6.8.13
1813: Bolívar liberta Caracas
Em 6 de agosto de 1813, Simón Bolívar cumpriu uma promessa que fizera em 1805 a seu antigo mestre Simón Rodrigues em Roma: livrar a Venezuela do jugo colonial espanhol.
Mural dedicado a Simón Bolívar, na Venezuela
A libertação de Caracas em 1813 foi apenas um episódio das idas e vindas, glórias e fracassos na vida de Bolívar. Nascido em Caracas, de família pertencente à elite crioula, José Antonio de la Santíssima Trindad Simón Bolívar y Palácios (1783–1830) foi educado por um discípulo de Jean-Jacques Rousseau.
Sua família vivia na América há mais de 200 anos. Aos 16, Bolívar foi mandado para a Espanha, para estudar. Lá, ele se casou em 1801. Foi também na Europa que manteve os seus primeiros contatos com movimentos revolucionários.
De volta à Venezuela, em fins de 1806, ligou-se a grupos liberais e integrou a Junta de Governo que, em 1810, substituiu a autoridade espanhola na colônia. Foi o primeiro governo constituído na América Latina sem a interferência da potência colonizadora.
Napoleão como ídolo
Admirador de Napoleão Bonaparte, Bolívar queria fazer na América do Sul o que o general francês fizera na Europa: construir um grande império. Em 1811, participou das campanhas que levaram à frustrada proclamação da independência da Venezuela, em 5 de julho de 1811.
Fracassada essa primeira revolta venezuelana, Bolívar refugiou-se em Curaçao e Cartagena, onde publicou um dos primeiros manifestos revolucionários latino-americanos. Ali, ele assumiu também o comando das forças rebeldes que em 1813 tomaram Caracas.
No ano seguinte à tomada de Caracas, sofreu várias derrotas em batalhas contra os espanhóis e osllaneros do ex-pirata Boves: a Venezuela caiu novamente nas mãos dos colonizadores. Desta vez, Bolívar refugiou-se no Caribe, onde lançou a célebre Carta da Jamaica, em defesa da emancipação americana. Nesse documento, projetou um Estado que reunisse a Venezuela, Nova Granada e o Reino de Quito, sob forma republicana. Propôs a união dos povos americanos, tendo por centro o Panamá.
Nova Granada e Carabobo
Em maio de 1819, Bolívar liderou um "exército de libertação" de 2.500 homens, que atravessou as florestas tropicais venezuelanas e os Andes, para auxiliar os revoltosos de Nova Granada. Ali, o poderio espanhol foi destroçado em agosto do mesmo ano.
Dois anos depois, em 24 de junho de 1821, Bolívar empreendeu a sua última campanha contra os espanhóis na Venezuela. Comandou 5 mil patriotas reforçados por um pequeno batalhão de soldados britânicos, que enfrentaram cerca de 7 mil espanhóis na planície de Carabobo, cerca de 100 km a sudoeste de Caracas, na principal batalha pela independência da Venezuela.
Cinco dias depois, o "Libertador" entrou pela segunda vez vitorioso em Caracas. A batalha de Carabobo consolidou o mito de Simón Bolívar. Mas ainda seriam necessários mais cinco anos de lutas até à vitória decisiva sobre os espanhóis. A revolta contra a metrópole fora inspirada pela Revolução Francesa e favorecida pela ocupação da Espanha por Napoleão Bonaparte.
Inspiração duradoura
À frente de seu exército, Bolívar atravessou a cordilheira dos Andes, tomou Bogotá e proclamou a República da Colômbia (união da Venezuela e de Nova Granada), da qual foi eleito presidente. Ele comandou também as guerras de independência do Equador, do Peru e da Bolívia. Em 1826, era o chefe supremo do Peru e acumulava a presidência da Colômbia e da Bolívia.
Herói de mais de 200 batalhas, Simón Bolívar ainda hoje é lembrado como o grande "Libertador" e precursor da política de integração latino-americana. Seus escritos, discursos, proclamações e cartas são a grande herança política da América hispânica.
Suas análises das condições de vida e das necessidades políticas das colônias fazem dele um dos mais sábios observadores do seu tempo. Ele previu com extraordinária precisão a sequência das lutas pela democracia em cada uma das unidades políticas do velho império espanhol da América.
Simón Bolívar morreu em 17 de dezembro de 1830 sem realizar seu grande sonho: a unificação da América hispânica. Embora duramente criticado em vida e após a morte, foi sem dúvida um dos grandes líderes revolucionários do final do século 18 e início do século 19.
Autoria Geraldo Hoffmann
Fonte: DW