Por Emerson Santiago
Recebe o nome de Cultura Virú uma antiga civilização litorânea estabelecida a noroeste do atual Peru, entre os vales de Chicana e Virú, e que se desenvolveu por volta de 200 a.C. e 200 d.C. Tal povo é também conhecido pelo termo espanhol “Cultura Gallinazo” (cultura urubu) devido às manchas brancas deixadas por estas aves nos muros das ruínas arqueológicas.
Marco importante na pré-história do litoral norte peruano, a cultura Virú se destacou por seu sistema aristocrático administrativo, responsável mais tarde pelo surgimento de outra importante antiga civilização peruana, localizada cerca de 25 quilômetros ao norte, chamada Moche (que por volta do século II d.C. acabaria por conquistar os Virú). Os pesquisadores geralmente dividem em três fases o desenvolvimento desta cultura: inicial, médio e tardio. Nas fases inicial e média, encontramos centros urbanos concentrados nas partes mais baixas dos vales, enquanto que na fase final, influenciada pelo contato com os povos e Moche e Recuay, os Virú isolam-se em locais mais altos, o que implicou em novos conceitos de irrigação na agricultura e uma forma mais elaborada de defesa, com o uso de fortificações.
Entre suas obras de destaque, vale mencionar seus conjuntos arquitetônicos, metalurgia e cerâmica. Quatro importantes tipos de estruturas são identificadas em meio aos sítios arqueológicos:
Centros urbanos cerimoniais: consistem em pirâmides de grandes dimensões construídas com o objetivo de abrigar atividades cerimoniais e cultos religiosos.
Castelos fortificados: eram grandes edifícios erguidos em locais estratégicos, nas partes mais altas, próximo aos centros urbanos e cuja função era monitorar, controlar e defender o vale.
Grandes casas semi-isoladas: afastadas dos centros urbanos, estas grandes habitações, com vários quartos certamente pertenceram a altos funcionários responsáveis pela produção de toda a comunidade.
As aldeias propriamente ditas, onde vivia a população em geral, que utilizava na construção de suas habitações materiais perecíveis, tais como caniços e alfarrobeiras.
Na metalurgia, os artesãos Virú continuaram a praticar as técnicas já consagradas do litoral norte, e com o tempo passaram a utilizar melhor o cobre e o ouro, além de ligas compostas desses dois materiais. Em sua cerâmica, os Virú utilizavam uma técnica de coloração chamada de negativo, onde certas áreas da peça eram cobertas com cera ou material orgânico similar, de modo que quando a peça fosse cozida, esta apresentasse posteriormente um contraste claro e escuro entre as áreas cobertas e descobertas, criando deste modo um padrão ornamental de destaque e grande beleza.
Bibliografia:
LÓPEZ LEÓN, Juan José. Cultura Virú (em espanhol). Disponível em: <http://ataura.blogspot.com.br/2011/02/cultura-viru.html>. Acesso em: 18 jul. 2012.
The GallinazoCulture (em inglês). Disponível em: <http://www.tampere.fi/ekstrat/taidemuseo/arkisto/peru/800/gallinazo_en.htm>. Acesso em: 18 jul. 2012.
Fonte: