21.3.13
Lúdica, teatral e festiva- Celebrando o Folclore e os Santos Populares-Festa Junina
Quando chegaram no Brasil os rituais e celebrações de fertilidade das plantações, trazida pelos portugueses na época da colonização, eles foram se incorporando nas danças, costumes, comidas, rezas, musicas, cores, culturas e felicidade de um povo festeiro, se transformando na maior festa de São João do Mundo.
ORIGEM – Essas festividades remontam a um tempo muito antigo, anterior ao surgimento da era cristã. Em junho, tempo do solstício de verão (o Sol ao meio-dia, atinge seu ponto mais alto no céu, esse é o dia mais longo e a noite mais curta do ano), ápice da estação, marcavam o início da colheita, entre os dias 21 a 24. No Hemisfério Norte, era a época do ano em que diversos povos — celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios, persas, sírios, sumérios — faziam rituais de invocação de fertilidade para estimular o crescimento da vegetação, promover a fartura nas colheitas e trazer chuvas. ( rituais de fertilidade associados ao cultivo das plantas, sempre foram praticados pelas mais diversas sociedades e culturas em todos os tempos). Nelas ofereciam comidas, bebidas e animais aos vários deuses em que o povo acreditava. As pessoas dançavam e faziam fogueiras para espantar os maus espíritos.
NO MUNDO – Os festejos de Festas Juninas ou Festas dos santos populares são celebrações que acontecem em vários países historicamente relacionados com a festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário Juliano (pré-gregoriano) e cristianizados na Idade Média como “festa de São João”. Essas celebrações são particularmente importantes no Norte da Europa – Dinamarca, Estônia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia -, mas são encontrados também na Irlanda, partes da Grã-Bretanha, França, Itália, Malta, Portugal, Espanha, Ucrânia, outras partes da Europa, e em outros países como Canadá, Estados Unidos, Porto Rico, Brasil e Austrália. As origens dessa comemoração também remontam à antiguidade, quando se prestava culto à deusa Juno da mitologia romana, denominados “junônias”. Daí temos uma das procedências do atual nome “festas juninas”.
MIX – Tais celebrações coincidiam com as festas em que a Igreja Católica comemorava a data do nascimento de São João, um anunciado da vinda de Cristo. O catolicismo não conseguiu impedir sua realização, e as comemorações foram adaptadas ao calendário cristão. Como o catolicismo ganhava cada vez mais adeptos, nesses festejos acabou se homenageando também São João. Os primeiros países a comemorá-las foram França, Itália, Espanha e Portugal.
ORIGEM DO NOME -No Brasil, recebeu o nome de Junina, desde o século IV era conhecida em Portugal de Joanina, de São João, porque acontece no mês de junho, quando se festejam quatro santos – Santo Antônio, dia 13; São João, 24; e São Pedro e São Paulo, dia 29 de junho.
NO BRASIL- Os Jesuítas desde o começo da colonização do Brasil acendiam fogueiras e tochas em junho, provocando atração sobre os indígenas, mas as primeiras referências às festas de São João no Brasil datam de 1603. Mais tarde foram incluídas nas festas juninas os outros santos. Antes da chegada dos colonizadores, os índios realizavam festejos relacionados à agricultura no mesmo período. Os rituais tinham canto, dança e comida. A religião dos índios era o animismo politeísta – adoravam vários elementos da natureza como deuses, portanto tanto os indios qto os negros que viviam no Brasil não tiveram dificuldade em se adaptar às festas juninas, pois são muito parecidas com as de suas culturas. Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, as festas foram se sofisticando, a ralé observava a dança com troca de pares e a imitavam em suas festas populares. As festas juninas brasileiras tem em comum a alegria e descontração, mas diferenciam-se por região, as do Nordeste, com fartura de comida fogos de artifícios e forró, e as dos estados de São Paulo, Paraná , Minas Gerais e Goiás, com quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. As mais tradicionais festas juninas do Brasil acontecem em Campina Grande (Paraíba) e Caruaru (Pernambuco).
QUITUTES DE MILHO- Trazida para o Brasil pelos portugueses e incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras, a festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha.
obs – Recorde de junho de 2010 – Pamonha - Uma pamonha de 650kg, na Festa da Pamonha, na cidade de Cáceres – MT. “Maior Doce de Pé de Moleque do Brasil”, 15 m de comprimento, 60 cm de largura, 2 cm de altura, 232,6 kg. Piranguinho – MG.
FOGUEIRA – De origem européia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã “sempre verde” em árvore de natal, a fogueira do dia de “Midsummer” (24 de Junho) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. O formato da fogueira varia, na festa de Santo Antonio, as lenhas são atreladas em formato quadrangular; na de São Pedro, são em formato triangular e na de São João possui formato arredondado semelhante à pirâmide. Quanto mais alta, maior é o prestígio de quem a armou.
Recorde de fogueira – 2010 - Na cidade de São João no Paraná, a qual atingiu 62,2 metros, superando o recorde de 59,2 metros que pertencia ao município de Jateí – MT.
PARA CRIANCAS CATOLICAS – Uma lenda católica afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria (mãe de Jesus) e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista (nasceu em 24 de junho 7 A.C., e morreu em 29 de agosto do ano 31 d.C., na Palestina) e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte. Por isso costuma ser acesa às 18h, hora da Ave Maria.
