18.11.21
Neoclassicismo
Neoclassicismo – Estilo Artístico
O estilo artístico conhecido como “Neoclassicismo” foi o movimento predominante na arte e na arquitetura européia durante a década de 18 e início do século 19.
Neoclassicismo é o nome dado aos movimentos bastante distintos nas artes decorativas e visuais, literatura, teatro, música e arquitetura que atraem sobre arte ocidental clássica e cultura (normalmente a de Grécia Antiga ou Roma Antiga).
O Neoclassicismo, em um sentido cultural, artístico e arquitetônico, cresceu como uma resposta contra Rococo, que era visto como acima do topo e superficial.
Arquitetonicamente, foi caracterizado por semelhanças com estruturas clássicas, bem como o Renascimento, incluindo a ordem e simplicidade, e artisticamente, ele também foi modelado em obras do mundo clássico, muitas vezes contendo temas políticos, incluindo bravura e guerra.
Embora Neoclassicismo abrangesse a pintura, escultura e arquitetura e é muitas vezes considerada como a manifestação mais proeminente deste interesse e fascínio com a cultura grega e romana.
Neoclassicismo – Arte e Arquitetura Neoclássica
Arte produzida na Europa e na América do Norte aproximadamente de 1750 até as primeiras décadas do século XIX, marcada pela emulação de formas greco-romanas. Mais do que apenas uma revivificação da Antigüidade, o neoclassicismo esteve ligado a eventos políticos contemporâneos.
Artistas neoclássicos buscaram substituir a sensualidade e a trivialidade do rococó por um estilo que fosse guiado pela lógica, solenidade, e de caráter moralizante. Quando movimentos revolucionários republicanos se estabeleceram na França e na América, os novos governos adotaram o neoclassicismo como o estilo para sua arte oficial, em virtude de sua associação com a democracia da Grécia Antiga.
Depois, quando Napoleão subiu ao poder na França, o estilo foi modificado para servir as suas necessidades propagandísticas, eventualmente se tornando um maneirismo repetitivo e inanimado. Com o surgimento do Romantismo, uma preferência para a expressão pessoal substituiu uma arte fundada em valores fixos, ideais.
Gênese da Arte Neoclássica
O estilo neoclássico desenvolveu-se após as escavações das ruínas das cidades de Herculano, em 1738, e Pompéia, em 1748; a publicação de livros como Antigüidades de Atenas (1762) pelos arqueólogos ingleses James Stuart (1713-1788) e Nicholas Revett (1720-1804); e a chegada em Londres (1806) dos Mármores do friso do Paternon de Atenas, retirados da Grécia por Lorde Elgin.
Exaltando a nobre simplicidade e grandeza tranqüila de arte greco-romana, o historiador de arte alemão Johann Winckelmann conclamou os artistas a estudar e imitar suas formas artísticas ideais e atemporais. Suas idéias encontraram uma recepção entusiástica dentro do meio artístico internacional reunido, na década de 1760, em Roma.
Arquitetura
Antes das descobertas de Herculano, Pompéia e Atenas, somente a arquitetura clássica romana era genericamente conhecida, em grande parte pelas visões de cidade do artista italiano Giovanni Battista Piranesi. Estas descobertas estenderam o vocabulário formal da arquitetura, e os arquitetos começaram a defender edifícios baseado em modelos greco-romanos.
O trabalho do arquiteto e desenhista escocês Robert Adam – que nas duas décadas a partir de 1750 redesenhou várias casas inglesas imponentes (entre outros, Sion House, 1762-69, e Osterley Park, 1761-80) – apresentou o estilo neoclássico para a Grã Bretanha.
O estilo Adam, como foi conhecido, permaneceu porém um pouco rococó em sua ênfase em ornamentação de superfície e preciosidade de escala, até mesmo quando adotou os motivos da Antigüidade.
Na França, Claude Nicholas Ledoux (1736-1806) projetou um pavilhão (1771) para a Condessa Du Barry em Louveciennes e uma série de portões de cidade (1785-89) para Paris – estruturas que são exemplares da fase inicial da arquitetura neoclássica; porém, os mais seus trabalhos posteriores consistiram em projetos nunca executados para uma cidade ideal, na qual o design dos edifícios freqüentemente são reduzidos a formas geométricas simples.
