5.8.20
Primeira Revolução Industrial
Durante o período do Renascimento (sécs. XV e XVI) a Europa vivênciou vários desenvolvimentos no campo científico.
Copérnico, propôs a teoria heliocêntrica.
Kepler mostrou que os astros se movimentam em elipse no espaço.
Leonardo da Vinci estabeleceu vários projetos que só se tornaram possível mais tarde com o desenvolvimento tecnológico.
Newton trouxe a teoria da gravitação universal e Galileu, com suas observações do espaço celeste ratificou a tese heliocêntrica de Copérnico.
O desenvolvimento verificado nesse período foi fundamental para sepultar antigas crenças místicas apregoadas pela Igreja Católica que impediam o livre impulso para o desenvolvimento tecnológico.
O ambiente verificado na Europa, nesse momento, prepara o campo para a chegada de inúmeras novas tecnologias que freqüentemente são chamadas de Revolução Industrial no século XVIII.
É necessário dizer que todo o desenvolvimento técnico sempre esteve relacionado com outros aspectos da história humana.
No mesmo momento em que acontecia a Revolução Industrial, as transformações políticas e econômicas na Europa se davam igualmente de maneira muito rápida. Novas ideologias revolucionárias presentes na Declaração de Independência dos EUA (1776) e na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) tiveram enorme influência na mentalidade dos homens da época. Era o liberalismo político e econômico apresentando-se tal como definiu o conjunto das idéias iluministas.
Durante o século XIX outros acontecimentos na Europa e nos EUA vão significar um rápido progresso e crescimento industrial.
A vitória do Norte (industrializado) sobre o Sul (agrícola) na Guerra de Secessão (1861-1865), nos EUA; a unificação italiana (1870), a unificação alemã (1870) e Era Meiji no Japão, contribuíram para generalizar a Revolução Industrial, que anteriormente se restringia basicamente à Inglaterra e França.
A Primeira Revolução Industrial (1760-1860)
Durante a segunda metade do século XVIII, na Inglaterra uma série de transformações no processo de produção de mercadorias, deram origem ao que se convencionou chamar por 1a Revolução Industrial.
Antes desse processo eram as oficinas artesanais que produziam grande parte das mercadorias consumidas na Europa. Nestas oficinas, também chamadas de manufaturas, o artesão controlava todo o processo de produção. Era ele quem estabelecia, por exemplo, sua jornada de trabalho. Também não existia uma profunda divisão do trabalho (cada um fazendo uma parte do produto). Freqüentemente nas oficinas um grupo de dois ou três artesãos se dedicava à produção de uma mercadoria de seu princípio ao seu fim, ou seja fazia a mercadoria como na sua totalidade, sem divisão do trabalho.
Com a Revolução Industrial isso se alterou, os artesão perderam sua autonomia. Com a chegada de novas tecnologia e novas máquinas apareceram as fábricas nas quais todas as modernas máquinas tornaram-se propriedade de um capitalista (burguês). A produção fabril concorrendo com a artesanal levou esta à ruína.
Os antigos artesão, então tiveram que se tornar trabalhadores assalariados, estando a partir daí sob o controle do capitalista.
Merecem destaque como causas gerais da Revolução Industrial do século XVIII, a chamada Revolução Comercial e a Acumulação Primitiva de Capital. É importante explicar o que foram estas causas.
Damos o nome de Revolução Comercial ao processo que se iniciou com as Grandes Navegações no século XV indo até o início da industrialização no século XVIII. Nesse período a Europa se constituiu no continente mais rico do planeta.
Isso foi possível graças a vários acontecimentos como: a descoberta pelos portugueses de um novo caminho para os ricos entrepostos de comércio localizados nas Índias e o contato com novos continentes como a América. Isso possibilitou ao europeus se apossarem de produtos tropicais, metais preciosos, escravos que eram comercializados com altas taxas de lucratividade. Formou-se então um grande mercado mundial, espalhado por todo o planeta, que serviu para concentrar riquezas nas países europeus, processo que tem o nome de Acumulação Primitiva de Capital que proporcionou recursos para o surgimento da Revolução Industrial.
Outro aspecto importante para que se entenda a Revolução Industrial é o triunfo da idéias iluministas (Enciclopedismo): o século XVIII é considerado o “século das luzes”.
Nesse período as idéias políticas, econômicas e sociais da chamada Idade Moderna (sécs. XVI – XVIII) passaram a ser questionadas possibilitando uma verdadeira revolução intelectual que se espalhou pelo mundo repercutindo até os dias atuais. A base dessa nova maneira de encarar o mundo, segundo os próprios iluministas, estava na razão. Abandonava-se dessa maneira qualquer possibilidade de deus interferir nos destinos humanos.
