Recebeu o nome de Paz Armada o período entre 1871 e 1914, considerado crucial no preparo do cenário para a Primeira Guerra Mundial. Grande parte dos orçamentos europeus destinava-se à corrida armamentista, o que transformou o Velho Continente num verdadeiro campo militar. As demais nações também utilizavam os progressos industriais, científicos e tecnológicos para desenvolver seu próprio aparato militar. Era senso comum que uma ruptura da paz traria problemas de grandes proporções à Europa. Os vários pontos de tensão criados na expansão imperialista levaram a uma linear e ininterrupta corrida armamentista, que se somou à exaltação do nacionalismo e do patriotismo, prenunciando uma guerra.
A Paz Armada inicia-se com a unificação alemã, feita às custas de uma derrota humilhante da França no campo de batalha, o que causou a queda de sua monarquia, mergulhou o país em crise, e ainda tirou dois importantes territórios seus, a Alsácia e a Lorena. O efeito imediato desta derrota foi a construção de alianças político-militares por parte da Alemanha, para se prevenir contra qualquer desejo de revanche francês, e o mesmo da parte da França, buscando se fortalecer contra a Alemanha. As alianças envolviam um apoio militar em uma eventual declaração de guerra de outro país fora do acordo.
Ao mesmo tempo, Alemanha e Itália recém-unificadas buscavam seu “lugar ao sol”, tentando construir impérios ultramarinos e ao mesmo tempo tornando-se potências industriais (neste caso, a Alemanha especialmente), concorrendo com as potências já estabelecidas, Grã-Bretanha e França.
Logicamente, a conquista de um império seria garantida através de um predomínio militar, que também servia para determinado país exercer sua supremacia política na Europa. Por isso mesmo, uma corrida armamentista se inicia entre as potências europeias. A crença era de que tais armamentos serviam mais como instrumento de intimidação dos outros países e não seriam utilizados na prática.
Outro problema era o da disputa dos países por territórios dentro da Europa (em especial Rússia e Áustria-Hungria) que, ao adquirir ou ceder certas áreas afetavam o frágil equilíbrio étnico existente em algumas regiões, especialmente na Península Balcânica, onde várias etnias se “acotovelam” em meio a um arranjo caótico de religiões, línguas e história diversas. Com todo esse clima de tensões e agressividade, uma possível guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento, e quanto mais tensão havia, mais as nações incentivavam a produção de armas e fortaleciam seus exércitos.
Todos estes “ismos” (industrialismo, militarismo, imperialismo, armamentismo, racismo (supremacia da raça e cultura europeia), etc.) foram liberados de uma só vez com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, o que detonou a intrincada política de alianças construída desde o início da Paz Armada, em 1871. As diferenças acumuladas desde a humilhante derrota da França seriam agora transferidas para o campo de batalha.
Bibliografia:
LUZ, Bela. A paz armada na Europa. Disponível em
A paz armada. Disponível em
Significado de paz armada. Disponível em
A paz Armada e a Política de Alianças. Disponível em
Fonte: