27.11.09

Irmandades ajudaram escravos a influenciar cultura e religião do Brasil

Por muito tempo os historiadores acreditaram que, depois que os portugueses trouxeram os escravos para o Brasil, destruíram totalmente os laços que eles mantinham entre si e impuseram sua cultura e religião.


Por muito tempo os historiadores acreditaram que, depois que os portugueses trouxeram os escravos para o Brasil, destruíram totalmente os laços que eles mantinham entre si e impuseram sua cultura e religião. Contudo, uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP contribui para mostrar que essa visão tem seus erros. No inferno da sociedade escravista, as irmandades leigas - associações de devotos que não pertenciam ao clero - de negros eram um espaço onde os escravos conseguiam influenciar a cultura da colônia e preservar os próprios valores, rituais e laços de solidariedade. Nas irmandades, por meio da religião, relacionavam-se escravos africanos, escravos nascidos no Brasil, senhores e membros do clero, que participavam das reuniões. Michelle Comar, autora da tese, estudou o cotidiano dessas associações na cidade de São Paulo nos séculos XVIII e XIX. Ela pesquisou atas de reuniões, registros de contas e outros documentos no arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo, no arquivo do Instituto Historiográfico e Geográfico e na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do Largo do Paissandu. As três irmandades estudadas eram as de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de São Bendito e de Santa Efigênia / Santo Elesbão. As irmandades tinham direito de falar diretamente com o rei, ter igrejas e realizarem reuniões. A Igreja Católica incentivava sua criação, porque as irmandades traziam novos fiéis, construíam e ornamentavam igrejas e arcavam com os custos de missas. Cada irmão pagava uma taxa e deveria participar das festas e cultos em honra do santo padroeiro e ajudar os outros. Senhores de escravos também contribuíam. As irmandades forneciam um espaço onde os escravos não eram vistos como simples mão de obra barata. "Eles não eram vigiados pelos senhores e podiam até mesmo falar as suas línguas nativas", esclarece Michelle. Diferentemente do ambiente da senzala ou das missas, nas irmandades eles podiam expressar a sua fé, "colorindo-as" com tradições das suas regiões de origem, Congo e de Angola, no sudeste da África. Eles trouxeram para os rituais católicos roupas mais coloridas, cantos, danças e uma preocupação maior com a morte. Na cultura africana, o cuidado dos vivos com os mortos era muito importante. As suas almas deveriam ser homenageadas. Como um reflexo disso, as irmandades realizavam missas após morte de cada irmão e enterros bem organizados. Um outro ritual importante era a coroação dos reis e rainhas da irmandade. Esse casal, que ocupava os cargos mais importantes, era levado em um cortejo teatral pelas ruas da cidade, vestindo roupas européias e cantando e dançando segundo o ritual africano. Como a cultura do Brasil colonial era baseada na visão, essa era uma forma de influenciar a sociedade e contar a história do grupo. "Uma cultura não assimilou (engoliu) a outra. Houve uma troca entre os africanos, os nascidos no Brasil e os europeus", esclarece Michelle. Solidariedade Por intermédio das irmandades, os escravos podiam preservar a solidariedade para com os seus iguais, um traço forte na cultura do Congo e Angola. A irmandade apoiava o irmão e, muitas vezes, sua família em ocasiões como casamentos, nascimentos e morte. "Quando um irmão ou irmã eram muito perseguidos por seus senhores, a irmandade pagava a sua alforria, libertando-o", conta Michelle. "Não era possível lutar contra toda a sociedade escravista, mas as irmandades faziam esforços para aliviar a opressão." Os irmãos que pagavam anuidade tinham direito a acompanhamento do caixão, um espaço no solo dos cemitérios e velas, comprados pela irmandade. "Houve um momento em que morriam tantos escravos que, algumas vezes, os senhores não os enterravam e jogavam os corpos nas frentes das igrejas", explica Michelle. "Para aquelas pessoas, era pavoroso que um parente seu não tivesse um sepultamento". Depois de algum tempo, as irmandades tinham uma igreja, ornamentos, os suportes para caixão, o guião (bandeira) da irmandade e o solo do cemitério. Era a garantia de que nenhum irmão ficaria sem ser enterrado. As irmandades também ajudavam a transmitir a cultura do Congo e Angola no Brasil. "Se os africanos que chegavam à colônia não tivessem um espaço para encontrar os que já estavam aqui, não haveria uma manutenção da cultura", diz Michelle. "Poderiam, por exemplo, deixar morrer o cuidado que deveria haver com o seu irmão de nação e tribo, já que as relações estavam esfaceladas pelo tráfico". Além disso, os africanos que chegavam primeiro ensinavam como agir no novo ambiente. As irmandades negras surgiram em cidades de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo. Muitas delas estão vivas até hoje. Em São Paulo, a irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos está ativa desde 2 de janeiro de 1711. Em 298 anos, a irmandade construiu duas igrejas: uma, no Largo do Rosário (atual Praça Antonio Prado), foi destruída pela prefeitura para virar estacionamento; a outra, no largo do Paissandu permanece de pé. A pesquisa, orientada pela professora Marina de Melo e Souza, está disponível na Biblioteca digital de Teses e Dissertações da USP.