Na política, os iluministas fizeram a crítica ao absolutismo propunham um modelo de sociedade em que o Estado respeitasse os interesses dos cidadãos. Na economia, o inglês Adam Smith, propõe o liberalismo, fórmula segundo a qual, o Estado não deve intervir na economia. No livro A Riqueza das Nações, ele diz que a economia funciona por si mesma segundo a Lei da Oferta e da Procura. Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial característicos do mercantilismo. Em termos sociais, os iluministas são contrários à sociedade estamental. Segundo eles, todos os homens nascem iguais, livres, estes homens podem através de seu trabalho prosperarem economicamente. A liberdade, a propriedade privada e a resistência contra governos tirânicos são outros princípios defendidos pelos iluministas.
Mas que razões possibilitaram que a Revolução Industrial se iniciasse na Inglaterra?
Podemos apresentar algumas razões fundamentais:
1) a supremacia naval inglesa: desde o ano de 1651, quando Oliver Cromwell decretou os Atos de Navegação e Comércio, que asseguraram exclusividade aos navios ingleses para o transporte de mercadorias para o seu país, que a Inglaterra passou a controlar o comércio mundial de larga escala. Isso permitiu a organização de um vasto império colonial que, ao mesmo tempo, será seu mercado consumidor de produtos manufaturados e fornecedor de matérias primas.
2) a disponibilidade de mão-de-obra: o estabelecimento do absolutismo na Inglaterra no século XVI levou a burguesia em aliança com a nobreza a promover um processo de expulsão dos camponeses de suas terras. Estas terras foram cercadas e transformadas em áreas de pastagens para ovelhas que ofereciam a matéria-prima básica para o tecido: lã. Houve, portanto, um intenso êxodo rural, que tornou as grandes cidades um lugar onde se encontrava uma grande disponibilidade de mão-de-obra. Dessa maneira, os salários sofreram um rebaixamento, fato que contribuiu para a elevação da produtividade na indústria.
3) a disponibilidade de matérias-primas: a Inglaterra não tinha dificuldades de acesso às matérias-primas básicas para seu desenvolvimento industrial. Era rica em minério de carvão, lã, algodão (obtido nos EUA) etc.
4) a Monarquia Parlamentar: a Revolução Gloriosa de 1688/89 estabeleceu na Inglaterra a Declaração dos Direitos (Bill of Rights) que permitiu a supremacia do parlamento sobre a monarquia, surgindo, portanto, o parlamentarismo. Isso significou o fim do absolutismo que permitiu à burguesia uma maior participação nas decisões do governo e na vida política do país. Dessa maneira, a economia do país passou a se organizar de maneira a atender aos anseios da burguesia.
A Máquina a Vapor
Até a invenção da máquina a vapor praticamente só se dispunha de duas máquinas como fonte de energia na Europa: a roda hidráulica e o moinho de vento, que quando muito ofereciam 10 cavalos de energia. A maior roda hidráulica de toda a Europa foi construída para servir às necessidades do Palácio de Versalhes na França, em 1682, durante o reinado de Luís XIV, funcionando bem chegava a produzir 75 cavalos de energia.
Não foi fácil chegar à máquina a vapor. Até o século XVIII não havia uma idéia clara sobre os gases, que freqüentemente eram considerados substâncias misteriosas. Dênis Papin, físico francês, expôs em 1690, uma idéia que se constituiu no ponto de partida para aqueles que inventaram a máquina a vapor.
Dizia ele:
“já que a água goza da propriedade de que uma pequena quantidade dela transformada em vapor por meio do calor tem uma força elástica similar à do ar, e de que por meio do frio se transforma de novo em água, de maneira que não sobra nem rastro daquela força elástica, cheguei à conclusão de que é possível construir máquinas que no seu interior, por meio de um calor não muito intenso, se pode produzir um vazio perfeito, que de maneira nenhuma poderia se conseguido através da pólvora”.
As idéias de Papin foram aperfeiçoadas e testadas por Thomas Newcomen e por James Watt. Em 1712 ficou pronto o primeiro motor de Newcomen, o princípio desse motor era bem simples.
