6.8.13
5 de agosto de 1954: O atentado da Rua Toneleros
por: Lucyanne Mano
Era madrugada. Carlos Lacerda chegava de carro à sua residência na Rua Toneleros, na companhia do filho Sergio e do major Florentino Vaz, quando foi surpreendido por uma emboscada. Dois homens dispararam contra eles e fugiram num táxi. Lacerda foi atingido no pé, e o major, gravemente ferido nas costas, morreu a caminho do hospital.
Ferrenho opositor do Governo Vargas, o jornalista e político conservador publicaria, na manhã seguinte, em seu editorial: "A visão de Rubens Vaz, na rua, impede-me de analisar a frio, neste momento, a hedionda emboscada desta noite. Mas, perante Deus, acuso um só homem como responsável por esse crime. É o protetor dos ladrões, cuja impunidade lhes dá audácia para atos como os desta noite. Este homem chama-se Getúlio Vargas."
Essa declaração, que prontamente fortaleceu a versão de atentado, agigantou a onda anti-getulista, que já reivindicava a renúncia do presidente Getúlio em diversos setores da sociedade.
Durante a investigação que se seguiu, demonstrou-se que a bala que atingiu o major era de calibre 45, arma de uso privativo das Forças Armadas. Em poucos dias chegava-se a dois suspeitos: Alcino João Nascimento e Climério Euribes de Almeida, homens da guarda pessoal do presidente, e ao mandante do crime, Gregório Fortunato, chefe da guarda e guarda-costas de Getúlio desde a época do Estado Novo.
O triunfo de Lacerda aconteceria 19 dias depois do crime, com a derrocada final do presidente Getúlio: o seu suicídio, em 24 de agosto.
Alcino foi condenado a 33 anos de prisão, pena depois reduzida. Cumpriu 23 anos e sobreviveu a duas tentativas de assassinato. Gregório foi condenado a 25 anos, vindo a ser assassinado na prisão, assim como Climério, condenado a 33 anos. José Antônio Soares foi condenado a 26 anos. Nelson Raimundo, a 11 anos.
Muitos questionam até hoje o atentado, afirmando tratar-se de uma conspiração das Forças Armadas, justamente com o propósito de derrubar Getúlio. O próprio Alcino sustentou, depois de preso, e ao longo dos anos, a mesma versão para o fato. Já Lacerda, apresentou contradições nas sucessivas vezes em que relembrou o episódio.
Fonte: Jblog