20.7.12
Mito Prometeu e a condição humana
Por: RICARDO SANTOS
Imagine, no seu dia a dia, ter de preparar alimentos que exigem cozimento sem usar o fogo e micro-ondas. Não é tarefa fácil. Saiba que há milhares de anos era assim. Contudo, ao longo do tempo, os seres humanos sempre buscaram soluções para os seus problemas. Na mitologia grega, um titã, Prometeu, movido pelo sentimento de compaixão, ajudou o homem. Como? Roubou o fogo dos deuses.
O fato é que o domínio do lume era fundamental para garantir uma melhor qualidade de vida aos nossos ancestrais. Assim, Zeus, o soberano do Olimpo, puniu Prometeu acorrentando-o ao Cáucaso. E dia após dia, uma águia bicava o seu fígado. Ao anoitecer, voltava ao normal. Hércules, um semideus, ao concluir suas tarefas (Os doze trabalhos de Hércules) pôs fim ao castigo do titã. O centauro Quíron tomou o seu lugar para que ele fosse livre.
Por sua vez, também, os homens foram castigados. Hefestos, deus do fogo e das erupções vulcânicas, a mando de Zeus, fez uma belíssima mulher chamada Pandora, que recebeu uma caixa e instruções para não abri-la. Movida pela curiosidade excessiva, ela abriu a caixa proibida e dela saiu flagelos - guerras, doenças, pragas, violências – que tanto assolam a humanidade.
APROPRIAÇÃO DO SABER
O Mito Prometeu é, portanto, a baliza de tempo que assinala o exato momento em que a humanidade apropria-se do conhecimento. Foi isso que fez nosso ancestral Homo erectus, que viveu no pleistoceno médio, cerca de 500 mil anos atrás, ao dominar a tecnologia [do fogo] no período paleolítico. Ele saiu da toca para a conquista do planeta.
Dessa forma, autodeterminou o seu destino e deixou de depender da chancela dos deuses. Dado seu desenvolvimento, foi capaz de elaborar raciocínios e abstrações cognitivas altamente complexas. Segundo pesquisadores, essa espécie é a primeira que migrou da África para a Europa e Ásia.
Em conclusão, compartilho da mesma opinião do antropólogo Renato da Silva Queiroz: 'A mente dos humanos modernos é fruto do processo de expansão cerebral, conhecido como "encefalização", e do desenvolvimento de inteligências especializadas (...)'. Graças a esse ancestral, nós os Homo sapiens, somos produtores de cultura. É o caso da arte, música, filosofia, ciência, teatro, cinema e dança. Tem mais, diferenciamo-nos dos demais seres ao apropriarmos do conhecimento.
Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com