Relações Sociais e o compadrio – A importância desses festejos está relacionado com a forma de sociabilidade que foi característica da sociedade brasileira. Desde o período colonial até meados do século XX, a maioria da população de todas as regiões do Brasil vivia no campo (até 1950, 70% da população brasileira vivia na zona rural; hoje, mais de 70% vive nas cidades). Eram colonos e agregados das fazendas agrícolas, vaqueiros, pescadores, seringueiros na Amazônia, sitiantes, os brasileiros viviam integrados em grupos familiares. As relações familiares eram complementadas pela instituição do compadrio, que servia para integrar outras pessoas à família. Havia duas formas principais de tornar-se compadre: uma pelo batismo; a outra, por meio da fogueira. Nas festas de São João, os homens formavam duplas de compadres de fogueira: ficavam um de cada lado da fogueira e deveriam pular as brasas dando-se as mãos em sentido cruzado.
QUADRILHA – Adaptação de uma dança da nobreza européia (quadrille –para quatro pares ), muito presente nos salões franceses entre o final do século XVIII e a primeira Guerra mundial. Ela se desenvolveu a partir de uma dança inglesa surgida provavelmente no século XIII, que se popularizou por toda Europa no século XVIII. A “quadrille” veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris. Se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subseqüentes evoluções . Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, teve o seu maior florescimento no Brasil rural, e se tornou uma dança própria dos festejos juninos. A quadrilha, “em nome da cultura”, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira.
A DANCA DAS FITAS, no sul, trazida pelos Portugueses e Espanhóis é o que mais anima a festa.
INSTRUMENTOS MUSICAIS – Acordeão, pandeiro, zabumba, violão, triângulo e cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações. O forro acabou por se enraizar nos festejos. Entre os compositores e cantores mais famosos, destaca-se o pernambucano Luiz Gonzaga.
CASAMENTO – Esse ritual matrimonial liga-a às festas de São João européias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. O ritual que aborda de forma bem humorada a instituição do casamento e as relações pré-nupciais e suas conseqüências. Juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.
FOGOS DE ARTIFICIO – utilizados na celebração para “despertar” São João e chamá-lo para a comemoração de seu aniversário. Na verdade os cultos pirotécnicos são de origem portuguesa, eles acreditavam que o estrondo de bombas e rojões tinha como finalidade espantar o diabo e seus demônios na noite de São João.
LENDA DAS BOMBINHAS- Diz a lenda, que o pai de São João, Zacarias, andava muito triste por não ter filhos. Certa vez, um anjo apareceu à frente de Zacarias e anunciou que ele seria pai. A alegria de Zacarias foi tão grande que ele perdeu a voz desse momento em diante. No dia do nascimento do filho, perguntaram a Zacarias como a criança se chamaria, e ele respondeu “João” e a partir daí recuperou a voz. Todos fizeram um barulhão enorme. Foram vivas para todos os lados. Vem daí o costume das bombinhas.
BALOES – O costume de soltar balões surgiu da idéia de que eles levariam os pedidos dos devotos aos céus e a São João. Essa prática foi proibida devido ao alto risco de os balões provocarem incêndios. O padre jesuíta Bartolomeu de Gusmão e o inventor Alberto Santos são figuras ilustres entre os brasileiros por soltarem balões por ocasião das festas juninas de suas épocas. Essa brincadeira virou crime em 1965, segundo o artigo 26 do Código Florestal. Também está no artigo 28 da lei das Contravenções penais, de 1941.
Todos os cultos das festas juninas estão relacionados com a sorte. Por isso os devotos acreditam que ao soltar balão e ele subir sem nenhum problema, os desejos serão atendidos, caso contrário é um sinal de azar.
ROUPAS – As roupas ‘caipiras’ são uma clara referência ao povo campestre, que povoou principalmente o nordeste do Brasil e muitas semelhanças se podem encontrar no modo de vestir ‘caipira’ tanto no Brasil como em Portugal.
OBS – Não estariam as festas juninas contribuindo para formar uma imagem negativa de nosso povo da zona rural? Qual criança se espelharia num típico caipira das quadrilhas de festas juninas principalmente do Sudeste? em que o caipira e um homem do campo, com as roupas remendadas, desdentado, andar torto, com pronuncia errada, barba por fazer, botina velha e furada…
DECORACOES – Tiveram o seu início em Portugal com as novidades que na época dos descobrimentos os portugueses levavam da Ásia, como os enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora. Na cidade do Porto em Portugal ainda costuma soltar balões. Hoje a decoração do São João busca uma idéia com utensílios bastante simples, rústicos, trazendo elementos que costumamos usar no dia-a-dia, como peneiras, chapéus e outros objetos de palha, chita como toalha de mesa, almofadas, folhagens, etc..
SIMPATIAS, SORTES, ADIVINHAS – Moças solteiras, desejosas de se casar, fazem inúmeros rituais para conseguirem “desencalhar”. Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… a simpatia não funciona!
POVO FELIZ – Na tradição brasileira, as maiores festas são Natal, Páscoa e São João. As comemorações de cunho religioso foram apropriadas de tal forma pelo povo brasileiro que ele transformou o Carnaval — ritual de folia que marca o início da Quaresma, (da quarta-feira de Cinzas ao domingo de Páscoa) em uma das maiores expressões festivas do Brasil no decorrer do século XX. Depois do carnaval, São João é segunda maior festa comemorada no Brasil, e a festa de São João do Brasil é a maior do mundo.
Em 2010, O Maior São João do Mundo organizado em Campina Grande durante 31 dias, de 4 de Junho a 4 de Julho. A grande novidade do ano será a realização da festa em 2 espaços simultaneamente, no Parque do Povo e no Parque Evaldo Cruz que ficam lado a lado, fazendo com que assim, a festa ocorra num espaço de 80.000 metros quadrados, e se o Brasil for finalista da copa, a festa será estendida por mais uma semana.
Curiosidade - A primeira capela levantada em Campina, no ano de 1702, foi sob o orago (invocação) de São João Batista para a catequese dos índios Ariús, onde hoje está a Catedral Nossa Senhora da Conceição.
Fonte: http://museudosbrinquedos.wordpress.com/