15.10.12
Guitarras vaiadas e violão quebrado marcaram Festival de 67
Escrito por Natália Pesciotta
Noite foi marcada pela disputa de canções que se tornariam clássicos da nossa música.
A noite de 21 de outubro de 1967 foi uma das mais marcantes da música popular brasileira. Era a final do 3° Festival da Música Brasileira, promovido pela TV Record. No páreo, disputando o primeiro prêmio, enfileiravam-se canções que se tornariam clássicos da nossa música: Roda Viva, de Chico Buarque; Alegria Alegria, de Caetano Veloso; Domingo no Parque, de Gilberto Gil; Ponteio, de Edu Lobo e Capinam.
Ao longo do evento, não faltaram contratempos. Estava quase na hora de Gilberto Gil subir no palco, mas nada de chegar ao Teatro Paramount, em São Paulo. Nana Caymmi, então sua namorada, apelou para o presidente da Record: “O Gil está na cama e disse que não vai”. Paulo Machado de Carvalho prontamente correu ao hotel para buscar o baiano, amedrontado pela performance inovadora que havia preparado. E não era para menos: Gil aguentou boas vaias até conquistar o público com Domingo no Parque. O mesmo aconteceu com Caetano. E também com Sérgio Ricardo, que não suportou a pressão e encerrou sua apresentação quebrando o violão e o atirando na plateia.
No caso de Gil, a reação do público muito se devia às guitarras do grupo que o acompanhava, Os Mutantes. Muitos defendiam que era uma interferência da música norte-americana na “pura” música popular brasileira. Em poucos versos, porém, a plateia pareceu ter mudado de ideia. O jurado Sérgio Cabral contou mais tarde a sensação de ter sido domado pela invasão roqueira: “A estética matou minha ideologia em dois minutos”. Gil acabou levando o segundo lugar; Ponteio, o primeiro.
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