7.8.12

Impressões do Brazil no Seculo Vinte


Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 321 a 331, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):
Impressões do Brazil no Seculo Vinte
Lavagem dos diamantes, nos tempos primitivos
Imagem publicada com o texto, página 322
Recursos minerais
s riquezas minerais do Brasil gozam, desde longa data, duma reputação quase fabulosa. A elas estão ligadas a história dos bandeirantes paulistas, que se internavam pelos sertões à procura de pepitas d'ouro e pedras preciosas, encontradas à flor da terra, e a das magnificências ostentadas pela Corte portuguesa com o ouro e os diamantes da sua então colônia do Novo Mundo.
A um dos seus estados, que aliás não goza do privilégio dessas riquezas no Brasil, foi mesmo dado o nome de Minas Gerais.
Mas, ainda mesmo tirando-se a essa reputação o que constitui propriamente objeto das lendas, da literatura e da anedota histórica, fato é que os especialistas que têm visitado ultimamente o país, com o fim determinado de examinar o seu subsolo, são unânimes em lhe atribuir prodigiosos recursos.
É sabido que o Brasil, embora pouco explorado, tem produzido ouro num valor de mais de £100.000.000; que os seus diamantes são muito mais apreciados, por sua qualidade, do que os da África do Sul; que os seus depósitos de ferro são considerados, por diversos engenheiros de minas dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa, os mais ricos e os maiores do mundo; e que, em quase todos os seus estados, se encontram abundantemente prata, platina, cobre, chumbo, manganês, mercúrio, carvão, areias monazíticas, grafite, quase todas as variedades de pedras preciosas, mármores etc.
Clique na imagem para ampliá-laMinas de ouro em lavras dos Tassaras
Foto publicada com o texto, página 323. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la
Apesar de toda essa riqueza reconhecida, a indústria mineira do Brasil não tem senão um muito pequeno desenvolvimento e não representa, portanto, senão uma parte insignificante na prosperidade geral do país.
A razão disso está em que, por um lado, é muito dispendiosa no Brasil a extração dessas riquezas, devido à carestia de transportes, escassez da mão-de-obra e outras dificuldades econômicas; e por outro, não existe até hoje uma legislação mineira completa, que regule os direitos e garantias dessa indústria, estimulando portanto os capitais a serem empregados nela.
No § 17 do seu art. 72, a Constituição da República declara que "as minas pertencem ao proprietário do solo", salvas as limitações a serem estabelecidas por lei. Até hoje, porém, tais limites, que deviam ser estabelecidos em proveito da exploração industrial, não o foram; de sorte que a República criou um novo direito sem regular-lhe o exercício. Assim sendo, as questões de direito ao subsolo jazem numa incerteza que não é de molde a fomentar pesquisas e explorações novas.
O sr. Gorceix, um engenheiro francês que viveu longamente no Brasil, onde fundou e dirigiu a Escola de Minas de Ouro Preto, publicou a esse respeito um substancioso artigo no Bulletin de la Société de Géographie Commerciale de Paris; e o deputado por Minas Gerais, dr. Pandiá Calógeras, engenheiro de minas, publicou em 1905 três volumes sobre As  minas do Brasil. Sua legislação, que são o mais completo trabalho sobre o assunto, nos quais faz sentir a necessidade de uma legislação para essa indústria, que deveria ser uma grande fonte de riqueza nacional.
Em julho de 1891, o deputado Serzedello Corrêa apresentou à Câmara um projeto de lei, o qual todavia não foi tomado em consideração, visto como ele atacava o direito à propriedade individual do subsolo, garantida justamente pela Constituição de fevereiro daquele ano. No ano seguinte, a mensagem presidencial enviada ao Congresso convidava este a estudar e votar uma lei que determinasse e fixasse finalmente os limites do novo direito mineiro, de modo a salvaguardar os interesses gerais e particulares.
Em 1899, o Ministério da Justiça abriu um inquérito em todos os estados confederados e também no estrangeiro para apurar a situação, as perspectivas, as necessidades da indústria mineira no Brasil, sua regulamentação local e a legislação estrangeira. Um funcionário foi encarregado de apurar e resumir as informações colhidas, mas não se chegou ao fim desse trabalho.
Em 1903, a Câmara dos Deputados encarregou uma comissão de cinco membros de preparar um projeto de legislação, o qual foi apresentado em 1904 pelo relator, sr. Calógeras, com uma documentação que contém a mais completa história das minas brasileiras. Esse projeto, porém, procura ainda isolar as minas da propriedade do solo, dando-lhe uma administração à parte, o que contraria o disposto na Constituição Federal.
Clique na imagem para ampliá-laTransporte dos minerais em Morro Velho
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Na sua última mensagem ao Congresso Nacional (1909), o presidente Affonso Penna insistia na necessidade de uma reforma da legislação de minas, bem como das águas. Tudo, porém, não tem passado de bons desejos e tentativas para dotar o país com uma legislação mineira que, até aqui, é apenas um conjunto heterogêneo de atos fragmentados regulando casos especiais.
Os governantes do Brasil estão, entretanto, inspirados de sincera boa vontade, e é de esperar que seja afinal atendida a insistência com que se reclama uma legislação liberal, que favoreça a pesquisa e exploração das minas, garantindo aos que o façam os necessários direitos e vantagens.
Tratando do assunto, num capítulo aditivo à tradição inglesa do livro do sr. Pierre Dénis, sobre o Brasil, escreve o autor do mesmo:

"
Eu não tenho dúvidas, depois e ter feito uma visita de estudos e examinado informações valiosas, de que o Brasil, dentro de poucos anos, tomará considerável atenção dos que se ocupam de minas, visto como existem poucos países em que haja maiores oportunidades para um proveitoso emprego de capital. Até aqui tem sido dada muito pouca atenção à questão das minas, tanto pelo governo federal como pelo dos estados, com exceção do de Minas Gerais, resultando daí uma falta de leis muito necessárias para orientação daqueles que desejam empenhar-se em negócios de minas.
"Vejo que os estados interessados parecem começar a compreender a importância de encorajar o desenvolvimento da sua riqueza mineral latente, e seria bom para eles considerar que a grande prosperidade da Califórnia, Austrália e África do Sul é em grande parte devida aos esforços dos homens que foram primeiro atraídos a essas regiões à procura do precioso metal.
"A moderna exploração de minas exige um considerável desembolso, antes que se possa esperar uma retribuição. É esta falta de capital e a necessidade de esperar pelos lucros que desanima os brasileiros de empreender as operações de minas. Aos capitalistas europeus e americanos é que caberá portanto esse trabalho, e por eles é que serão colhidas as recompensas".
O autor refere-se também ao texto constitucional que garante a propriedade das minas ao proprietário do solo, emitindo a opinião – aliás corrente entre os legisladores brasileiros, como vimos de examinar – que é preciso abrir a propriedade privada à investigação do explorador de minas. No regime atual, o proprietário do solo não explora por si o subsolo e dificulta, com preços exorbitantes, a exploração por outros.
Urge, portanto, uma legislação razoável que garanta e facilite a mineração, sendo de esperar daí um aumento considerável da riqueza do país. Feitas estas considerações de ordem geral sobre a indústria mineira em conjunto, passemos a examinar os principais dos seus ramos.
Clique na imagem para ampliá-laVisita às minas de manganês em Miguel Bournier
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Ouro – Tem-se encontrado ouro em quase todos os estados do Brasil, particularmente em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, principais fornecedores desse metal. Mas ele tem sido também explorado na Bahia (Jacobina, Assuruá e Xique-Xique), em S. Paulo (Jaraguá e Apiaí), no Rio Grande do Sul (Caçapava e Lavras) e no Maranhão (bacia do Gurupi).
Em larga escala, porém, a exploração só se tem feito em Minas Gerais, pelas companhias inglesas de S. João d'El Rei e Ouro Preto. O barão von Eschwege observou que as jazidas auríferas de importância, no Brasil, estão grupadas todas em torno de três grandes cadeias meridianas. As mais exploradas são as que ficam na cadeia do Espinhaço, grupadas numa linha meridiana muito regular, que vai da cidade de Barbacena, no estado de Minas, à de Jacobina, na Bahia, numa extensão de 1.200 km.
Além das aluviões, as jazidas auríferas de Minas podem ser grupadas em três tipos: veios de piritas e de quartzo e jazidas de itabirita aurífera, sendo que as mais importantes destas jazidas, peculiares ao Brasil, são as de Gongo Seco, muito exploradas até 1856, de Maquiné, de Catas Altas do Mato Dentro, de Taquaril, de Itabira, de Mato Dentro, de Cocais da Serra e do Ouro.
Clique na imagem para ampliá-laLavagem dos diamantes, nas gargantas das serras de Diamantina
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Não existem estatísticas que permitam avaliar com precisão a produção de ouro no Brasil, calculando-se todavia que, desde os tempos coloniais até hoje, essa produção não é inferior a 700.000 kg, dos quais a maior parte procede de Minas.
As companhias para exploração do ouro no Brasil começaram a ser organizadas em 1824. As principais são: a de Morro Velho, em Vila Nova de Lima, pela St. John d'El-Rey Co., com um capital de £700.000; a da Passagem, no município de Mariana, pela Ouro Preto Gold Mines of Brazil Limited, de £140.000; a de S. Bento, no distrito da cidade de Santa Bárbara do Mato Dentro, pelo S. Bento Gold Estates Ld., de £250.000; a de Cuiabá, no município de Caeté, pela Saint John d'El Rey; a de Juca Vieira ou S. Luiz, também no município de Caeté, pela Lathom Gold Mining, £50.000; e a de Descoberto, ainda no município de Caeté, pela Rotulo Limited, £50.000, que é a mais recente, tendo os trabalhos de extração do ouro sido iniciados em setembro de 1903.
A St. John d'El Rey, que explora Morro Velho, não é somente a mais importante companhia de mineração do Brasil, mas também a mais antiga; ela é talvez mesmo a mais antiga companhia inglesa de mineração que existe atualmente, pois, tendo sido fundada em 1830, e tendo começado a exploração de Morro Velho em 1834, ela nunca deixou de operar. O ouro por ela extraído da sua mina, para o ano de 1909-10, foi avaliado em £204.500. Ela possui uma das melhores instalações de todo o mundo, tendo conseguido já obter a extraordinária extração de 95½ por cento. A maior profundidade da mina é de 1.041 metros (3.424 pés ingleses), abaixo da superfície do solo, ou 199 m abaixo do nível do mar; e a largura do filão é de 197,6 m (isto é, 650 pés ingleses) de Leste a Oeste, ou 258,4 m (isto é, 880 pés ingleses) com as ramificações.
A Ouro Preto Co. não tem o desenvolvimento da sua vizinha, mas a sua mina da Passagem, com instalações muito melhoradas, apresenta boas condições. A mina de S. Bento, que já possui instalações modernas para a cianuração, conta com grandes progressos quando puder utilizar-se dos 800 cavalos-vapor do Rio Santa Bárbara.
No Rio Grande do Sul estão sendo feitos sérios trabalhos de mineração em Lavras e São Gabriel, perto da margem do Rio Uruguai, por duas companhias inglesas: a Gold-fields of Brazil, Ltc. E a Brazilian Golden Hill, Ltd., as quais abriram minas em seis pontos diferentes. Elas têm encontrado aí especiais facilidades de mineração e contam fazer, de futuro, excelentes negócios, tendo descoberto também, nesses distritos, prata, chumbo e cobre.
É de notar que o grosso do ouro produzido no Brasil é obtido pela gente do país lavando as areias que se desprendem das margens dos rios, operação esta em que ela se mostra muito destra, perdendo apenas muito pouco do metal. A avaliar pela quantidade de ouro assim obtido em todo o país, e supondo que esse ouro carreado pelos rios deve provir de veios interiores que chegam até a superfície, é de imaginar que existem muitos desses veios à espera de quem os vá explorar.
As exportações de ouro do estado de Minas Gerais – cuja produção representa a quase totalidade da produção brasileira – têm dado lugar ao seguinte movimento nos últimos anos:
AnosQuant. em gramasValor em mil-réis papel
18972.233.9447.184:685
18983.090.20510.816:072
18994.192.14113.682:554
19004.304.68813.311:518
19014.012.22110.772:671
19023.854.1039.709:610
19033.934.5419.542:950
19043.982.7409.781:404
19053.612.0686.950:599
19063.525.8476.623:534
19073.834.4227.655:102
19083.822.5467.020:475
19094.165.2988.330:596
19103.751.6827.503:364
Clique na imagem para ampliá-laLavagem de diamantes, em Diamantina
Foto publicada com o texto, página 326. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la
Ferro – O ferro está destinado a ser a mais importante riqueza mineral do Brasil. Durante estes últimos anos, eminentes engenheiros de minas estrangeiros têm visitado o Brasil, com o intuito de examinar e relatar sobre os depósitos de ferro do país, considerando-os os mais ricos e maiores do mundo. Essa abundância e riqueza não impedem, porém, que a indústria do ferro tenha sido, até aqui, deploravelmente descuidada pelos governantes brasileiros.
O ferro foi descoberto pela primeira vez no Brasil cerca de 40 anos após a fundação da cidade de S. Paulo em 1554. Foram também feitas por esse tempo descobertas de ouro e de prata, pelo que o governo português mandou para a colônia, em 1597, mineiros encarregados de explorar os três metais. Uma ou duas pequenas forjas foram construídas e continuaram em atividade até 1629: o seu produto foi provavelmente o primeiro ferro obtido no continente americano. A montanha onde se fizeram estas primeiras explorações, e que recebeu o nome de Ipanema, ficou para sempre ligada à longa história da indústria siderúrgica no Brasil.
O fato de terem sido os depósitos de ferro conhecidos desde tão longa data sugere a existência de condições que facilitaram grandemente o desenvolvimento da indústria. E assim foi, sem dúvida, outrora. Mas as dificuldades e alto custo do transporte, combinados com a falta de recursos técnicos, opuseram-se a um rápido desenvolvimento; é certo, porém, que em tempo algum faltaram no Brasil minérios de ferro de excelente qualidade.
Estes minérios são geralmente óxidos; os carbonatos de ferro são raros e geralmente aparecem ligados com carbonatos de cálcio. Eles abundam principalmente nos estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Mato Grosso, S. Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; nos quatro primeiros destes estados, os minérios são principalmente de hematita; nos três últimos, são geralmente magnéticos.
Com exceção do estado de Minas, em nenhum dos outros os minérios de ferro têm sido devidamente examinados por técnicos competentes. Em Minas, onde, freqüentemente, não formavam camadas, mas verdadeiras montanhas, toda a zona de ferro foi reconhecida e as massas de minérios examinadas por uma expedição mineralógica sob a direção do dr. Luiz Gonzaga de Campos, assim como os depósitos o têm sido por muitos especialistas europeus e norte-americanos.
A parte da zona já cartografada abrange uma área de 5.700 km quadrados, cobertos com o ferro que se prolonga ainda para Nordeste e Sudeste, o que representa uma área de provavelmente mais do dobro desta cifra. A quantidade, porém, de ferro contida nesta área não é possível avaliar: geologistas que têm visitado partes da região fazem estimativas diversas, que sobem a bilhões de toneladas.
Os cálculos feitos pelo dr. Gonzaga de Campos, sobre nove dos principais fins de veio (outerops), dará uma idéia aproximada do que pode ser a quantidade total dos minérios, quando todos os distritos forem mais conhecidos. Essas estimativas oscilam de 3 a 80 milhões de metros cúbicos, dando em conjunto 247 milhões e metros cúbicos, ou seja, ao cálculo de 4 toneladas por m³, um total de 988 milhões de toneladas métricas – não se tomando em conta a presumida extensão em profundidade dos blocos de minério visíveis.
São também muito numerosos e extensos por essa zona os depósitos de cascalhos, que às vezes chegam a conter 50% de ferro facilmente extraível. É provável mesmo que a quantidade total de cascalho de ferro seja igual à das pedreiras.
É preciso ainda contar o que se denomina canga, um conglomerado argiloso que, no estado de Minas, cobre léguas de terreno e mede 5 a 6 metros de espessura. Segundo cálculo feito por geólogos notáveis, só a canga de Gandarella pode fornecer 100 milhões de toneladas de ferro. O dr. Gonzaga de Campos calcula que a canga mineira cubra uma décima parte de toda a zona de ferro, e que só ela representa 1.710.000.000 de toneladas métricas de minério, contendo 50% de ferro.
A itabirita, formada principalmente de oligisto, é muito abundante em Minas, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso. O pico de Itabira do Campo é uma massa deoligisto compacto, e a montanha denominada Pico de Itabira do Mato Dentro é quase toda formada por excelente oligisto.
Também os flancos da serra do Caraça são constituídos por espessas camadas de oligisto, explorado em parte como minério de ferro. Essas jazidas quase inesgotáveis prolongam-se pela Serra do Espinhaço a centenas de quilômetros. A serra de Cacunda, não longe de Itabira do Mato Dentro, é uma montanha de oligisto granular, e pode-se dizer o mesmo das de Ferrugem e do Ouro, nos arredores da cidade de Conceição, e das situadas nas margens do Rio Piracicaba, em S. Miguel de Piracicaba, onde se encontram, além de pequenas fábricas de ferro, a usina de Monlevade, uma das mais importantes do estado de Minas.
Outro importante minério de ferro muito espalhado pelo Brasil é a magnetita, de que se encontram acessíveis e extensos veios em S. Paulo, Paraná e Santa Catarina. Verificou-se que muitos desses minérios são isentos de titânio e, se eles se encontrassem em depósito sobre uma extensa zona explorável, sua proximidade da costa assegurar-lhes-ia grandes vantagens sobre os conhecidos depósitos de hematita.
Da riqueza de alguns dos minérios de ferro do Brasil – os quais rivalizam com os melhores da Suécia e outras partes do mundo – pode-se avaliar pelas seguintes porcentagens:
Ipanema: sesqui-óxido de ferro 74,08%, e óxido magnético de ferro 15,05.
Sabará: ferro metálico 75,023.
Itabira (itabirita): sesqui-óxido 92,074 e peróxido 97,074.
Lençóis (Bahia): sesqui-óxido 93,014.
Gandarella (canga): sesqui-óxido 93,14.
A questão da indústria siderúrgica foi ultimamente muito agitada no Brasil, tendo o dr. Nilo Peçanha, em 19 de maio de 1910, assinado um decreto (n. 8.019), pelo qual eram garantidos diversos favores aos capitalistas e companhias que pretendessem explorá-la. Em vista deles, anunciou-se logo a instalação de diversas usinas, entre outras a de doze mil toneladas projetada pela Estrada de Ferro Vitória e Minas; a de vinte e quatro mil toneladas contratada pelos srs. Wigg e Trajano; a de vinte e quatro mil toneladas contratada com a Bracuhy Fall's; uma de oito mil toneladas da concessão Perini; outra de doze mil toneladas da concessão Lisboa e outras mais em perspectiva.
Foi ainda estimulado por esse decreto que o general Souza Aguiar empreendeu uma viagem aos Estados Unidos, a fim de aprofundar os seus conhecimentos a respeito e aparelhar-se para a exploração da siderurgia.
Todos estes projetos, porém, não tiveram realização: uns, por não terem sido feitas aos candidatos certas concessões e vantagens requeridas; outros, por não contarem com remuneração certa ao capital que devia ser empregado.
Por decreto de 11 de janeiro de 1911, foram concedidos favores sem monopólio, às empresas que se organizarem para explorar a indústria siderúrgica e autorizado o governo a fazer na Estrada de Ferro Central os melhoramentos necessários para atender ao transporte do minério, assim como a construir ou contratar a construção e arrendamento de estradas de ferro que tenham por objetivo principal favorecer a indústria siderúrgica e desenvolver a exploração do ministério de ferro. E um decreto de 22 de fevereiro seguinte concedia aos srs. Costa Wigg e Trajano de Medeiros prêmios sobre os produtos manufaturados, garantia de consumo anual e outros favores para exploração duma usina siderúrgica com a capacidade de 150.000 toneladas anuais.
Estas concessões provocaram diversos protestos de que o Jornal do Commerciose fez órgão, assim comentado os favores concedidos, em editorial de 25 de agosto de 1911: "Para não nos alongarmos, consideraremos apenas os mais importantes favores do aludido decreto, cada um dos quais, com o caráter de monopólio, isto é, concedido a um só indivíduo, seria bastante para matar a indústria siderúrgica, fazendo desaparecer todas aquelas iniciativas que com tanto brilho e entusiasmo tinham surgido.
"São eles: 1º) o prêmio de 25$ em média por cada tonelada de ferro fabricada; 2º) compromisso do governo de comprar um terço de todo ferro de que precisar pelos preços da Europa, gravados dos direitos alfandegários atuais, mesmo no caso de serem eles abolidos; 3º) transporte a preço reduzido na Estrada de Ferro Central, para a exportação do minério (o que não constitui indústria siderúrgica) até um milhão e quinhentas mil toneladas. Só a importância dos prêmios orça por cerca de 4.000 contos anuais com que o governo terá de entrar para os cofres dos srs. Wigg e Trajano, os quais, no caso do monopólio, serão os únicos que poderão fabricar as 150.000 toneladas de ferro, em que se computam as exigências do nosso mercado".
E mais adiante, generalizava: "Com efeito, a indústria siderúrgica de um país não consiste na instalação de uma só usina, por maiores que sejam as suas proporções; mas na multiplicidade delas, em todos os recantos onde haja uma jazida a explorar, derramando a vida, animação e progresso por todo ele; ela consiste exatamente na luta e emulação travadas entre todas essas usinas, grandes e pequenas, em que cada uma procura aperfeiçoar os seus produtos e baratear os seus processos de fabricação, de modo a poder vender por mais baixo preço, conquistando assim a preferência da freguesia. É essa a verdadeira indústria e a única que, aproveitando diretamente ao público, traz para o país o progresso e a prosperidade".
Deixando de lado essa discussão dum caso especial, quase todos, porém, estão de acordo em que a indústria siderúrgica no Brasil não se poderá desenvolver, apesar da riqueza e abundância dos minérios, sem algumas liberalidades do governo; pois – embora dispondo de minas de carvão, como veremos adiante – o Brasil não o explora ainda e precisa, por isso, importar da Europa todo o carvão necessário para a manutenção das usinas de ferro. Há mesmo técnicos de reconhecida competência que vêem nisso um obstáculo irremovível à implantação de uma verdadeira indústria siderúrgica no Brasil, capaz de viver e prosperar por aí, sem o auxílio perene do Tesouro Nacional.
Não é essa, entretanto, a opinião de muitos outros – como o sr. general Souza Aguiar, por exemplo, que escreveu um importante trabalho sobre a siderurgia no Brasil, de regresso da sua viagem de estudo aos Estados Unidos.
A este propósito, convém lembrar que o Brasil dispõe das mais poderosas quedas d'água conhecidas no mundo, e que essa energia poderá ser aproveitada para esse fim, de futuro pelo menos, caso a indústria do carvão não se desenvolva de maneira a prestar o seu auxílio à indústria do ferro.
Parece, pois, que não há razão para descrer da siderurgia no Brasil. É este pelo menos o sentimento expendido por muitos técnicos estrangeiros e assim resumido num artigo do Suplemento Sul-Americano do Times de 29 de novembro de 1910: "Ter-se-á visto, destes poucos fatos, que a indústria do ferro no Brasil oferece um enorme campo de operação para a exploração comercial. O desenvolvimento da indústria é largamente restringido pelos problemas de fusão elétrica, visto como as atuais provisões de carvão no Brasil são insuficientes para outros processos de fusão do ferro. Não existe, todavia, país no mundo onde se possa gerar tão enorme quantidade de energia elétrica, pela utilização de força hidráulica, como na vasta área do Brasil. Os rios apresentam em seu curso inferior uma série de quedas d'água e cachoeiras iguais às maiores de qualquer outro país – sendo seis delas das maiores do mundo. Atualmente existem apenas três importantes instalações de força elétrica em operação".
Antes de encerrar estes dados sobre a indústria do ferro no Brasil, convém assinalar que, apesar de muito descuidada, ela não vive inteiramente abandonada. Para não citar outras menores, só no estado de Minas existem duas grandes usinas, a Esperança e a Wigg, das quais a primeira, regularmente instalada, forneceu, de 1901 a 1905, ferro gusa na quantidade de 7.972.971 kg e no valor de 700:000$.
Os seguintes algarismos de importação, durante os cinco últimos anos, bastam para mostrar, todavia, o quanto se precisa ainda fazer, até que os mais ricos minérios de ferro do mundo forneçam ao menos o necessário para o consumo local do país que os possui:
AnoFerro bruto kgFerro trabalhado kg
1908148.218.929141.106.814
1909210.134.507117.815.005
1910221.467.343172.832.216
1911214.316.362187.471.200
1912 1º semestre119.347.960108.505.250
O valor de tais importações tem sido o seguinte:
Ano
Ferro bruto
Ferro trabalhado
190820.362.421$34.785.654$
190918.281.000$39.146.588$
191026.740.899$37.126.125$
191126.931.820$41.726.494$
1912 1º semestre16.107.006$23.062.980$
Outros metais – Além do ouro e do ferro, o Brasil possui, entre seus metais, uma grande riqueza nos excelentes minérios de manganês. Conforme um cálculo feito, a remessa do mineral para a Europa fica em £2 por tonelada; mas estão sendo envidados grandes esforços para reduzir esse custo e, no caso de serem bem sucedidos tais esforços, as exportações do minério (que se encontra em óxidos e silicato) tomarão grande incremento.
A exploração das jazidas de manganês concentrou-se principalmente em Minas,onde teve início em 1894: só nos arredores de Queluz funcionam atualmente cinco companhias, sendo que a do Morro da Mina produz anualmente uma média de 60.000 toneladas.
Alem do estado de Minas, produzem também manganês a Bahia e Mato Grosso. A última exploração das jazidas de Nazaré (Bahia) forneceu 21.500 toneladas de minério até 1904; e calcula-se que as jazidas de Morro do Urucum e Morro Grande (Mato Grosso) poderão fornecer mais de cem milhões de toneladas. A exportação de manganês nos últimos dez anos tem sido a seguinte:
AnoQuilosValorValor por unidade
1902157.2954.465:328$28$388
1903161.9264.959:562$30$629
1904208.2606.057:431$29$086
1905224.3775.087:311$22$673
1906121.3312.676:357$22$058
1907236.7788.009:785$33$828
1908166.1223.938:585$23$708
1909240.7745.704:949$23$694
1910253.9535.720:445$22$526
1911 (9 meses)125.3012.793:102$22$291
As mais importantes jazidas de cobre do Brasil encontram-se no Rio Grande do Sul, onde várias galerias permitem explorar quatro veios duma espessura média de 1,25 m e cujo minério dá 6,5% de cobre metálico e uma pequena quantidade de ouro.
Em 1903 já se exportavam mensalmente para a Inglaterra 90 a 100 toneladas de minério, contendo 28 a 30% de cobre; em 1907, a exportação foi de 1.463.829 kg. A companhia que explora essas jazidas instalou, com o intuito de aumentar a sua produção, fornos para a fusão do mineral, e ela obtém já um mate com 50 ou 60% de cobre. Na Bahia, há jazidas perto de Bomfim; no Ceará, elas são chamadas Minas da Pedra Verde; e no Maranhão, ficam situadas em Grajaú. Mas a exploração dessas minas não oferece ainda importância.
Sabe-se que existe niquelina no município de S. Luiz (Rio Grande), mas ainda nada se fez para explorá-la. A platina só tem sido encontrada, em grânulos ou em palhetos, no Rio Abaeté, nos riachos de Lajes e Ouro Branco e no Rio Condado, na cidade de Serro; mas não há ainda uma exploração regular, nem certeza de resultados positivos.
O cinábrio (sulfureto de mercúrio) foi encontrado, em grãos mais ou menos volumosos, no Riacho Tripuí, perto de Ouro Preto. Os minérios de chumbo se encontram principalmente em Minas e S. Paulo. Em Apiaí (S. Paulo) foi encontrada galena (sulfureto de chumbo), que dá 500 gramas de prata para 100 kg de chumbo. Em Abaeté e Contendas (Minas), os minérios de chumbo são galenas quase sempre argentíferas, que se encontram em calcários ou em veios de quartzo. Encontram-se ainda no Brasil minérios de zinco e estanho (Minas e S. Paulo), wolfrâmio (Rio Grande do Sul), bismuto, antimônio etc., mas sem que suas jazidas ofereçam real importância.
Estrela de Minas, um famoso diamante
Imagem publicada com o texto, página 327
Diamantes e pedras preciosas – Os primeiros diamantes descobertos no Brasil o foram em 1727, por Bernardo da Fonseca Lobo, no riacho Caeté-Mirim; e desde então começou a sua exploração, com grande atividade, nos arredores de Diamantina, nas margens do Jequitinhonha, em Abaeté e em Grão Mogol.
Com o tempo, foram sendo descobertas importantes jazidas diamantíferas em Goiás, S. Paulo, Bahia e Mato Grosso. Só nos primeiros dez anos de exploração das jazidas da Bahia, a alfândega desse estado recebeu 876.250 quilates de diamantes. Na Bahia é que se encontram em maior abundância os diamantes negros chamados carbonados, de muitas aplicações (principalmente nos perfuradores) na indústria moderna.
Em 1895 encontrou-se em Lençóis (Bahia) o maior carbonado até hoje produzido pelo Brasil: ele pesava 3.150 quilates, mas foi fragmentado para os perfuradores. Vendido, primeiro, por 24:000$ e depois por 100:000$, atingiu um preço muito mais elevado, com a fragmentação; aos preços atuais, poderia valer £50.000, ou seja 750:000$. Se esse foi verdadeiramente excepcional por suas proporções, não são raros, todavia, os carbonados de 500 a 900 quilates.
Os mais notáveis diamantes produzidos pelo Brasil provêm das aluviões do Rio Bagagem. São o Estrela do Sul, encontrado em 1853, o qual pesava, bruto 254 ½ quilates e, lapidado, pesa 125½; e o Diamante de Dresde, encontrado em 1857, cujo peso, em bruto, era de 117½ quilates e que, lapidado, pesa 63½. Ambos pertencem hoje a um príncipe indiano, tendo sido o primeiro vendido por 1.200:000$, e o segundo pela metade. A esses dois, devem-se juntar ainda o daCoroa de Portugal, que pesava 127 quilates; e um belo diamante vermelho, pesando apenas 2¼ quilates, mas que alcançou em Londres, em 1909, o preço de £3.000, ou seja, 45:000$.
A descoberta das minas de diamante da África do Sul, no último quarteirão do século passado (N.E.: século XIX), prejudicou grandemente a indústria dos diamantes no Brasil, porque o diamante africano, embora reconhecidamente inferior ao diamante brasileiro, em brilho, cor e luz, é encontrado logo na rocha-matriz, sendo portanto mais fácil a sua extração, o que lhe permite aparecer no mercado com um preço mais baixo.
Apesar disso, a produção de diamantes não esmoreceu: só o distrito de Diamantina (Minas) vende perto de 1.200:000$ por ano; o estado da Bahia fornece mais ou menos a mesma produção; o município de Bagagem produz mais de 100:000$. Até aqui, apenas uma reduzida parte dos terrenos diamantíferos tem sido explorada e por processos primitivos. Apesar disso, mais de 12 milhões esterlinos de diamantes já foram extraídos e – segundo um cálculo que se encontra no já citado Suplemento Sul-Americano do Times – quando essa extração tiver o seu completo desenvolvimento, a produção de diamantes do Brasil poderá alcançar a produção total da África do Sul dentro dum espaço de dez anos.
Os diamantes de Mato Grosso são os que têm mais belas formas no Brasil, sendo perfeita a cristalização em quase todos. Os de Goiás não são abundantes, mas são em geral grandes e apresentam uma bela coloração de âmbar ou esverdeada, um verde que lembra a água-marinha em camada pouco espessa.
Como dissemos linhas acima, a exploração dos diamantes no Brasil ainda se faz por processos rudimentares: é nos depósitos das aluviões quaternárias que ela geralmente se pratica. As jazidas apresentam por toda a parte os mesmos caracteres, seja no leito ou nas margens dos rios (e estas se denominamgrupiaras), seja nos planaltos elevados ou nas gargantas das serras. A pedra preciosa encontra-se no meio de areias, que se denominam cascalho, as quais formam por vezes o conglomerado de cimento ferruginoso denominado canga. OEstrela do Sul foi encontrado por uma negra enquanto lavava roupa à margem do Rio Bagagem.
Além dos diamantes, encontram-se em abundância no Brasil, principalmente no estado de Minas, muitas outras pedras preciosas, de diferentes cores, cujo comércio se desenvolve diariamente: só em 1904, foram vendidos no município de Arassuaí (Norte de Minas) 250:000$ em pedras de cor; e as turmalinas de diversas cores, bem como as águas-marinhas, às vezes tão verdes como as melhores esmeraldas, não somente são muito apreciadas pelos turistas que desembarcam no Rio de Janeiro, e as adquirem, mas já constituem um produto de ativa exportação, principalmente para a Alemanha.
Nas areias dos rios Gravatá e Piauí e nas do córrego do Urubu, têm sido encontradas águas-marinhas e berilos notáveis pelo peso e valor: uma água-marinha verde-azulada, pesando 7  kg, foi vendida por 12:000$; uma outra pesava 6 kg; e encontrou-se um berilo azul de 903 gramas.
Ainda no começo de 1912, descobriu-se uma água-marinha verde-azulada de dimensões fenomenais. Essa pedra preciosa, da família dos berilos e das esmeraldas, tem o aspecto geral de cristal de seis faces pouco regular. Mede mais de 48 centímetros de comprimento e 42 cm de diâmetro e pesa 110½ kg. Sua transparência é tal que se pode ver, através do prisma, no sentido de seu comprimento. Segundo a opinião dos peritos, essa pedra, única no mundo, poderia, após o talhe, dar 200.000 quilates de pedras de primeira qualidade. Parece, todavia, que ela não será talhada mas adquirida para alguma grande coleção de mineralogia.
Granadas de um vermelho mais ou menos vivo encontram-se freqüentemente em muitos rios e Minas, Bahia e Espírito Santo. Nas areias do Rio Piúna (Espírito Santo), assim como no Paraguaçu (Bahia), têm sido encontrados rubis spinellas de diversas cores, bem cristalizados. Belas safiras têm sido encontradas nas areias do Rio Doce e nas do Sapucaí Mirim.
Clique na imagem para ampliá-laA Usina Elétrica Morro Velho
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Carvão – O carvão de terra, de valor comercial, existe abundantemente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que todavia não o têm explorado, em grande detrimento da indústria geral. Neste mesmo artigo, já fizemos sentir a grande falta que tem feito o carvão nacional à indústria siderúrgica.
Não há muitos anos, o engenheiro norte-americano dr. J. C. White foi encarregado de fazer, à frente duma comissão de especialistas, um estudo completo das jazidas de carvão no Brasil, verificando que elas não são bacias isoladas – como faziam crer estudos anteriores -, mas constituem uma  camada única, sem solução de continuidade, desde Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, mesmo a 800 metros abaixo dos cumes da Serra Geral.
Assim é que as jazidas já exploradas de Tubarão (Santa Catarina), S. Jerônimo, Rio Negro, Candiote e Jaguarão (Rio Grande do Sul) formam uma camada única. É certo que essa camada varia um pouco de espessura e de qualidade, mas não ao ponto de determinar uma diferença muito acentuada do produto, quando explorado.
Relativamente à qualidade, o carvão de terra do Brasil está colocado entre o carvão betuminoso comum e os carvões pardos da Alemanha. Eles contêm 20 a 25%, ou mesmo mais, de cinzas e impurezas, as quais todavia podem ser eliminadas pelo processo alemão de depuração e briquetagem.
O laboratório de Maschinenbau-Anstalt Humboldt, em Cologne, a cujo exame foram submetidas amostras de carvão de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, reconheceu que ele pode ser perfeitamente purificado das excessivas proporções de cinza e de enxofre, que contém. "Em definitivo - diz o resultado da análise -, o carvão de Rio Grande do Sul e o de Santa Catarina podem ser consideravelmente melhorados e um terço transformado em briquettes (N.E.: tijolos) com as mesmas serventias das briquettes estrangeiras".
E o grande Laboratório de Experiências sobre Combustíveis, da Comissão Geológica dos Estados Unidos, demonstrou que os carvões contendo grande quantidade de enxofre e de cinza, e especialmente muita umidade - como é o carvão do Brasil - são muito mais vantajosos, como geradores de energia, após sua transformação em gás, do que os melhores carvões de Pocahontas ou de Cardiff, queimados para produzir vapor.
A descoberta é tanto mais importante para os carvões brasileiros quanto, em vista disso, eles poderão ser utilizados na produção de energia elétrica sem as despesas de preparação, exigidas para a briquetagem.
Relativamente à quantidade, não é possível ainda ter uma cifra exata. Vamos, todavia, reproduzir alguns dados que encontramos num artigo publicado no Jornal do Commercio de 17 de setembro de 1911 pelo engenheiro Francisco de Paula Oliveira, o qual, já em 1906, publicou um folheto sobre o Aproveitamento do Carvão Nacional, mostrando que o carvão do Rio Grande e Santa Catarina poderia ser melhorado e tornado aplicável a todas as indústrias, inclusive a de navegação, com uma usina de beneficiamento e briquetagem, cujo custo, compreendidas todas as despesas, não excederia de trezentos contos de réis para 100 toneladas diárias de briquettes.
"O nosso combustível - diz o articulista - forma lençóis de mais de 10.500 quilômetros quadrados e uma possança média de 2 metros no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina o lençol é pouco conhecido; mas já está verificada uma área de mais de 100 quilômetros quadrados, com possança pouco superior à daquele estado. Reunindo estes dois dados, teremos 10.600 quilômetros quadrados com 2 metros de carvão aproveitável, ou 21.200.000.000 metros cúbicos de combustível ou aproximadamente vinte e um bilhão e duzentos milhões de toneladas de carvão.
"Supondo que só uma décima parte deste mineral seja aproveitável, teremos 2 bilhões de toneladas do combustível, que darão para ser explorados durante centenas de anos. A produção da Inglaterra em 1906 foi de 253 milhões de toneladas, ocupando um exército de 700.000 operários. Será fácil calcular quantos anos levaremos a explorar as nossas jazidas, dadas as circunstâncias de abundância de pessoal e atividade que existem naquele país. Não levamos em linha de conta numerosas jazidas que são ainda desconhecidas no Brasil. É pois animador este cálculo, se soubermos aproveitar o nosso material e beneficiá-lo de modo a torná-lo útil em todas as aplicações.
"A única jazida explorada até agora, com um pouco de desenvolvimento, é a do Arroio dos Ratos no Rio Grande do Sul; mas a extração do mineral só começou a tomar incremento depois que a Companhia Buarque a arrendou. Em 2 anos e 8 meses a sua produção subiu a 58.900 toneladas ou cerca de 33% do que extraiu a companhia primitiva em 16 anos de trabalho.
"Todo o carvão é consumido no Rio Grande do Sul e não satisfaz à procura que tem nos arredores da jazida. Como material aproveitado in natura, não é de grande valor para exportação fora do estado; mas se for beneficiado e briquetado conforme as recomendações feitas pelo professor White e as experiências realizadas pela Humbolt Works de C., na Alemanha, tornar-se-á um combustível capaz de rivalizar com as briquetes marca coroa, feitas com o carvão de Cardiff".
Outros minerais - Entre as demais riquezas minerais que encerra o Brasil, merecem destaque, por seu valor comercial, as areias monazíticas, os mármores e argilas, o sal e as águas minerais naturais.
As areias monazíticas, descobertas no litoral brasileiro, há mais de 25 anos, só tiveram aplicação industrial quando o engenheiro John Gordon começou a explorá-las nas praias do município de Prado, ao Sul do estado da Bahia, desenvolvendo a sua exportação, para delas extrair o tório, empregado na luz incandescente do sistema Auer.
Numa longa extensão do litoral, encontram-se depósitos de areias em que a monazita é concentrada pela ação das águas do mar. Pesquisas posteriores fizeram descobrir depósitos mais ou menos concentrados, em terrenos ocupados outrora pelo oceano e mesmo nas margens de alguns rios do interior. A princípio, a exploração das areias monazíticas limitou-se ao litoral do Sul da Bahia, estendendo-se mais tarde ao litoral do Espírito Santo.
Um aviso do Ministério da Fazenda, de 14 de setembro de 1905, fixou as regras de demarcação dos terrenos em que se encontram essas areias, delimitando o que pertence à União, como terrenos de marinha. Em certas areias concentradas a proporção de tório é de 12%; mas o tipo ordinário do comércio é o que fornece 92% de monazita, com 7,5 a 6% de tório.
