O que foi, causas, resumo, conclusão, história e contexto histórico da Revolução Federalista
Gumercindo Saraiva (centro): um dos líderes da Revolução Federalista
O que foi
A Revolução Federalista foi um conflito de caráter político, ocorrido no Rio Grande do Sul entre os anos de 1893 e 1895, que desencadeou uma revolta armada. A revolta atingiu também o Paraná e Santa Catarina.
Causas da Revolução Federalista
- Insatisfação dos federalistas com o domínio político de Júlio de Castilhos (presidente do RS) do Partido Republicano Riograndense.
- Disputa política entre dois grupos políticos gaúchos: Os chimangos (pica-paus) eram defensores do governo de Júlio de Castilhos, da centralização política, do presidencialismo, do positivismo e do governo federal. Já os maragatos (federalistas) queriam tirar Júlio de Castilhos do poder do RS, implantar um sistema descentralizado, baseado no parlamentarismo. Os federalistas eram também contrários à política implantada pelo governo federal após a Proclamação da República e exigiam uma revisão da constituição.
Início, desenvolvimento e fim da revolta
Em fevereiro de 1893, os federalistas pegaram em armas para derrubar o governo de Júlio de Castilhos. Floriano Peixoto, presidente do Brasil, se colocou ao lado do governo gaúcho. O conflito acabou tomando âmbito nacional, pois os opositores de Floriano passaram a defender o movimento federalista no RS.
Os federalistas tiveram algumas vitórias no começo do movimento. Sob a liderança de Gumercindo Saraiva, os federalistas avançaram sobre Santa Catarina.
Em janeiro de 1894, os federalistas se uniram aos participantes da Revolta da Armada. Entraram no estado do Paraná e tomaram a cidade de Curitiba.
No final de 1894, o movimento federalista perdeu força. Na batalha da Lapa, no Paraná, as forças federais de Floriano Peixoto venceram os revoltosos. Com a chegada de tropas paulistas, os federalistas tiveram que recuar.
A paz foi assinada em 23 de agosto de 1895, na cidade de Pelotas, e selou a derrota dos federalistas.
Conclusão
A Revolução Federalista, embora não tenha conquistado seus objetivos, nos mostra que a Proclamação da República e seu sistema político não foram aceitos de forma unânime no Brasil. Alguns grupos políticos contestaram, inclusive de forma armada, o regime republicano, o positivismo, a centralização de poder e a presença das oligarquias nos governos estaduais. Portanto, a Revolução Federalista pode ser compreendida dentro deste contexto histórico de insatisfação com o regime republicano, recém-instalado no país após o 15 de novembro de 1889.
22.8.15
Revolução Federalista - resumo, causas, o que foi, conclusão
É verdade que os canhotos já foram perseguidos?
Julio Lamas
Sim, e bastante. Durante boa parte da história da humanidade, o lado esquerdo e os que utilizam mais essa mão foram vítimas de preconceito cultural, social e religioso. A teoria mais aceita hoje é de que o problema tenha começado há cerca de 350 mil anos entre os povos neandertais europeus, que deram origem às populações ocidentais existentes hoje. Isso porque, no Hemisfério Norte, se você se orientar pela Estrela Polar à noite, o Sol parece se movimentar da direita para a esquerda ao nascer. Logo, a direita ficou como a mão do nascente, que traz a vida, e a esquerda como a que tira, no poente.
Na contramão
Preconceito ainda rola e afeta até o salário
Nem a Bíblia ajuda
O lado direito é mencionado positivamente mais de 100 vezes na Bíblia. Jesus senta à direita do Deus-pai. Um dos Salmos afirma: "E disse Deus: Sentai ao lado da minha mão direita até que teus inimigos deitem sob teus pés". A esquerda aparece só 25 vezes - e quase sempre negativamente. Várias pinturas renascentistas retratam Eva pegando o fruto proibido com a mão esquerda
A mão que mata
No século 19, o médico italiano Cesare Lombroso, conhecido como o "pai da criminologia", propôs que canhotos possuem maior suscetibilidade a psicopatias, criminalidade e violência. Hoje, esses estudos são considerados ultrapassados (ufa!), mas estimularam ideias de eugenismo fascista na Europa e até influenciaram o Código Penal Brasileiro de 1940
O discurso do rei
Canhotos foram vítimas de processos violentos de reeducação para usar a mão direita. De acordo com o livro The Puzzle of Left-Handness, essas práticas abusivas podem ter causado uma incidência maior de transtornos e problemas de aprendizagem e fala entre canhotos. Um exemplo foi o rei inglês George 6o, que pode ter desenvolvido gagueira por ter a canhotice mudada na marra
A pata dos Tigres Asiáticos
Essas técnicas de condicionamento seguem firmes até hoje em países como China, Coreia do Sul, Tailândia e Indonésia. Os pais apoiam: eles temem que o estigma social dos canhotos afete as chances dos filhos no mercado de trabalho. Um estudo de 2007 da Universidade Chang Gung, em Taiwan, revelou que 59,3% das crianças canhotas do país foram forçadas a virar destras
Queima!
A sugestão bíblica de que a mão direita é divina teve consequências desastrosas na Idade Média. Pela lógica, a Igreja Católica entendeu que a esquerda estava ligada ao Diabo. Durante a Inquisição no século 12 e a caça às bruxas organizada pelos protestantes na América no século 16, vários canhotos foram torturados e queimados como bruxos
O massacre da serra elétrica
Destros não notam, mas a maioria dos objetos é feita para eles: mouse, tesoura, violão, abridor de lata até câmera fotográfica (já notou onde fica o disparador?). Cerca de 16% dos membros de uma associação inglesa de canhotos dizem já ter perdido chances de emprego por isso: muitas empresas proíbem canhotos de usar serras elétricas, por exemplo
Até no holerite
Um estudo de Harvard em 2014 com 47 mil pessoas nos EUA e na Inglaterra mostra que usuários da mão esquerda ganham, em média, 12% menos ao longo de sua vida produtiva. Segundo a pesquisa, canhotos estariam em desvantagem no mercado de trabalho por possuírem uma incidência maior de impedimentos cognitivos para aprender e traumas causados pela reeducação
Isso é bullying!
