12.8.19
Exército de Terracota
Uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos, o exercito de terracota do Primeiro Imperador envolveu também um dos mais vastos canteiros de escavações jamais visto. O sitio cobre mais de 2 hectares e ainda resta muito a explorar.
O fosso 1, o mais explorado até agora, tem cerca de 5 metros de profundidade, 225 metros de comprimento e mais de 60 metros de largura.
Para abrir esse fosso, bem como os outros dois em que foram encontradas esculturas, os trabalhadores do imperador removeram mais de 100 mil metros cúbicos de terra – volume suficiente para encher cerca de 36 piscinas olímpicas.
Como o poço aberto, os escavadores jogaram para o fundo uma parte da terra, para socá-la bem, até obter um piso duro como cimento, de 60 centímetros de espessura.
Com o mesmo método, ergueram ao longo de todo perímetro muros de 3 metros de altura; alguns têm 2,5 metros de espessura e outros conservam marcas das armações que seguravam a terra enquanto esta era compacta.
Paredes divisórias separam os fossos 1 e 2 em longos corredores, no sentido leste-oeste; após erguê-las, os pedreiros forraram o chão com cerca de 250 mil tijolos retangulares, mantendo um certo declive a partir do centro, em direção às laterais, para garantir o escoamento da umidade para os lados.
Para abrigar o exercito soterrado, os carpinteiros colocaram pesados postes de pinho ou de cedro enterrados em cavidades de 30 centímetros de profundidade escavadas junto aos muros fronteiriços e divisórios e os uniram com traves horizontais, formando vigas.
Perpendicularmente a estas, arrumaram séries de caibros de 12 metros de comprimento e, sobre estes últimos, camadas de bambu ou de palha trançada, que recobriram com uma outra camada de 28 centímetros de argila, que atualmente parece vermelha, talvez devido ao incêndio que assolou o sitio há 2200 anos.
Marcas de rodas deixadas nas rampas fazem supor que as estátuas, eram colocadas em seus lugares com auxilio de rodas, após o teto ter sido terminado.
Em seguida, tais acessos foram obstruídos com postes, esteiras e terra batida e, por fim, toda a abertura foi enterrada – até a eternidade, segundo a crença de seus construtores – sob 3 metros de terra.
Segundo os textos antigos, apenas uma obra da época Tsin ultrapassou a grandeza da Grande Muralha, em termos de ocupação de força de trabalho – o colossal mausoléu de Chi Huang-di, que mobilizou 700 mil prisioneiros e outros trabalhadores.
A construção foi iniciada em 246 a.C., quando Chi, ainda menino, herdou o trono de Tsin; e não estava concluída quando ele morreu, 36 anos mais tarde. Os arqueólogos só podem especular sobre o que todos esses trabalhadores poderiam ter realizado se dispusessem de mais tempo.
No entanto, é inegável que criaram uma obra considerada hoje como uma das grandes maravilhas do mundo – o exército de terracota.
Desde que o sitio foi descoberto oficialmente, em 1974, os arqueólogos têm estado ocupados em desenterrar, documentar e penosamente tentar preservar essas figuras.
O trabalho está longe de ser concluído – sob alguns aspectos mal começou. Porém, os pesquisadores já puderam colher desse material preciosas informações acerca da estrutura e da organização do exercito de Chi Huang-di, bem como a respeito de suas armas e de suas táticas.
O fosso 1, a cova retangular penetrada inicialmente pelos arqueólogos, tem sido o mais estudado. Ele conserva a principal força de combate do exercito enterrado – que se estima conter ao todo pelo menos 6 mil figuras de barro, das quais mais de duzentas formam a vanguarda da unidade. Vestidos com simples túnicas de combate, calçados leves e perneira, sem armaduras, essas tropas estão formadas ombro a ombro em três fileiras, na extremidade oriental do fosso.
A posição das mãos dos arqueiros e a abundancia de peças de bronze achada nas proximidades – como mecanismos arremessadores de bestas e pontas de flecha – levou os arqueólogos a concluir que cada soldado, originalmente, devia portar uma besta, constituída de um arco de madeira de 1,35 metros de comprimento, enrolado com tiras de couro e laqueado, depois preso a uma vara de madeira com ranhuras. Segundo as fontes, essa arma tinha um alcance de 800 metros e produzia um impulso de 360 quilos, mais que suficiente para trespassar a amadura do inimigo.