Fonte: portal Ciência & Vida

Revolução Industrial Seus Efeitos na Sociedade

A revolução industrial, ocorreu na Inglaterra na segunda metade do século XVII , para alguns historiadores foi o inicio do capitalismo e o fim do feudalismo. Foi também um processo onde o desenvolvimento tecnológico veio substituir o modo de produção doméstico.

As primeiras conseqüências da revolução industrial foram à migração da população campesina para a cidade provocando dessa forma o aumento da população urbana, gerando assim o desenvolvimento urbano. Esse deslocamento de grandes massas de trabalhadores rurais e sem qualificação profissional fez com que muitos ficassem em condições miseráveis de trabalho e submetendo-se a grandes jornadas trabalhistas.

Os artesãos que antes ditavam seu ritmo de trabalho, agora eram obrigados a submeter-se a disciplina das fabricas. Passaram também a sofrer concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenizações.Em conseqüência fortaleceram-se o poder econômico, social e político dos grandes empresários, que pagavam baixos salários pela força de trabalho.

A mecanização tornou os métodos de produção mais eficientes com a aplicação de inovações técnicas no campo da industria e com o descobrimento de uma inovadora fonte de energia produzida pelo vapor. Os produtos passaram a ser produzido mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana.

Ocorreu também uma enorme expansão do comércio que foi favorecida pela melhoria das rotas de transportes. A aplicação de novas invenções de meios de transportes terrestres e marítimos influenciaram o acesso a mercados cada vez mais distantes. Gerando assim uma ampliação da dimensão dos mercados estrangeiros, acompanhada de uma nova divisão do trabalho.

Fonte: Webartigos.com | Textos e artigos gratuitos, conteúdo livre para reprodução. 1

História do Piano

Piano

O piano é muito conhecido hoje em dia talvez por ter sido o principal instrumento usado por importantes músicos da história, como Mozart e Beethoven. Munido de um teclado geralmente composto por 88 teclas, o mesmo é um instrumento musical de corda percutida. O som é gerado pelo acionamento dos martelos de madeira, que percutem as cordas em seu interior.

O piano foi criado pelo inventor italiano Bartolomeu Cristofori, por volta de 1700. Cristofori procurou idealizar uma evolução do cravo, um instrumento bastante parecido com o piano, porém em que as cordas eram tangidas por bicos de penas. A principal diferença entre os dois instrumentos é que o piano é capaz de emitir sons suaves ou fortes, de acordo com a intensidade do músico, enquanto o cravo, não. É aí que encontramos a origem da palavra “piano”, que em italiano significa “suavemente”.

Os primeiros pianos eram bastante precários. Em 1783, o instrumento sofreu uma grande evolução quando o inglês John Brodwood criou o pedal surdina e o pedal direito. Outro avanço se deu em 1821, com o francês Sébastien Erhard, que criou um mecanismo que permitia o toque de uma tecla repetidamente.

A segunda metade do século XIX serviu para o aperfeiçoamento e para a introdução destas novas idéias nos modelos fabricados. No século XX, o piano já era um dos principais instrumentos musicais, um resultado de sua versatilidade e grande aplicação na música ocidental.

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JESSE JAMES

Jesse James: um criminoso que se transformou em mártir norte-americano.
A história dos Estados Unidos esteve repleta de heróis que bravamente lutaram pela consolidação da pátria e do progresso da nação norte-americana. No entanto, entre tantos personagens heróicos temos a figura de um bandido que desafiou a lei se opondo à ordem e à lei impostas para proteger a predestinada nação. Seu nome era Jesse James e, durante o século XIX, se transformou em um mito marginal dos EUA.

O heroísmo de Jesse James teve início com os conflitos da Guerra Civil dos Estados Unidos (1861 – 1865). Na época dos confrontos, o jovem James fazia parte de um grupo liderado por Willian Quantril. O grupo de Quantril agia em defesa dos confederados na região do Missouri. Entre outras atribuições, o bando realizava emboscadas contra os militares ianques, interceptava as correspondências oficias do governo e atacava os barcos que cruzavam o Rio Missouri.

Mesmo agindo em prol dos interesses dos confederados na Guerra Civil, esses bandos não tinham qualquer tipo de vinculação formal a instituições militares desse grupo. Com o fim do conflito, Jesse se viu obrigado a integrar algum bando criminoso que lhe pudesse garantir algum sustento. Foi quando, com apenas dezessete anos, integrou-se em uma gangue de assassinos liderada por “Bloody Bill” Anderson. Nesse tempo aprendeu a assaltar, planejar ações criminosas e posicionar homens durante um confronto.

Depois de ser considerado um fora-da-lei pelas autoridades dos Estados Unidos, Jesse e seu irmão Frank foram intimados a comparecer a julgamento. Quando foram buscados pelas autoridades policiais, seu irmão resolveu se entregar, Jesse não. Durante a fuga foi ferido e, esperando que morresse, foi liberado para visitar seus familiares no Estado do Kentucky. Em pouco tempo recuperou-se do ferimento e formou um novo grupo que saiu realizando assaltos a banco, roubo de cargas e propriedades.

Entre 1866 e 1869, o bando de Jesse James fez uma série de assaltos que lhes renderam uma significativa quantidade de dinheiro. No entanto, em um último assalto feito nesse período, Jesse foi tomado por um acesso de fúria ao deparar-se com um caixa semelhante a um de seus maiores inimigos. Depois disso, os crimes do bando passaram a contar com terríveis requintes de crueldade.

Inconformados com o sucesso da carreira criminosa de Jessé, um grupo de banqueiros resolveu contratar os serviços da Agência de Detetives Pinkerton. Entretanto, a ação dos detetives não foi muito bem sucedida. Em menos de uma semana, três dos investigadores da agência foram mortos pelo bando de Jessé. Depois disso, os agentes resolveram montar um cerco na casa de sua família.

Em certa ocasião, os detetives acreditavam que o afamado bandido se encontrava no interior da casa. Com isso, os detetives lançaram uma bomba dentro da residência. A ação não foi bem sucedida e acabou matando um irmão de oito anos de Jesse e arrancando um braço de sua mãe.

No ano de 1876, todo o bando de Jesse foi assassinado em uma tentativa de assalto. Os únicos sobreviventes foram Jessé e seu irmão Frank, que resolveram fugir com nomes falsos. Formaram um novo bando criminoso que chamou a atenção das autoridades do Missouri. A volta do mito criminoso impeliu as autoridades a oferecerem uma recompensa de cinco mil dólares pela prisão de um dos irmãos.

Fonte: Mundo Educação

Robert e Charles Ford, dois integrantes do bando, arquitetaram o plano que daria fim ao afamado criminoso. Com a garantia de perdão do governador do Missouri, os Ford foram ao encontro da família James na cidade de St. Joseph. Esperando um momento em que Jesse estivesse sem a sua arma, os Ford permaneceram na casa do líder do bando.

Em dado momento, quando Jesse limpava um quadro, Robert Ford aproveitou para disparar um tiro em sua cabeça. Meses depois do assassinato, Frank James se entregou às autoridades policias. Ao contrário do que se esperava, a forma brutal como Jesse foi assassinado, impeliu as autoridades a inocentar Frank de todos os seus crimes. Com o passar do tempo, Jesse se transformou em um mártir que parecia contestar as autoridades da época.

Schiller e a educação estética da humanidade

Como tantos outros escritores, intelectuais e artistas alemães do final do século XVIII, o poeta suábio Friedrich Schiller mostrou-se um entusiasta da Revolução Francesa de 1789. Considerou-a um marco da Idade da Razão. Em 1792, a Convenção Nacional em Paris chegou a dignificá-lo com o titulo de ‘cidadão honorário’. Todavia, os dramáticos e sangrentos episódios que se seguiram ao aprisionamento e a condenação do rei Luis XVI, fizeram-no refletir com mais cuidado sobre os descaminhos que Robespierre conduzia a França. Disto resultou sua hoje clássica abordagem sobre a relação entre estética e política, redigida a partir de 1793.


A questão da estética


O meio escolhido por Schiller – vivendo então em Weimar - para expor suas considerações sobre o que estava acontecendo no país vizinho foi uma série de cartas que ele começou a redigir a partir de fevereiro de 1793 – justamente na época em que o rei cativo, colocado na barra do tribunal da Convenção, fora condenado à guilhotina. Para o poeta as coisas estavam claras: a Revolução era um momento extraordinário da humanidade que infelizmente encontrara ‘um povo pequeno’ para executar o seu programa generoso e emancipador. E esta tragédia devia-se a carência de subjetividade por parte das massas francesas: a pobreza espiritual e cultural delas.


Se elas fossem dotadas de uma formação elevada, se houvesse cidadãos suficientemente instruídos na Arte Clássica e que dominassem os verdadeiros princípios dela, eles poderiam ser contidos, reprimidos e até perseguidos, mas a tirania não conseguiria governá-los como Robespierre o fazia naquele momento.


Por tanto, no entender dele, a estética entrava na ordem do dia como um poderoso componente político objetivo na formação do povo, na tarefa de fazê-lo melhor, habilitando-o a resistir aos desatinos do tirano.


E uma das suas funções seria remover-lhe o egoísmo – tão celebrado pelos economistas políticos ingleses – para educá-lo no principio da solidariedade e da compaixão (adesão a uma tese de Lessing, segundo a qual a encenação teatral, particularmente o gênero trágico, tinha como objetivo despertar a ternura e empatia do público para com os padecimentos do herói caído).

A estética

Friedrich Schiller (1759-1805)
A estética, entendida de modo simplificado como a ciência do belo, começou a ser cultiva entre os filósofos e pensadores alemães a partir da publicação do livro de Alexander G. Baumgarten (falecido em 1762) intitulado Meditações Filosóficas Sobre as Questões da Obra Poética, surgido em 1738, e reafirmada em pela aparição da obra Aesthetica ( escrita entre 1750-1758), em dois tomos, a ciência que trata do conhecimento sensorial que ambiciona à apreensão do belo e se expressa nas imagens da arte, em contraposição à lógica herdada do racionalismo francês tida como ciência do saber cognitivo.


O mundo intelectual germânico da época deslumbrou-se com o novo continente especulativo que se lhe abriu pela frente. Desde então, não houve homem de letras – de Kant, Hegel, Schopenhauer a Brecht e Adorno - que não tenha ariscado um ensaio ou um erudito tratado abordando as questões da estética. (*)


Schiller, por igual, não resistiu a deixar a sua marca, que como se viu estava profundamente comprometidade pela onda de violentas emoções que vinham sem cessar da França revolucionária e em pé-de-guerra. Inspirado nos estudos que fizera da filosofia kantiana, escolheu como veículo para exposição das suas idéias um conjunto de 27 cartas que remeteu ao seu protetor o conde de Augustenburg, editadas com o titulo de
Briefe über die ästhetische Erziehung des Menschen (‘Cartas sobre a educação estética da humanidade’), em 1795.


De certo modo, pode-se dizer que ele tentou contrapor ao empenho do poder do tirano, um liberticida, às virtudes educativas do grande poeta, comprometido inteiramente com a liberdade dos homens.


Estava implicito nesta especulação o papel sensivel e único desempenhado pelo artista. Ele, fosse um versador, compositor ou pintor, era o elemento fundamental que gerava os efeitos extraordinários da beleza difundindo-a junto a população, resgatando-a do maleficios do estado da natureza pura.


Procurou também distinguir-se das exigencias morais de Kant em torno do dever – que derivavam do conceito dele do
kategorische Imperativ, o imperativo categórico – que Schiller entendia serem excessivamente rigidias, que lembravam mais as regras monacais do que uma boa e sensivel ordem da razão. Para tanto, suavisou as imposições do dever compondo-as com os preceitos da liberdade.

(*) O estudo da estética, palavra derivada do grego aesthesis, que significa sentimento, sencibilidade, foi percebida pelos pensadores alemães como um caminho para alcançar o conhecimento que servisse de alternativa a defendida pelos intelectuais iluminstas franceses, concentrada basicamente nas conclusões da razão.

Em busca do Estado Estético


Schiller, entretanto, estabelece quais seriam as condições básicas que fariam com que um artista realmente se transformasse num poeta de excelência, habilitado a exercer o extraordinário papel de guia para impelir as massas a transitar do Estado da Necessidade, dominado pelo dia-a-dia, pela materialidade e pelas exigências da sobrevivência mais comezinha, para a magnitude do Estado Estético (etapa que antecede o Estado Político, identificado pela plenitude da liberdade).

Satisfeitas as condições da espiritualidade, adquirindo cultura, o povo instruído jamais se curvaria frente ao despotismo (no fundo um sonho utópico dele).


O Estado Estético, por igual, teria outra finalidade: a de contrabalançar com a arte a crescente mentalidade utilitarista e mercantilista que invadia as relações sociais do seu tempo. ‘A utilidade’, escreveu ele, ‘ é o grande ídolo da época; ela exige que todas as forças lhe sejam submetidas e que todos os talentos lhe prestem homenagem’, concluindo que o mérito espiritual da arte é um tanto irrisória em meio ‘ a quermesse ruidosa do século’. (**)


Lamentava, todavia, as circunstâncias em que a maioria vivia, pois a atividade profissional fazia com que cada um tivesse apenas uma ‘formação fragmentada’, isolando-os da totalidade, fazendo do homem ‘apenas um reflexo de sua profissão, de sua ciência. Havia, por detrás de tudo, um enorme maquinismo frio de uma organização social que força todos a aceitar a lógica do rendimento econômico, provocando vidas mutiladas e ressentimento da parte daqueles que se viam excluídos das benesses culturais usufruídas pela elite. Nestas circunstâncias, era preciso ativar o estado para que ele desenvolvesse as condições que permitiram à maioria, independentemente da origem social ou da fortuna, beneficiar-se com a contemplação do belo.


(**) A citação de Marc Jimenez ‘ O que é estética’, p. 156, extraída das ‘Cartas’ de Schiller. Herbert Marcuse, muitos anos depois, no seu ‘Eros e Civilização’, de 1955, talvez com um tanto de exagero, apontou Schiller como um dos precursores do pensamento humanista de vertente iluminista que tentou antepor-se às exigências crescentes da tecnologia alienante e da lógica do capitalismo (posição que seria exacerbada pelos integrantes da Escola de Frankfurt, a partir dos anos de 1930).

Idealizar a si mesmo

Beethoven, artista consciente da sua importância
Somente estaria habilitado a tal encargo – o de vir a constituir o Estado Estético - aquele que idealiza a si mesmo no momento em que se dedica à grande arte. É preciso que o artista, o poeta, o músico, se enobreça imbuído da notável incumbência que tem pela frente: a de se transformar num homem-ideal! Se não alcançar fazer isto ele certamente não irá conquistar audiência nem formar um público. Schiller abria assim, naquela sociedade de tradição feudal, marcada pela hierarquia determinada pela herança e pelo nascimento, um espaço especial para o artista que, independente da aristocracia de sangue e da nobreza de toga, formaria uma nova fidalguia empenhada em orientar os destinos estéticos da sociedade (proposta que teve aberta acolhida junto a Beethoven).