Em várias línguas, termo para canhoto tem conotação negativa
INGLÊS
Left surgiu de lyft, que significa fraco ou impotente
FRANCÊS
Gauche pode significar também incorreto ou atrapalhado
ITALIANO
Sinistro vem do latim sinistrum, que remete a mal ou desafortunado
RUSSO
Levyi também descreve algo marginal, maldoso ou estranho
ALEMÃO
Lynks se assemelha a lynk, cuja tradução seria trair ou mentir
HÚNGARO
Bal também quer dizer mau
TURCO
Sol pode indicar também descolorido, morte ou doente
FONTES:Livros The Puzzle of Left-Handness, de Rik Smits, e The Left-Hander Syndrome: The Causes and Consequences of Left-Handedness, de Stanley Coren; publicações científicas The National Bureau of Economic Research e Journal of Economic Perspectives; revista SUPERINTERESSANTE; sites Daily Mail, Harvard Business Review, Psychology Today, anythinglefthanded.co.uk e rightleftrightwrong.com
Como era o ataque de um navio pirata?
por Thais Sant'Anna
Em geral, sorrateiro e sangrento. Os piratas se aproveitavam de fatores climáticos, como a névoa, para atacar embarcações mercantes maiores e com mais tripulantes. Eles praticavam atos bárbaros com alguns capturados justamente para que sua fama de maus se espalhasse. Com isso, tinham a vantagem de serem temidos - na maioria das vezes, a tripulação se entregava antes do embate corporal. A pirataria ocorreu em todo o mundo ao longo da história. O período mais famoso, o do Caribe, entre os séculos 17 e 18, abrigou a chamada "era de ouro da pirataria", entre 1713 e 1730. Os piratas preferiam embarcações pequenas, que se embrenhavam por rios e águas rasas, onde não podiam ser perseguidas. Os mais utilizados eram barcos de um ou dois mastros apenas, que não passavam de 20 m de comprimento. O enorme Queen Anne¿s Revenge, ilustrado aqui, era uma exceção. O famoso Barba Negra usou a embarcação por pouco menos de um ano, até resolver afundá-la em junho de 1718 por ser muito grande e difícil de esconder.
Selvageria no mar
Embarcação de Barba Negra era navio negreiro antes de ser capturada
1. Além de atacarem em alto-mar, os piratas gostavam de armar emboscadas em pequenas baías e recortes de litoral, onde podiam se esconder atrás de ilhas. Também era comum aproveitarem momentos de névoa e pouca visibilidade. Um vigia ficava no mastro procurando vítimas - de preferência navios de carga, pois embarcações militares podiam ser parte de uma esquadra maior
2. Uma vez avistado, o navio vítima precisava ser ultrapassado (é por isso que os piratas preferiam barcos pequenos e rápidos). Se quisesse ser furtivo, o navio pirata podia usar uma bandeira falsa e tapar os canhões para fingir que não era inimigo. Uma vez que os navios estivessem próximos, os piratas disparavam um canhão e gritavam ordens de rendição
3. A rendição era preferida ao ataque, porque a batalha podia danificar o navio a ser conquistado. Além disso, a maioria dos navios da época carregava artilharia para resistir a um ataque, mesmo os que não eram de guerra. Se os oponentes não se rendiam, era hora da briga: os canhões eram disparados
4. Enquanto parte dos piratas operava os canhões, o restante lançava ganchos no navio oponente para invadi-lo. O método correto era enganchar, simultaneamente, da popa à proa, garantindo a maior área possível para saltar para o navio atacado e também para fugir, caso necessário
5. Uma vez a bordo, os piratas entravam em combate mano a mano. Praticamente todos carregavam punhais para isso. Mas também usavam espadas, sabres e machados. A partir do século 17, granadas e armas de fogo passaram a ser utilizadas, como pistolas, mosquetes e bacamartes. Barba Negra era conhecido por usar um cinturão com três pares de pistolas
6. Uma invasão durava até 15 minutos. O rendimento era sinalizado quando a tripulação do navio colocava as armas no chão. Os piratas saqueavam mantimentos, cordas, lonas, ferramentas, madeira etc. Nem sempre o objetivo era ficar com os barcos - muitas vezes eles eram afundados. Já as tripulações eram libertadas, mortas ou escravizadas
Munições de canhão
Bala de ferro fundido
Usada para penetrar os cascos dos navios
Bala encadeada
Projetada para danificar velas e cordames, impedindo a fuga
Metralha
Era composta de vários fragmentos de ferro e usada para ferir pessoas
Fontes: Livros The Pirate Ship, de Angus Konstam e Tony Bryan, Privateers & Pirates 1730 - 1830, de Angus Konstam e Angus McBride, e The World Atlas of Pirates, de Angus Konstam
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-era-o-ataque-de-um-navio-pirata
Billie Holiday, uma cantora à frente de seu tempo
Adjetivos como "ícone" e autêntica" não bastam para descrever a importância de "Lady Day" para o jazz. Poucos conseguiram dar vida à música como ela: sua influência é sentida até hoje, cem anos após seu nascimento.
"Ela tinha apenas 17 anos, um pouco acima do peso, perfeitamente bela e absolutamente desconhecida. E cantou como se realmente tivesse vivido [o que a canção dizia]." Assim o produtor musical John Hammond descreve seu primeiro encontro com Billie Holiday. Ele foi confrontado com a voz única dela em 1933, numa casa noturna em Nova York.
Na oportunidade, Hammond convidou a estrela emergente do jazz Benny Goodman a ouvi-la e o convenceu a colocá-la num estúdio da emissora americana CBS. Dali surgiram as primeiras gravações de Riffin 'o Scotch e Your Mother's Son-in-Law. Billie Holiday não foi a única descoberta de Hammond, que promoveu astros como Bob Dylan, Pete Seeger e, posteriormente, Bruce Springsteen.
Origem humilde
Na época, Billie Holiday não tinha treinamento musical: seu compasso era limitado, ela não sabia ler partituras e cantava principalmente baladas lentas. Suas únicas influências eram a cantora Bessie Smith e o trompetista Louis Armstrong, que ela ouvia em discos que tocavam no bordel onde trabalhava.