Do valor de exportação destas areias, pode-se ter idéia pelo seguinte quadro, relativo aos últimos dez anos:
AnoQuilosValorValor por unidade
19021.205.0801.110:410$000$921
19033.299.4601.484:817$000$450
19044.860.3902.137:545$000$440
19054.437.2901.497:560$000$337
19064.351.6001.488:960$000$342
19074.437.8771.578:088$000$360
19084.966.0001.834:020$000$369
19096.462.0002.334:627$000$361
19105.437.3201.912:881$000$352
1911 (9 meses)2.883.9001.291:711$000$448
Além de imensas rochas calcárias, que formam verdadeiras montanhas no curso dos rios S. Francisco, das Velhas etc. e fornecem uma cal de boa qualidade, assim como excelente material de construção, o Brasil possui abundantes calcários de granulação fina, fáceis de polir e que dão verdadeiros mármores. As jazidas de Carandaí, em Minas, têm já fornecido excelentes mármores empregados nas construções da cidade do Rio de Janeiro. Têm sido também aproveitadas as jazidas de Gandarella e Natividade.
Os principais depósitos de turfa do Brasil são os do rio Maraú (Bahia), os quais, por simples destilação, podem fornecer 400 kg de óleo por tonelada, que lhe dá grande valor industrial.
Consideráveis veios de ocre de várias cores - amarelos e especialmente vermelhos - estão sendo aproveitados em larga escala em diversos estados: só em 1906, foram exportados pelo Rio de Janeiro mais de 200.000 kg. Todos os estados do Brasil possuem mais ou menos importantes leitos de argilas, que são empregadas no fabrico de telhas, tijolos, tubos, louça etc.
Devido à sua extensa costa, cuja maior parte fica na zona tórrida, o Brasil está destinado a ser um dos principais mercados de sal do mundo, sendo essa uma das suas indústrias mais suscetíveis de desenvolvimento. As melhores salinas do Brasil encontram-se atualmente no estado do Rio Grande do Norte, nas margens dos cursos d'água salgados - Açu, com seu afluente Amargoso, e Mossoró, com seu afluente Panema.
A usina nacional de Salinas de Mossoró-Açu deu, recentemente, a essa indústria, um grande desenvolvimento, sendo seu produto excelente: ele chega a ter 98% de clorureto de sódio e nenhum clorureto de magnésio, que é uma impureza prejudicial. Em Macau, há salinas com 18 a 20 km de extensão sobre 2 a 4 de largura. Também no Ceará (em Canoé) e no Rio de Janeiro (em Cabo Frio), a indústria do sal pode tomar grande desenvolvimento. Existem ainda salinas naturais mesmo no interior do país - em Minas, Bahia e Goiás - mas que não têm sido convenientemente exploradas.
Quase todos os estados do Brasil possuem fontes de águas minerais, o que faz com que o Brasil não seja menos rico, neste ponto, do que a França e a Alemanha. Simplesmente, nem todas elas têm sido convenientemente captadas e analisadas, de modo a se conhecerem sua composição e seus efeitos.
Dessas fontes, algumas, porém, têm sido devidamente aproveitadas e constituem objeto de comércio. Em Paraíba do Sul (estado do Rio de Janeiro), existe uma fonte de água mineral, denominada Salutaris, ferruginoso-gasosa ou bicarbonatada. De junho de 1900 a junho de 1906, foram expedidas para diferentes centros de consumo do Brasil 49.307 caixas de 48 meias-garrafas de Salutaris. No Distrito Federal, está sendo engarrafada água mineral do Corcovado. As águas minerais de Xapecó (Paraná), quentes e sulfurosas, cuja temperatura é de 34.5º, são empregadas pela Medicina. Em Santa Catarina, existem diversas águas termais, entre as quais as de Caldas de Bittencourt (35.5º) e de Caldas da Imperatriz (40º). Em Mato Grosso, a fonte termal Frade (42º) é rica em ferro e magnésio.
Em Minas existem as mais conhecidas e afamadas. As Águas Virtuosas de Caxambu, provenientes de várias fontes, todas efervescentes e de sabor ácido, pela presença do ácido carbônico, parecem-se com as águas de Selters; delas foram exportadas, só em 1906, quase 21 mil caixas de 48 garrafas.
As de São Lourenço jorram de sete fontes, das quais três gasosas, ricas em ácido carbônico e bicarbonatos; em 1906, foram exportadas, mensalmente, 1.170 caixas de 48 meios litros.
Perto de Lambari estão as Águas Virtuosas da Campanha, com três fontes, uma das quais de efervescência notável. As de Cambuquira compreendem águas ácido-gasosas e ferruginosas-gasosas, sendo que as primeiras oferecem grandes analogias com as de Saint-Pardoux (França) e as segundas contêm bicarbonato de ferro e de cálcio; a exportação de águas de Lambari e Cambuquira foi, em 1906, de 5.926 caixas de 48 garrafas. As águas termais de Poços de Caldas são exploradas por uma sociedade que possui estabelecimentos balneário muito freqüentados; elas são simplesmente sulfurosas, como as de Durand Fardel.
Desta exposição, que aliás não é tão completa quanto poderia sê-lo, se não fossemos obrigados a limitar o espaço para cada assunto, é fácil de ver que o Brasil oferece o campo mais vasto possível para os capitais a serem empregados no desenvolvimento das suas indústrias minerais; boa vontade do governo em concessões e garantias, e recursos minerais abundantíssimos, que só estão à espera do capital valorizador.
Clique na imagem para ampliá-laCobertas e outras instalações da Ouro Preto Gold Mines of Brazil, Ltd.
Foto publicada com o texto, página 329. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la
St. John d'El-Rey Mining Company Ltd. - Esta companhia, que explora as minas de ouro conhecidas pela denominação de Morro Velho, tem a sua sede em Londres, onde foi fundada em 1830. As minas de Morro Velho, exploradas desde 1725, no período colonial, eram consideradas esgotadas no começo do último século, quando, em 1834, a St. John d'El-Rey começou a exploração por processos aperfeiçoados. A exploração das minas foi interrompida em 1867 por um incêndio e em 1886 por um desmoronamento.
No período de 1834 a 1867, subiu a sua produção a 28.650 kg de ouro e os dividendos atingiram a 25% do capital empregado. No período de 1868 a 1886 chegaram os dividendos a ser de 31% e a produção atingiu a 22.840 kg; na fase atual, a produção até 1906 montava a 22.840 kg. Nos anos de 1907 a 1908, foi a produção, respectivamente, de 2.949.715 gramas e 3.065.615 gramas.
O capital atual da companhia é constituído por 600.000 ações ordinárias e 100.000 ações preferenciais, todas do valor de £1 cada uma. Emprega a companhia 2.000 pessoas e o seu material compreende 120 pilões californianos, aparelhos para concentração e cianuretação das areias, elevadores, bombas, perfuradoras etc., tudo acionado por 23 motores hidráulicos, 9 máquinas a vapor e 10 motores elétricos.
A parte mais profunda da mina está a 1.041 metros abaixo da superfície do solo ou 179 metros abaixo do nível do mar. A largura do veeiro é, de Oeste a Leste, de 197,6 m ou, com as ramificações, de 258,3 m; a potência é de 2,736 m a 12,16 m. O comprimento dos poços, planos inclinados etc., é de 6.608,048 m, havendo projetado um novo poço de 364,8 m. A mesma companhia explora um veeiro de piritas auríferas em Cuiabá, a 13 km de Sabará. As camadas de minério são muito poderosas, mas a porcentagem de ouro é inferior à do veeiro de Morro Velho.
