29.8.20
GUERRA DO GOLFO
A Guerra do Golfo (1991) foi um Conflito internacional militar entre Kuwait e Iraque na região do golfo Pérsico. Esta guerra envolveu os Estados Unidos e alguns países do Oriente Médio.
Os Atritos
O então presidente iraquiano Saddam Hussein.
Em julho de 1990, Saddam Hussein, homem forte do Iraque, acusou o Kuwait de causar a queda dos preços do petróleo e retomou antigas questões de limites, além de exigir indenizações. Como o Kuwait não cedeu, em 2 de agosto de 1990, tropas iraquianas invadiram o Kuwait, com a exigência do presidente Saddam Hussein de controlar seus vastos e valiosos campos de petróleo. Este acontecimento provocou uma reação imediata da comunidade internacional. Os bens do emirado árabe foram bloqueados no exterior e as Nações Unidas condenaram a invasão. Dois dias após a invasão (4 de Agosto), cerca de 6 mil cidadãos ocidentais foram feitos reféns e conduzidos ao Iraque, onde alguns deles foram colocados em áreas estratégicas. Nesse dia, o Conselho de Segurança da ONU impôs o boicote comercial, financeiro e militar ao Iraque. Em 28 de Agosto, Saddam respondeu a essa decisão com a anexação do Kuwait como a 19ª província do Iraque. Perante os desenvolvimentos do conflito, a ONU, em 29 de Agosto, autorizou o uso da força, caso o Iraque não abandonasse o território do Kuwait até 15 de Janeiro de 1991. Uma coalizão de 29 países, liderada pelos EUA, foi mobilizada. A atividade diplomática intensa fracassou, e em 17 de janeiro de 1991 um massivo ataque aéreo foi iniciado. Do conjunto de nações participantes, destacam-se os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França, a Arábia Saudita, o Egito e a Síria. Quase no limite do prazo dado pela ONU para a retirada do Kuwait, o Irã e a União Soviética fizeram um último esforço para a paz.
Desenrolar da Guerra
Durante uma década o Iraque fora um aliado do Ocidente na guerra contra o Irã (1980-1988), um conflito que, para o líder iraquiano, parecia trazer uma excelente oportunidade para tirar dividendos dos países que havia protegido. O Iraque começou por invadir o Norte do Kuwait, para ter um acesso mais rápido ao mar, mas fracassou, embora não desistisse dos seus intentos. A riqueza do Kuweit era a saída ideal para a salvação das finanças do país e possibilitava o sonho de unir o mundo árabe em seu proveito, uma ideia que justificava com o passado glorioso dos Califas de Bagdá e com o apelo à hostilidade contra o velho inimigo israelita. Saddam Hussein tinha os meios para agir. Possuía um exército bem apetrechado, sentia-se apoiado pela população e contava com a falta de interesse do mundo ocidental. Ao contrário do que esperava, a comunidade internacional reagiu de imediato, e de uma forma bastante firme, à ofensiva iraquiana. Foram enviadas para a Arábia Saudita e para o Golfo Pérsico forças aliadas de cerca de 750.000 homens (lideradas pelos EUA, apoiadas pela ONU, pela OTAN e por outros Estados árabes) acompanhados de carros blindados, aviões e navios.
Operação Tempestade no Deserto
Em 24 de janeiro, as forças aliadas haviam estabelecido a supremacia aérea, bombardeando as forças iraquianas que não podiam abrigar-se nos desertos do sul do Iraque. As forças da ONU, sob as ordens do comandante-em-chefe, general Norman Schwartzkopf, desencadearam a denominada "Operação Tempestade no Deserto" (nome por que ficou conhecida), que durou de 24 a 28 de fevereiro, na qual as forças iraquianas sofreram fragorosa derrota. No final da operação, o Kuwait foi libertado.
