15.10.12
El Cid
El Cid: um grande guerreiro entre os muçulmanos e os reinos cristãos da Península Ibérica.
Rodrigo Diaz de Vivar, nome completo de um dos poucos homens imortalizados como um dos mais bravos cavaleiros de toda a Idade Média. Mais conhecido como “El Cid”, esse homem de origem nobre nasceu entre os vários conflitos que marcaram o processo de formação das monarquias nacionais da Península Ibérica. Vivendo no século XI, no começo da sua segunda metade, recebeu a adequada educação militar que o distinguira enquanto nobre e, futuramente, nos campos de batalha.
Por volta dos 20 anos, quando ainda era um aprendiz na arte da guerra, partiu para a cidade de Graus onde defendeu a população local contra a investida do reino de Aragão. Mediante suas vitórias iniciais, alcançou prestígio ao assumir o posto de comandante da milícia de Castela. Sob sua liderança, protegeu o reino a que representava contra uma tentativa de conquista feita pelos exércitos de Leão. Após a morte de Sancho, rei a quem defendia, Rodrigo viu os reinos de Castela e Leão ir para as mãos de Afonso VI.
Sob o comando do novo rei, ele abandonou os campos de batalha para empregar seus conhecimentos jurídicos em favor do novo governante. Sendo exímio jurista, tinha a difícil missão de arbitrar as contendas desenvolvidas entre os senhores de terras do reino. Retribuindo aos seus serviços, Afonso VI não poupou esforços para que seu fiel funcionário tivesse um bom casamento. No ano de 1076, Rodrigo se casou com Jimena, a filha do conde de Oviedo.
Alguns anos depois, ao ser enviado para cobrar impostos na cidade muçulmana de Sevilha, acabou surpreendido por um ataque da cidade de Granada. Nesse instante, o serviçal foi obrigado a dar lugar ao guerreiro de conquistas pregressas. Assim, conseguiu defender os sevilhanos contra os exércitos vizinhos ao organizar habilmente suas tropas. Com a vitória, ele despertou a fúria e a oposição de vários nobres que tinham sido vítimas de sua espada.
Em um complô, a nobreza que se enfurecia contra Rodrigo promoveu um ataque à cidade de Toledo. Injuriado contra os seus opositores, aproveitou das forças de seu pequeno exército para invadir esse mesmo núcleo urbano. Agindo sem a permissão do rei, acabou sendo banido do reino de Castela e Leão. Dessa forma, abandonou o perfil de simples serviçal para então assumir a função de mercenário. Para sobreviver, ele abandonou os ideais de fidelidade para guerrear em troca de riquezas.
Inicialmente, tentou oferecer os seus serviços para o conde de Barcelona. Sem uma resposta positiva, se aliou aos muçulmanos que ocupavam a porção centro-sul da Península Ibérica. O cavaleiro nascido em um reino cristão passou a defender os muçulmanos da cidade de Zaragoza contra a investida de militares espanhóis interessados em conquistar terras. Durante essas lutas, aprisionou Berenguer Ramón II, o conde de Barcelona que havia anteriormente rejeitado seus serviços.
Foi nessa triunfante vitória que os muçulmanos que lutaram ao seu lado lhe deram o nome que fizera sua fama como “El Cid”. O termo de origem árabe era comumente dirigido para chamar alguém de “senhor”. Enriquecido pelos espólios conquistados em guerra, acabou formando uma grande milícia que poderia dar maiores problemas aos reinos cristãos. Talvez por isso, Afonso VI conseguiu se reconciliar com o bravo guerreiro, lhe oferecendo terras e palácios.
Preocupado em manter o sustento de seus exércitos, ele ainda atacou outras cidades que ficavam sobre os cuidados do conde de Barcelona. Após novas vitórias militares, ocorridas aproximadamente em 1090, ele estacionou suas forças até ser convocado pelo rei Afonso VI para defender as terras reais contra uma invasão muçulmana. Misteriosamente ele não compareceu aos campos de batalha e, por conta de sua insubordinação, foi mais uma vez expulso pelo rei e perdeu suas propriedades.
Acuado e sem posses, ele reuniu suas milícias em uma batalha onde conquistou a cidade de Valência e outros territórios da porção leste da Espanha. Na verdade, seu objetivo maior era recuperar a sua família (aprisionada pelo rei Afonso VI) e as propriedades perdidas em Castela. Realizando um cerco à cidade de La Rioja, conseguiu que o monarca aceitasse um novo acordo de conciliação. Só abriu mão das armas após garantir o casamento com importantes monarcas hispânicos de Aragão e Navarra.
Por Rainer Sousa
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