A posição dele, do artista, é excepcional na medida em que ao trabalhar com as emoções. Ao sensibilizar as platéias, tem o ‘poder de mudar o povo’. Inevitavelmente ele fracassará se não tiver a consciência desta profunda convicção dele se tornar num homem-ideal. A autovalorização (diríamos, a enorme projeção do ego) é pré-condição fundamental para o exercício da grande arte, ao tempo em que nunca o autor deve perder o horizonte de que sua obrigação maior visa o interesse e a verdade universal da humanidade.


Todos os vultos das artes, fosse um Bach ou Goethe, estavam imbuídos dos mais altos ideais humanos sem os quais não teriam atingido a excelência e a imortalidade. Portanto, insiste, o que se escreve ou se compõe visa nada menos do que o enobrecimento da humanidade.


A grande-alma


Tendo isto em vista, o vocacionado às artes deve buscar por si mesmo chegar à beleza, à verdade e ao conhecimento, fundamentalmente para tornar-se uma pessoa melhor, compassiva. A bela alma torna-se a mais feliz, ou somente vem a se realizar, quando promove o surgimento de outras almas iguais a ela, ajudando as pessoas a se aperfeiçoarem e se transformarem, visto que a
grösse Kunstwerk, a Grande Tarefa da Arte, é construir a liberdade política da humanidade. (*)


A beleza por sua vez deve ser demonstrável como uma condição necessária a todos, pois ‘sem beleza nós não somos humanos’, sendo que ‘sem beleza na arte, sem beleza nas relações sociais, sem beleza na nossa alma, nós não faremos as coisas certas’. Ela é o elemento fundamental na tarefa de burilar a pedra bruta que é o ser humano em seu estado primário e natural para convertê-lo, graças ao domínio racional das pulsões, em cidadão do Estado Estético.


Passar, pois, pela experiência do belo é fundamental. Visto que ele enobrece o progresso da moralidade e, por conseguinte, o progresso da razão. Como assegurou na Carta VIII, ‘ a formação da sensibilidade’ era ‘ a necessidade mais premente da época’ porque ‘desperta para a própria melhora do conhecimento’. Schiller procurou dar um status à estética similar ao que a ética gozava junto aos iluministas, ardorosos defensores do aperfeiçoamento moral dos seres humanos.


Como exemplo da bela alma, Schiller lembrou-se do Bom Samaritano, o individuo que simplesmente promove o bem ao próximo sem ficar pensando se deve ou não fazê-lo. É a espontaneidade do gesto que a identifica não sua racionalidade.

Paidéia

Estátua de Schiller, o poeta como educador do povo
O discurso dele afina-se, pois, com a antiga idéia grega do poeta como educador do povo, como o principal agente da Paidéia (da formação geral, educativa e cultural), responsável pelo destino da nação a que pertence e como emancipador da humanidade como um todo. Otto Maria Carpeaux afirmou que Schiller teve na Alemanha o mesmo papel que Jean Jacques Rousseau assumira na França do seu tempo: educar e formar o novo cidadão que emergia por influência do Século das Luzes. Tornaram-se os pedagogos dos seus respectivos povos, sendo que seus conselhos, suas frases e ditos foram sempre repetidos no intento de instituir uma moral cívica em consonância com um momento histórico que se afinava com a tolerância religiosa e o liberalismo filosófico. Ambos foram pensadores anti-dogmáticos que procuraram ilustrar seus concidadãos para uma outra era, livre das ingerências do clero e do despotismo dos grandes.


(*) Anteriormente às Cartas sobre a estética, Schiller já havia composto um longo poema intitulado Die Kunstler, O Artista, de 1787, para demonstrar o notável papel civilizador que a arte exerce.


Bibliografia

Carpeaux, Otto Maria – História da Literatura Ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1978, 2ª, Vol. 4

Kant, I. - Crítica da faculdade de juízo. São Paulo: Forense, 2005

Ludwig, Emil – Goethe. Porto Alegre: Editora Globo, 1949, 2 vols.

Lukács, Geörgy. Estética 1 – La pecularidad de lo estético. Barcelona: Ediciones
Grijaldo, 1982.

Martin, Nicholas – Nietzsche and Schiller: untimely aesthetics. Oxford University Press, 1996.

Schiller, F. – Cartas sobre a educação estética da humanidade. São Paulo: EPU, 1991.

Zepp-LaRouche, Helga- Political revolution requires aesthetic education of man. Instituto Schiller.


