6.8.13
1936: Abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim
Em 1º de agosto de 1936, Hitler abria oficialmente os Jogos Olímpicos de Berlim, com os quais os nazistas pretendiam apresentar uma imagem positiva do regime. Mas o destaque acabou sendo um atleta negro: Jesse Owens.
Estádio decorado com bandeiras nazistas na cerimônia de abertura
Em 1931, ao escolher Berlim como a cidade-sede das Olimpíadas de 1936, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não percebeu – ou não quis perceber – a nuvem marrom (cor do nazismo) que se aproximava no horizonte político da Alemanha.
Depois dos jogos, o próprio número 2 do regime, Rudolf Hess, afirmaria numa reunião do NSDAP (partido nazista) em Nurembergue, que Berlim jamais teria sido escolhida em 1931 se o mundo soubesse quem estaria no poder na Alemanha cinco anos mais tarde.
O fato é que, mesmo depois de Hitler chegar ao poder, em 1933, o COI não revisou sua decisão de 1931. Alguns países, principalmente os Estados Unidos, convocaram o boicote dos Jogos Olímpicos. Mas esses apelos fracassaram também devido à ação de funcionários como Averz Brundage, que mais tarde se tornaria presidente do COI.
Os nazistas aproveitaram o evento para propagandear suas ideias e não economizaram para isso. O orçamento dos jogos foi ampliado em 20 vezes. O resultado foi a construção do mais moderno complexo esportivo até então. O Reichssportfeld (hoje conhecido como Olympiapark Berlin) tinha como ponto central o Estádio Olímpico de Berlim, com capacidade para abrigar 100 mil pessoas.
Os organizadores criaram o cortejo da tocha olímpica, que existe até hoje. Um sino gigante com a inscrição "Ich rufe die Jugend der Welt" (Eu chamo os jovens do mundo) – celebrou a chegada da tocha na cidade olímpica. Dessa forma, o regime nazista tentava se apresentar como pacífico e aberta para o mundo.
O governante nazista de Berlim, Julius Lippert, disse em discurso três dias antes da abertura dos jogos para os representantes do Comitê Olímpico: "Berlim saúda os guerreiros olímpicos do todo o mundo. Saúda ainda, nos senhores e com os senhores, os representantes de mais de 50 nações, com as quais toda a Alemanha deseja conviver como num reduto de paz no espírito da compreensão mútua."
Era o lobo em pele de cordeiro. Por ordens de Hitler foram retiradas dos arredores da cidade olímpica todas as referências antissemitas ou que pudessem manchar a imagem da Alemanha pacífica que ele pretendia apresentar aos visitantes. O pasquim nazista Der Stürmer, por exemplo, foi recolhido de todas as bancas de revistas nas proximidades do complexo olímpico.
Para os nazistas os Jogos Olímpicos tiveram um sabor de vitória e sucesso. No final a Alemanha arrebatou 38 medalhas de ouro, sendo a recordista de medalhas daquelas Olimpíadas. Apesar disso, quem se consagrou como a grande estrela daqueles jogos foi um atleta negro americano: Jesse Owens, que competiu quatro vezes e nas quatro levou a medalha de ouro.
As novidades dos jogos de Berlim não se limitavam apenas aos mais modernos estádios, mas também à cobertura dos jogos. Pela primeira vez mais de 41 países puderam acompanhar aos jogos através do rádio. Houve também uma programação de 19 horas para uma mídia recente, a televisão.
Na visão dos nazistas, os jogos foram um sucesso. Na mesma reunião do NSDAP em Nurembergue, Hess afirmou que os jogos foram uma "providência do destino" para o regime.
Autor: Stefan Nestler (cs)
Fonte: DW