30.1.09

Protagonistas históricos na telona

A programação de cinema de fevereiro traz filmes inspirados em acontecimentos reais, do atentado contra Hitler, em 1944, à revolução cubana, em 1959


por Graziella Beting

Da esquerda para a direita: Demián Bichir, como Fidel Castro, Rodrigo Santoro, como Raúl Castro, e Benício del Toro, como Che Guevara, interpretando os guerrilheiros em Sierra Maestra
Eles são todos heróis, em maior ou menor medida: o revolucionário argentino, o conspirador alemão e o jornalista inglês que consegue uma entrevista reveladora com o presidente dos Estados Unidos são os personagens que ocupam os lançamentos deste mês nos cinemas. Mesmo com pouco em comum, entraram para a história por seus feitos ousados. Agora, chegam ao mesmo tempo aos cinemas.

O COMANDANTE
Julho de 1955. Num pequeno apartamento na Cidade do México, um jovem médico argentino conhece dois irmãos cubanos exilados. O grupo passa a noite falando sobre a revolução. No dia seguinte, o médico tinha um novo apelido, “Che”, e partilhava com os irmãos Castro um mesmo objetivo: libertar Cuba da ditadura do general Fulgencio Batista. 

Daí ao desembarque em Cuba, à instalação da guerrilha em Sierra Maestra, à entrada triunfal em Havana e ao discurso proferido na ONU, em 1964, foi todo um percurso de aprendizado, conquistas e derrotas. Esse é o período da vida de Che Guevara, retratado pelo filme 
Che, que estréia dia 20 no Brasil. Em tese, a obra pretende pintar um retrato do homem por trás do mito, sem estereótipos e humanizando o personagem. 

Che é a primeira parte de um díptico, dirigido por Steven Soderbergh (de Traffic). É um filme dividido em duas partes para não ficar com quatro horas e meia de duração. A seqüência, Che,a Guerrilha, que retrata a parte final da vida de Che chega ao Brasil em maio.

O roteiro contou com a colaboração de Jon Lee Anderson, autor da mais completa biografia do revolucionário. Nas telas, Che é vivido por Benicio del Toro. O elenco conta ainda com Rodrigo Santoro, como Raúl Castro, e Demián Bichir, como Fidel Castro. “Nós não vamos fazer ninguém feliz”, diz Laura Bickford, uma das produtoras do filme. Ela sabe que um filme sobre Che, que pretende se ater ao personagem histórico evitando paixões, sempre vai deixar alguém descontente, detratores ou admiradores. O filme foi vaiado em Miami, por exilados cubanos, e ovacionado durante o festival de cinema de Havana.

DIVULGAÇÃO
Tom Cruise, como Claus von Stauffenberg, o coronel prussiano que tentou matar Hitler


O CONSPIRADOR
Chega finalmente aos cinemas
Operação Valquíria, filme sobre um dos mais interessantes e emblemáticos personagens da Segunda Guerra, o coronel alemão Claus von Stauffenberg. Devido a ferimentos sofridos em combate, ele tinha uma aparência extravagante, com tapa-olho e um gancho no lugar de uma das mãos. Foi, contudo, um dos maiores heróis da resistência alemã, símbolo do pequeno grupo de militares que tentaram resistir ao nazismo e assassinar Adolf Hitler (mais sobre o assunto em História Viva no 41).

O atentado quase deu certo. A mala com explosivos foi colocada ao lado do lugar no qual Hitler ficaria, durante reunião em seu quartel-general. Momentos antes da explosão, porém, a pasta foi afastada, e o 
Führer teve apenas ferimentos leves. O ataque revelou a tentativa de golpe de Estado, levando mais de cinco mil pessoas à prisão. Cerca de 200 foram executadas.

O título do filme de Bryan Singer é uma referência ao nome do plano para derrubar Hitler. Para não serem notados pelos serviços secretos, os conspiradores usaram como senha a palavra “Valquíria”, a mesma de um plano nazista de proteção a Berlim.

Com Tom Cruise no papel do coronel Stauffenberg, o filme teve seu lançamento adiado várias vezes, e a produção, muitas dificuldades. Primeiro, os herdeiros de Stauffenberg foram contra a escolha de Cruise para interpretar o papel, pelo fato de o ator ser um seguidor da cientologia – eles temiam que o filme fosse usado como propaganda da crença. Depois, acidentes durante a filmagem dificultaram a produção – já conturbada pela demora em conseguir das autoridades alemãs liberação para filmar no prédio de Bendlerblock, onde Von Stauffenberg e os outros conjurados arquitetaram seu plano e, também, onde foram executados. O local se tornou um símbolo da resistência antinazista alemã.

