É uma guerrilha que nasceu no estado de Chiapas, no sul do México. Seu nome é uma homenagem ao revolucionário Emiliano Zapata (1879-1919), que liderou uma luta pela reforma agrária no país no início do século 20. Os zapatistas ganharam fama internacional no dia 1º de janeiro de 1994, quando uma milícia com homens encapuzados - o Exército Zapatista de Libertação Nacional - ocupou as prefeituras de diversas cidades na região de Chiapas. Os zapatistas queriam chamar a atenção do mundo para as três principais reivindicações do movimento:
1. O fim da marginalização dos indígenas locais, descendentes dos maias;
2. A extinção do NAFTA, o tratado de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá, visto por eles como exemplo de submissão ao poder americano;
3. Combater a corrupção na política local. "Pela primeira vez na história, a luta armada não foi empregada para derrubar o sistema, mas para exigir a inclusão nele. Os zapatistas queriam a abertura do diálogo e o reconhecimento dos índios na discussão do sistema democrático", diz o cientista político Héctor Luis Saint-Pierre, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A ação durou pouco: pressionados pelo exército mexicano, os zapatistas deixaram as cidades horas depois. Alguns guerrilheiros foram presos ou processados, mas ninguém morreu. "A guerrilha nunca mais disparou uma bala. Mas ela se manteve em evidência por usar muito bem a internet e a televisão para divulgar manifestos e cobrar o governo", afirma o historiador Guilherme Gitahy de Figueiredo, da Universidade Estadual do Amazonas. Hoje, o movimento é uma importante força política no México - seus representantes já foram recebidos até pelo presidente do país. O principal líder é o encapuzado subcomandante Marcos (mais detalhes sobre ele abaixo).
Três pilares da guerrilhaConheça o inspirador, o comandante e o refúgio dessa guerrilha mexicana
O FOCO DA RESISTÊNCIA - CHIAPAS
A paupérrima região de Chiapas, no sul do México, inclui a montanhosa região da Sierra Madre, coberta por densas florestas. Sua população, formada na maioria por indígenas descendentes dos maias, vive das plantações de café e dos seringais. É por lá que se concentra a maioria dos militantes do Exército Zapatista de Libertação Nacional
O LÍDER - SUBCOMANDANTE MARCOS
Ele é conhecido pelos comunicados ao povo mexicano — muitas vezes divulgados pela internet, misturando humor, poesia, contos folclóricos e críticas políticas. Mas, por aparecer sempre com o rosto coberto, ninguém sabe a identidade do principal porta-voz do Exército Zapatista de Libertação Nacional. Para evitar represálias, a organização faz de tudo para manter o segredo. O governo mexicano diz que ele é Rafael Sebastián Guillén Vicente, um professor universitário de classe média, de quase 40 anos, que teria se mudado para Chiapas em 1984 para trabalhar com camponeses pobres. Será?
O ÍDOLO - EMILIANO ZAPATA (1879-1919)
Defensor de uma reforma agrária radical, o inspirador do movimento zapatista apoiou com um grupo armado a revolução que derrubou o ditador Porfírio Diaz do governo do México, em 1910. Como o novo presidente Francisco Madero jogou o exército do país contra sua guerrilha, Zapata rompeu com o novo dono do poder e começou uma reforma agrária por conta própria. Liderou uma campanha de guerrilhas contra grandes proprietários, ordenou execuções e distribuiu as terras das fazendas ocupadas. Foi assassinado em 1919, numa emboscada preparada por inimigos políticos.