Máquina hidráulica que precedeu à de vapor
Baseava-se no mesmo fenômeno verificado por Papin: o de que, ao passar do estado gasoso para o líquido, a água tem seu volume diminuído. Entretanto, o motor de Newcomen era lento, desenvolvia apenas 5 HP, mas se constituía no mais eficiente meio para bombear água naquele momento.Em meados do século XVIII, os motores Newcomen já estavam bem aperfeiçoados; os engenheiros da época tentaram adaptá-los para impulsionar outras máquinas.
Em 1780, James Watt, utilizando um sistema de engrenagens planetárias, construiu um novo motor que adaptava um condensador especial, separado do pistão, para resfriar o vapor, dando grande eficiência ao motor que chegou a produzir mais de 1000 HPs.
A Indústria Têxtil
O desenvolvimento da máquina a vapor deu um grande impulso na indústria têxtil que tem sido considerada um exemplo clássico de desenvolvimento fabril na Revolução Industrial.
Por milhares de anos, os povos usaram de um mesmo método para fiar a lã em estado natural. Realizada a tosquia do carneiro, as fibras de lã eram lavadas e enroladas em cordões, secadas eram amarradas a fusos pesados. A fiação era feita uma a uma, manualmente.
Em 1755, John Kay, inventou a lançadeira volante, que trabalhando com mais fios, possibilitou aumentar a largura dos tecidos e a velocidade da fabricação.
Em 1764, James Hargreaves, inventou a maquina de fiar que consistia em uma quantidade de fusos dispostos verticalmente e movidos por uma roda, além de uma gancho que segurava diversos novelos.
Máquina de fiar de Hargreaves
Em 1769, Richard Arkwright, desenvolveu uma máquina que se associava à máquina a vapor. Essas máquinas passaram a ter uma importância crescente com a substituição da lã pelo algodão. Este era fiado com mais facilidade, e por sua abundância nas plantações do Sul dos EUA permitiu grande desenvolvimento da indústria têxtil.
A Metalurgia
O uso do minério de ferro na confecção de instrumentos e artefatos para auxiliarem o dia-a-dia do homem data da pré-história. Fazendo fogueiras o homem percebeu que algumas pedras se derretiam com o calor e passou a moldá-las. Desde esse momento, vários povos se utilizam da metalurgia. Entretanto, foi durante a Revolução Industrial que novos métodos de utilização do minério de ferro generalizaram essa matéria prima. Entretanto, os ingleses já dispunham de altos fornos para trabalhar o ferro desde o século XV.
Trabalho em metalurgia
A abundância de carvão mineral na Inglaterra possibilitou a este país, substituir as máquinas confeccionadas em madeira por ferro.
No processo da chamada Segunda Revolução Industrial, Henry Bessemer, estabeleceu um método inovador de transformação do ferro em aço. Por sua resistência e por seu baixo custo de produção, o aço logo suplantou o ferro, transformando-se no metal básico de confecção de instrumentos e utilitários.
SÉCULO XIX: AVANÇO TECNOLÓGICO E CRÍTICAS SOCIAIS
Difícil, após a explosão das fábricas inglesas do século XVIII, impedir o crescente avanço tecnológico do Mundo Ocidental. Ao lado das ciências e, às vezes, à frente dela, a técnica sofreu inúmeras mudanças no século XIX. Ao lado das mudanças técnicas, e isto você já tem condições de analisar, aconteceram mudanças sociais que, nem sempre, são positivas. As condições de trabalho dos operários industriais, e de tantos outros setores econômicos que emergiram, eram precaríssimas. Este fato teve grande repercussão entre aqueles – os intelectuais – que procuraram entender as mudanças que estavam acontecendo.
Reivindicação operária: 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer e horas de sono
Daí também surgindo vários movimentos de contestação ao sistema industrial que avançava. Lembre-se dos quebradores de máquinas.
OS GRANDES AVANÇOS TECNOLÓGICOS
Na primeira metade do século os sistemas de transporte e de comunicação desencadearam as primeiras inovações com os primeiros barcos à vapor (Robert Fulton/1807) e locomotiva (Stephenson/1814), revestimentos de pedras nas estradas McAdam/1819), telégrafos (Morse/1836). As primeiras iniciativas no campo da eletricidade como a descoberta da lei da corrente elétrica (Ohm/1827) e do eletromagnetismo (Faraday/1831). Dá para imaginar a quantidade de mudanças que estes setores promoveram ou mesmo promoveriam num futuro próximo. As distâncias entre as pessoas, entre os países, entre os mercados se encurtariam. Os contatos mais regulares e freqüentes permitiriam uma maior aproximação de mundos tão distintos como o europeu e o asiático.
No setor têxtil a concorrência entre ingleses e franceses permitiu o aperfeiçoamento de teares (Jacquard e Heilmann). O aço tornou-se uma das mais valorizadas matérias-primas. Em 1856 os fornos de Siemens-Martin, o processo Bessemer de transformação de ferro em aço. A indústria bélica sofreu significativo avanço ( como os Krupp na Alemanha) acompanhando a própria tecnologia metalúrgica.
A explosão tecnológica conheceu um ritmo ainda mais frenético com a energia elétrica e os motores a combustão interna. A energia elétrica aplicada aos motores, a partir do desenvolvimento do dínamo, deu um novo impulso industrial. Movimentar máquinas, iluminar ruas e residências, impulsionar bondes. Os meios de transporte se sofisticam com navios mais velozes. Hidrelétricas aumentavam, o telefone dava novos contornos à comunicação (Bell/1876), o rádio (Curie e Sklodowska/1898), o telégrafo sem fio (Marconi/1895), o primeiro cinematógrafo (irmãos Lumière/1894) eram sinais evidentes da nova era industrial consolidada.
E, não podemos deixar de lado, a invenção do automóvel movido à gasolina (Daimler e Benz/1885) que geraria tantas mudanças no modo de vida das grandes cidades.
modelo produzido em 1904. Em baixo um moderno Lamborguine
O motor à diesel (Diesel/1897) e os dirigíveis aéreos revolucionavam os limites da imaginação criativa e a tecnologia avançava a passos largos.
A indústria química também tornou-se um importante setor de ponta no campo fabril. A obtenção de matérias primas sintéticas a partir dos subprodutos do carvão – nitrogênio e fosfatos. Corantes, fertilizantes, plásticos, explosivos, etc.
Entrava-se no século XX com a visão de universo totalmente transformada pelas possibilidades que se apresentavam pelo avanço tecnológico.
AS GRANDES MUDANÇAS SOCIAIS
A análise de tantos feitos tecnológicos não poderia ficar carente das mudanças sociais ocorridas neste mesmo período. As empresas industriais perderam totalmente suas feições caseiras adquirindo uma nova forma. Grandes conglomerados econômicos, a crescente participação do setor financeiro na produção industrial – trustes, cartéis, holdings.
Ao lado de uma intensificação da exploração do trabalho operário, da urbanização desenfreada e sem planejamentos, das epidemias provocadas pelo acúmulo de populações nos grandes centros sem infra-estrutura, cresciam as fábricas cada vez mais poderosas e determinantes de um processo irreversível.
As nações, por sua vez, buscavam garantir melhores mercados fornecedores de matérias-primas, impulsionando o colonialismo afro-asiático que deixa marcas profundas até os dias de hoje. Ou seja, não é um mero processo de avanço. O avanço tecnológico sempre foi acompanhado, desde o paleolítico de intensas mudanças sociais. Nem sempre positivas.
Fonte: www.hystoria.hpg.ig.com.br
Primeira Revolução Industrial
Primeira Revolução Industrial: aspectos sociais, econômicos e políticos
Em meio a um cenário de crises e transformações que fizeram parte dos séculos XVII e XVIII, o capitalismo se viu estimulado por razões econômicas, sociais e políticas, como a Revolução Inglesa de 1640 à 1660, e mais tarde, a Revolução Francesa. Com o fim do absolutismo e a consolidação do liberalismo no campo político, assim como a transição do ideal renascentista para o iluminista no campo das mentalidades, o Antigo Regime que fez parte do mundo moderno se encerra dando lugar a novas práticas. A nova ordem e a criação do Estado Nacional deram espaço ao processo de industrialização, derrubando o mercantilismo, as corporações e o sistema feudal. Essa transição ocorreu de forma gradual apresentando rupturas e continuidades, e agregando características até chegar ao sistema econômico globalizado atual.
O processo revolucionário que se desencadeou na indústria inglesa a partir da segunda metade do século XVIII teve como causa e conseqüência a urbanização e a implementação de novas tecnologias, assim como foi responsável por uma mudança nas mentalidades que mais tarde iriam construir as ideologias que conduziriam ao pensamento revolucionário do século XX.
A reforma agrária que se deu a partir do cercamento dos campos ingleses (enclosure acts) deu lugar as grandes propriedades, expulsando camponeses e fazendo com que outros abandonassem espontaneamente o campo visando uma melhora de vida no meio urbano.
As relações de vassalagem foram substituídas pelo trabalho assalariado, transformando a própria mão-de-obra em mercadoria e formando uma nova classe social: o proletariado.
O processo de industrialização teria ocorrido de forma gradual e até 1840 a população britânica ainda se encontrava envolvida nos moldes rurais. A hegemonia industrial inglesa ocorre durante do século XIX e se encerra no fim dos anos 80 do mesmo século, quando dá lugar aos Estados Unidos que com sua força produtiva ganha a cena mundial iniciando uma Segunda Revolução Industrial.
Inovações tecnológicas e científicas
O crescente interesse pelo exercício intelectual, pelas ciências e a necessidade do progresso tecnológico no meio rural e urbano fez com que significativas mudanças ocorressem a partir da descoberta de novos instrumentos de trabalho. Uma das principais inovações do século XVII foram as máquinas a vapor que fizeram com que a produção aumentasse, gerando maior lucratividade e os custos caíssem devido à redução do número de trabalhadores utilizados. No início do século XVIII a utilização do carvão mineral na produção de ferro, aumentou a quantidade e a qualidade das ferramentas usadas no meio rural e o aperfeiçoamento dos teares facilitou a produção, impulsionando as industrias têxteis. No século XIX o crescimento da indústria passa a abranger principalmente a França e a Alemanha além de outros países da Europa, em menor proporção. As inovações na área de transportes facilitaram a rede de comunicações e o comércio. Pavimentação das estradas, maior rapidez das locomotivas, ampliação do sistema ferroviário e a criação de navios a vapor, assim como a invenção do telégrafo em 1844 foram responsáveis por encurtar distâncias e facilitar a comunicação. Grandes descobertas para a indústria desse período, a borracha e a energia elétrica foram fundamentais para criar novos produtos e efetuar mudanças nas máquinas, que passam a ser impulsionadas por motores.
No campo científico as novas descobertas ocorreram, em grande parte, no século XIX e principalmente nas áreas da física, química, matemática e biologia. Esses avanços foram fundamentais para apurar o conhecimento sobre a vida e o universo. Com a descoberta da primeira e da segunda lei da termodinâmica, na área da física, foi possível entender melhor a energia e assim, aperfeiçoar sua utilização no funcionamento de máquinas. Já os motores elétricos, só puderam existir devido à descoberta do eletromagnetismo. Na área da química a descoberta de fertilizantes foi muito importante para a agricultura, assim como foi importante a descoberta do alumínio para a indústria. A descoberta da nitroglicerina utilizada como explosivo contribuiu para a construção de estradas e para o trabalho nas minas. Na biologia, a descoberta das proteínas, da anestesia, de medicamentos novos, vacinas e o estudo das células ajudaram a compreender os seres vivos e a melhorar a sua existência aumentando sua qualidade e expectativa de vida.
Os operários e a cidade
A urbanização e o crescimento fabril que se observa a partir do fim do século XVIII, contribuíram para o aumento demográfico, já que famílias inteiras abandonavam os campos em busca de novas oportunidades na cidade. Em certo momento, as fábricas não ofereciam mais postos de trabalho suficientes para absorver o grande número de desempregados que se aglomeravam a sua volta. Contudo, mesmo os que tinham emprego não estavam livres de viver na miséria.
Os salários eram muito baixos e mal davam para pagar por alimentos e moradia, dessa forma, os operários viviam amontoados em cortiços sujos e expostos a inúmeras doenças. Devido às condições de higiene, alimentação precária e caro acesso à medicina, a expectativa de vida na época era muito baixa. O analfabetismo também era um problema social pois, o acesso à educação era privilégio de uma minoria.
Nesse período em que se inicia a primeira Revolução Industrial, as cidades ainda careciam de saneamento básico, infra-estrutura e segurança. As cidades cresciam em torno das fábricas e essas, por sua vez, cresciam em meio a regiões estrategicamente favoráveis como as que tinham água potável, matérias-primas e maior acesso aos pólos comerciais.
A burguesia capitalista fabril procurava tirar o máximo de lucro que pudesse do trabalho operário. A divisão do trabalho em linhas de produção criou trabalhadores especializados ao mesmo tempo em que foi responsável pelo aumento da produção. Mesmo com uma alta capacidade produtiva, a jornada de trabalho era de aproximadamente 80 horas semanais e levava o trabalhador à exaustão. O ambiente fabril era insalubre e o trabalho, perigoso e pesado. Nesse ambiente conviviam homens, mulheres e crianças que sem ter outra forma de se sustentar, acabavam se sujeitando a situação que lhes era imposta. O trabalho infantil era comum pois, era uma forma de aumentar a renda da família, embora o salário de crianças, assim como o das mulheres fosse menor já que estes produziam menos que os homens. Em meio à pobreza, ao desespero e a falta de expectativas, alguns caíam na marginalidade, por isso, o número de crimes e prostituição aumentava cada vez mais, assim como a revolta contra a burguesia que se encontrava em rápida e constante ascensão.
O movimento ludista surge com o sentimento de revolta de Ned Ludd um operário que encontra no ato de quebrar máquinas a forma de mostrar sua insatisfação com a burguesia capitalista e com a exploração do trabalhador. Esse movimento também foi usado para opor-se à mecanização do trabalho que reduz postos de trabalho e contribui para o crescimento do desemprego e da miséria. O cartismo surge em 1838 com a proposta de democratização eleitoral. Através da Carta do Povo, que deu origem ao nome do movimento, foram reivindicados ao Parlamento o sufrágio universal masculino, voto secreto, igualdade de direitos eleitorais, mandatos anuais e remuneração para os parlamentares. Apesar de ter mobilizado uma grande parcela da população esse movimento dura apenas dez anos e ainda é tido como o responsável pela organização do proletariado.
A consciência de classe do proletariado e organização deste grupo foram fatores que determinaram a formação dos primeiros sindicatos. Esses sindicatos atuaram de forma incisiva na luta pelos direitos do homem e por uma reforma social. Os movimentos operários do século XIX eram diretamente influenciados pelos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) e da Revolução norte-americana (a América para os americanos). Em meio a esse cenário de greves e de crise surge em 1864 a Primeira Associação Internacional dos Trabalhadores que reunia grupos sindicalistas, marxistas e até anarquistas.
Aos poucos os trabalhadores foram conquistando importantes direitos como a diminuição da jornada de trabalho, a regulamentação do trabalho feminino e infantil, a ampliação do direito de voto entre outros que só foram possíveis diante da força dos movimentos revolucionários.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e
companheiro, numa palavra, o opressor e o oprimido permaneceram em constante
oposição um ao outro, levada a efeito numa guerra ininterrupta, ora disfarçada,
ora aberta, que terminou, cada vez, ou pela reconstituição revolucionária de toda
a sociedade ou pela destruição das classes em conflito.(…) As armas com que a burguesia abateu o feudalismo voltam-se agora contra ela mesma. A burguesia, porém, não forjou apenas as armas que representam sua morte; produziu também os homens que manejarão essas armas o operariado moderno os proletários. (Trecho de Manifesto Comunista)
Pensadores e pensamentos
No último quartel do século XVIII, surge a ciência econômica tendo como um de seus fundadores o pensador liberal Adam Smith, autor do livro A Riqueza das Nações. Adam Smith dizia que o individualismo era essencial para o bem social pois, se cada indivíduo visasse o próprio crescimento, todos cresceriam juntos.
Para ele, esse individualismo podia ser observado também no sistema capitalista que tinha o lucro como meta. Outro aspecto de seu pensamento é a oposição que mantinha em torno da intervenção estatal na economia, ele acreditava que o livre comércio era favorável ao crescimento. Já as teorias de Robert Malthus, também economista, previam uma futura catástrofe na qual a fome iria eliminar naturalmente os mais pobres. No livro Um Ensaio Sobre a População, Malthus expressa a idéia de que a população cresceria numa proporção bem maior do que a produção de alimentos e que o resultado disso, seria a fome e o caos. David Ricardo, assim como Malthus, não via um futuro muito promissor para o proletariado. Ele desenvolveu a teoria de que seria inútil a tentativa de aumentar a renda dos trabalhadores pois, os salários sempre estariam estagnados junto ao nível de subsistência.
Outra corrente que se formou no campo das mentalidades foi o socialismo utópico. A valorização do trabalho e do trabalhador, fim da relação entre patrão e empregado, a igualdade de classes, assim como o fim da propriedade privada em prol da exploração conjunta de bens entre a sociedade para o benefício comum, são idéias defendidas por Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc e Robert Owen. Com a fundação do socialismo científico (marxismo), por Karl Marx e Friedrich Engels os ideais populares passam a ser defendidos de forma mais consistente. A implantação da propriedade coletiva dos meios de produção era o fator apontado para diminuir o abismo existente entre as classes. O marxismo surgiu como um aliado do proletariado acreditando que a união desta classe poderia resultar em consideráveis mudanças na ordem capitalista. Em O Capital e Manifesto Comunista Marx critica a divisão do trabalho e defende a idéia de que a especialização leva o trabalhador a uma rotina desgastante e alienante mas, as suas idéias em torno da coletivização da propriedade só tem maior influência no século XX.
Conclusão
Acredito que as relações entre burguesia e proletariado foram tortuosas e conflitantes, porém, fundamentais para o desenvolvimento e consolidação do capitalismo. Talvez o capitalismo atual não seria o mesmo se essas relações tivessem sido mais brandas, amistosas e altruístas, ou se a população da época tivesse usufruído de maior dose de democracia mas, desta maneira estarei abordando uma inadequada e equivocada questão de História contrafactual. O capitalismo selvagem que se originou dessas revoluções políticas, econômicas e sociais iniciadas no século XVII, chega ao século XXI com uma aparência globalizada. O trabalhador atual se encontra protegido por uma democracia igualmente conquistada por essas forças ideológicas e ativas que emergiram das classes desfavorecidas. E por fim, o crescimento da economia mundial, assim como a ascensão de novas potências não anulou os conflitos entre classes mas facilitou a mobilidade social e econômica dos que buscam um futuro mais promissor do que o passado.
Cronologia
1640 à 1660 Revolução Puritana: movimento que desencadeia a evolução do sistema capitalista.
1780 Data aproximada do início da primeira Revolução Industrial na Inglaterra.
1838 à 1848 Movimento cartista: reivindicações junto ao Parlamento e organização proletária.
1848 Movimentos revolucionários explodem na Europa.
1864 Criação da Primeira Associação Internacional dos Trabalhadores.
1880 Perda da hegemonia inglesa em detrimento da ascensão produtiva estadunidense.
Juliana Morais Danemberg
Bibliografia
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TREVOR-ROPER, H.R. Religião, reforma e transformação social. Lisboa: Presença, 1981.
Fonte: www.historia.uff.br
Primeira Revolução Industrial
DEFINIÇÃO
A primeira Revolução Industrial só foi possível face ao investimento realizado pelos governantes ingleses na adequação da economia daquele país aos reclames do capitalismo comercial e à grande massa de camponeses desempregados que havia nos grandes centros urbanos da Inglaterra, face à migração ocorrida na época do cercamento dos campos.
Essa farta oferta de mão-de-obra, aliada ao aprimoramento do maquinário industrial ocorrido na primeira metade do Século XVIII, acarretou o desenvolvimento dos meios de produção.
A PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1760-1860)
A visão mercantilista privilegiando o comércio externo em detrimento do comércio interno é contestada por Smith: a riqueza de uma nação nada mais era do que um conjunto de provisões e capacidades produtivas necessárias à satisfação das necessidades humanas.
Os ganhos de produtividade decorrentes da divisão do trabalho podem ser atribuídos aos seguintes fatores:
a) maior destreza do trabalhador na realização de suas tarefas
b) redução dos tempos mortos
c) maior possibilidade de invenção de máquinas e mecanismos facilitadores do trabalho.
Indivíduos são direcionados a se especializarem em um único tipo de trabalho de forma a aumentar seu excedente e com isso obter cada vez mais dos produtos que sejam necessários. Através de recursos financeiros as pessoas poupam parte dos frutos do trabalho e os transformam em capital de forma a comprar o trabalho de outras pessoas. Logo, essas pessoas, agora capitalistas e movidas egoísticamente por interesses próprios, aceleram a divisão/mecanização do trabalho e ampliam seus lucros.
A dinâmica de acumulação de capital se caracteriza pelo fato de que quanto maior o volume de capital, maior a capacidade de divisão e mecanização do trabalho, gerando maiores lucros, maior capital e assim sucessivamente. A única limitação para a divisão do trabalho seria a dimensão do mercado.
É interessante observar a questão salarial, onde:
…o aumento dos salários tende a aumentar as forças produtivas do trabalho e fazer com que uma quantidade menor de mão-de-obra produza uma quantidade maior de produto. Haverá muitas mercadorias que podem ser produzidas por um número tão reduzido de trabalhadores, que o aumento do preço deles é mais do que compensado pela diminuição de sua quantidade.
A Mecanização a Vapor
A primeira revolução industrial se caracterizou pelo avanço da mecanização, ainda que a divisão de trabalho tenha um papel de suma importância.
Significa dizer que não se trata de dividir o trabalho até a mecanização, mas sim de substituir métodos artesanais por mecanizados, concomitantemente ao desenvolvimento dos mesmos: a divisão do trabalho passa a ser determinada pela própria mecanização. Com a mecanização a vapor, os empresários intensificavam seus ganhos de produtividade em relação a produção artesanal, que era possível negligenciar a organização do trabalho.
