Martin Luther King aos seis anos
Antes de atingir seis anos, a idade mínima para freqüentar uma escola primária, foi matriculado por seus pais na Yonge Street Elementary School. Descoberto, foi obrigado a abandonar a escola até atingir a idade mínima. Ao completar seis anos foi matriculado na David T. Howard Elementary School. King também estudou na Atlanta University Laboratory School e Booker T. Washington High School.
Mesmo sem terminar seus estudos secundários na Booker T. Washington High School, foi admito, aos 15 anos, para o bacharelado em Sociologia na Morehouse College, por causa de seu excelente desempenho intelectual.
Em 1948, aos 19 anos, King bacharelou-se em Sociologia. Nessa mesma época optou por seguir a carreira de seu pai e de seu avô materno, Adam Daniel Williams, ambos pastores da Igreja Batista Ebenezer e seu matriculou no Crozer Theological Seminary, em Chester, Pensilvânia, graduando-se em Teologia em 1951.
Desde pequeno, Martin Luther King foi educado para não se sentir inferior aos brancos e para amá-los, mesmo vivenciando a brutalidade policial contra os negros e a injustiça dos tribunais. Durante seus estudos no Crozer Theological Seminary, King amadureceu sua visão cristã do mundo e decidiu atuar na luta pelos direitos civis dos negros.
Continuando seus estudos, King foi para a Boston University para fazer o doutorado em Teologia. Em Boston, conheceu Coretta Scott, com a qual se casou em 18 de junho de 1953, em Marion, Alabama. Martin Luther King e Coretta Scott tiveram quatro filhos: Yolanda Denise e Martin Luther III, nascidos respectivamente em 17 de novembro de 1955 e 23 de outubro de 1957 em Montgomery, Alabama, e Dexter Scott e Bernice Albertine, nascidos respectivamente em 30 de janeiro de 1961 e 28 de março de 1963, em Atlanta, Geórgia.
Em setembro de 1954, King aceitou o convite para assumir a posição de pastor na Dexter Avenue Baptist Church em Montgomery e no ano seguinte recebeu o Ph.D em Teologia pela Boston University.
O ano de 1955 foi decisivo para a vida posterior de Martin Luther King. No final daquele ano, Rosa Parks, uma ativista dos direitos civis dos negros se recusou a obedecer a segregação racial dentro dos ônibus de Montgomery. Então, os moradores negros da cidade resolveram lançar um boicote contra essa segregação e King foi escolhido como presidente da associação criada para conduzir o boicote. Durante o boicote, a casa de King foi atacada por bombas lançadas pelos defensores da "supremacia branca". Mesmo assim, o boicote durou 381 dias e foi um sucesso, já que a Corte Suprema declarou a inconstitucionalidade da lei de segregação racial dentro dos ônibus do Alabama. Além dessa vitória, o boicote transformou Martin Luther King em uma figura conhecida nacionalmente por causa de sua atuação e de seus discursos contra o racismo e a favor da não-violência.
Martin Luther King recebe um beijo de sua esposa, Coretta,após sua libertação da cadeia de Montgomery, Alabama, durante o boicote ao ônibus.
Em 1957, ele, pastores e outros ativistas pelos direitos civis fundaram a Southern Christian Leadership Conference (SCLC) destinada a lutar pacificamente pelos direitos dos negros, principalmente o voto. Escolhido como presidente, permaneceria no cargo até sua morte. Em 1958, lançou seu primeiro livro, Stride Toward Freedom: The Montgomery Story (Caminhando para liberdade: A história de Montgomery), onde ele fez reflexões sobre o boicote aos ônibus e no ano seguinte viajou para Índia, aprofundando sua compreensão das ações de não-violência de Ghandi. Segundo King, "eu senti que essa era a única forma moral e prática para as pessoas oprimidas lutarem pela liberdade delas". Voltando da Índia, King deixou sua posição de pastor na Dexter Avenue Baptist Church e mudou-se para Atlanta, onde ficava a sede da SCLC e onde passou a ajudar seu pai como co-pastor da Igreja Batista Ebenezer.
Mesmo sendo uma figura de ponta do movimento pelos direitos civis, King, cautelosamente, não promoveu nenhum protesto de massa após o boicote em Montgomery. Independentemente disso, os estudantes negros do estados sulistas lançaram no início de 1960, sucessivas greves, que receberam seu apoio. Em abril do mesmo ano, os estudantes fundaram o Student Nonviolent Coordinating Committee (SNCC) e King foi convidado para discursar. No entanto, a ligação entre King e os ativistas do SNCC terminou quando eles fizeram críticas ao trabalho dele. Por várias vezes, King tentou reduzir os desentendimentos entre a SCLC e o SNCC, mas percebeu que o movimento estudantil tinha sua própria dinâmica.
Sem conseguir resolver os problemas com os estudantes do SNCC, King decidiu organizar manifestações sem a participação deles. Em 1963, King e seus companheiros organizaram manifestações em Birmingham, Alabama, pedindo o fim da segregação existente em muitos estabelecimentos públicos daquela cidade. Durante as manifestações, os policiais usaram cachorros e bombas de gás contra os manifestantes e King foi preso. Contudo, a ação policial teve um efeito contrário. O presidente John Kennedy reagiu aos acontecimentos de Birmingham e enviou ao Congresso uma legislação de direitos civis, que foi aprovada em 1964.
Em 28 de agosto de 1963, Martin Luther King realizou com mais de 200 mil pessoas a famosa "Marcha para Washington", onde proferiu seu mais famoso discurso, "I have a dream", no Lincoln Memorial, pedindo uma sociedade com igualdade racial.
No início de 1964, King recebeu o título de "Homem do Ano" da revista "Time", tornando-se o primeiro negro a conseguir essa indicação. No mesmo ano, com 35 anos, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, se tornando o mais jovem a conquistá-lo. Segundo ele, o Nobel não significou apenas uma honra pessoal, mas o reconhecimento internacional ao movimento não-violento pelos direitos civis.
Martin Luther King também se manifestou contra a Guerra do Vietnã. Para ele, o dinheiro gasto na guerra poderia ser utilizado no combate à miséria e discriminação. Além disso, achava que era uma hipocrisia lutar contra a violência racial e não lutar contra a violência da guerra. Por essa posição, acabou criticado por integrantes do governo e por outros líderes negros, que achavam que King desviava a atenção da opinião pública dos direitos civis. Em 1965, King conseguiu outra vitória com a aprovação da Lei do Direito do Voto para os negros.
Em 1968, ele planejava uma nova marcha para Washington para despertar a opinião pública para a relação entre pobreza e violência urbana, porém, antes ele viajou para Memphis, Tennessee, para apoiar uma greve dos trabalhadores de limpeza pública, que recebiam péssimos salários. Contudo, no dia 4 de abril de 1968, Martin Luther King foi assassinado na sacada do Motel Lorraine, onde estava hospedado, por James Earl Ray. Sua morte provocou revoltas de negros por várias partes dos Estados Unidos.
Em 1986, o Congresso Federal dos Estados Unidos estabeleceu um feriado nacional em homenagem a Martin Luther King, comemorado na terceira segunda-feira de janeiro.
Por Gabriela Cabral
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