Depois que Napoleão se tornou imperador em 1804, seus arquitetos oficiais Charles Percier (1764-1838) e Pierre François Leonard Fontaine (1762-1853) concretizaram seu desejo de recolocar Paris na posição de capital da Europa, adotando a opulência intimidadora da arquitetura imperial romana.
O estilo de arquitetura denominado de Império na França foi concretizado através de construções públicas gigantescas, como os arcos triunfais do Carrossel do Louvre e os Champs Elysées (ambos de 1860) – de concepção muito diferente, em espírito, do trabalho visionário de Ledoux.
A arquitetura de inspiração grega na Inglaterra é exemplificada através de construções como a rotunda do Banco da Inglaterra (1796), projetada por Sir John Soane e o pórtico do Museu Britânico (1823-47), por Sir Robert Smirke (1781-1867).
A Revivificação Grega foi sucedida pelo estilo Regência, do qual exemplos arquitetônicos notáveis são as fachadas projetadas por John Nash para a Regent Street (iniciadas em 1812) em Londres e também seu Pavilhão Real em Brighton (1815-23).
A arquitetura neoclássica de Edinburgh permaneceu prístina, e aquela cidade passou a ser conhecida como a Atenas do Norte.
Em outros locais, a arquitetura neoclássica pode ser exemplificada no trabalho do alemão Karl Friedrich Schinkel (1781-1841), como o Teatro Real (1819-21) em Berlim. Nos EUA, a primeira das duas fases neoclássicas, chamada de Estilo Federal, floresceu entre 1780 e 1820.
Baseada na antigüidade romana, pode ser exemplificada através do trabalho de Charles Bulfinch (Massachusetts State House, em Boston, terminada em 1798). A segunda fase foi uma adaptação do estilo Revivificação Grega. Durante uma viagem para Paris em 1787, Thomas Jefferson ficou impressionado com a lucidez da arquitetura de influência grega e se convenceu de que uma arquitetura racionalmente idealizada como aquela era apropriada à nova república americana.
Seu amigo Benjamim Henry Latrobe apresentou o estilo para os EUA no seu projeto para a sede do Banco da Pennsylvania (1798) e subseqüentemente evoluiu para um estilo neoclássico menos rígido no design para o Capitólio (iniciado em 1793). O próprio projeto de Jefferson para a Universidade de Virgínia (1817-25) estendeu o estilo de Revivificação Grega norte-americano até o século XIX.
Pintura
Entre o círculo de Winckelmann em Roma estavam vários pintores estrangeiros, entre eles o expatriado alemão Anton Raphael Mengs (1728-79), o escocês Gavin Hamilton (1723-98), e o americano Benjamim West.
O Parnassus de Mengs (1761), um afresco de teto para a Vila Albani em Roma, foi projetado expressamente sob a orientação de Winckelmann.
Ao contrário das típicas composições para pintura de tetos do barroco ou do rococó, sua composição é simples: só algumas figuras, em poses calmas e estáticas – derivadas principalmente de estátuas antigas. Hamilton, que também era arqueólogo e negociante de arte, completou cinco quadros (1760-65) inspirado pela Ilíada de Homero e com a incorporação de figuras derivadas de esculturas antigas.
West trabalhou em Roma de 1760 a 1763. Pinturas como Agrippina chegando a Brundisium com as Cinzas de Germanicus (1768, Yale University Art Gallery, New Haven, Connecticut) estava inspirado por sua experiência romana. Solene e austero no tratamento do tema, suas imagens estão também corretas quanto aos detalhes arqueológicos.
As mesmas tendências são comprovadas no trabalho anterior do pintor francês Louis David, que é reconhecido como o grande gênio de pintura neoclássica. Seu Juramento dos Horácios (1784-85, Louvre, Paris) celebra o tema de patriotismo estóico.
