Em 7 de agosto de 1937, Mao Tsé-tung e Chiang Kai-chek decidiram cooperar, na chamada "segunda frente unida", para expulsar os japoneses.
Da esq. para a dir.: Qin Bangxia, Chu En-lai, Chu-Teh e Mao Tsé-tung (foto 1934–1936)
No começo dos anos 1930, a China era sacudida por guerras. Os japoneses haviam ocupado a Mandchúria, no nordeste, e avançavam em direção ao sul. Saqueavam cidades, incendiavam aldeias, estupravam mulheres e assassinavam homens.
O país encontrava-se também em guerra civil. Uma parábola desse cenário apocalíptico é o livro A cidade dos gatos, escrito por Lao She em 1932. No romance, os gatos se destroçam no planeta Marte. Um astronauta observa, assombrado, o banho de sangue. Na realidade, eles deveriam se unir para enfrentar o agressor: o Japão.
O romance de Lao She virou best-seller na China. Estudantes e intelectuais estavam fartos da guerra civil. Ninguém entendia por que nacionalistas e comunistas só brigavam entre si como os gatos, em vez de se unir contra o Japão.
Chiang Kai-chek, porém, não ouvia o clamor por uma "pátria unida". Queria, primeiro, liquidar os "bandidos comunistas" e, depois, o Japão. O líder do Partido Comunista, Mao Tsé-tung, negava-se igualmente a colaborar com o odiado general, cuja ascensão ao poder deixara um rastro de corrupção e assassinatos.
A "segunda frente"
Um jovem general nacionalista, Zhang Xueliang, e Josef Stalin forçaram um entendimento entre Mao Tsé-tung e Chiang Kai-chek. Em dezembro de 1936, Xueliang sequestrou seu superior em Xi'an – a velha cidade imperial –, soltando-o somente depois que este prometeu cooperar com os comunistas.
Ao mesmo tempo, Stalin enviara um telegrama a Mao, em Yan'an, a base dos comunistas no noroeste, exigindo que ele se aliasse ao Partido Nacionalista contra os "fascistas asiáticos".
Mao Tsé-tung, na verdade, queria processar Chiang Kai-chek, mas acabou cedendo à pressão de Moscou. Em 7 de agosto de 1937, os dois inimigos decidiram cooperar, na chamada "segunda frente unida", para expulsar os japoneses. A primeira aliança dos comunistas e nacionalistas contra os "senhores da guerra" durara de 1923 a 1927.
Ambos os lados tiveram de fazer concessões. O Partido Comunista adiou a planejada "revolução social" e renunciou a desapropriações nos sovietes. Os nacionalistas autorizaram os comunistas a abrir escritórios em seus territórios.
O Exército Vermelho passou a se chamar Oitavo Exército Vermelho, formalmente comandado por Chiang Kai-chek. As ordens diretas, no entanto, eram dadas pelos líderes da Grande Marcha de 1934–1935, quando 90 mil comunistas se deslocaram 9 mil quilômetros para o norte, para escapar ao cerco do Kuomintang.
Concessão fatídica
Chiang Kai-chek logo se arrependeu das concessões feitas a Mao Tsé-tung. Enquanto seu partido gradativamente perdia o apoio da população, os comunistas conquistavam cada vez mais adeptos.
A fama dos nacionalistas piorava continuamente. Em seus territórios, eles se comportavam como invasores. Obrigavam os agricultores a irem para as frentes de trabalho e cobravam cada vez mais impostos.
Enquanto isso, os líderes e soldados comunistas conquistavam simpatia por reduzirem as taxas de arrendamento e ajudarem na colheita os agricultores recrutados para o exército. A ordem de Mao era que o exército se comportasse "como um peixe na água" em relação ao povo.
Para tentar conter a afluência às tropas de Mao, Chiang Kai-chek mandou atacar os revolucionários, em janeiro de 1941. Três mil soldados comunistas foram mortos e, em consequência, a direção do Partido Comunista abandonou a frente unida.
Depois da União Soviética, os EUA tentaram impedir a guerra civil chinesa. Eles queriam que a coalizão entre comunistas e nacionalistas fosse mantida. A China era um palco secundário da Segunda Guerra Mundial, ideal para desviar a atenção do Japão. Chiang Kai-chek e Mao Tsé-tung deveriam concentrar-se na luta contra os agressores e não desperdiçar suas forças.
Com a rendição do Japão aos Aliados, no final da Segunda Guerra em 1945, nacionalistas e comunistas travaram suas últimas batalhas na China. O Exército Vermelho já contava com um milhão de soldados – dez vezes mais que em 1937. Apesar da ajuda que recebeu dos Estados Unidos, Kai-chek não conseguiu deter as ofensivas do Partido Comunista. Derrotado, fugiu em 1949 para Taiwan.
Fonte: DW
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