Fonte: Terra

25.11.09

10 invenções da China Antiga


ós não percebemos como muitas coisas são importantes para nós no mundo moderno. Cabos de fibra ótica entregam enormes quantidades de informação quase à velocidade da luz. Você pode entrar em seu carro e falar seu destino a um sistema de navegação GPS, e uma voz digitalizada sem vida dita orientações fáceis de seguir. Nós temos isso bem aqui no século 21.
Por conta de invenções como os navegadores GPS, estaríamos nos esquecendo da contribuição de antigas culturas para a base do que construímos hoje?Roberta Casaliggi/iStockphoto
Por conta de invenções como os navegadores GPS, estaríamos nos esquecendo da contribuição de antigas culturas para a base do que construímos hoje?
À medida que o tempo passa, fica mais fácil ignorar as contribuições daqueles que vieram antes de nós. Ainda no século 19, Charles Duell, o responsável pelas patentes dos EUA, supostamente observou que tudo o que poderia ser inventado já havia sido inventado.
Se Duell disse mesmo tal coisa, ele claramente estava por fora. Os séculos 20 e 21 viram enormes explosões de inventidade. Contudo, suas supostas palavras também revelaram uma compreensão do que parece ter sido perdido. Ele compreendia que os humanos tinham vivido flashes de brilhantismo e fizeram descobertas importantes através da história. Ele também entendia que esses avanços tinham acelerado tanto o progresso humano, que tudo o que se seguiu a partir deles parece ter sido construído sobre a fundação fornecida por essas invenções antigas.
Talvez nenhuma outra civilização antiga tenha contribuído mais para o avanço do progresso humano do que a chinesa. Aqui estão dez das maiores invenções dessa antiga nação, sem nenhuma ordem específica.

1 - Pólvora

Agradeça aos alquimistas chineses pelos fogos de artifício - e pelas balas. Afinal, a pólvora é uma invenção delesBryanStelling / iStockphoto
Agradeça aos alquimistas chineses pelos fogos de artifício e pelos projéteis
Vamos começar com a, provavelmente, mais famosa invenção da antiga China. Diz a lenda que a pólvora foi descoberta acidentalmente por alquimistas procurando por uma cocção que poderia dar aos humanos a imortalidade(a busca de todos os alquimistas, desde o início dos tempos). Ironicamente, esses alquimistas acabaram tropeçando acidentalmente em uma invenção que poderia facilmente tirar a vida humana.
A pólvora primitiva era feita de uma mistura de nitrato de potássio (salitre), carvão e enxofre, e foi descrita em 1044 no livro "Collection of the Most Important Military Techniques", compilado por Zeng Goliang [fonte: Embaixada da China na África do Sul]. Considera-se que a descoberta da pólvora tenha ocorrido muito antes, já que Zeng descreve três diferentes misturas de pólvora, e os chineses usavam-na para sinalização e fogos de artifício antes de que ela fosse usada para fins militares em granadas rudimentares.
Com o tempo, percebemos que metal adicionado à mistura criava cores brilhantes em explosões de pólvora e - cabuum! - nasciam as exibições de fogos de artifícios modernos. A mistura também se mostrou um explosivo conveniente para projéteis como balas.

2 - Bússola

A bússola inventada pelos antigos chineses era usada para ler o destino da pessoaRichard Cano/iStockphoto
A bússola inventada pelos antigos chineses era usada para ler o destino de uma pessoa
Onde estaríamos sem a bússola? Perdidos, é onde estaríamos. Aqueles de nós que pratica caminhada em florestas ou voa em vários tipos de aeronaves têm de agradecer aos chineses por nos guiar para casa em segurança.
Originalmente, os chineses criaram suas bússolas apontando para o sul verdadeiro. Isso porque eles consideravam o sul, não o norte, sua direção cardinal [fonte: Wright]. As primeiras bússolas foram criadas no século 4 a.C. e eram feitas de magneto.
A simples existência desso magneto é o resultado de um pouco de sorte. O magneto é um tipo de magnetita (combinação natural de ferro magnético) que se torna altamente magnetizada quando atingida por um relâmpago [fonte: Wasilewski]. O resultado é um mineral que é magnetizado em direção aos pólos norte e sul. Nós não sabemos com precisão quem teve a brilhante ideia de diferenciar a direção usando o magneto, mas evidências arqueológicas apontam para as damas chinesas que balançavam em um trampolim. As damas apontariam a direção da harmonia interior para os antigos profetas chineses.

3 - Papel

Não está exatamente claro que surgiu primeiro com a ideias de converter pensamentos em linguagem escrita. Há uma disputa acirrada entre os sumérios, na Mesopotâmia, os harappeanos do Vale do Indo (hoje Afeganistão), e os quemitas, no Egito, para ser os primeiros a formular a linguagem escrita. O que sabemos é que as primeiras linguagens parecem ter surgido cerca de 5.000 anos atrás. Alguém pode até alegar que ela data de muito antes disso - e é, se forem incluídas expressões artísticas, como as pinturas de cavernas, como forma de linguagem escrita. Uma vez que a linguagem começou a se desenvolver, porém, os humanos escreviam em qualquer coisa que fosse grande o bastante: placas de argila, bambu, papiro e pedras eram algumas das superfícies de escrita primitivas.
Sem o papel, os piratas não poderiam fazer mapas do tesouro© Gustaf Brundin / iStockphoto
Sem o papel, os piratas não poderiam fazer mapas do tesouro
As coisas mudaram depois que os chineses - especificamente um homem chamado Cai Lun, oficial da corte do imperador - inventaram o protótipo de papel moderno. Antes do passo revolucionário de Cai, os chineses escreviam em finas tiras de bambú e de seda, mas em 105 d.C., ele criou uma mistura de fibras de madeira e água que é considerada o predecessor do papel como o conhecemos. O método de Cai consistia da mistura de diferentes tipos de fibras, como madeira de amoreira, cânhamo e tecido com água, que era triturada até que as fibras fossem completamente separadas. Essas fibras eram dispostas sobre um molde retangular poroso e prensadas para separar a água e obter a união das fibras. O resultado era um papel rugoso. O que exatamente Cai Lun escreveu nesse pedaço de papel é um mistério.