O espaço arquitetônico limitado do quadro e arranjo estático das figuras refletem a preocupação neoclássica quanto à lógica composicional e à claridade. Os contornos firmes e a luz severa emprestam a estas figuras um ar de estátua. Os trabalhos mais recentes de David, encomendados por Napoleão – tal como Coroação de Napoleão e Josephine (1805-07, Louvre) – são muito diferentes, porém, na sua celebração do esplendor e do poder mundano.
A aprovação do imperador para tais exibições ostentosas foi estendida até mesmo a um pintor americana, John Vanderlyn, premiado em 1808 com uma medalha por seu Marius entre as Ruínas de Cartago (1807, M. H. Young Museum, São Francisco).
Por volta de 1790 pintores começaram a admirar as leves figuras mostradas em silhueta na pintura de vasos gregos. O maior expoente deste estilo era o pintor inglês John Flaxman, cujas gravura simples para as edições da Ilíada de Homero e da Odisséia (1793) substituíram completamente a perspectiva tradicional, iluminando-a através da modelos muito mais leves.
O estilo teve um êxito imenso e foi amplamente imitado. Ingres, um dos mais prósperos alunos de David, tornou-se seu herdeiro como intérprete principal da tradição clássica, adotando esta aproximação bidimensional, como visto num de seus primeiros trabalhos, Os Enviado de Agamemnon (1801, École des Beaux-Arts, Paris).
Escultura
A escultura vinha sendo profundamente influenciada pela arte greco-romana desde o Renascimento. Assim, os princípios neoclássicos tiveram um impacto bem menos revolucionário nesta especialidade do que nas outras artes.
Em geral, os escultores neoclássicos tenderam a evitar o rebuscamento dramático das poses e as superfícies marmóreas coloridas da escultura barroca ou rococó, preferindo contornos encaracolados, uma quietude nobre, e idealizando formas no mármore branco.
A escultura neoclássica inicial foi produzida por artistas em contato direto com o círculo de Winckelmann em Roma – escultores como John Tobias Sergel (1740-1814), que quando retornou a sua Suécia nativa levou o novo estilo para o norte da Europa – e os ingleses Thomas Banks (1735-1803) e Joseph Nollekens (1737-1823), que apresentaram o estilo à Grã-Bretanha.
A figura dominante na história de escultura neoclássica, porém, foi o italiano Antônio Canova, que se tornou um membro do círculo de Roma em 1780. Rejeitando o modo barroco que o antecedeu, buscou capturar a severidade e a pureza ideal da arte antiga.
Theseus e o Minotauro Morto (1781-82) retrata a calma da vitória em lugar do conflito ativo e foi a primeira tentativa de Canova no novo estilo, trazendo-lhe fama imediata.
Depois da morte de Canova, o artista dinamarquês Bertel Thorvaldsen herdou sua posição no campo da escultura européia. Suas numerosas encomendas internacionais sustentaram um neoclassicismo rígido como o estiloo dominante da escultura até meados do século XIX.
O estilo foi levado para o EUA por um de seus amigos, Horatio Greenough, e foi continuado por Hiram Powers, um americano que residiu por longo tempo na Itália, escultor do célebre Escravo Grego (1843), peça de que foram feitas muitas réplicas.
Artes decorativas
O estilo neoclássico influenciou todos os tipos de artes decorativas. Por volta de 1760 a mobília desenhada por Robert Adam revelava motivos greco-romanos. Introduzido na França, seu estilo simples e clássico ficou conhecido como estilo etrusque (de etrusco), caindo no gosto da corte de Luís XV.
Com adaptações adicionais de design clássico, baseado nos mais recentes achados arqueológicos à época, evoluindo para o estilo elegante conhecido como Luís XVI, o preferido pela família real francesa durante a década de 1780.
Vasos gregos encontrados em escavações se tornaram modelos para novos tipos de cerâmica: a Jasperware de Wedgwood, para quem Flaxman fez muitos desenhos, na Inglaterra e a porcelana Sevres na França.
Sob o governo de Napoleão, foram redecoradas várias residências oficiais para uso de funcionários, segundo projetos elaborados por Percier e Fontaine, que incluíram mobília, porcelana, e tapeçarias, tudo incorporando motivos greco-romanos.