Os modernos historiadores afirmam que essas armas apareceram pela primeira vez no Ocidente na batalha de Sogdiana, na Ásia central, em 36 a.C., quando os escudos dos soldados romanos foram furados com facilidade pelas flechas vindas das bestas. Durante o ataque os arqueiros provavelmente se colocavam a uma certa distancia, em posição semelhante à da moderna artilharia de longa distancia, para crivar os inimigos do Primeiro Imperador com uma chuva de flechas letais
Imediatamente atrás dessa vanguarda, onze corredores se abrem em direção ao oeste; em seis deles há carros cobertos puxados a cavalo e uma tropa avançada de soldados de infantaria. Um par de sinos de bronze de 3 quilos cada um e os restos de tambores também foram encontrados ao de dois dos carros, levando os arqueólogos a concluir que os veículos eram mais carros de comando do que de combate – suposição apoiada por fontes históricas.
Um toque de tambor, por exemplo, assinalava o inicio da marcha das tropas, segundo os textos, enquanto um segundo toque significava o inicio do ataque. Por outro lado, o toque do sino advertia os soldados para encerrar o combate, e um novo repicar dava a ordem de retirada.
A maior parte do exercito de terracota é formada por soldados de infantaria, usando armaduras leves. Impressionantes pelo número, que constituía a maior força do exercito real, eles se erguem em fileiras de quatro atrás dos carros e, em três corredores, ao lado de lanceiros sem armaduras.
Embora atualmente as estatuas apresentem uma uniforme cor castanho-acinzentada, ainda permanecem aqui e ali as marcas de pintura no barro, indicando que os personagens brilhavam outrora com vestes de cores vibrantes: armadura de tom castanho presas por tiras vermelhas, túnicas e perneiras verdes ou cor de púrpura e chapéus castanhos, ou brancos, amarrados com laços de cor vermelha ou púrpura.
Duas longas fileiras de arqueiros prontos para o combate foram descobertos nas alas das extremidades norte e sul do fosso e as sondagens exploratórias sugerem a presença de três fileiras de atiradores de elite – uma imagem em espelho da vanguarda – em posição no oeste.
Em cada lado, os arqueiros que formam as alas estão voltados para o exterior, tornando a massa interna de soldados e cavalos invulnerável a um ataque de surpresa, vindo de qualquer direção. Porém, está não era a única vantagem dessa formação, acrescentam os historiadores. Ela permitia que o exército de Tsin fosse tão eficiente em combate frontal quanto capaz de se desdobrar fácil e rapidamente para uma formação em “V”, por exemplo, para envolver o inimigo – ou e, “V” invertido, para tentar penetrar o centro.
Sondagens preliminares e escavações em determinados pontos revelaram que o fosso 2, a galeria subterrânea situada imediatamente a nordeste do fosso 1, abrigava igualmente um notável dispositivo militar.
Cerca de oitenta arqueiros, todos eles descansando sobre o joelho direito e olhando com segurança para o leste, estão organizados em uma formação quadrada, no canto nordeste da câmara, rodeados por todos os lados por soldados de infantaria em marcha, sem armaduras.
A oeste dos arqueiros está agrupado um conjunto formado por carros, infantaria e cavalaria – soldados com armaduras, que levam uma besta na mão esquerda e as rédeas de um cavalo de terracota na mão direita. Os historiadores militares afirmam que essas tropas tiveram um papel decisivo durante a campanha de Changping, que opôs os reinos de Tsin e Tsao, uma no antes do nascimento do Primeiro Imperador.
Ao fim do conflito, um destacamento Tsin especial, formado por 25 mil condutores de carro e soldados de infantaria perseguiu o exercito de Tsao em retira, enquanto 5 mil cavaleiros iam atacar os acampamentos de defesa do inimigo. A ofensiva foi de eficácia decisiva e sangrenta. O exercito de Tsao foi dividido, ficando apartado de suas vias de suprimento.
Acredita-se que os oitos corredores mais meridionais do fosso 2 abriguem apenas carros e seus condutores. As sondagens exploratórias até hoje realizadas não encontraram nenhum instrumento de comando, nem soldados de infantaria, como os que acompanhavam os veículos semelhantes do fosso 1. Essa constatação levou alguns estudiosos a concluir que os carros do fosso 2 representavam a força reserva.
Originalmente, dezenas de soldados armados – com os calcanhares encostados nas paredes e os olhos mirando fixamente à frente – se mantinham em guarda na ala sul do fosso 3, uma câmara em forma de U que é a menor entre as três que contêm estatuas.