Billie Holiday em Hamburgo, na Alemanha, durante sua turnê europeia de 1954
Billie Holiday nasceu em 7 de abril de 1915, na Filadélfia, como Eleanora Fagan e cresceu na cidade de Baltimore. Seus pais, na época adolescentes, nunca se casaram. O pai, Clarence Holiday, que viria a ser um músico bem-sucedido de jazz, mal a conhecia. A mãe, Sadie Fagan, dava pouca atenção à filha. Eleanora cabulava aulas na escola, foi encaminhada a um internato e lá foi estuprada, aos dez anos de idade. Mais tarde, trabalhou como prostituta no Harlem, reduto da comunidade negra em Nova York.
Em contraste com o sucesso nos palcos – que a levou ao Carnegie Hall, a uma noite de jazz no Metropolitan Opera House e a uma turnê europeia – Holiday vivenciou dois casamentos fracassados e duas detenções por abuso de drogas.
Ela morreu com apenas 44 anos de idade, vítima de cirrose hepática, causada pelo consumo excessivo de álcool, num hospital de Nova York – vigiada e algemada na cama por policiais do departamento de combate ao narcotráfico. Ela tocou com todos os grandes nomes do jazz de seu tempo. No entanto, nem o amor de milhões de fãs fez dela rica: houve debate até sobre quem deveria arcar com os custos de seu enterro.
Vida curta, mas produtiva
Foi uma vida curta, mas com surpreendente produtividade, com centenas de gravações e inúmeras apresentações. Depois do início cambaleante por bares chamados de Speakeasy – estabelecimentos ilegais que comercializavam bebidas alcoólicas durante a lei seca nos Estados Unidos – a sua carreira decolou, de fato, em 1935.
Em sessões de gravação com Teddy Wilson, membro da banda Benny Goodman Trio, uma pequena equipe de músicos deveria regravar clássicos da música para uma recém-formada indústria de máquinas de jogatina. As gravações tiveram um sucesso limitado, como Hammond recordaria posteriormente:
"Com Billie era problemático. Musicalmente ela estava muito à frente de seu tempo. Por tomar a liberdade na entonação de palavras e melodias, ela não era um xodó das gravadoras, então autoritárias. A primeira apreciação genuína por Billie Holiday não veio de críticos musicais americanos, mas de europeus."
A cantora encontrou palavras que definem a sua própria técnica vocal em sua autobiografia Lady Sings the Blues, publicada em 1956: "Não me parece cantoria. É mais um sentimento, como se eu fosse tocar um instrumento de sopro. Eu tento improvisar como Les Young, como Louis Armstrong ou qualquer outra pessoa que eu admiro. Eu odeio simplesmente cantar. Eu preciso transformar uma melodia a fim de reproduzi-la em sua própria maneira. Isso é tudo o que eu sei."
E isso foi o suficiente. A cantoria – que não era uma – se misturava sutilmente com o estilo improvisador de outros músicos: a partir de 1936 com Les Young – que lhe deu o seu famoso apelido de "Lady Day" –; em 1937, com Count Basie; e de 1938 em diante, com Artie Shaw.
Holiday ao lado de seu ídolo Louis Armstrong em participação no filme "New Orleans"
Ícone do movimento dos direitos civis
Os sucessos, porém, estavam sempre acompanhados por uma enorme desvantagem: assim como milhões de outros negros, Billie Holiday também sofreu com a discriminação racial. Por causa da cor de pele um pouco mais clara, ela teve que passar maquiagem para um concerto com Count Basie: uma cantora "branca" que se apresenta com um músico negro teria sido um escândalo.
Holiday desafiava os estereótipos. As performances com Artie Shaw foram as primeiras de uma mulher negra com uma banda composta por brancos. A cantora, no entanto, só podia usar a entrada dos fundos para o palco e estava proibida de comer com os outros músicos. O sucesso, porém, estava então imparável. Logo, ela estava se apresentando como Billie Holiday and her Band. Em 1947, participou de um filme com o ídolo Louis Armstrong – mas não como ela própria, mas no papel de uma empregada.
Com a canção Strange Fruit, que ela cantou a partir de 1939, Holiday anunciou seu combate direto contra a discriminação. A sonorização de um poema de Abel Meeropol era um testemunho chocante sobre a cultura do de linchamento, então espalhada pelos estados sulistas dos EUA. A gravadora Columbia classificou a música como muito arriscada: até mesmo Hammond recusou a canção.
Posteriormente, a gravadora Commodore pegou a música, que viria a ser o maior sucesso da carreira de Holiday e a fez um ícone na esquerda americana e um fenômeno social. Como símbolo do movimento dos direitos civis dos negros, Strange Fruit foi nomeada a "música do século" pela revistaTime, em 1999.
Em 1959, cinco meses antes de morrer, Holiday fez uma de suas últimas apresentações na televisão americana cantando Strange Fruit. O vídeo mostra também as imagens dos negros Laura e L. D. Nelson, linchados em 1911, que na época chegaram a ser impressos como cartões postais e vendidos a turistas.
Para a eternidade
Hoje, músicas que foram compostas para Holiday ou até coescritas por ela, comoLover Man, Hush Now, Don't Explain ou Long Gone Blues, são tão conhecidas como em sua época. Mas ela também deu seu caráter distintivo a muitos clássicos, como You Go to My Head ou I Can't Get Started, de George Gershwin.
Ao lado das flores brancas, que "Lady Day" usava no cabelo, a articulação sutil e o jeito de frasear eram suas marcas registradas. E mesmo quando nos últimos anos a sua voz se tornou mais áspera, Billie Holiday lhe deu uma magia rítmica. Ela não cantava "em cima", mas um pouco "depois" da batida, não atingia diretamente o ritmo, mas o ludibriava e lhe dava certo suspense.
Além da técnica de canto, foi principalmente a intensidade de suas apresentações que fizeram de Billie Holiday um modelo para inúmeros cantores. A receita, dizia ela, era simples: "Cantar músicas comoThe Man I Love ou Porgy não é mais trabalho do que sentar numa mesa e comer um pato chinês – e eu adoro pato chinês. Eu vivi músicas como estas."