Ouro-Preto Gold Mines of Brazil Ltd. - A mais importante das minas desta companhia, a mina da Passagem, fica situada 5 milhas a Leste da cidade de Ouro Preto, antiga capital do estado de Minas Gerais. O veeiro consiste em uma massa de quartzo, cuja espessura varia de alguns centímetros a alguns metros, e o minério é trazido à superfície por três shafts, sendo a sua extração feita por dinamite e as brocas usadas, manuais ou mecânicas.
A mina é bem ventilada, sendo os três shafts ligados no nível de 680 metros e em vários níveis acima. O volume d'água a ser retirada da mina, por meio de bombas, atinge a cerca de 8.000 galões por hora; as bombas usadas são uma do tipo Cornish e uma outra horizontal do tipo Tangye, acionadas por ar comprimido. O tratamento do minério é feito em uma bem montada instalação, que compreende pilões californianos, para a pulverização do minério, seção concentradora de Fine-Vamers e cianuretação dos taillings.
A força motriz empregada para os diferentes maquinismos é fornecida por turbinas hidráulicas e a iluminação da mina, bem montadas oficinas, engenho etc., é toda elétrica.
A companhia possui outra mina no Morro de Sant'Anna, que está atualmente em curso de explorações preliminares, dirigidas pelo Brazilian Mining Syndicate. A mina de Sant'Anna compõe-se de duas minas famosas, uma a de Sant'Anna e outra a Mina do Maquiné, que foi trabalhada por uma companhia inglesa, de 1865 a 1896, que neste espaço extraiu ouro no valor de £625.000, abandonando por fim os trabalhos devido à falta d'água, força e capital.
Os diretores Edwin Beer, E. de Wael, barão Oberkampf (honorário) e Marcel Paisant; o secretário é o sr. C. H. Wells, F.C.I.S. O capital da empresa é de £140.000, em 100.000 ações ordinárias de £1 e 40.000 ações preferenciais a 10% de £1. Em 1910 foi distribuído o dividendo de 10% às ações preferenciais e 2½% às ações ordinárias. O gerente, no Brasil é o sr. Arthur J. Bensusan, Assoc. B.S.M., F.C.S., M.I.M.M.; nasceu em Sidney, em New South Wales, em 1868, e aí foi educado, entrando mais tarde na Royal School of Mines, de Londres, de que se tornou associado em 1892. De volta à Austrália, ocupou-se de mineração em diferentes partes desse continente, passando em seguida à África do Sul, onde esteve na The Zoutpansberg Consolidated Mines Ltd., Murchison Range. Antes disso, esteve na Costa do Ouro (África), na Abbentiakoon (Wssauw) Mines Ltd. e na Tanti Mines Ltd. Veio para o Brasil em 1905 e desde então ocupa o presente cargo.
Carlos G. da Costa Wigg - É o quarto filho do sr. John Clayton Wigg, natural de Liverpool, e que tendo vindo para o Brasil em 1819, se estabeleceu com casa de negócio no Rio Grande do Sul. O sr. Carlos Wigg, de descendência brasileira pelo lado materno, nasceu em 1855 e foi educado no Rio Grande. Tendo entrado com 15 anos de idade para um escritório comercial, estabeleceu-se em 1878 por conta própria, com casa importadora e exportadora, em sua cidade natal.
Em 1881, foi para o Pará, como empreiteiro das obras públicas de melhoramento da cidade, e executou vários contratos estaduais e municipais, por conta própria e de sociedade com outros. Visitou depois as regiões do Alto Amazonas e, regressando ao Sul no ano seguinte, em 1882, começou a empregar os seus capitais no estado de Minas Gerais, ao qual, desde então, ficaram presos os seus interesses comerciais e industriais.
O sr. Wigg havia já começado a estudar seriamente os enormes recursos minerais de que dispõe este estado e com especialidade as vastas jazidas de ferro; e em 1886 iniciou a primeira usina de ferro no Brasil, na Estação de Esperança, empresa que foi mais tarde vendida a uma companhia organizada com esse intuito.
A usina Wigg, hoje em plena prosperidade, foi fundada em 1890, nas vizinhanças de Bournier, estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde o sr. Wigg instalou um alto-forno para 12 toneladas de minério, empregando como combustível carvão de madeira, produzido em sua propriedade. É interessante notar que, naquele tempo, podiam os fornos, nas Usinas Esperança e Wigg, suprir todo o ferro-gusa necessário ao consumo do Brasil; este estado de coisas, porém, mudou muito nos últimos 30 anos.
Depois de dois anos de esforços, o sr. Wigg convenceu-se de que a indústria do ferro, em pequena escala, não seria nunca remunerativa; apagou seus fornos e dedicou-se a uma indústria que se tem tornado de uma importância mundial e da qual foi praticamente o iniciador: a indústria do manganês.
Em sua grande propriedade Usina Wigg, na linha-tronco para Belo Horizonte, onde termina a bitola larga, perto da estação de Bournier, fundou o sr. Wigg três estações menores com bitola estreita; na sua mina trabalham cerca de 300 homens, enquanto que outros 2.000 vivem na propriedade. Cerca de 50.000 toneladas de minério de manganês são extraídas anualmente, o que constitui cerca de um quarto da produção total do Brasil.
O minério embarcado na estrada de ferro é enviado para o Rio de Janeiro, onde o sr. Wigg tem na Ilha Mocanguê Grande, na baía, depósitos próprios, providos de guindastes e aparelhos automáticos para carga e descarga.
O sr. Wigg possui também rebocadores e saveiros, para o transporte do minério para os depósitos da ilha. O manganês é exportado para a Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, e o minério da propriedade do sr. Wigg obtém o melhor preço para manganês de origem brasileira. Deve-se notar que a mina de Bournier é a única mina de manganês no Brasil, explorada em níveis profundos. Na dragagem de rios para extração de ouro, tem o sr. Wigg feito, por vários anos, ensaios mais ou menos satisfatórios, nos rios do estado de Minas Gerais.
Em outra parte desta obra se encontra um artigo sobre uma indústria que talvez venha a tornar-se a mais importante do Brasil e para cujo triunfo o sr. Wigg emprega a sua admirável perseverança e firme convicção e a qual considera o mais alto ideal de sua vida; a indústria do aço e do ferro. Muito breve começará a trabalhar a grande Usina de Ferro e Aço montada de acordo com os melhores planos ingleses, próximo à cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais.
Clique na imagem para ampliá-laCarlos Wigg: 1) Usina Wigg para manganês, na Estação de Usina, E.F.C.B., km 501; 2) Depósitos de ferro no Vale do Paraopeba, cerca de 1 milha da Estação Bournier; 3) Entrada principal para a mina; 4) Fornos de explosão da Usina Wigg, na Estação Bournier
Foto publicada com o texto, página 330