4 - Macarrão?

Todo mundo acha que o macarrão é uma invenção italiana, mas ela foi importada da china pelo explorador Marco Polo© Elena Elisseeva / iStockphoto
Todo mundo acha que o macarrão é uma invenção italiana, mas ele foi importado da China pelo explorador Marco Polo
Qualquer pessoa que ame um belo prto de espaguete com molho de tomate e manjericão pode querer tirar o chapéu para os antigos chineses por terem inventado a massa - não os italianos, como você pode ter suspeitado. Os italianos, ou melhor, o italiano e explorador Marco Polo, é quem levou o macarrão da China para a Itália, onde o alimento foi adotado e alterado com tamanha propriedade que parece ter sido inventado por lá.
O tema ainda está em discussão, mas parece que os chineses batem os italianos e os árabes por cerca de 2.000 anos. Em 2006, arqueólogos escavando uma área de 4.000 anos em Lajia, na província de Qinghai, perto da fronteira tibetana, descobriram uma tijela de macarrão fibroso virada de cabeça para baixo enterrada sob dez palmos de terra [fonte: Roach].
O macarrão recém-descoberto pode ser o mais antigo do mundo. É feito de dois tipos de grão de painço, que foram cultivados na China por cerca de 7.000 anos. O mais interessante é que até hoje os chineses ainda usam esses grãos para fazer o macarrão.

5 - Carrinho de mão

Os chineses também são responsáveis por aliviar o fardo dos humanos ao redor do mundo e através dos tempos com o carrinho de mão. O general Jugo Liang, que viveu durante a Dinastia Han, leva o crédito por aparecer com o conceito de um carro de uma roda usado para carregar objetos pesados no século 2. A concepção de Jugo perdeu o marco por pouco; ele não adicionou ao carro os braços que vieram depois de sua invenção ser refinada. Ainda assim, Jugo bateu os europeus por cerca de mil anos com seu carrinho de mão.
O carrinho de mão, hoje ferramenta essencial na construção civil, foi usado como instrumento de guerra© Claudio Arnese / iStockphoto
O carrinho de mão, hoje ferramenta que alivia o fardo humano, era usado como instrumento de guerra pelos antigos chineses
Originalmente, o veículo estava destinado a propósitos militares. Reconhecendo as vantagens físicas que o carrinho de mão dava a seus exércitos sobre qualquer inimigo - eles eram usados como barricadas móveis e como meio de transporte -, os chineses mantiveram sua invenção em segredo por séculos.
Uma antiga lenda popular também dá crédito pela invenção do carrinho de mão a um fazendeiro do Século 1 a.C. chamado Ko Yu [fonte: Leinhard]. Embora sua existência seja questionável, há um ponto em comum entre Jugo e Ko: como o general, o fazendeiro manteve secreto o seu carrinho de mão ao descrevê-lo em código.

6 - Sismógrafo

O primeiro sismógrafo, de bronze, foi criado pelo imperador Chang Heng, no segundo século da Dinastia Henjamesbenet / iStockphoto
O primeiro sismógrafo, um receptáculo pesado de bronze, foi criado pelo astrônomo Chang Heng, no segundo século da Dinastia Han
Embora os chineses não pudessem dizer a ninguém quanto exatamente um terremoto media na escala Richter (criada apenas em 1935), eles conseguiram inventar o primeiro detector de terremotos do mundo - um sismógrafo. Não apenas o astrônomo imperial Chang Heng criou o sismógrafo durante o segundo século da Dinastia Han como ele criou um sismógrafo magnífico.
A criação de Heng era um receptáculo de bronze pesado com nove dragões olhando para baixo entalhados em seu exterior. Os dragões estavam espaçados de forma equidistante no instrumento, e abaixo de cada dragão um sapo separado dele olhava para cima com a boca aberta. Dentro do receptáculo, um pêndulo ficava suspenso sem movimento até que um tremor o movesse. Nesse momento, o balanço do pêndulo acionava as alavancas internas em movimento. Isso acionaria o gatilho para a liberação de uma bola presa na boca do dragão olhando para a direção do epicentro do furacão. A bola então cairia na boca do sapo diretamente abaixo dela [fonte: Xinhua News Agency]. Esse primeiro sismógrafo parece um pouco básico, mas levaria outros 1.500 anos até que as nações ocidentais desenvolvessem suas próprias versões [fonte: Asia Central].