Duas filas de onze guerreiros estavam aguardando, em um corredor semelhante, ao norte. E perto do centro da galeria os arqueólogos descobriram os restos de um carro coberto, atrelado a quatro cavalos de terracota.
Os historiadores militares acreditam que os homens do fosso 3 constituem uma guarda permanente do centro de comando do conjunto do exercito de terracota esses carros provavelmente serviam para levar as ordens às tropas, no campo de batalha.
Contudo, a presença de cifres de veado e ossos de animais no mesmo local levou os investigadores a concluir que o fosso 3 tivera também uma segunda função, como lugar especial para reuniões, no qual eram realizados sacrifícios e orações, e onde se tentava predizer os resultados das batalhas que se realizariam.
Os historiadores não têm dúvida acerca do fascínio que tais praticas exerciam sobre o Primeiro Imperador. No entanto, é pouco provável que algum oráculo tenha conseguido predizer a rapidez com a qual seu reino – e sua dinastia nascente – iriam desaparecer.
Fonte: www.chinaonline.com.br
Exército de Terracota
História
Escavação dos números do Exército de Terracota é considerada uma das maiores descobertas do século 20.
Ele se deitou no subsolo por mais de 2000 anos antes de agricultores cavar um poço em 1974, descobriram o que é hoje considerado um dos maiores locais arqueológicos do mundo.
A primeira parte do local do Exército de Terracota a ser descoberto foi chamado Vault One.
Em 1976, outros dois cofres foram descobertos 20-25 metros de distância, e foram nomeados Abóbada dois e Abóbada Três.
O túmulo é um tesouro para o povo chinês e para o mundo todo.
Em dezembro de 1987, a UNESCO escolheu o Túmulo do Primeiro Imperador (incluindo o Exército de Terracota) como Patrimônio Cultural da Humanidade.
CHINA – SOLDADOS DE TERRACOTA
O Exército de Terracota é uma das principais atrações na China, por causa de sua importância histórica e singularidade.
A câmara que contém o Exército de Terracota foi descoberto em 1974 por um grupo de agricultores que tentam cavar um poço perto da antiga capital de Chang’an no que é hoje a província de Shaanxi, perto da moderna cidade de Xi’an.
É significativo porque as centenas de modelos de tamanho natural detalhadas representam o exército que triunfou sobre todos os outros exércitos chineses e que foram o fator decisivo na formação de uma China unida.
O Museu do Exército de Terracota fica cerca de 2 km a leste da tumba de Qin Shihuang, conhecido como o Primeiro Imperador, que unificou a China 2.200 anos atrás.
O Imperador Qin, de quem recebe o nome China, ordenou a criação deste modelo exército.
O “exército” é composto de mais de 6.000 figuras, incluindo soldados, cavalos, carruagens, e arqueiros. As figuras são em tamanho real, e cada um tem um rosto único e detalhalhados.
Os soldados de terracota foram encontrados dispostos em formação militar em grandes covas com paredes de taipa dividindo as linhas.
Quatro poços principais foram escavados: três com figuras neles e um vazio, o que sugere que o exército túmulo completo não foi concluída antes da morte do imperador.
As figuras foram feitas a partir de moldes de diferentes partes, as quais foram então reunidos.
O túmulo do Exército de Terracota foi designado como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1987.
O exército de estátuas de terracota foi feito para ser enterrado com Primeiro o Imperador Qin Shihuang:
Como uma demonstração de sua glória,
Para lembrar o exército que triunfou sobre os outros estados em guerra para unir China, e
Pois acreditava-se que os objetos como estátuas podem ser animados em vida após a morte, e porque Qin Shihuang necessário um exército pós-morte. Leia também a cultura de morte na China
Peças encontradas em Shaanxi/Xian
Soldados de Terracota
Os Guerreiros de Terracota
Qin Shi Huang Di foi o primeiro Imperador que uniu a China sob a mesma dinastia, realizador de grandes reformas sociais e econômicas. Os Qin governaram de 221 a 207 a.C sendo responsáveis pela implantação do conceito de império entre os chineses.
O Imperador faleceu há 2,2 mil anos e foi sepultado junto a um exército de guerreiros de terracota cuja principal missão era zelar por ele no além. Os chineses acreditavam na continuação da vida na terra, após a morte.
Em seguida veio a dinastia Han ocidental que ocupou o poder de 206 a.C até 9 d.C. Foram os Han responsáveis pela implantação do sentimento de tradição e ordem que marcaram os mais de 2 mil anos de domínio imperial na China.
Han Jing Di foi o quarto Imperador dos Han ocidentais tendo governado de 157 a 141 a.C. Governante cauteloso consolidou o poder do clã que se manteve no poder durante mais de quatro séculos. Após o colapso dos Han ocidentais a mesma família restabeleceu a dinastia, em uma nova capital, sob o nome de Han orientais, de 25 d.C até 220 d.C. Os Han são considerados uma das dinastias mais bem-sucedidas da China graças ao seu pragmatismo e capacidade de organizar seu povo.
Soldados de Terracota
Soldados de Terracota
A descoberta dos primeiros guerreiros e cavalos, em terracota, aconteceu por acaso, em 1974, a 30 km de Xian, que já foi um dia a maior cidade do mundo e capital de 11 dinastias, atualmente capital da província de Shaanxi.
Um camponês, ao cavar um poço para obter água, encontrou algumas dessas estátuas concebidas para acompanhar e proteger o imperador Qin Shi Huang Di em sua sepultura.
As figuras encontradas nas escavações, totalizando cerca de 8 mil peças, em tamanho natural, apresentam-se em rígida formação militar, refletindo nitidamente o poderio e liderança do Imperador. Note-se que a maioria das peças foram esculpidas a mão pelos artesãos, ao contrário das encontradas em túmulos da outra dinastia já pesquisada que foram confeccionadas usando-se moldes.
Mais impressionante é o fato que o material já encontrado ocupa somente um pequeno espaço da área das sepulturas. A maior parte da região, 56 quilômetros quadrados, ainda não foi explorada.
Recentes escavações encontraram estátuas de civis, ao invés de militares.
Acredita-se que representem baixiyong – artistas que entretinham a corte dos imperadores com acrobacias, cantos, danças, provas de força e de destreza manual, e outros espetáculos de lazer do cotidiano.
Já foi localizado também um caldeirão de bronze pesando 212 quilos, adornado de figuras de plantas e animais, e uma armadura cerimonial cuja estrutura foi montada com pequenas peças de calcário, ligadas entre si por fios de bronze.
Existe uma grande preocupação das autoridades quanto à realização de novas escavações. Algumas estátuas já desenterradas apresentam grande deteriorização.
Como consequência aguarda-se o aperfeiçoamento e melhoria das atuais técnicas de preservação, para dar continuidade às escavações. Esta salvaguarda adiará a abertura, tão esperada, do túmulo do Imperador Qin Shi Huang Di que está localizado no interior de uma pirâmide ,com uma altura equivalente a um edifício de 75 metros.
A maioria das estátuas existentes no Museu de Guerreiros e Cavalos de Terracota foram encontradas em péssimo estado. Interferiram nas mesmas a ação de vândalos em séculos passados, incêndios e a umidade do solo. Graças a um minucioso trabalho de reconstrução, os restauradores conseguiram, reunindo milhares de cacos, refazer as esculturas.
Outro problema existente é que as peças foram pintadas com pigmentos aplicados sobre uma camada de laca, a qual, com o passar dos séculos, se deteriorou com a umidade.
A magnitude deste conjunto histórico é impressionante. Estima-se que o complexo funerário da dinastia de Qin Shi Huang Di tenha sido construído por 700 mil trabalhadores durante 36 anos.
A descoberta das estátuas de terracota contribuiu para que os estudiosos chegassem a uma concepção mais nítida da dinastia do Imperador Qin Shi Huang Di.
Hoje já se sabe que foi neste período que aconteceu a padronização da escrita, da moeda, dos pesos, das medidas e da largura dos eixos dos veículos usados nos transportes. Credita-se também ao Imperador o início da construção da primeira versão da Grande Muralha.
Han Jing Di
Outros tesouros históricos foram encontrados em escavações realizadas nos túmulos do Imperador Han Jing Di.
Os pesquisadores localizaram peças em terracota retratando animais:porcos, ovelhas, cabras e cães, que serviriam de alimento ao imperador. Também encontraram soldados, eunucos e mulheres.
Este sítio arqueológico é uma das mais novas atrações turísticas de Xian, estando aberto ao público desde o final de 1999.
No complexo tumular chamado Han Yangling, descoberto acidentalmente por operários da construção civil, os arqueólogos já recuperaram uma enorme coleção de objetos: animais, carruagens, pás, enxós, cinzéis, relhas de arado, miniaturas de silos, conchas, fornos, caldeiras e instrumentos de medição.
Observe-se que a maioria das peças foram moldadas, ou seja, produzidas com o auxilio de moldes. No entanto, os artesãos não deixaram de retocar os rostos dos soldados para conferir-lhes expressões próprias, únicas.
Outra particularidade se refere às dimensões das peças que retratam homens e animais. Todas medem somente um terço do tamanho original. Estima-se que o complexo funerário contenha 300 mil a 500 mil objetos.
Bibliografia
Revista National Geographic do Brasil (outubro 2001)
Fonte: www.ceramicanorio.com
Exército de Terracota
Em março de 1974, quando as chamas da Revolução Cultural chinesa começaram a se extinguir, o mundo da arqueologia foi inteiramente surpreendido por uma descoberta espetacular.
Achara-se nas proximidades de Xiang Yang, no interior da China, primeira capital imperial do Reino Celestial, uma extraordinária tumba real com milhares de soldados de terracota. Tratava-se do mausoléu erguido no tempo do imperador Ch´ín, o primeiro estadista que, há 21 séculos atrás, unificara o país.
Desde então o local tornou-se, juntamente com a Muralha da China, um dos maiores atrativos da peregrinação turística internacional, fazendo com que o Exército de Terracota não cessasse de provocar a admiração dos visitantes do mundo inteiro.
Um campo de marte subterrâneo
É de supor-se o enorme espanto do simples aldeão de Xi´an, na atual província de Shaanxi, ao ter-se deparado com a entrada do Mausoléu de Ch´in. Imediatamente as autoridades locais enviaram equipes para avaliar o achado. Foi um deslumbramento.
Depois de descerem por uma enorme e larga rampa em direção ao subterrâneo, deram com quatro grandes câmaras onde encontravam-se alinhados milhares de soldados de terracota, todos organizados em pelotões e regimentos.
Não possuíam mais as suas armas. As lanças e espadas haviam sumido. Todavia, os cavalos e as carruagens de guerras estavam todas lá.
O que impressionou a equipe de arqueólogos chegados em seguida de Pequim foi que cada oficial ou general daquele Exército possuía feições muito próprias.
Se bem que os corpos dos soldados foram produzido de uma maneira padronizada, via-se que os artesãos e outros artistas ao serviço do imperador Ch´in cuidaram em reproduzir os traços faciais os mais diversos possíveis.
Naquele imenso espaço de quase 1,5 km2, um verdadeiro Campo de Marte subterrâneo, alinhavam-se mais de 8 mil figuras (soldados, oficias, generais, carros militares e cavalos). Parecia uma guarda de um outro mundo, uma aparição vinda de outros tempos, de bem mais de dois mil anos atrás, o Exército Mágico de Ch´in, com que para fazer lembrar aos chineses o poder e o prestígio do seu primeiro imperador.
O primeiro imperador
No século III a.C. a China encontrava-se dividida em sete estados (Han, Chao, Wei, Ch´u, Yen, Ch´i e, o mais importante deles, o estado de Ch´ín), todos eles travando lutas sem fim entre si.
Daí chamar-se aquele período histórico como a Época dos Estados Combatentes. Certamente foi a posição estratégica do Estado de Ch´in, dominando as regiões do Norte e do Oeste do grande país, quem proporcionou a sua vitória militar e política sobre os demais seis estados, obra do rei Cheng Huang (259 – 210 a.C.), forjando assim, em meio a inúmeras batalhas, o Estado Universal Chinês, que se estendeu pelos 21 séculos seguintes.
Xi´an: do mausoléu à grande muralha
Ao consolidar seu domínio, impondo uma administração centralizada ao Reino Amarelo, ele assegurou as bases geográficas em que se assentou para sempre a autoridade na China.
Plenamente consciente da sua obra de engenharia política, que enraizou-se com a abolição dos sete estados e sua substituição por 36 comandaturas locais, todas elas controladas por um chefe civil (o futuro mandarim) e um comandante militar, inteiramente subordinados à corte, numa extensão territorial que partia da península da Coréia para chegar até as selvas do Vietnã, o rei de Ch´in tornou-se o imperador.
Intitulou-se então como o Primeiro Augusto Imperador de Ch´in (Ch´in shi huang di), tornando-se desde então um mito histórico da consciência nacional chinesa.
Tanto é que o nome do seu estado, o reino de Ch´ín, passou a ser entendido pelos estrangeiros como o nome do país inteiro: China.
Acredita-se que a ordem para lançarem-se na construção do mausoléu de Xi´an, tenha partido do imperador quando ele ainda bem jovem, aos 13 anos de idade. As suas bases teriam começado ao redor do ano de 246 a.C., encerrando-se 36 anos depois, no ano de 210 a.C. quando Ch´in Shi Huang faleceu.
