano, onde deram início ao trabalho de catalogação e classificação do material recolhido durante todo a viagem pelo Brasil. O resultado da Missão Austríaca foi a publicação dos livros Reise in Brasilien(Viagem pelo Brasil) e Flora brasiliensis.
Saiba mais:
Conheça na íntegra o livro Flora brasiliensis, uma das obras mais completas da Botânica nacional. Produzida entre os anos de 1840 e 1906, apresenta 22.767 espécies catalogadas, reunidas em 15 volumes.
Biografias
Karl Friedrich Philip von Martius (Alemanha, 1794–1868)
leia mais::
Johann Baptiste von Spix (Alemanha, 1781–1826)
leia mais::
Thomas Ender (Áustria, 1793–1875)
leia mais::
Expedição Langsdorff
Fascinado por viagens e conhecimentos científicos, o barão Langsdorff conseguiu patrocínio do czar russo Alexandre I para organizar uma grande expedição de reconhecimento no interior do Brasil, em 1821. Entre os integrantes estavam artistas, botânicos, naturalistas e cientistas.
A cidade do Rio de Janeiro, sede do governo português no Brasil, foi o ponto de partida para o grupo de exploradores, que percorreria cerca de 17 mil quilômetros entre os anos de 1822 e 1829. Primeiramente, os estudiosos exploraram a região do Rio de Janeiro. No ano de 1824, partiram rumo à província de Minas Gerais. No mesmo ano, ainda em território mineiro, o artista austríaco Rugendas deixou a expedição, após uma série de desentendimentos com Langsdorff, e retornou ao Rio de Janeiro. Rugendas foi substituído por Aimé-Adrien Taunay, jovem desenhista filho de Nicolas Taunay — integrante da Missão Artística Francesa.
A partir de 1825, a expedição seguiu viagem pelas províncias de São Paulo, Mato Grosso e Amazonas, analisando os aspectos naturais, sociais, etnológicos e lingüísticos brasileiros.
A fantástica trajetória desses estudiosos — os primeiros a estudar certos aspectos da flora, fauna e povos indígenas brasileiros —, também apresentou momentos ruins, pois muitos sofreram com doenças tropicais, sobretudo, malária. O próprio barão Langsdorff perdeu a memória em 1828, após contrair febre tropical, da qual nunca se recuperou. Colocando em números, dos 39 integrantes da expedição, somente 12 sobreviveram.
Todo o material coletado — amostras minerais, animais e vegetais —, os desenhos e os manuscritos foram enviados à Rússia, permanecendo no esquecimento em caixas lacradas no Jardim Botânico de São Petersburgo até 1930, quando foram encontrados ocasionalmente em função de uma reforma. Mesmo com as dificuldades enfrentadas pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra Fria (1945-1989), pesquisadores conseguiram estudar e divulgar boa parte da coleção enviada pela expedição um século antes.
Atualmente, o professor Boris Komissarov, da Universidade de São Petersburgo, é considerado o maior especialista no estudo do material coletado pela Expedição Langsdorff, além de ser presidente da Associação Internacional de Estudos Langsdorff, fundada em Brasília no ano de 1990.
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Extraído de Girafamania
selo Langsdorff
Biografias
Georg Heinrich von Langsdorff (Alemanha, 1774 –1852)
leia mais::
Johann Moritz Rugendas (Áustria, 1802–1859)
leia mais::
Antoine Hercule Romuald Florence (Nice, França, 1804–Brasil, 1879)
leia mais::
Aimé-Adrien Taunay (França, 1803 – Brasil, 1828)
leia mais::
Bibliografia
BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. The voyager’s Brazil, São Paulo: Metalivros, 1995. vol. 2.
Fonte:
leia mais::
Nicolas Antoine Taunay - Paris (França), 1755 - 1830
leia mais::
Auguste Marie Taunay – Paris (França), 1768- Rio de Janeiro, 1824
leia mais::
Marc Ferrez - Saint-Laurent (França), 1788- Rio de Janeiro, 1850
leia mais::
Zéphirin Ferrez - Saint-Laurent (França), 1797- Rio de Janeiro, 1851
leia mais::
Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny – Paris (França), 1776 – Rio de Janeiro, 1850
leia mais::
Missão Austríaca
No dia 15 de julho de 1817, chegava ao Brasil a arquiduquesa Leopoldina da Áustria, que se casaria com o príncipe regente Pedro de Alcântara, futuro Imperador do Brasil D. Pedro I. Com ela vieram cientistas, botânicos, zoólogos e artistas europeus, formando a Missão Austríaca. A vinda de tantos estudiosos muito se deve à ação da própria imperatriz Leopoldina, que mostrava grande interesse pelas ciências naturais e pelas artes. Outro motivo foi a publicação do primeiro volume do livro do geógrafo alemão Alexander von Humboldt, Viagem às regiões equinociais do novo continente, feita de 1799 a 1804 por Alexandre de Humboldt e Aimé Bonpland, obra composta por 30 fólios e quatro volumes.