Em 1973, o crítico americano de jazz Ralph Gleason a define da seguinte forma: "Ela foi a maior cantora de jazz de todos os tempos. Quem hoje faz jazz e é mulher, canta algo de Billie Holiday. Não tem como ser de outro jeito. Não há cantora que não tenha sido influenciada por ela."
Sambaquis e a ocupação do litoral brasileiro
por: Tales dos Santos Pinto
Sambaqui no litoral catarinense. As montanhas de conchas são uma rica fonte de estudo arqueológico no Brasil
Os sambaquis são formações constituídas, principalmente, de conchas de moluscos, formadas ao longo de milhares de anos pelas populações que habitavam regiões litorâneas. Essas conchas eram descartadas após o consumo dos moluscos, formando imensas montanhas. Apesar de conhecermos os casos do litoral brasileiro, como em Santa Catarina, onde se encontram os maiores do mundo, há indícios de sambaquis na Europa, na América e na África.
A palavra sambaqui tem raiz etimológica no tupi-guarani, significando depósito de conchas. Os povos que habitavam as regiões litorâneas e formaram os sambaquis com suas ações são conhecidos comopovos do sambaqui. Os concheiros, como também são chamados os sambaquis, medem, no Brasil, entre 2 e 20 metros de altura, podendo chegar a 100 metros de diâmetro. Alguns são datados com mais de 5000 anos.
Estudos arqueológicos mostram que as montanhas eram formadas por conchas e restos alimentares depositados em um mesmo lugar ao longo de vários anos. Mas há também indícios que havia restos de animais, bem como ferramentas utilizadas por essas populações primitivas. Por outro lado, os resquícios de corpos humanos podem sugerir que os sambaquis serviam também como cemitérios.
Escavações realizadas por arqueólogos nos sambaquis do litoral brasileiro apontam também que eles podem ter sido utilizados como abrigo para as populações, talvez como habitações temporárias. Essa situação explicaria a quantidade de utensílios, restos humanos e de outros animais encontrados nas grandes montanhas de conchas.
Mais uma controvérsia entre os estudiosos está ligada ao fato de que os sambaquis poderiam dar indícios de que os habitantes estavam também em processo de sedentarização, em decorrência principalmente da enorme quantidade de alimento que conseguiam nesses lugares.
Possivelmente os povos dos sambaquis deixaram de ocupar a região quando a população tupi-guarani se espalhou pelo litoral brasileiro. Entretanto, a ocupação das regiões litorâneas e o uso das montanhas de conchas para fins econômicos, principalmente por serem fonte de calcário, ameaçam à existência desses tesouros arqueológicos.
Tese do branqueamento
A tese do branqueamento teve grande repercussão no Brasil, no início do século XX, entre intelectuais, como João Baptista de Lacerda.
por: Cláudio Fernandes
Acima, quadro de Modesto Brocos y Gómez intitulado “A Redenção de Cam”, 1895
Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, vigoraram em várias partes do globo as teses eugenistas, isto é, teses que defendiam um padrão genético superior para a “raça” humana. Tais teses defendiam a ideia de que o homem branco europeu tinha o padrão da melhor saúde, da maior beleza e da maior competência civilizacional em comparação às demais “raças”, como a “amarela” (asiáticos), a “vermelha” (povos indígenas) e a negra (africana).
Nesse período, alguns intelectuais brasileiros incorporaram essas teses e delas derivaram outra, por sua vez, “aplicável ao contexto do Continente Americano: a “tese do branqueamento.” A defesa do branqueamento, ou do “embranquecimento”, tinha como ponto de partida o fato de que, dada a realidade do processo de miscigenação na história brasileira, os descendentes de negros passariam a ficar progressivamente mais brancos a cada nova prole gerada.
O antropólogo e médico carioca João Baptista de Lacerda foi um dos principais expoentes da tese do embranquecimento entre os brasileiros, tendo participado, em 1911, do Congresso Universal das Raças, em Paris. Esse congresso reuniu intelectuais do mundo todo para debater o tema do racialismo e da relação das raças com o progresso das civilizações (temas de interesse corrente à época). Baptista levou ao evento o artigo “Sur les métis au Brésil” (Sobre os mestiços do Brasil, em português), em que defendia o fator da miscigenação como algo positivo, no caso brasileiro, por conta da sobreposição dos traços da raça branca sobre as outras, a negra e a indígena.
Em um trecho do referido artigo, Baptista afirma: “A população mista do Brasil deverá ter pois, no intervalo de um século, um aspecto bem diferente do atual. As correntes de imigração europeia, aumentando a cada dia mais o elemento branco desta população, acabarão, depois de certo tempo, por sufocar os elementos nos quais poderia persistir ainda alguns traços do negro.” Percebe-se nitidamente nesse trecho o teor do anseio pelo branqueamento.
As correntes intelectuais que influenciavam o pensamento de Baptista e de outros defensores do eugenismo eram variadas e iam desde o determinismo de Henry Thomas Buckle e o darwinismosocial de Spencer às teorias de Gobineau. Todas essas correntes, em grande parte, serviram como argumento para justificar a fase do Neocolonialismo, que se incidiu sobre os continentes africano e asiático.
Um fator curioso da apresentação de Baptista no Congresso Universal das Raças foi a exibição de uma cópia do quadro “A Redenção de Cam” (ver imagem no topo do texto), do pintor espanholModesto Brocos. Esse quadro foi concluído em 1895 e apresenta a imagem de uma família: à esquerda, uma senhora negra olhando para os céus em gesto de agradecimento e uma mulher mestiça segurando uma criança branca; à direita, um homem branco observando a esposa e o filho.
A imagem do quadro transmite categoricamente a tese que Baptista defendia: o embranquecimento através das gerações. Brocos propõe a diluição da cor negra na sucessão de descendentes e insere nessa sucessão a “redenção”, a “absolvição” de uma “raça amaldiçoada”, isto é, a descendência deCam, filho de Nóe, que, no livro do Gênesis, é amaldiçoado pelo pai. A história de Cam, a despeito de seu simbolismo bíblico, foi interpretada à revelia pelo racialismo do século XIX, no qual Brocos estava envolto. O “escurecimento” dos descendentes de Cam teria desembocado na raça negra africana, que poderia ser redimida por meio da mistura com a raça branca europeia.