A Mãe de Todas as Batalhas
Até 24 de Fevereiro os aliados bombardearam com alta tecnologia alvos militares no Kuwait e no Iraque e em seguida, até 2 de Março, lançaram uma operação terrestre que resultou na reconquista do Kuwait e na entrada no Iraque. A guerra em terra foi denominada por Hussein de "mãe de todas as batalhas". Em poucas semanas as defesas aéreas iraquianas estavam destruídas, bem como grande parte das redes de comunicações, dos edifícios públicos, dos depósitos de armamento e das refinarias de petróleo. Em 27 de Fevereiro, a maior parte da Guarda Republicana de elite do Iraque fora destruída. Em 28 de Fevereiro, o presidente norte-americano, George Bush, declarou o cessar-fogo. A independência do Kuwait fora restaurada, mas o embargo econômico das Nações Unidas ao Iraque tornou-se ainda mais severo.
Armamentos, Equipamentos e Estratégias
Pelo lado aliado, a guerra contou com importante equipamento eletrônico, principalmente os caças F-117, bombas guiadas a laser e mísseis teleguiados. O sistema de defesa iraquiano, que incluía armas químicas e biológicas, e foi planejado para lançar mísseis SCUD soviéticos, mostrou-se ineficaz diante do poder de fogo dos aliados, e seus mísseis foram interceptados, principalmente por mísseis terra-ar e antiaéreos. O Iraque não usou, como ameaçara, o gás de combate. Os mísseis SCUD que mandara lançar sobre Israel também falharam o seu intento de fazer com que este país entrasse no conflito, por forma a reunir o apoio das nações árabes. A superioridade tecnológica do Ocidente era avassaladora. Saddam estava isolado e em pouco tempo foi derrotado.
Desfecho
No final de fevereiro de 1991, Hussein, que havia ateado fogo em mais de 700 poços de petróleo kuwaitianos, aceitou os termos do cessar-fogo proposto pela ONU, mas zombava abertamente dele no princípio de 1993. Apesar da derrota, Saddam Hussein conseguiu manter-se no poder. Nesta guerra seguida atentamente pela comunicação social, em especial pela cadeia televisiva norte-americana CNN, registaram-se poucas baixas militares do lado da coligação liderada pelos EUA, comparativamente às baixas iraquianas. As perdas finais da guerra chegaram a 33.000 kuwaitianos mortos ou capturados, 234 entre os aliados e baixas de 85.000 a 100.000 soldados iraquianos.
À data do cessar-fogo (2 de Março de 1991), rebentou uma guerra civil no Iraque. Os xiitas (no Sul) e os Curdos (no Norte) foram esmagados pelos iraquianos, enquanto os Curdos civis fugiam para a Turquia e para o Irã, receando o regresso de massacres semelhantes aos de 1985. Fora do alcance do exército de Bagdá formaram-se campos de refugiados nas montanhas, onde as pessoas vivem no limiar da sobrevivência. O Ocidente, tão ansioso para libertar o Kuwait, nada fez para sustar a repressão aos curdos e xiitas, opositores de Hussein. No Kuwait, o país contabilizou os danos provocados pela guerra que afetou os seus poços de petróleo. Saddam Hussein, apesar de ter sido derrotado, continuou a ser o líder incontestado do Iraque, tendo sido um dos dirigentes mundiais há mais tempo no poder. Governava um país que sofria os efeitos devastadores de um embargo comercial, lançado para o forçar a revelar o local onde guardava o equipamento militar e nuclear. Este embargo foi parcialmente levantado em 1996, devido à pressão da opinião pública, chocada com o sofrimento das vítimas civis.
Invasão e Ocupação do Iraque em 2003
Ver Artigos Principais: Invasão do Iraque e Ocupação do Iraque.
Este conflito trouxe uma nova esperança para a paz no mundo e reforçou a determinação e influência dos Estados Unidos, que foram os protagonistas da vitória contra o Iraque. Depois do 11 de Setembro de 2001, os EUA e os aliados ocidentais prepararam-se para um novo conflito em grande escala, centrado numa invasão do Iraque em 2003. Saddam Hussein foi derrotado e, mais tarde, capturado pelas tropas americanas.
Fonte: Wikipédia