7 - Álcool

Vinho, cerveja, licor, etanol. Brindemos a essa invenção chinesa!© Alexey Lysenko / iStockphoto
Vinho, cerveja, licor, etanol. Brindemos a essa invenção chinesa!
Você pode agradecer aos chineses pelo etanol e pelo álcool isopropílico - sem mencionar a cerveja, o vinho e o licor. Quando você pensa nisso, poucas criações do homem criaram tanta alegria e tristeza como o álcool.
Por muitos anos, acreditou-se que a fermentação do álcool veio de outros processos similares. No começo do século 3 a.C., os chineses tinham descoberto como refinar produtos alimentícios como vinagre e molho de soja usando técnicas de fermentação e destilação [fonte: Huang]. Bebidas alcóolicas destiladas seguiriam logo depois.
Descobertas arqueológicas recentes empurraram a data da fermentação chinesa e da criação do álcool muito mais para trás. Pedaços de cerâmica de 9.000 anos revelados na província de Henan mostraram traços de álcool. Essa descoberta prova que os chineses foram os primeiros a fazer álcool, já que os detentores anteriores do título, os antigos árabes, não produziram bebidas alcoólicas até 1.000 anos depois [fonte: Walter].

8 - Pipas

As pipas que vemos hoje já foram instrumento de pescaria, de guerra e até de disputaGrafissimo / iStockphoto
As pipas que vemos hoje já foram instrumento de pescaria, de guerra e até de disputa
Dois antigos chineses compartilham o crédito pela criação de uma das maiores reivindicações de fama. Durante o século 4 a.C., Gongshu Ban e Mo Di, patrono das arte e filósofo, respectivamente, construíram pipas em formato de pássaros que mergulhavam no vento. A novidade do par pegou rápido.
Ao longo do tempo, os chineses adaptaram a pipa inicial e descobriram novos uso para ela além de diversão. As pipas tornaram-se uma forma fácil de pescar sem barco, simplesmente usando uma linha e gancho preso na pipa e pendurando-a sob uma parte inacessível da água. As pipas também se tornaram instrumento em aplicações militares, servindo como "aviões não tripulados" que jogavam cargas com pólvora nas fortificações inimigas. Em 1232, os chineses empregaram pipas para jogar sobre o acampamento mongol de prisioneiros de guerra folhetos de propaganda incitando os chineses capturados a se rebelar contra seus captores [fonte: Pleskacheuskaya].
Em breve, a necessidade de voar se casaria com a tecnologia da pipa para produzir outra invenção chinesa, a asa delta.

9 - Asa delta

Como já discutimos anteriormente, as pipas foram inventadas no século 4 a.C.. No final do século 6 d.C., os chineses tinham conseguido construir pipas grandes e com aerodinâmica suficiente para sustentar o peso de um homem de tamanho médio. Foi apenas questão de tempo para que alguém decidisse simplesmente remover as linhas das pipas e ver o que acontecia.
Os chineses amarravam criminosos condenados e inimigos capturados em pipas gigantes e os lançavam do alto de um morro. Nascia ali a asa delta© Ricardo De Mattos / iStockphoto
Os chineses amarravam criminosos condenados e inimigos capturados em pipas gigantes e os lançavam do alto de um morro. Nascia ali a asa delta
Os chineses estavam usando as pipas sem corda que nós conhecemos hoje como asa delta. Contudo, essas "pipas" não eram usadas para passeios emocionantes. Os imperadores adoravam forçar os criminosos condenados e os inimigos capturados e saltar de morros enquanto amarrados nas asas deltas. Dá para imaginar o que acontecia com os pobres coitados. Mas um deles acabou voando cerca de 5 km antes de pousar em segurança. Com esses primeiros voos, os chineses bateram a invenção européia em 1.335 anos. [source: Pleskacheuskaya].
Apesar de todas essas invenções, nenhuma outra revolucionou tanto uma nação quando a seda.

0 - Seda

A seda ajudou a ligar a China Antiga ao resto do mundo© Yenwen Lu / iStockphoto
A seda ajudou a ligar a China Antiga ao resto do mundo
Mongóis, bizantinos, gregos e romanos, todos se viram, infelizes, diante das inovações militares chinesas como a pólvora. Mas foi a seda que ajudou a intermediar a paz entre a China antiga e outras culturas. A procura pela seda era tão grande que o tecido delicado ajudou a ligar a China com o mundo exterior por meio do comércio [ fonte: Columbia University]. O tecido deu origem à lendária Rota ada Seda, rotas de comércio que iam da China ao Mediterrâneo, passando pela África, pelo Oriente Médio e pela Europa.
O método para manipulação desse material produtzido pela larva da seda existia há 4.700 anos. Um pergaminho contendo um artigo sobre a produção de seda foi descoberto em uma tumba do período Liangzhu , que durou de 3330 a 2200 a.C. [fonte: ChinaCulture.org]. Diz a lenda que a seda foi descoberta pela imperatriz chinesa Hsi Ling-Shi. Enquanto tomava chá sob a sombra de uma amoreira, um casulo de bicho-da-seda teria caído em sua xícara. Ao tentar retirar o casulo, ela puxou um fio do casulo, desenrolando o fino fio de seda, amolecido pela água quente do chá. Durante séculos, os chineses guardaram o segredo da produção da seda ameaçando de morte qualquer um que abrisse o bico (a seda era tão valiosa que era vendida ao seu peso em ouro). Contudo, a "receita" vazou primeiro para os indianos, depois para o Japão e em seguida para a Pérsia. Apesar disso, os chineses só perderam o controle de seu segredo quando monges europeus colocaram suas mãos em ovos do bicho-da-seda e os levaram para o Ocidente [fonte: Columbia University].
Fontes