A tese do branqueamento ainda ganhou argumentos por parte de outros intelectuais de peso do Brasil, como Oliveira Vianna. As teses racialistas, de modo geral, só foram desacreditadas, de fato, após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo por meio de congressos fomentados por organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas).
The Life of Al Capone through Vintage Photos
Alphonse Gabriel Capone, also known as Al Capone, (January 17, 1899 – January 25, 1947) was an American gangster who attained fame during the Prohibition era as the co-founder and boss of the Chicago Outfit.
Here are some of amazing vintage photos that may describe a part of his life.
Al Capone and his wife Mae
Al Capone with his mom Teresa
Al Capone with his family
Al Capone in a bathing suit at his Palm Island, Florida, 1929
Al Capone is the man on the lower, May 1929
J. Fritz Gordon, Al Capone, and Julio Morales in Havana, Cuba, 1930
Al Capone fishing in Florida, 1930
Al Capone and his son Albert Capone with a baseball signing by Chicago Cubs player Gabby Hartnett, 1931
Al Capone on trial for income tax evasion and violating the Volstead Act, 1931
Al Capone leaving the federal court, October 1931
Al Capone looking straight into the camera when charging out of Federal Court in Chicago with his attorney by his side, Michael Ahern on Oct. 11, 1931
Capone plays cards during his transport to prison to serve a sentence for tax evasion
Al Capone, right, leaving Harrisburg, Pa. with a federal officer for Lewisburg, Pa., where he was released after spending seven years in prison in Atlanta and San Francisco’s Alcatraz, Nov. 16, 1939
Al Capone with his family in Florida after he got out of prison
Al Capone with a gang at a bar, 1945
Fonte:http://www.vintag.es/2015/08/the-life-of-al-capone-through-vintage.html
13.8.15
Revolta de Amador Bueno
Por Tiago Ferreira da Silva
Os portugueses nem sempre tiveram domínio pleno do território brasileiro na época da colonização. Entre os séculos XVII e XVIII, a União Ibérica (1580-1640), império comandado pela Espanha, controlou boa parte dos territórios brasileiros. Em 1640, Portugal conseguiu se libertar da dinastia espanhola e exigiu de volta o controle político e econômico de sua colônia.
Por suas relações comerciais – que envolviam o contrabando na região do Rio da Prata e a escravização dos índios – com os espanhóis, os moradores de São Paulo temiam que a corte portuguesa rompesse os lucrativos negócios do mercado negro e proibisse a contratação de mão-de-obra indígena.
Os portugueses não exploravam os índios como escravos porque se beneficiavam economicamente com a exportação de navios negreiros africanos. Com o domínio da coroa, os paulistanos seriam obrigados arecrutar apenas escravos negros para o serviço braçal, o que de certa forma aumentaria as despesas para os comerciantes paulistanos, já que eles não estavam envolvidos com os traficantes das costas marítimas.
Vendo a possibilidade de melhoria comercial dos vendedores ir por água abaixo, os paulistanos se rebelaram e decidiram formar um estado independente de Portugal que, de certa forma, continuaria servindo aos interesses dos espanhóis. Para liderar esse motim, os moradores escolheram Amador Bueno da Ribeira como rei da província, graças ao seu envolvimento com os bandeirantes e seu imenso poder aquisitivo na cidade.
Os jesuítas, que eram contra a escravização indígena defendida pelos bandeirantes paulistanos, entraram em conflito com os dissidentes da coroa e foram expulsos da Vila São Paulo.
Amador Bueno sabia que uma revolta contra os colonos portugueses só prejudicaria ainda mais as relações comerciais em São Paulo e suscitaria em uma violenta represália por parte de D. João IV. Então, ele recusou o pedido dos manifestantes de liderar um território independente e, em consequência, foi perseguido por uma grande multidão.
O fazendeiro se refugiou no Mosteiro São Bento, junto aos jesuítas, e jurou fidelidade ao rei D. João IV. Com o tempo, os paulistas acabaram aceitando a subordinação à Portugal.
Séculos depois, após a declaração da independência, D. Pedro Ilembraria a revolta dos paulistanos envolvendo Amador Bueno, citando o episódio como o primeiro indício da necessidade do Brasil de se libertar dos colonizadores.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Amador_Bueno
http://www.historia.uff.br/artigos/monteiro_rochela.pd
Inge Lehmann
Por Adriano Villa
No dia 13 de maio de 2015 a página do Google homenageou Inge Lehmann, a cientista responsável por descobrir a consistência do núcleo de nosso planeta com seu estudo revolucionário sismológico,
No ano de 1888 em Copenhague nascia Inge Lehmann que anos depois descobriu ao analisar dados sísmicos que o interior do Planeta Terra não era composto por material fundido, segundo suas observações e estudos, a cientista afirmou que o planeta era formado por duas partes, uma interior e outra exterior, cada uma com suas características e suas propriedades.
Na homenagem do Google traz em sua imagem uma esfera com duas divisões e com destaque para seu núcleo, mas, além da homenagem algo chamou atenção mais uma vez para a cientista que também estudava os terremotos, infelizmente, alguns começaram a atingir o Nepal.
O Início de sua caminhada
Inge estudou uma escola pedagógico-progressista, mas foi a influencia de seu pai que definiu seus passos futuros. Inge também fez parte do quadro estudantil de Cambridge e Copenhague, porém, não foi neste curso que se destacou.
O interesse de Inge começou quando se tornou assistente de Niels Erik Norlund, ao lado do geodésio, passou a desenvolver observatórios sismológicos na Groenlândia e na Dinamarca. No ano de 1928, Inge tornou-se geodésica e também chefe do departamento de sismologia.
No ano de 1936, Inge foi a primeira a conseguir interpretar a chegada das onda P ao núcleo da Terra como ondas provocadas por um núcleo interior. Essa observação sugeria que o planeta era composto por duas partes, uma interna e outra externa. Essa interpretação da cientista foi aprovada e também verificada por outros sismólogos importantes, como por exemplo: Beno Gutenberg, Harold Jeffreys e Charles Richter.
A descoberta de Inge tornou-se tão conhecida e bem sucedida que, com o tempo, passou a ser chamada de descontinuidade de Wiechert/Lehmann, após tal observação Inge tornou-se uma espécie de referência neste campo de estudo, o que possibilitou a dinamarquesa a ocupar cargos importantíssimos em sua área de estudo, entre eles, presidente da European Seismological Federation e da Danish Geophysical Society e vice-presidente da International Association of Seismology and Physics of the Earth\´s Interior.
Além desses cargos e de se tornar uma guia neste campo, Inge conquistou prêmios importantíssimos devido a sua dedicação e descobertas, uma espécie de reconhecimento por seus trabalhos, são eles: em 1964 a medalha Emil Wiechert, 1965, a medalha de Ouro da Royal Society Dinamarquês de Ciências e Letras, 1938 e 67, o Tagea Brandt Rejselegat. No ano de 69 foi eleita membro da Royal Society, em 71 a medalha de William Bowie como a primeira mulher da sismologia e em 77, a medalha da Sociedade Sismológica Americana.
Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/inge-lehmann.html
A história das reparações alemãs do pós-Guerra
Quem perde uma guerra deve sofrer as consequências. No entanto, depois de 1945 não houve nenhum acordo estipulando como a Alemanha indenizaria os países agredidos pela ditadura nazista durante a Segunda Guerra.
Em maio de 1945, o regime nazista alemão se rendia incondicionalmente. Tropas americanas, soviéticas e britânicas ocupavam a Alemanha. Milhões de pessoas ficaram desabrigadas, refugiados se deslocavam do leste para o oeste. Os Aliados começaram a organizar politicamente e geograficamente a nova Alemanha.
Na Conferência de Potsdam, entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945, no palácio Cecilienhof, as potências debateram os procedimentos seguintes. Os Estados Unidos conseguiram aprovar sua proposta de reparos baseados em zonas. Cada potência deveria cobrir suas exigências de reparações a partir da própria área que ocupava. O montante dos pagamentos alemães não foi fixado.
Na zona ocupada pelos soviéticos, os proprietários de terras foram expropriados e todas as grandes indústrias, nacionalizadas. O desmantelamento de instalações industriais foi muito mais intenso no leste do que nas zonas ocidentais. Até 1953, a Alemanha Oriental perdeu cerca de 30% da sua capacidade industrial.
"Isso teve a ver com o fato de os alemães terem causado uma destruição imensa na União Soviética, sendo necessária uma compensação mais extensa", explica Manfred Görtemaker, professor de história moderna da Universidade de Potsdam.
Renúncia a reparações
As potências ocidentais, no entanto, precisavam da Alemanha Ocidental como aliada na Guerra Fria, devendo se tornar uma espécie de baluarte econômico e político contra o comunismo. Pois depois da Conferência de Potsdam estava claro: a aliança dos vencedores rapidamente se transformava numa confrontação encarniçada entre o Leste e o Ocidente.
No Tratado de Paz de Paris, de 1947, as potências ocidentais concordavam sobre como distribuir as indenizações de guerra entre si. Além disso, foram estipuladas obrigações de reparação para a Alemanha compensar os refugiados e vítimas da perseguição nazista. Entretanto o tratado não mencionava um montante total a ser pago.
"Os EUA consideravam a problemática das reparações após a Primeira Guerra Mundial", observa Görtemaker. Naquela época, a economia alemã não conseguiu se recuperar durante muito tempo, o que culminou com a ascensão de Hitler. "Por isso os americanos e, até certo ponto, os britânicos defendiam uma renúncia a reparações, a fim de permitir que os alemães se recuperassem economicamente."
Para facilitar essa ascensão econômica, o então secretário de Estado dos EUA, George C. Marshall, encomendou em 1947 a preparação de um plano para reativar a economia europeia. Até 1952, os EUA disponibilizaram aos países europeus ocidentais 12,4 bilhões de dólares. Mais de 10% dessa soma foi para a Alemanha Ocidental.
Gorbatchov e Kohl assinam Tratado Dois-Mais-Quatro em Moscou, 1990
Pagamentos a Israel
No Acordo de Londres de 1953, a Alemanha Ocidental se comprometia a pagar dívidas que não estavam relacionadas a efeitos ou danos da Segunda Guerra Mundial, mas a créditos dos períodos pré e pós-guerra. Berlim conseguiu reduzir à metade sua dívida, originalmente de 29 bilhões de marcos.
A delegação alemã também conseguiu que os antigos adversários reconhecessem reivindicações de seu país em relação ao exterior. Isso garantiu o fluxo de empréstimos para a emergente República Federal da Alemanha (RFA), incentivando sua recuperação econômica. Além disso os credores abriram seus mercados para os produtos alemães. Todas as reclamações do tempo da guerra ficaram adiadas para um tratado de paz posterior.
Apenas alguns dias após o pacto de Londres, o parlamento alemão aprovava o acordo de reparações com Israel, assinado em Luxemburgo, prevendo que a comunidade judaica recebesse da RFA mercadorias no valor de 3 bilhões de marcos alemães – o equivalente a cerca de 1,5 bilhão de euros.
A Jewish Claims Conference recebeu 450 milhões de marcos alemães. Além disso, a Alemanha se comprometia a pagar até o ano 2000 cerca de 83 bilhões de marcos a antigos trabalhadores forçados e prisioneiros dos campos de concentração.
Com o acordo de Londres e o de reparações com Israel, o então chanceler alemão, Konrad Adenauer, visava sobretudo um objetivo político: fazer progredir a integração da Alemanha no Ocidente e apresentar o país como um devedor confiável.
Soldados alemães hasteiam bandeira nazista na Acrópole
Tratado Dois-Mais-Quatro
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, de início não houve um tratado de paz regulamentando as reparações. A Alemanha estava dividida e sob administração aliada. Após a reunificação do país, em 1989, o então chefe de governo Helmut Kohl tentou evitar que a questão das reparações fosse levantada, temendo exigências de todas as 62 nações que haviam estado em guerra com a Alemanha.