Tomado como um todo, tais designs definiram o estilo Império nas artes decorativas, estilo esse que foi copiado por toda a Europa.
Neoclassicismo ou Academicismo
O Neoclassicismo ou Academicismo retomou os princípios da Antiguidade greco-romana que deve-se em parte à curiosidade pelo passado desencadeada pelas escavações arqueológicas de Pompéia e Herculano (cidades italianas soterradas pela lava do vulcão Vesúvio em 79 d.C.)
Dessa maneira, as formas gregas e romanas serviram de modelo aos artistas neoclássicos, que as reelaboraram com base nos princípios de racionalidade, proporção, medida, simetria, nitidez e influenciados pelas idéias iluministas (filosofia que pregava a razão, o senso moral e o equilíbrio) revelando que a beleza não se encontra na natureza, mas no espírito humano; fruto da técnica e do estudo, mais que da inspiração; e que só pode ser atingida pela razão e não pelo sentimento.
Estas concepções artísticas tornaram-se básicas para o ensino das artes acadêmicas mantidas pelos governos europeus, onde dita que uma obra de arte seria perfeitamente bela na medida que imitasse os artistas gregos e os renascentistas italianos num aprendizado cuidadoso das técnicas e convenções da arte clássica, expressando as virtudes cívicas, o dever, a honestidade e a austeridade.
Neoclassicismo – O que é
O Neoclassicismo é uma corrente artística gerada no contexto das transformações surgidas no séc. XVII, e até meados do séc. XIX. Acompanha o final da Idade Moderna e o início da Época Contemporânea.
A filosofia Iluminista, racional, humanista e progressista, defendia o progresso moral e material das nações, com base no desenvolvimento da ciência e da técnica e na educação dos povos.
Os filósofos Iluministas desejavam reformar as sociedades e exercer uma intervenção cultural, social e politica.
O retorno ao mundo clássico, era uma atitude historicista, entendido como uma expressão de cópia e fiel reprodução.
Trata-se de uma recriação orientada pela razão e fundamentada no conhecimento científico, de modo a construir uma Arte Ideal.
O Neoclassicismo procura respeitar os seus princípios:
No campo técnico-formal, procurou o virtuosismo e a beleza idealizada com enorme rigor
No campo temático, fazendo que o Belo, se aproxima-se da Arte Ideal.
Estas características fizeram do Neoclassicismo a arte ideal para transmitir com o seu sentido superior de obediência às regras, os conteúdos ideológicos racionais e moralizantes do Iluminismo. Por isso, o Neoclassicismo foi a arte da Revolução, em França.
ARQUITETURA NEOCLÁSSICA
A Arquitetura Neoclássica foi produto da reação antibarroco e anti-rococó, no século XVIII
Na Arquitetura Neoclássica, os aspectos técnicos foram dominantes, dando origem a uma pesquisa e experimentação rigorosa.
Inspirada nos elevados cânones estruturais, formais e estéticos da arte clássica, a arquitetura neoclássica apresenta as seguintes características gerais:
Usou-se materiais, como a pedra, o mármore, o granito, as madeiras sem rejeitar os modernos, o ladrilho cerâmico e o ferro fundido
Usou processos técnicos avançados, preferindo os sistemas construtivos simples (o trilítico)
Nas plantas utilizou-se formas regulares, geométricas e simétricas
Das plantas erguiam-se volumes corpóreos, maciços, que evidenciavam a simplicidade e a pureza formais e estruturais
Como cobertura usou-se as abóbadas de berço, as cúpulas, estas cobriam os grandes salões
À estrutura arquitetônica era aplicada a gramática formal clássica: ordens arquitetônicas; Frontões Triangulares, uma Decoração Simples; uma Monumentalidade de escala; uma Planimetria das Fachadas; uma geometria rigorosa das plantas e uma acentuação do corpo central da fachada.
Na decoração recorreu-se à pintura mural e ao relevo em estuque. A decoração foi contida e austera, tratava-se de uma decoração fundamentalmente estrutural. Nos espaços interiores singravam a organização.
PINTURA NEOCLÁSSICA
A Pintura Neoclássica emergiu em finais do séc. XVIII até meados do séc. XIX. Esta pintura surgiu pela razão e procurou o ideal clássico de beleza.
Os pintores neoclássicos adoptaram formas racionais onde a austeridade, a simplicidade e o geometrismo foram as notas mais dominantes.
Os temas representados era de: assuntos históricos, alegóricos, mitológicos, heróicos e o retrato.
As características desta pintura definem-se pela composição geometria, desenho rigoroso e linear, perfeccionismo técnico e pelo tratamento muito elaborado, da luz e do claro/escuro. Exprime, também, a predominância da linha, do contorno e do volume sobre a cor.
As cores são sóbrias e o tom geral é frio e sem variação cromática.
A estética é naturalista, imitando a vida e a natureza, é também definida pela idealização da realidade, pela adaptação e repetição de modelos absolutos e perfeitos.
Assim foi criado um conjunto de regras teóricas básicas para a Pintura Neoclássica, que mais tarde, rejeitadas pelos Românticos.
ESCULTURA NEOCLÁSSICA
A Escultura Neoclássica baseia-se na arte clássica sobretudo no período helenístico.
Os temas desta época eram, históricos; literários; mitológicos; e alegóricos.
Serviam-se de base para representar e retratar homens e mulheres com roupagens e poses semelhantes às dos clássicos.
Eram belas estátuas de corpos inteiros ou simples bustos e de relevos.
A estatuária representou também o papel de glorificação e publicidade de políticos e de pessoas públicas, pois colocada sobre pedestais, foram espalhadas pelas praças públicas das cidades e pelos seus cemitérios.
A escultura neoclássica copiou as formas de representação dos modelos clássicos com:
Fidelidade
Minúcia
Perfeição
Sentido Estético
Os corpos eram nus ou semi-nus, de formas reais, serenas composições simples, mas inexpressivos e impessoais.
Tecnicamente, são obras perfeitamente conseguidas, desde a concepção até ao acabamento rigoroso. Os relevos são de pouca profundidade.
O material principal era o mármore branco (mostrando pureza, limpidez e brilho) e em menor quantidade o bronze, ficando de fora a madeira.
NEOCLASSICISMO EM PORTUGAL
A reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755, deu origem à formação do estilo Pombalino, que, em grande parte por razões pragmáticas, integrou princípios inerentes à arte neoclássica. Porque era preciso construir rápido e de forma económica e também porque a tradição da arquitetura lisboeta era impregnada pelos modelos clássicos maneiristas.
O plano de reconstrução e os projetos-tipo apresentam uma síntese baseada na simplicidade, na simetria, e na repetição modular. Esta arquitetura ia ao encontro da estética do Neoclassicismo, principalmente no campo das tipologias civis.
Um novo impulso foi dado pelo trabalho dos arquitetos italianos na capital, que introduziram o gosto clássico e a sobriedade nas fachadas. José da Costa foi para Roma com o objetivo de procurar inspiração para projetar o Teatro de S. Carlos. Mas só depois da construção do Palácio da Ajuda, a partir do projeto final do italiano Fabri e de Silva se introduziu finalmente o Neoclacissimo em Portugal.
No Porto, os exemplos pioneiros são mais escassos mas não deixam de ser significativos. Ficaram a dever-se às relações com a Inglaterra através da comunidade britânica aí residente e ligada ao comércio do vinho do Porto.
Os primeiros edifícios neoclássicos portuenses são projetos de arquitetos e artistas ingleses, com o hospital de Santo António e a Feitoria Inglesa, e apresentam características comuns ao Neopaladianismo.
A influência bem como a extensão do estilo Pombalino originaram, no norte, obras como a Academia da Marinha, projetada por Carlos Amarante, e o Palácio das Carrancas, atualmente o Museu Soares dos Reis.
No contexto das belas-artes, a Pintura e a Escultura caracterizam-se pela influência romana, devido à ida de artistas portugueses para Roma, à existência de mestres estrangeiros em Portugal e à divulgação dos tratados clássicos.