Na Missão Austríaca estavam Karl Philip von Martius, Johann von Spix e Thomas Ender, entre outros. Após reconhecerem as regiões circunvizinhas do Rio de Janeiro, em dezembro de 1817, a expedição partiu para São Paulo. Depois, rumou para Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão e Pará. Em 1819, Spix e Martius chegaram ao Amazonas e seguiram separados: Spix subiu o Rio Negro e seus afluentes; enquanto Martius rumou para o Rio Solimões e Jupará. Assim, a expedição viajou cerca de 10 mil quilômetros pelo Brasil durante três anos (de 1817 a 1820), recolhendo informações sobre a flora, fauna e sociedade brasileiras.
Em abril de 1820, Spix e Martius voltaram a Belém. Pouco tempo depois, retornaram à Europa e chegaram a Munique em dezembro do mesmo ano, onde deram início ao trabalho de catalogação e classificação do material recolhido durante todo a viagem pelo Brasil. O resultado da Missão Austríaca foi a publicação dos livros Reise in Brasilien(Viagem pelo Brasil) e Flora brasiliensis.
Saiba mais:
Conheça na íntegra o livro Flora brasiliensis, uma das obras mais completas da Botânica nacional. Produzida entre os anos de 1840 e 1906, apresenta 22.767 espécies catalogadas, reunidas em 15 volumes.
Biografias
Karl Friedrich Philip von Martius (Alemanha, 1794–1868)
leia mais::
Johann Baptiste von Spix (Alemanha, 1781–1826)
leia mais::
Thomas Ender (Áustria, 1793–1875)
leia mais::
Expedição Langsdorff
Fascinado por viagens e conhecimentos científicos, o barão Langsdorff conseguiu patrocínio do czar russo Alexandre I para organizar uma grande expedição de reconhecimento no interior do Brasil, em 1821. Entre os integrantes estavam artistas, botânicos, naturalistas e cientistas.
A cidade do Rio de Janeiro, sede do governo português no Brasil, foi o ponto de partida para o grupo de exploradores, que percorreria cerca de 17 mil quilômetros entre os anos de 1822 e 1829. Primeiramente, os estudiosos exploraram a região do Rio de Janeiro. No ano de 1824, partiram rumo à província de Minas Gerais. No mesmo ano, ainda em território mineiro, o artista austríaco Rugendas deixou a expedição, após uma série de desentendimentos com Langsdorff, e retornou ao Rio de Janeiro. Rugendas foi substituído por Aimé-Adrien Taunay, jovem desenhista filho de Nicolas Taunay — integrante da Missão Artística Francesa.
A partir de 1825, a expedição seguiu viagem pelas províncias de São Paulo, Mato Grosso e Amazonas, analisando os aspectos naturais, sociais, etnológicos e lingüísticos brasileiros.
A fantástica trajetória desses estudiosos — os primeiros a estudar certos aspectos da flora, fauna e povos indígenas brasileiros —, também apresentou momentos ruins, pois muitos sofreram com doenças tropicais, sobretudo, malária. O próprio barão Langsdorff perdeu a memória em 1828, após contrair febre tropical, da qual nunca se recuperou. Colocando em números, dos 39 integrantes da expedição, somente 12 sobreviveram.
Todo o material coletado — amostras minerais, animais e vegetais —, os desenhos e os manuscritos foram enviados à Rússia, permanecendo no esquecimento em caixas lacradas no Jardim Botânico de São Petersburgo até 1930, quando foram encontrados ocasionalmente em função de uma reforma. Mesmo com as dificuldades enfrentadas pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra Fria (1945-1989), pesquisadores conseguiram estudar e divulgar boa parte da coleção enviada pela expedição um século antes.
Atualmente, o professor Boris Komissarov, da Universidade de São Petersburgo, é considerado o maior especialista no estudo do material coletado pela Expedição Langsdorff, além de ser presidente da Associação Internacional de Estudos Langsdorff, fundada em Brasília no ano de 1990.
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Extraído de Girafamania
selo Langsdorff
Biografias
Georg Heinrich von Langsdorff (Alemanha, 1774 –1852)
leia mais::
Johann Moritz Rugendas (Áustria, 1802–1859)
leia mais::
Antoine Hercule Romuald Florence (Nice, França, 1804–Brasil, 1879)
leia mais::
Aimé-Adrien Taunay (França, 1803 – Brasil, 1828)
leia mais::
Bibliografia
BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. The voyager’s Brazil, São Paulo: Metalivros, 1995. vol. 2.
Fonte: