25.8.20
Arte Bizantina
A arte bizantina foi um estilo que perdurou por mais de 1.000 anos e uniu elementos de diversas culturas, além de servir como referência para a produção artística de diversos países. Arte essencialmente cristã, teve o mosaico como umas das principais expressões da época.
Contexto histórico
O contexto histórico desse período foi muito importante para o desenvolvimento e a propagação da arte bizantina. Vale lembrar que, enquanto ocorria a queda do Império Romano ocidental, provocada pela invasão dos povos bárbaros, Constantinopla constituía-se como o mais importante centro econômico-comercial, possibilitando a essa parte do império resistir às invasões e construir uma identidade própria.
Dessa forma, a arte bizantina se difundiu a partir de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, e desenvolveu-se, a princípio, influenciada pelas artes romana, grega e das regiões orientais. A promulgação do Édito de Milão pelo imperador Constantino e a oficialização do cristianismo como religião oficial do império pelo imperador Teodósio zeram com que a religião desempenhasse um importante papel: difundir didaticamente a fé e ao mesmo tempo demonstrar a grandeza do imperador, que mantinha seu caráter sagrado e governava em nome de Deus.
Períodos da arte bizantina
Podemos dividir a arte bizantina em cinco períodos diferentes:
Constantiniano – início da arte bizantina. Foi quando os elementos das culturas greco-romana e oriental se uniram e foram utilizados na arquitetura, em mosaicos, afrescos e nos tecidos.
Justiniano – foi o auge da arte bizantina, no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano. O Templo de Santa Sophia, construída pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, é uma das principais referências arquitetônicas desse período, que tem como característica o uso da decoração naturalista, ornamentos elaborados e a produção de esculturas de metal. A iconoclastia imposta pelo império destruiu diversas obras desse período. No século IX, a arte voltou a usar imagens religiosas e eram usadas para catequização.
Macedoniano – é quando ocorre o ressurgimento da arte, depois da fase iconoclasta. Durante esse período, a construção das igrejas passou a ter uma hierarquia a ser seguida. As cúpulas, absides e as partes superiores eram preenchidas com figuras celestes, as partes intermediárias continham imagens da vida de Cristo e as partes inferiores tinham imagens de profetas e apóstolos. Ainda nesse período, foram produzidas muitas esculturas de mármore. Foi nesse período também que a houve uma divergência entre o catolicismo romano e o bizantino. Em 1054, a Igreja Católica foi divida entre católica apostólica romana e ortodoxa.
Comneniano – período no qual a arte está mais espiritual. Em 1204, Constantinopla sofreu uma invasão e diversas obras de arte foram roubadas e artistas fugiram para outras cidades. Por isso, a arte desse período influenciou a produção de diversas outras cidades, como a Rússia e os Bálcãs.
Paleologuiano – nesse período, houve um empobrecimento dos materiais e os afrescos passaram a predominar a produção artística, já que o custo era baixo e as imagens passaram a ser mais realistas e narrativas. Surge a Escola de Constantinopla.
Características da arte bizantina
A arte bizantina foi profundamente ligada à religião e influenciada pela arte cristã primitiva, mas, no que diz respeito aos aspectos decorativos, apresenta-se suntuosa, exibindo riqueza e poder, com o objetivo de demonstrar a absoluta autoridade do imperador, considerado representante de Deus na Terra. O próprio imperador estabelecia e organizava as artes, e o artista era considerado um funcionário que executava os trabalhos a mando do governante.
Por isso, como na arte egípcia, foram estabelecidas regras rígidas com a finalidade de atingir melhor seus objetivos. Na representação das figuras, por exemplo, foi estabelecido o uso da frontalidade (figuras posicionadas de frente, solenes e formais, olhos grandes mirando o alto, transmitindo uma inquietude transcendental), que transmitia a ideia de autoridade e respeito.