Destacam-se nomes como os pintores Vieira Portuense e Domingos António de Sequeira e os escultores Machado de Castro e Joaquim José de Aguiar.
Os temas alegóricos, mitológicos e históricos e o retrato foram os mais divulgados. As obras do Palácio da Ajuda tornaram-se uma escola da arte neoclássica, que teve continuidade com o ensino na Academia de Belas-Artes e através da prática do Academismo.
Neoclassicismo – Movimento
Arquitetura
A arquitetura neoclássica sofreu influências das fconstruções greco-romanas e renascentistas italianas do final do século XVIII a meados do século XIX.
O movimento neoclássico em arquitetura iniciou-se por volta de 1730 com os arquitetos visitando a Itália e a Grécia; foi um retorno ao estilo clássico, superou o rococó, se tornou o estilo oficial da época.
Foi um estilo arquitetônico que mostrou a influência e o poder das novas classes dominantes, tendo como unanimidade o apoio da burguesia, enfraquecendo de modo geral a aristocracia.
Exemplos dessa arquitetura são as igrejas de Santa Genoveva, transformada depois no Panteão Nacional, e a Igreja de Madeleine, ambas em Paris.
Igreja de Santa Genoveva, hoje Panthéon
Igreja de Madeleine
Pintura
A pintura do período Neoclássico surgiu como reação ao Barroco e ao Rococó e caracteriza-se principalmente pela revalorização dos valores artísticos gregos e romanos.
A pintura era a forma artística menos cultivada na Grécia e Roma, em relação à escultura e à arquitetura. Os pintores neoclássicos tomaram então como modelo alguns maneiristas, como os Carracci, e principalmente certos renascentistas, como Rafael.
O estilo neoclássico na França recebeu forte auxílio dos ideais da Revolução Francesa de 1789 para se popularizar. Napoleão foi um grande incentivador do movimento, pressentiu as potencialidades do estilo neoclássico e submeteu-o ao poder imperial, o que deu origem ao que se convencionou chamar de “estilo império”.
De 1820 a 1850, já em decadência, o Neoclassicismo opôs-se ao Romantismo e, abrigado nas academias e escolas de belas-artes, confundiu-se com o academicismo e assim reagiu a todas as tendências de vanguarda, a começar pelo Impressionismo.
De um modo geral, a pintura neoclássica se caracteriza pelo predomínio do desenho e da forma sobre a cor, o que a distingue da arte romântica. É ilustrativa e literária, enquanto a romântica é expressiva e pitórica.
Destacam-se neste estilo: Jacques-Louis David e Jean-Auguste Dominique Ingres.
Escultura
Os escultores neoclássicos imitavam os antigos escultores gregos e davam uma grande importância ao drapeado e ao nu. Este estilo influenciou os monumentos públicos e cemitérios.
Em sua primeira fase, suas estátuas eram inspiradas em soldados, mulheres de túnicas e crianças. Na época de Napoleão, as figuras passaram a retratar cavaleiros em seus cavalos e bustos do imperador.
Suas estátuas possuíam movimentos e posições reais do corpo, uma expressão pensativa e melancólica em sua feições e suavidade em gestos e formas. O bronze, o mármore e a terracota eram os materiais mais usados em suas esculturas. O dinamarquês Bertel Thorvaldsen e o italiano Antonio Canova são os escultores que se destacam neste período.
Neoclassicismo – A Arte da Razão
O Neoclassicismo surgiu em meados do século XVIII como uma rejeição ao Rococó e ao Barroco tardio.
Os artistas neoclássicos queriam um estilo que conseguisse expressar ideias morais sérias, como, por exemplo, os conceitos de justiça, honra e patriotismo.
Ansiavam por recriar o estilo simples e majestoso da Grécia e da Roma antiga. Alguns obtiveram êxito, mas o movimento padecia de certa falta de vivacidade, um espírito de estreiteza acadêmica.
