1.10.12

Do Instantâneo ao Eterno



As unidades de tempo variam do infinitesimalmente breve ao interminavelmente longo. As descrições a seguir tentam dar sentido a esta vasta diferença cronológica


David Labrador

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Atossegundo: (Bilionésimo de um bilionésimo de segundo.) Os eventos mais efêmeros que os cientistas conseguem mensurar são calculados em atossegundos. Cientistas criaram pulsos de luz que duram apenas 250 atossegundos usando laser de alta velocidade. Embora o intervalo pareça breve, de modo inimaginável, é um éon comparado com o tempo de Planck – cerca de 10-43 segundo – que se acredita ser a menor duração possível.

Femtossegundo: (Milionésimo de bilionésimo de segundo.) Um átomo numa molécula costuma completar uma vibração simples em 10 a 100 femtossegundos. Mesmo reações químicas rápidas costumam levar centenas de femtossegundos para se completarem. A interação de luz com pigmentos na retina – processo que permite a visão – leva cerca de 200 femtossegundos.

Picossegundo: (Milésimo de bilionésimo de segundo.) O bottom quark, partícula subatômica rara em aceleradores de alta potência, dura um picossegundo antes de se deteriorar. A vida média de uma ligação entre as moléculas de água em temperatura ambiente é de três picossegundos.

Nanossegundo: (Bilionésimo de segundo.) Um feixe de luz no vácuo viajará apenas 30 cm neste tempo. O microprocessador de um computador pessoal costuma levar um terço de dois nanossegundos para executar uma instrução simples, como a adição de dois números. O méson K, outra partícula subatômica rara, tem vida de 12 nanossegundos.

Microssegundo: (Milionésimo de segundo.) Esse feixe de luz terá viajado agora 300 m, cerca do comprimento de três campos de futebol americano, mas uma onda de som ao nível do mar terá se propagado apenas um terço de 1 mm. O clarão de um estroboscópio comercial de alta velocidade dura apenas um microssegundo. Após o estopim queimar, uma banana de dinamite leva 24 microssegundos para explodir.




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O cérebro de um recém-nascido cresce cerca de 1-2 mg por minuto.

Milissegundo: (Milésimo de segundo.) É o tempo de exposição mais curto de uma câmera fotográfica comum. Uma mosca doméstica bate as asas a cada três milissegundos; uma abelha melífera faz a mesma coisa a cada cinco milissegundos. A Lua viaja ao redor da Terra dois milissegundos mais lentamente a cada ano conforme sua órbita gradualmente se alarga. Na ciência computacional, um intervalo de 10 milissegundos é conhecido como jiffy.

Décimo de segundo: A duração do famoso “piscar de um olho”. O ouvido humano precisa deste tempo para discernir um eco do som original. O Voyager 1, nave especial que viaja pelo Sistema Solar, distancia-se do Sol cerca de 2 km durante esse período de tempo. Um diapasão afinado em lá, acima do dó médio, vibra 44 vezes.

Segundo: O batimento cardíaco de uma pessoa saudável dura esse tempo. Em média os americanos comem 350 pedaços de pizza nesse tempo. A Terra viaja 30 km ao redor do Sol, enquanto o Sol completa 274 km em sua jornada pela Galáxia. Não é tempo suficiente para a luz da Lua alcançar a Terra (1,3 segundo). Tradicionalmente o segundo era a sexagésima (60ª) da vigésima quarta (24ª) parte de um dia, mas a ciência forneceu uma definição mais precisa: é a duração de 9.192.631.770 ciclos de um tipo de radiação produzido por um átomo de césio 133.

Minuto: O cérebro de um recém-nascido cresce 1-2 mg neste período. O coração trêmulo de uma víbora bate mil vezes. A pessoa média consegue falar 150 palavras ou ler cerca de 250 palavras. Quando Marte está mais próximo da Terra, a luz solar refletida da superfície do Planeta Vermelho nos alcança em cerca de quatro minutos.

Hora: As células reprodutivas levam cerca desse tempo para se dividirem em duas. Uma hora e 16 minutos é o tempo médio entre erupções do gêiser Old Faithful, no Yellowstone National Park. A luz de Plutão chega à Terra em 5 horas e 20 minutos.

Dia: Para os seres humanos, talvez esta seja a unidade de tempo mais natural, a duração de um giro completo da Terra em torno do seu eixo. Atualmente calculada (dia sideral) em 23 horas, 56 minutos e 4,1 segundos. A rotação terrestre está se desacelerando constantemente devido ao arrasto gravitacional da Lua e a outras influências. O coração humano bate cerca de 100 mil vezes num dia, e os pulmões inspiram cerca de 11 mil litros de ar. Neste mesmo período, uma baleia-azul bebê acrescenta 91 kg ao seu peso.




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A Lua se distancia da Terra 3,8 m por século.

Ano: A Terra percorre um circuito ao redor do Sol e gira em seu próprio eixo 365,26 vezes. O nível médio dos oceanos se eleva entre 1-2,5 mm, e a América do Norte se distancia cerca de 3 cm da Europa. A luz de Próxima do Centauro, a estrela mais perto da Terra, leva 4,3 anos para alcançá-la – aproximadamente o mesmo tempo que as correntes de superfície do oceano levam para circum-navegar o planeta.

Século: A Lua se distancia da Terra 3,8 m; espera-se que os CDs normais se degradem nesse período. Osbabyboomers (os nascidos entre 1945 e 1964) terão uma chance em 26 de viver até os 100 anos, mas as tartarugas-gigantes poderão chegar até os 177 anos. Os CDs graváveis mais sofisticados poderão durar mais de 200 anos.

Milhões de anos: Após viajar por 1 milhão de anos uma espaçonave movimentando-se à velocidade da luz ainda não teria chegado a meio caminho da galáxia de Andrômeda (a 2,3 milhões de anos-luz de distância). As estrelas mais massivas, as supergigantes azuis, milhões de vezes mais luminosas que o Sol, vão se extinguir em mais ou menos esse tempo. Devido ao movimento das placas tectônicas terrestres, Los Angeles se moverá cerca de 40 km na direção norte-noroeste de sua localização atual em um milhão de anos.

Bilhões de anos: Levou aproximadamente esse tempo para a Terra recém-formada esfriar, criar oceanos, dar origem a uma vida unicelular e trocar a atmosfera primitiva com alto teor de dióxido de carbono por outra rica em oxigênio. Enquanto isso, o Sol orbitou quatro vezes o centro da Galáxia. Como o Universo tem de 12-14 bilhões de anos de idade, unidades de tempo além de 1 bilhão de anos não são muito comuns. Mas cosmólogos acreditam que o Universo provavelmente continuará se expandindo indefinidamente, até muito após a última estrela se extinguir (em 100 trilhões de anos) e o último buraco negro se evaporar (em 10100 anos). Nosso futuro se estende muito mais à frente que os rastros de nosso passado.

Fonte: Sciam