A solução foi o chamado Tratado Dois-Mais-Quatro, que estabelece a unidade e a soberania da República Federal, sem mencionar reparações. Para não ter que atender eventuais pedidos de reparações de Estados individuais, adota-se a terminologia "no lugar de um tratado de paz".
O assunto parecia encerrado, até que o governo grego colocou novamente em jogo a questão das reparações, em 2015. Segundo o vice-ministro das Finanças da Grécia, Dimitris Mardas, a Alemanha deveria a seu país quase 280 bilhões de euros. O governo alemão rejeita as exigências até hoje.
"Se a Grécia está exigindo 300 bilhões, quanto a Rússia poderia exigir? Cem trilhões?", pergunta o historiador Ulrich Herbert. Afinal, a União Soviética foi muito mais atingida pelos saques e crimes do Estado nazista. Pagamentos oficiais a Atenas desencadeariam reivindicações muito mais elevadas de outros grupos de vítimas, que acabariam sendo impossíveis de saldar.
Fonte:DW
Nefertiti foi enterrada ao lado do faraó Tutancâmon?
Arqueólogo britânico suspeita ter encontrado o local do descanso final de uma das mulheres mais bonitas da Antiguidade num lugar muito óbvio: ao lado da tumba de Tutancâmon.
Nefertiti é conhecida como uma das mulheres mais bonitas que já existiu, e o local do descanso final dessa rainha do Antigo Egito é um dos maiores mistérios da ciência, mas que pode ter sido solucionado.
O arqueólogo britânico Nicholas Reeves divulgou ter encontrado evidências da tumba de Nefertiti – e num lugar muito óbvio: ao lado da tumba do faraó egípcio Tutancâmon.
Reeves, que trabalha na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, publicou o que classifica como evidência de que "portas fantasmas" da tumba de Tutancâmon levam a uma câmara mortuária mais ampla, possível local de descanso da rainha.
O arqueólogo afirma que sua teoria se baseia em exames detalhados das paredes da tumba de Tutancâmon.
Se a suspeita estiver correta, a descoberta pode contribuir para resolver a controversa tese de que Nefertiti é, na verdade, a mãe de Tutancâmon, que se presume tenha governado o Egito de 1336 a 1327 a.C., antes de morrer, aos 18 anos, em circunstâncias desconhecidas.
Alguns especialistas dizem que o filho do rei Aquenáton é filho de uma mulher conhecida como "The Younger Lady", uma múmia descoberta no Vale dos Reis, em 1898. Resultados de exames de DNA mostraram que ela poderia ser a mãe de Tutancâmon. Mas há também a tese de que a mãe seja Nefertiti, esposa do faraó Aquenáton.
"A maior descoberta de todos os tempos"
Em seu artigo científico, Reeves afirmou que, acoplado ao norte da tumba de Tutancâmon, está "o túmulo intocado do proprietário original da tumba – Nefertiti".
À publicação britânica The Economist, no entanto, Reeve foi mais cauteloso: "Se eu estiver errado, estarei errado. Mas se estiver certo, esta potencialmente é a maior descoberta arqueológica de todos os tempos".
Ao lado de Cleópatra, Nefertiti continua sendo uma das figuras femininas mais notórias e reverenciadas do Antigo Egito. O seu impressionante busto de 3.300 anos, esculpido em pedra calcária, foi descoberto numa escavação em Armana, no Egito, em 1912, pelo arqueólogo alemão Ludwig Borchardt.
Nefertiti, cujo nome significa "a bela chegou", também era conhecida como a "Senhora de Duas Terras", pois muitos pesquisadores especulam que ela tenha origem estrangeira e que teria sido uma princesa de um império que existiu no que hoje é a região oriental da Turquia.
O busto de Nefertiti está em exposição no Neues Museum, em Berlim, e é uma das atrações mais populares da capital alemã.
PV/dpa/ots
Fonte:DW
UNIFICAÇÃO ALEMÃ
Depois da queda de Napoleão, o processo de reorganização das monarquias européias deu origem à formação da Confederação Alemã. Tal confederação consistia em uma região formada por 39 Estados independentes comprometidos a defenderem a soberania das monarquias dos estados participantes. Dentro desse aglomerado de monarquias, Áustria e Prússia sobressaiam-se enquanto as mais influentes nações da Confederação.
Por um lado, os austríacos tinham seu desenvolvimento econômico sustentado pelo seu forte setor agrícola. De outro, a Prússia via no processo de unificação política dos estados confederados um importante passo para o desenvolvimento econômico daquela região. Buscando efetivar seu interesse, a Prússia criou uma zona aduana chamada de Zollverein, que aboliu as taxas alfandegárias entre as monarquias envolvidas no acordo.
Alheia a esse processo de industrialização e unificação, a Áustria foi excluída do acordo. Prestigiado com o cargo de primeiro-ministro da Prússia, o chanceler Otto Von Bismarck tomou a missão de promover o processo de unificação alemã. Em 1864, entrou em guerra contra a Dinamarca e assim conquistou territórios perdidos durante o Congresso de Viena.
No ano de 1866, Bismarck entrou em conflito com a Áustria e, durante a Guerra das Sete Semanas, conseguiu dar um importante passo para a unificação com a criação da Confederação Alemã do Norte. Com isso, a Prússia passou a deter maior influência política entre os estados germânicos, isolando a Áustria. Com a deflagração de um desgaste político entre a França e a Prússia, o governo de Bismarck tinha em mãos a última manobra que consolidou o triunfo unificador.
Com a vitória na Guerra Franco-Prussiana, em 1870, a Prússia conseguiu unificar a Alemanha. O rei Guilherme I foi coroado como kaiser (imperador) da Alemanha e considerado o líder máximo do II Reich Alemão. Conquistando na mesma guerra as regiões da Alsácia e da Lorena, ricas produtoras de minério, o império alemão viveu a rápida ascensão de sua economia.
O processo de unificação da Alemanha, junto com o italiano, simbolizou um período de acirramento das disputas entre as economias européias. A partir do estabelecimento dessas novas potências econômicas, observamos uma tensão política gerada pelas disputas imperialistas responsáveis pela montagem do delicado cenário preparatório da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.