O Juramento dos Horácios, David
Este momento caracteriza-se principalmente pela revalorização dos valores artísticos gregos e romanos, provavelmente estimulada pelas escavações e descobertas que estavam sendo realizadas no período nos sítios arqueológicos de Pompeu, Herculano e Atenas.
Os heróis gregos e a simplicidade da arte eram alguns aspectos extremamente admirados dessas civilizações. A valorização do passado que o Movimento propôs é uma de suas principais características que levam a uma boa parte dos críticos crerem que o Neoclassicismo pode ser visto como uma face do Romantismo.
O aparecimento do Neoclassicismo também é considerado uma reação contra os exageros do Rococó, cultuando principalmente a razão, a ordem, a clareza, a nobreza e a pureza, atributos que acreditavam ser inerentes às culturas gregas e romanas.
A valorização desses aspectos parece ainda estar intimamente relacionada à época histórica do Movimento, chamado Iluminismo ou “Era da Razão”.
Arquitetura
O Portão de Brandenburgo, Langhans
Um dos trabalhos arquitetônicos considerados precursores do gosto neoclássico é a “Chiswick House”, em Middlesex, perto de Londres, construída por Lorde Burlington (1695 -1753) – que gozava de grande prestígio na época – e William Kent (1685 – 1748). Foi influenciada pela obra “Os Quatro livros de Arquitetura”, de Andrea Palladio (importante arquiteto renascentista) e inspirada na Villa Rotonda, também de Palladio.
Entretanto, o arqueólogo e arquiteto James Stuart (1713 – 1788) foi um dos primeiros a se utilizar deliberadamente de formas gregas. Inspirou-se no estilo dórico, construindo uma espécie de templo grego visto frontalmente em 1758.
Fora da Europa, o estilo neoclássico também encontrava adeptos. O terceiro presidente dos EUA, Thomas Jefferson (1743 – 1826) era também um arquiteto amador, afinado com as principais tendências europeias (britânicas em especial).
Projetou sua residência com várias características neoclássicas, além de estar associado à planificação de edifícios públicos, principalmente em Washington e Virgínia que também obedeceram ao movimento de revalorização da arquitetura grega.
O estilo neoclássico na França recebeu um grande auxílio dos ideais da Revolução Francesa de 1789 para se popularizar. O Barroco e o Rococó costumavam estar associados à aristocracia vencida, enquanto o neoclássico, baseado em construções de cidades como a democrática Atenas, era o estilo que deveria agradar ao país.
Napoleão foi um grande incentivador do movimento, estimulando construções como a Igreja de Maria Madalena, com inspirações clássicas como os templos coríntios romanos. Na arquitetura neoclássica alemã, destaca-se Karl Gotthard Langhans (1732 – 1808) e seu Portão Brandenburg, em Berlim, construído entre 1789 e 1794.
Pintura & Escultura
Ruínas Clássicas, Panini
Principalmente a partir do século XVIII, é importante ressaltar o fortalecimento das “Academias” como instituições de ensino de arte e organizadoras de exposições de trabalhos de seus membros. Foram extremamente importantes para a sobrevivência do Neoclassicismo na pintura e na escultura.
As Academias representam mais um elo da Arte com a racionalidade da Arte Neoclássica. As pessoas deveriam dirigir-se às Academias e aprender Arte. Este aprendizado se daria pelas técnicas (perspectiva, sombreamento, etc.) e pelas convenções (céu azul, terra ocre, etc.) ensinadas pelos professores destas academias, sempre de acordo com as ideias do Neoclassicismo.
Jacques-Louis David (1748 – 1825) é considerado um dos principais pintores neoclássicos, bastante prestigiado pelo governo após a revolução francesa, realizando trabalhos como desenhos de trajes e cenários para eventos oficiais, como o “Festival do Ser Supremo”, em que Robespierre autodenominava-se Sumo Sacerdote.
A Chegada do corpo do filho de Brutus, David
O espírito heroico dos gregos e romanos era um valor que os franceses gostariam que estivesse associado ao seu próprio país após a Revolução. David era ainda membro da Royal Academy. “Marat Assassinado”, de 1793, que de uma maneira simples representou heroicamente a morte do revolucionário (e amigo de David) Marat, assassinado por Charlotte Corday, é considerada uma de suas melhores obras.
