por Graziella Beting | ||||||
O COMANDANTE Julho de 1955. Num pequeno apartamento na Cidade do México, um jovem médico argentino conhece dois irmãos cubanos exilados. O grupo passa a noite falando sobre a revolução. No dia seguinte, o médico tinha um novo apelido, “Che”, e partilhava com os irmãos Castro um mesmo objetivo: libertar Cuba da ditadura do general Fulgencio Batista. Daí ao desembarque em Cuba, à instalação da guerrilha em Sierra Maestra, à entrada triunfal em Havana e ao discurso proferido na ONU, em 1964, foi todo um percurso de aprendizado, conquistas e derrotas. Esse é o período da vida de Che Guevara, retratado pelo filme Che, que estréia dia 20 no Brasil. Em tese, a obra pretende pintar um retrato do homem por trás do mito, sem estereótipos e humanizando o personagem. Che é a primeira parte de um díptico, dirigido por Steven Soderbergh (de Traffic). É um filme dividido em duas partes para não ficar com quatro horas e meia de duração. A seqüência, Che,a Guerrilha, que retrata a parte final da vida de Che chega ao Brasil em maio. O roteiro contou com a colaboração de Jon Lee Anderson, autor da mais completa biografia do revolucionário. Nas telas, Che é vivido por Benicio del Toro. O elenco conta ainda com Rodrigo Santoro, como Raúl Castro, e Demián Bichir, como Fidel Castro. “Nós não vamos fazer ninguém feliz”, diz Laura Bickford, uma das produtoras do filme. Ela sabe que um filme sobre Che, que pretende se ater ao personagem histórico evitando paixões, sempre vai deixar alguém descontente, detratores ou admiradores. O filme foi vaiado em Miami, por exilados cubanos, e ovacionado durante o festival de cinema de Havana. | ||||||
DIVULGAÇÃO | |
Tom Cruise, como Claus von Stauffenberg, o coronel prussiano que tentou matar Hitler | |
O CONSPIRADOR
Chega finalmente aos cinemasOperação Valquíria, filme sobre um dos mais interessantes e emblemáticos personagens da Segunda Guerra, o coronel alemão Claus von Stauffenberg. Devido a ferimentos sofridos em combate, ele tinha uma aparência extravagante, com tapa-olho e um gancho no lugar de uma das mãos. Foi, contudo, um dos maiores heróis da resistência alemã, símbolo do pequeno grupo de militares que tentaram resistir ao nazismo e assassinar Adolf Hitler (mais sobre o assunto em História Viva no 41).
O atentado quase deu certo. A mala com explosivos foi colocada ao lado do lugar no qual Hitler ficaria, durante reunião em seu quartel-general. Momentos antes da explosão, porém, a pasta foi afastada, e o Führer teve apenas ferimentos leves. O ataque revelou a tentativa de golpe de Estado, levando mais de cinco mil pessoas à prisão. Cerca de 200 foram executadas.
O título do filme de Bryan Singer é uma referência ao nome do plano para derrubar Hitler. Para não serem notados pelos serviços secretos, os conspiradores usaram como senha a palavra “Valquíria”, a mesma de um plano nazista de proteção a Berlim.
Com Tom Cruise no papel do coronel Stauffenberg, o filme teve seu lançamento adiado várias vezes, e a produção, muitas dificuldades. Primeiro, os herdeiros de Stauffenberg foram contra a escolha de Cruise para interpretar o papel, pelo fato de o ator ser um seguidor da cientologia – eles temiam que o filme fosse usado como propaganda da crença. Depois, acidentes durante a filmagem dificultaram a produção – já conturbada pela demora em conseguir das autoridades alemãs liberação para filmar no prédio de Bendlerblock, onde Von Stauffenberg e os outros conjurados arquitetaram seu plano e, também, onde foram executados. O local se tornou um símbolo da resistência antinazista alemã.
O JORNALISTA
Três anos depois de sua renúncia ao cargo de presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon aceitou a oferta (e o cachê) para participar de uma longa série de entrevistas realizadas pelo jornalista inglês David Frost. Foi para ele que o ex-presidente deu a tão esperada declaração que, de certa forma, lhe custou a presidência: para Frost, Nixon assumiu a culpa pelo escândalo das escutas do caso Watergate e pediu desculpas ao povo americano.
Segundo o diretor, o filme “fala de política, mas não trata de política. Trata da verdade”. Por isso, a produtora decidiu só lançar o filme nos EUA passadas as eleições presidenciais de novembro, para evitar qualquer paralelo.
Fonte: História Viva |