19.9.13
Jacobinismo e a ação política
A prática política do jacobinismo superou a Revolução Francesa, sendo utilizada para caracterizar outros grupos políticos.
Robespierre foi um dos líderes do jacobinismo francês
O jacobinismo é o termo ligado a uma prática política inicialmente efetuada na década revolucionária da França de fins do século XVIII, entre 1789 e 1799. Esse termo refere-se aos jacobinos, os membros de um clube formado em 1789 que atuaram como um partido político durante o processo revolucionário.
Os jacobinos receberam esse nome pelo fato de seu clube, o Clube Bretão e, depois, Sociedade dos Amigos da Constituição, reunirem-se no convento dos dominicanos, ou jacobins, na rua Saint-Honoré, em Paris. Formados por homens oriundos da pequena burguesia urbana, os jacobinos ficaram reconhecidos na história principalmente por seu republicanismo radical e também pelo papel centralizador desempenhado pelo Estado no processo revolucionário.
Apoiados pelos sans-culottes, os membros das classes populares parisienses, os jacobinos, estiveram à frente da instauração da República, em 1792, sendo ainda os responsáveis pelas medidas extremadas contra as classes altas da sociedade francesa durante o período conhecido como Grande Terror, entre 1793 e 1794. Uma possível definição política do jacobinismo pode ser tentada ao afirmar que é uma prática de centralização do poder estatal por um grupo ou partido político. A centralização consistiria ainda na eliminação das oposições políticas e sociais que houvesse em relação ao jacobinismo.
O jacobinismo foi ainda umas das primeiras formas de organização partidária da época contemporânea. O radicalismo revolucionário apoiado em grupos sociais populares, como os sans-culottes, atuando através de uma forma ditatorial de exercício do poder para atingir os objetivos, foi também utilizado para caracterizar o jacobinismo.
Dentro dos processos revolucionários, o jacobinismo constituiria um salto de qualidade para alcançar os objetivos, uma prática de radicalização e utilização de todos os meios disponíveis para isso. Nesse sentido que pode ser entendida a assimilação entre o jacobinismo com as ditaduras revolucionárias, bem como com os processos de centralização política nos aparelhos de Estado decorrente delas.
Essas características gerais – e apresentadas neste texto sem um maior aprofundamento – foram utilizadas por diversos grupos políticos em diversas partes do mundo. No Brasil, podemos citar tanto a Revolta dos Alfaiates, na Bahia, em 1798, quanto a ação de militares republicanos durante os primeiros anos da República brasileira.
Mas a principal aproximação feita entre o jacobinismo e outros processos revolucionários, que não o francês, de 1789-1799, ocorreu com a Revolução Russa. A ação dos bolcheviques na tomada do poder e na constituição da ditadura do proletariado, em 1917, é geralmente apontada como uma ação extremada e radical de tomada do poder semelhante à realizada pelos jacobinos.
Para além da questão política, o jacobinismo ainda se caracterizou por criar uma ideologia baseada na racionalidade que, paradoxalmente, assemelhou-se a uma religião. O culto da Razão, da Virtude e da Regeneração aproximou-se das práticas religiosas, cujo caso mais notório foi a Festa da deusa Razão, realizada em 10 de novembro de 1793, na catedral de Notre Dame.
Exemplos como esses mostram que o jacobinismo acabou superando seu período de domínio histórico, entre 1793 e 1794, ampliando suas consequências.
Por Tales Pinto.
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