Toda a representação era rigorosamente recomendada pelos sacerdotes com a intenção de comover os fiéis da nova religião: determinavam postura; gestos; vestimenta; mantos e suas dobras; e símbolos. Além disso, os soberanos eram representados como personagens sagradas, tendo eles a cabeça “aureolada”, e Jesus Cristo, em alguns casos, era representado como rei.
Pintura e escultura bizantina
A pintura e a escultura bizantina não se sobressaíram, pois encontraram um forte obstáculo no movimento iconoclasta, cujos membros eram conhecidos como “destruidores de imagens”, pregando a proibição ao uso de imagens nas práticas religiosas por temor que estas despertassem ações pagãs nos fiéis.
Relevo em marfim conhecido como Barberini (século VI).
Na pintura pode-se destacar: as pinturas de ícones, representações pictóricas de santos em painéis portáteis presentes até os dias atuais; as miniaturas, representações simples e claras dos fatos mais importantes da doutrina cristã e dos principais episódios sagrados, usadas nas ilustrações de livros; e os afrescos.
Na escultura, o culto à imagem do imperador e a presença do princípio da frontalidade aparecem como características principais das obras. Elas eram divididas em dois modelos: as estátuas grandes, geralmente feitas de pedra ou mármore, e os marfins, obra em baixo-relevo, tinham valor comemorativo-simbólico e eram enviados às embaixadas.
Os mosaicos bizantinos
Muito utilizado na arte bizantina, principalmente no período Justiniano, o mosaico, que em geral era feito de pequenas pastilhas de vidro, cobria paredes internas e externas de igrejas e templos.
Além de enaltecer a arquitetura, as imagens construídas com o mosaico tinham a intenção de orientar os cristãos. Eram geralmente imagens da vida de Cristo.
Cristo com são Vital e santo Eclésio. Mosaico na igreja de São Vital, em Ravena, Itália.
Os imperadores também foram retratados nos mosaicos. Muitas vezes, eram colocados lado a lado com a Virgem Maria e o Menino Jesus. Isso demonstrava o poder que tinham e sua relação com a Igreja.
Geralmente as figuras eram representadas de frente e na vertical para evidenciar sua grandiosidade espiritual. A perspectiva e o volume eram ignorados e usavam diversas cores, mas a dourada era predominante, pois simbolizava o ouro, para eles o maior bem existente na Terra.
Arquitetura bizantina
A representação mais relevante na arquitetura bizantina foram as igrejas. A confirmação do cristianismo acontece no mesmo período do esplendor de Constantinopla, capital do Império Bizantino.
A arquitetura era marcada pelo luxo dos adornos (herança oriental) e pela complexidade dos edifícios. As igrejas e os palácios ilustravam a riqueza arquitetônica dos bizantinos. Na construção das igrejas, os arquitetos usavam a cúpula sobre pilares, a planta em cruz grega e o capitel (extremidade superior de uma coluna) cúbico. Sua principal obra foi a Igreja de Santa Sofia, erguida em Constantinopla, embora na península Itálica também tenham sido erguidos edifícios belíssimos, como a basílica de São Marcos, construída em Veneza no século XI. As construções bizantinas tinham uma fachada sóbria, mas um interior ricamente decorado com mosaicos e ícones.
As igrejas bizantinas, ainda que também orientadas pelo leste, têm diversas particularidades em seus rituais. A cabeceira possui três absides, às quais os fiéis não tinham acesso: uma em que o oficiante concedia bênçãos, a central para o altar com os assentos do clero, e a terceira para os ornamentos litúrgicos. Tal zona era separada do resto por uma barreira ou cancela com ícones, chamada iconostásio, que com o tempo se converteu em uma parede que isolava a classe clerical.
Interior da catedral de Santa Sofia (Hagia Sophia).
Referências
Arruda, J. J. História antiga e medieva. São Paulo: Ática, 1996.
JANSON, H. W. História Geral da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
BECKETT, Wendy. História da pintura. São Paulo: Ática, 2006.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
Fonte: https://www.coladaweb.com/artes/arte-bizantina