Os etruscos fundaram na península Itálica uma grande civilização, que teve sua época de esplendor no século VI a.C. Os reis etruscos conquistaram Roma e protagonizaram a última etapa da monarquia romana.
Os etruscos
A partir de dados arqueológicos, é possível afirmar que a civilização etrusca já estava estabelecida no norte da península Itálica no ano 800 a.C.
Em meados do século VIII a.C, os etruscos, cuja origem é incerta, iniciaram uma série de conquistas que deram lugar a assentamentos urbanos desde o rio Tibre até o vale do rio Pó. Quando atingiram seu apogeu no século VI a.C, eles haviam chegado até Salerno, pelo sul.
A exemplo dos gregos, os etruscos fundaram cidades-Estado oligárquicas e administrativamente independentes, entre as quais se destacaram: Veios, Ceres, Tarquínia, Vulci, Vetulônia, Populônía ou Volterra, Arezzo ou Perúgia, no interior, e Cápua ao sul, na região da Campânia.
A conquista de Roma
Próximo a sua desembocadura, o rio Tibre forma curvas ao redor de sete colinas, que, no século VII a.C, eram ocupadas por sete povoados.
A situação dessas colinas era estratégica, uma vez que estavam localizadas no centro das rotas comerciais da península Itálica. Os etruscos conquistaram e transformaram as aldeias em uma autêntica e grande cidade: Roma.
Os etruscos e o Mediterrâneo
Os etruscos desenvolveram uma ampla rede de relações comerciais com povos vizinhos. Como suas terras eram riquíssimas em jazidas metalíferas, eles se tornaram grandes negociantes de ferro e de cobre, além de se destacarem na produção de artesanato em bronze, ouro e pedra.
O cenário comercial mais importante para o povo etrusco sempre foi o mar Mediterrâneo, onde disputavam o controle das rotas com gregos e cartagineses. A batalha de Alalia, em 535 a.C, foi uma de suas principais vitórias contra os gregos: aliados dos cartagineses, os etruscos em tese foram derrotados, mas os gregos perderam tantos barcos que precisaram se retirar definitivamente da Córsega.
A organização política e social
Desde o século VII a.C, os etruscos organizaram-se em cidades-Estado política e administrativamente independentes, embora se considerassem parte de uma realidade compartilhada por todas as cidades. Há referências sobre possíveis confederações comandadas por diferentes líderes e a existência de um rei comum em alguns períodos.
Na Etrúría havia magistrados que pertenciam à aristocracia, formada por poucas famílias, cujo status dependia de sua antiguidade.
As mulheres etruscas desempenharam um papel crucial nessa aristocracia. Elas participavam livremente da vida pública, organizando festas e desfrutando uma condição semelhante à dos homens.
O mundo dos mortosSarcófago de Cerveteri.
Os etruscos acreditavam na vida após a morte. Para eles, os deuses manifestavam suas vontades por meio de sinais da natureza, daí a importância das artes religiosa e funerária. Além disso, eles também gostavam de praticar a adivinhação.
Ao abandonar o corpo, a alma do morto habitaria eternamente em um sepulcro. Por isso, o artista devia recriar nas paredes dos túmulos cenas de uma vida alegre e familiar.
Os cemitérios etruscos eram verdadeiras cidades para os mortos, um reflexo de sua casa e de sua vida terrenas. O sarcófago de Cerveteri é uma das principais manifestações da escultura funerária etrusca. Feito em terracota no final do século VI a.C, representa um casal da aristocracia, recostado em um divã, participando de luxuoso banquete.
Roma durante a Monarquia
A primeira forma de governo de Roma foi a Monarquia. O rei era escolhido pelos representantes das famílias mais ricas da cidade (os patrícios) e exercia seu cargo até o fim de sua vida. Além disso, era o encarregado de dirigir os rituais religiosos, comandar o exército e fazer cumprir as leis.
O rei era auxiliado em suas funções pelo Senado, assembleia formada pelos chefes das principais famílias romanas.
Conta a lenda que Roma teve sete reis, dos quais os três últimos foram etruscos. Na época etrusca, a cidade se desenvolveu bastante e atraiu pessoas de posses, artesãos e artistas de regiões vizinhas, além de comerciantes e camponeses.
Em seu mandato, o rei Lúcio Tarquínio Prisco ordenou a construção de um fórum pavimentado, de um estádio público (Circo Máximo) e de um magnífico sistema de esgotos, a Cloaca Máxima, considerada uma das maiores obras urbanísticas da Antiguidade. Também foi obra dos etruscos a construção das muralhas da colina
Os etruscos utilizaram em suas obras novos elementos, como o arco e a abóbada. Eles planejavam o território em torno de duas avenidas perpendiculares, uma que ia de norte a sul e outra que ia de leste a oeste, sistema que foi incorporado nas fundações romanas futuras.
O final da Monarquia
Em 509 a.C, os etruscos foram expulsos de Roma. A lenda diz que Tarquínio, o Soberbo, último rei romano de origem etrusca, foi exilado após uma revolta da nobreza. Esse evento poria fim à Monarquia em Roma e daria lugar à República, marcando o declínio da civilização etrusca. A perda do Lácio e a ocupação da importante cidade etrusca de Veios tiveram consequências desastrosas. Pouco a pouco, os latinos foram incorporando esses territórios aos seus domínios.
Por: Roberto Braga Garcia
Fonte: https://www.coladaweb.com/historia/etruscos