O JORNALISTA
Três anos depois de sua renúncia ao cargo de presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon aceitou a oferta (e o cachê) para participar de uma longa série de entrevistas realizadas pelo jornalista inglês David Frost. Foi para ele que o ex-presidente deu a tão esperada declaração que, de certa forma, lhe custou a presidência: para Frost, Nixon assumiu a culpa pelo escândalo das escutas do caso Watergate e pediu desculpas ao povo americano.
Michael Sheen no papel de David Frost

O filme Frost/Nixon, de Ron Howard (de Código da Vinci), além de relatar os bastidores da famosa entrevista, explora o drama pessoal vivido por Nixon depois de deixar o poder.

Segundo o diretor, o filme “fala de política, mas não trata de política. Trata da verdade”. Por isso, a produtora decidiu só lançar o filme nos EUA passadas as eleições presidenciais de novembro, para evitar qualquer paralelo.



CHE (The Argentine, Estados Unidos/França/Espanha, 2008, 126 min.) Direção: Steven Soderbergh. Distribuição: Europa Filmes. Estréia prevista para 20 de fevereiro. OPERAÇÃO VALQUÍRIA (Valkyrie, EUA/Alemanha, 2008) Direção: Bryan Singer. Distribuição: Fox. Estréia prevista para 13 de fevereiro.FROST/NIXON (Frost/Nixon, EUA/Inglaterra/França, 2008, 122 min). Direção: Ron Howard. Distribuição: Universal Filmes. Estréia prevista para 20 de fevereiro.

Fonte: História Viva

29.1.09

Imprima o guia da reforma ortográfica

No dia 12 de janeiro, a Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou novas definições sobre o uso do hífen. Veja o arquivo aqui (ele está em pdfou acesse as mudanças diretamente aqui.

 

 

Trema – desaparece em todas as palavras                             
AntesDepois
Freqüente, lingüiça, agüentarFrequente, linguiça, aguentar

* Fica o acento em nomes como Müller

  

Acentuação 1 – some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte)
AntesDepois
Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléiaEuropeia, ideia, heroico, apoio, boia, asteroide, Coreia, estreia, joia, plateia, paranoia, jiboia, assembleia

* Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte)

   

Acentuação 2 – some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas
AntesDepois
Baiúca, bocaiúva, feiúraBaiuca, bocaiuva, feiura

* Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí

  

Acentuação 3 – some o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos)
AntesDepois
Crêem, dêem, lêem, vêem, prevêem, vôo, enjôosCreem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos

 

Acentuação 4 – some o acento diferencial
AntesDepois
Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côaPara, pela, pelo, polo, pera, coa

* Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo

 

Acentuação 5 – some o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, que, qui, de verbos como averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar
AntesDepois
Averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe vocêAverigue, apazigue, ele argui, enxague você

Observação: as demais regras de acentuação permanecem as mesmas

 

Hífen – veja como ficam as principais regras do hífen com prefixos:
PrefixosUsa hífenNão usa hífen
Agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra...Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo:auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotelEm todos os demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom
Hiper, inter, super

Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional

Em todos os demais casos:hiperinflação, supersônico
SubQuando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humanoEm todos os demais casos:subsecretário, subeditor
Vice

Sempre:

vice-rei, vice-presidente

 
Pan, circumQuando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-americano, circum-hospitalarEm todos os demais casos: pansexual, circuncisão

Fonte: professor Sérgio Nogueira

 

 

As novas regras ortográficas estão valendo desde o dia 1º de janeiro de 2009. De acordo com o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até 2012 valem as duas formas de escrever: a antiga e a nova. No Ano Novo começa o chamado “período de transição”. Portugal, que também aprovou o acordo ortográfico, adotará as novas regras até 2014.

 

O guia acima traz as mudanças que já estão definidas. Ainda há exceções - por exemplo, no uso do hífen - que deverão ser discutidas entre as Academias de Letras dos países que falam a língua portuguesa. Espera-se que a Academia Brasileira de Letras organize um vocabulário até fevereiro de 2009. 

Vale lembrar que o que muda é a grafia. Ou seja, nada de pronunciar “lin-gui-ça”. A fala continua a mesma, mesmo sem os dois pontinhos em cima do “u”.


Fonte: G1

Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL936903-5604,00-IMPRIMA+O+GUIA+DA+REFORMA+ORTOGRAFICA.html