Depois do sucesso em Cuba, Guevara tentou estabelecer a revolução no território boliviano.
Depois do sucesso obtido com a Revolução Cubana, o já afamado líder revolucionário Ernesto Che Guevara não se convencera sobre o fim de suas lutas políticas. Depois de participar do feito histórico na ilha centro-americana, decidiu expandir a possibilidade revolucionária para outras partes do mundo. Observando que o continente americano tinha se tornado um grande campo de influência política imperialista, Guevara decidiu se embrenhar em novas lutas.
No ano de 1966, após sofrer uma terrível derrota no Congo, decidiu organizar um movimento que viesse a dar fim ao governo vigente na Bolívia. Nesse período, o país – um dos mais pobres de todo o continente – havia sido tomado por uma ditadura alinhada aos interesses dos norte-americanos. Para tanto, Che contou com o apoio militar de veteranos da Revolução Cubana, que logo se encontraria com seu líder nas densas matas do interior boliviano.
Contando com a fama e experiência acumuladas em Cuba, Che Guevara tinha o apoio de um breve contingente com doze homens designados para participar dessa missão. A falta de outros recrutas e as relações conflituosas com o PCB (Partido Comunista Boliviano) parecia dificultar as coisas, mas, ainda assim, Che apostava no êxito dos focos guerrilheiros a serem formados. Dessa forma, passou dois meses estudando o território e recrutando novos participantes da nova revolução.
Depois dessa etapa, era necessário treinar seus combatentes para que tivessem condições de enfrentar as dificuldades impostas pelas frentes inimigas e seguir orientações militares. As duras condições da região acabaram impondo a perda de Benjamin Coronado Córdoba, combatente que morrera durante a travessia do Rio Grande. Nesse meio tempo, uma pequena parte dos revolucionários ficou no acampamento à espera de Che e dos outros membros em treinamento.
A disciplina e perseverança exigidas para esperar a volta de um grupo embrenhado nas matas bolivianas eram grandes demais para alguns daqueles que se encontravam no acampamento. No dia 11 de março de 1967, Pastor Barrera e Vicente Rocabado desertaram e partiram em direção à vila de Camiri, onde tentaram vender um dos fuzis pertencentes ao grupo revolucionário. O chamariz causado pela estranha oferta foi o bastante para que fossem denunciados para as autoridades locais.
Presos, acabaram denunciando a “ameaçadora” presença de Che Guevara em território boliviano. Em pouco tempo, um destacamento das forças bolivianas foi designado com a missão de encontrar o foco organizado e seu afamado líder. Em duas tentativas, o mal preparado exército boliviano foi facilmente derrotado pelos revolucionários treinados por Guevara. Temerosas, as autoridades bolivianas logo acionaram o apoio logístico e militar dos Estados Unidos e de outras nações latino-americanas.
A presença dos militares na região impunha grandes dificuldades para que Che pudesse rearticular suas estratégias de combate. Aqueles que apoiavam a guerrilha, realizando a transmissão de informações provenientes da capital La Paz, já não conseguiam realizar esse trânsito. Com isso, Guevara decidiu desmembrar seu grupo guerrilheiro em duas parcelas distintas: um primeiro grupo tentaria ocupar o povoado Muyupampa, enquanto os demais esperavam pelos comandos dos que avançariam pelo território.
Durante tal ação, os informantes a serem enviados para La Paz foram presos e denunciaram a localização dos guerrilheiros. Com isso, os exércitos bolivianos, agora contando com treinamento norte-americano e armas mais avançadas, conseguiram realizar um novo ataque contra o grupo de Che Guevara. Depois disso, sem ter o retorno de Che, o grupo que ficou em espera decidiu ir ao encontro de seu líder nas proximidades de Vado del Yeso.
Nessa empreitada, os guerrilheiros liderado por Juan Vitalio, mais conhecido como Joaquín, foram denunciados por uma família camponesa que anteriormente havia cooperado com os participantes da ação revolucionária. Em 31 de agosto de 1967, um ataque das forças oficiais conseguiu aniquilar o grupo liderado por Joaquín e obrigar o grupo restante a modificar toda sua estratégia de ação. Depois disso, Guevara e seus comandados partiram para as regiões de Pucará e La Higuera.
A essa altura, a falta de homens e a fome assolavam a todos aqueles que insistiam em prosseguir com a ação revolucionária na Bolívia. Em 26 de setembro, uma nova emboscada do Exército conseguiu reduzir as tropas revolucionárias para apenas dezesseis membros. Chegando em La Higuera, o grupo foi avistado por uma camponesa idosa. Temendo a delação, os combatentes ofereceram dinheiro para que não fossem denunciados por ela.
A ação tomada não surtiu o efeito esperado, a camponesa tomou o dinheiro e denunciou os combatentes. No dia seguinte, na madrugada de 8 de outubro, o Exército boliviano conseguiu emboscar Che Guevara e seus demais seguidores. Nas imediações da Quebrada del Yuro os exércitos conseguiram desbaratar toda a guerrilha e prender Guevara. Após um breve interrogatório, Che Guevara foi fuzilado pelo tenente Mario Terán, na tarde do dia 9 de outubro de 1967.
Por Rainer Sousa
Fonte: http://guerras.brasilescola.com/seculo-xx/a-ultima-batalha-che.htm
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