O avanço da mecanização se baseia no avanço tecnológico – mecânica e materiais – e nas possibilidades econômicas de sua realização, que decorrem dos avanços científicos e da dinâmica competitiva entre empresas.
Na primeira revolução industrial os avanços, em sua maioria, originaram-se de descobertas e melhoramentos empíricos desenvolvidos por mecânicos, muitos deles empresários, com o objetivo de solucionar problemas específicos, além de buscar vantagens competitivas exclusivas:
… a evolução da tecnologia ocorre interativamente com a dinâmica competitiva das empresas, determinando a evolução da mecanização e da própria economia.
Ampliar a vantagem competitiva na primeira revolução industrial significava ampliar a produtividade dos recursos empregados. Mas com salários baixos não havia possibilidade de inovações de produto em termos de consumo popular e, por outro lado, as escalas mínimas da mecânica não facilitavam muito as coisas. Em face do exposto, ampliar a competitividade significava elevar a produtividade da energia, do trabalho e do capital de forma a reduzir o custo de produção. Assim sendo, a busca de ganhos de produtividade gera sistemas produtivos cada vez mais especializados, maiores e mais onerosos.
Em termos schumpeterianos, a busca do lucro gerava um tamanho de fábrica cada vez maior e como o crescimento de escalas indivisíveis estava interligado ao desenvolvimento de equipamentos maiores e mais delicados, os novos tamanhos mínimos eram também mais estanques. Logo, com o avanço da mecanização, a busca por ganhos de produtividade nas empresas torna-se um processo discreto, associado à realização de grandes e crescentes blocos de investimentos, inviabilizando expressivos ganhos de produtividade via ampliação ou transformação gradativa das capacidades existentes.
Enquanto a industria têxtil e a metalurgia caminham nesse sentido, outras industrias pararam no tempo, se expandindo apenas em função da demanda. Com a escassez e o encarecimento da mão-de-obra, essas industrias, e a própria agricultura, são levadas a ampliar a produtividade via mecanização crescente. Caso isso não ocorra, a dinâmica do crescimento levará a crescentes importações.
Com a natural elevação da competitividade internacional – oriunda da necessidade de fábricas com capacidades produtivas superiores à demanda local -, e objetivando a maximização do lucro, o empresário passa a exportar como forma de minimizar possível capacidade ociosa. Cabe salientar que toda essa dinâmica de desenvolvimento se esgotou por volta de 1850 decorrente da ocupação plena do potencial de consumo do sistema, criando o cenário para a segunda revolução industrial, que engendrará um novo ciclo de desenvolvimento econômico.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
GRAY, J. Falso Amanhecer: Os Equívocos do Capitalismo Global. Editora Record. Rio de Janeiro, 1999.
ALBAN, Marcus. Crescimento Sem Emprego. Editora Casa da Qualidade. Salvador, 1999.
CHOSSUDOVSKY, Michel. A Globalização da Pobreza. Editora Moderna.São Paulo, 1999.
LACERDA, Antônio. O Impacto da Globalização na Economia Brasileira. Editora Contexto, 1999.
Fonte: www.ufv.br
Primeira Revolução Industrial
(1760-1860)
A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, no século XVIII (1780-1830). A Inglaterra foi o primeiro país a passar por esta revolução.
Por volta de 1830, a Primeira Revolução Industrial se completou na Inglaterra, e daí migrou para o continente europeu.
Chegou à Bélgica e França, países próximos do arquipélago britânico.
Por volta dos meados do século XIX, atravessou o Atlântico e rumou para os Estados Unidos. E, no final do século, retornou ao continente europeu para retomar seu fio tardio na Alemanha e na Itália, chegando, também, ao Japão.
O ramo característico da Primeira Revolução Industrial é o têxtil de algodão. Ao seu lado, aparece a siderurgia, dada a importância que o aço tem na instalação de um período técnico apoiado na mecanização do trabalho.
O sistema de técnica e de trabalho desse período é o paradigma manchesteriano, nome dado por referência a Manchester, o centro têxtil por excelência representativo desse período.
A tecnologia característica é a máquina de fiar, o tear mecânico.
Todas são máquinas movidas a vapor originado da combustão do carvão, a forma de energia principal desse período técnico.
O sistema de transporte característico é a ferrovia, além da navegação marítima, também movida à energia do vapor do carvão.
A base do sistema manchesteriano é o trabalho assalariado, cujo cerne é o trabalhador por ofício.
Um trabalhador qualificado é geralmente pago por peça.
Fonte: www.portalmodulo.com.br