Mostra o líder francês morto, debruçado em sua banheira, segurando uma petição (que provavelmente fora lhe dada por Charlotte na intenção de distraí-lo), uma caneta com a qual tencionava assinar o papel e a faca com que o crime fora realizado.
Entretanto, obras suas posteriores, como “Coroação de Napoleão e Josefina”, de 6.1 por 9.3 metros, com sua profusão de cores e pompa, realizada entre 1805 e 1807, já extrapolam o gosto neoclássico e a austeridade que marcam trabalhos anteriores.
Jean-Auguste Dominique Ingres (1780 – 1867) foi um dos alunos e seguidores de David e é outro importante pintor, também conhecido pelas discussões públicas que tinha com Delacroix, defendendo o Neoclassicismo enquanto seu rival defendia o Romantismo.
Suas obras eram marcadas principalmente pelo domínio técnico, precisão e clareza. Tinha profunda admiração pela antiguidade clássica e pelo trabalho de seu mestre, David. “A Banhista de Valpiçon”, de 1808, é um bom exemplo de seu trabalho, com suas formas, contornos, textura e composição simples, demonstrando alto domínio técnico ao representar uma mulher nua sentada numa cama.
“A Grande Odalisca, de 1814, é outro quadro de Ingres em que utiliza-se de uma mulher nua com contornos baseados na arte clássica. Entretanto, o próprio uso de uma figura como uma odalisca, exótica mulher ligada à cultura árabe, parece bastante próximo ao Romantismo, mais uma vez provando a tênue diferença que havia entre os dois movimentos.
Outras das principais características da pintura neoclássica são:
Tudo deve ter uma explicação, nada ocorre ou aparece por acaso nas obras de arte. As obras apresentam-se extremamente racionalizadas e cada figura tem seu papel, posição, iluminação, é pensada e repensada várias vezes para que se torne essencial e indispensável.
Sendo assim, as cenas são organizadas (idealizadas), nada fica na frente de ninguém, nada é supérfluo, não há exageros, as obras costumam apresentar uma visão frontal, havendo pouca movimentação.
Classicismo: tudo deve lembrar a Grécia e a Roma antiga (roupas, arquitetura, histórias, mitologia, corpos idealizados, etc.).
Os artistas são acusados de fazerem um estilo frio principalmente porque representam temas dramáticos da história clássica, sempre impregnados de um dilema racional, sempre preocupando-se em exaltar um valor, moral, virtude, etc.
O patriotismo é uma das virtudes mais valorizadas neste estilo, principalmente o greco-romano, que deveria ser copiado por todo o povo, bem ao encontro das necessidades e anseios da nova classe dominante da Revolução Francesa.
A representação da natureza geralmente obedece a um padrão, uma convenção criada pelas Academias de Belas Artes: o primeiro plano deve ser ocre, à medida que as coisas se distanciam, cria-se um véu azulado que vai se intensificando até tornar-se o azul do céu.
Os artistas procuram representar elementos que pertençam à cultura oriental, como, por exemplo, odaliscas, tapetes, figuras típicas, com trajes, armas, instrumentos musicais, etc. Esta característica é também repetida depois no estilo Romântico.
Outro tipo de tema bastante comum a esse estilo, é o histórico, porém as cenas tornam-se grandiosas, idealizadas, independente de realmente terem acontecido da forma representada.
Na escultura neoclássica não há grandes destaques. Um dos principais nomes da escultura do período, por exemplo, era Jean-Antoine Houdon (1741-1828), mas seus trabalhos, apesar de terem algumas características neoclássicas, não podem ser efetivamente enquadrados como obedientes a esse movimento.
Antonio Canova (1757 -1822) foi bastante ativo em defender os ideais neoclássicos, mas suas obras apesar serem consideradas efetivamente pertencentes à escola, não exercem a mesma atração que as pinturas do período.
Fonte: Infopedia 2.0 CD-ROM/www.exames.org/www.edukbr.com.br/www.ebec.edu.br