A preocupação dele com a vida sobrenatural, tão cultivada pelos sábios e mágicos taoístas da corte, não o desviou da sua permanente lembrança com o assalto sistemático que as tribos nômades do Norte faziam sobre o seu reino, agora unificado.
Para por um fim às pilhagens e saques feitas pelos bárbaros vindos das estepes geladas, ele determinou, acredita-se que por volta de 214 a.C., o afincamento das primeiras pedras daquela obra impressionante, a maior do mundo, que viria a ser conhecida como a Muralha da China (6 mil quilômetros de extensão). Tarefa hercúlea que iria consumir as energias e os recursos do povo chinês por muito tempo.
A sua governadoria, além de ter padronizado os pesos, as medidas, a escrita e a moeda, foi tristemente marcada ainda por dois atos brutais que lançaram sobre ele, sobre o seu nome, uma legenda negra.
Provavelmente influenciado por Li Sse, um dos seus ministros, e líder da chamada Escola dos Legistas, que assegurava ao imperador ser o estados um entidade de que se colocava bem acima da moral comum, completamente fora do alcance da ética convencional, Ch´ín Shi Huang determinou, por volta do ano 213 a.C., a execução de professores, seguida de uma grande incineração dos livros, no objetivo de forçar uma subordinação completa das mentes à sua autoridade.
Episódio este que muitos historiadores chineses compararam com as atribulações sofridas pela China na época da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), quando Mao Tse Tung, tal como fizera o Primeiro Imperador 2.180 anos antes, incentivou a juventude revolucionária a queimar os livros que vinculavam o país ao seu triste passado.
A metafísica do Mausoléu
O Exército Mágico de Xi´an
Com a crescente concentração da autoridade, deu-se como quase natural a propensão dos governantes chineses para uma crença nas possibilidades da continuidade de uma vida futura com todo os seus apuros imperais. Multiplicaram-se por todos os lados, tal como deu-se no Egito Antigo, o erguimento de pirâmides e de mausoléus.
De certo modo isso atendia a concepção da metafísica taoísta, centrada no duplo peso das almas. A morte física, segundo eles, lançava no ar dois espectros.
O primeiro deles, o mais leve, com inclinação celestial, tendia a levitar em direção aos altos, procurando num mundo transnublado um lugar entre os Imortais. A outra parte da alma, o espectro pesado, tendia a ficar ao redor da tumba, como que vigiando a atitude dos vivos para com ele.
Conseqüência da autoridade exercida em vida, era perfeitamente natural que a comunidade temesse as fúrias do fantasma, tratando de consolá-lo e mesmo mimá-lo com alimentos, essências e oferendas mil. A construção do mausoléu tinha como objetivo não só mostrar a incrível potência do governante, como a sua possibilidade de vir atormentar seus súditos caso lhe desse na veneta.
A imagem do primeiro Imperador
Olha-se para o passado com os olhos do presente. Para a classe intelectualizada chinesa, Ch´in Shi Huang foi o símbolo do despotismo e da tirania. Aquele que, em nome da centralização, perseguiu os pensantes, os seguidores de Confúcio e os letrados em geral, culminado com a grande Queima dos Livros.
Prova disso consta da observação feita por Sima Chian:
“O rei de Chin, com seus arqueados e longos olhos, tem as garras e o peito de um falcão e a voz de um chacal. É um homem que não tem piedade… tem o coração de um tigre ou mesmo de um lobo. Se ele continuar seu caminho pelo mundo, então o mundo inteiro será seu prisioneiro,” (As falhas de Chin, século III a.C.).
Porém, devido as agressões colonialistas que a China sofreu no século 19 e 20, da parte dos potência ocidentais e do Japão, os chineses em geral passaram a valorizar o papel do imperador centralizador.
Viram que somente com o restabelecimento da autoridade, obra de Mao Tse Tung e dos comunistas, foi possível fazer frente a presença estrangeira e suas práticas espoliativas e humilhantes. Dessa forma, a tendência atual é celebrar o Primeiro Imperador porque ele, ao submeter os seis outros reinos e sufocar os senhores-da-guerra, instituiu um governo eficaz e uma administração unificada.
Assim, o Exército Mágico de Xi´an, parece saltar para fora do mausoléu imperial para vir lembrar a todos que o Imperio Celestial Chinês foi o primeiro do mundo.
Fonte: educaterra.terra.com.br