Por Rainer Sousa
Fonte:http://www.brasilescola.com/historiag/unificacao-alemanha.htm
Cícero e a conjuração de Catilina: o memorável embate
O memorável embate entre a República e a Desordem ocorreu por ocasião em que Marco Túlio Cícero, o maior orador romano de todos os tempos, ascendeu à posição de cônsul, entre os anos de 64-63 a.C. Seu grande rival na disputa pela mais alta posição da magistratura de Roma fora outro político chamado Lúcio Sergio Catilina. Tratava-se de um egresso da nobreza empobrecida e que nem por isso perdera a soberba ou a ambição de voar com as águias.
Cícero acusando CatilinaFoto: Afresco de Cesare Maccari, 1882/88 / Reprodução
As forças políticas em Roma
Derrotado nas eleições para cônsul, ressentido, Catilina, com larga folha de velhacarias passadas, tratou de conjurar contra o regime para vir a alcançar o poder pela força. Pensou em conquistar com um golpe de espada o que as urnas lhe negaram. Travou-o Cícero, advogado brilhante. Tratado como fora-da-lei pela verve implacável do cônsul, o conspirador teve que fugir de Roma, fracassando rotundamente no seu intento de subverter a ordem.
A normalidade republicana emergira aos poucos da ditadura de Sila (88-79 a.C.), tirano violento que perseguira e esmagara a todos os que lhe fizeram oposição (curioso este Sila, situação rara no mundo romano, morrera tranquilo na vila onde se retirara, aposentado). Recuperado o poder pelo Senado e pelas magistraturas eleitas, tudo indicava que as velhas instituições voltariam a funcionar a contendo e as veneráveis prerrogativas dos cidadãos seriam de novo respeitadas.
As circunstâncias e as necessidades estratégicas gerais de um império em expansão e formação é que fizeram com que o Senado se visse obrigado a voltar a delegar poderes extraordinários a um só homem. Ainda que dentro da lei, era um risco terrível, visto que cumular um chefe militar com excessiva carga de autoridade implicava em diminuir a margem de poder e autonomia dos pais conscritos (como os romanos designavam seus senadores).
Todavia, não lhes restou alternativa senão apoiar um novo “homem forte”. No ano de 66 a.C., o tribuno Aulus Gabinia, em vista da campanha naval que Gneo Pompeu realizava contra os piratas que pululavam pelo Mediterrâneo Oriental, propôs que o Senado lhe desse poderes absolutos, quase de um rei: a Lex Gabinia. Somente com aquela legislação de força, ampliada ainda mais pela Lex Manilia (que pretendia entregar a Pompeu o governo de várias províncias orientais, como base para atacar o rei do Ponto, Mitríades VI Eupator, em luta contra Roma no norte da península da Anatólia, na Ásia Menor), é que o general poderia levar a cabo a sua missão de limpar os mares dos bandidos e submetê-los a quem lhe dava apoio. Deste modo, o próprio Senado depositou nas mãos de Pompeu o seu destino: fez dele “o rei da Ásia”.
Entrementes, enquanto pairava a tensão entre os defensores de um Pompeu que colhia vitórias no exterior e um Senado temeroso quanto ao seu futuro, novas contendas eram urdidas em Roma.
Aproveitando-se do cenário confuso, proliferaram pela cidade os “bandidos políticos”, em geral gente da classe patrícia ou equestre que decaíra socialmente, atolada em dívidas e assolada pelos usurários. Entre eles, como caudilho do desacato, destacava-se Lúcio Sérgio Catilina, um ex-sicário que se colocara a serviço da ditadura de Sila e que, agora, assombrado pelos credores após dilapidar o patrimônio herdado, dissipando-o no vício e na luxúria, cabalava uma solução radical para seus problemas: assaltar o poder para assim quitar sua colossal dívida.
Em geral, tipos como ele andavam pela cidade acompanhados por um destacamento de desordeiros e rufiões que se entregavam às mãos do chefe. Tinham os olhos vigilantes, postados em tudo o que se movia, ouvidos aguçados prontos a acolher qualquer sopro de intriga, enquanto os punhos, em alerta, erguiam-se prontos a socar e a espancar a quem bem lhes aprouvesse.
Confederados para o achaque, a intimidação era o seu negócio, viviam disso. Aparentemente a república não teria como defender-se daquele batalhão do mal: os jovens lobos famintos da alcatéia de Catilina. Roma via-se assim presa de uma porfia entre Pompeu, o Senado e os bandidos políticos, procurando equilibrar-se entre a tirania militar, o poder oligárquico e a anarquia dos bandoleiros.
A conjuração
Era voz corrente pela cidade que Catilinia, impudente, exalando atrocidades e crimes, estava maquinando uma das suas. Planejava uma arremetida direta contra as instituições. Para tanto, cabalava junto à escumalha humana que compunha o lumpesinato urbano, gente sem eira nem beira, perdidos que bem pouco tinham a perder ao envolver-se numa aventura revolucionária. Era o abraço da ambição de um Catilina falido com a grande miséria dos muitos. Se insurgidos, provocariam uma aluvião de sangue.
Não o conseguiram porque Cícero, cônsul, com coragem solitária, brecou-lhes o chefe em pleno Senado com seu vozeirão de advogado do rostro (tribuna situada no Foro romano de onde os oradores arengavam ao povo). Ele mesmo, uns dias antes, por pouco escapara de uma tentativa de assassinado dos sicários a mando de Catilina. Cícero contra-atacara colocando os seus para seguirem os passos dos desordeiros, terminando desta maneira por descobrir a extensão da conjura bem mais vasta do que inicialmente imaginava, chegando inclusive a coletar os nomes dos principais cabecilhas: Mânlio, Lêntulo e Cetego, todos conluiados com Lúcio Sérgio no atentado às instituições. Um ar pesado, de chumbo, dominava Roma naqueles dias que prenunciavam o golpe.
Os desatinados pareciam ter escondido palha seca em cada canto da cidade, em seus esconsos e porões, para tocar fogo em tudo na hora a combinar. Era certo que o incêndio viria. Tanto assim que a data de 26 das Calendas de Outubro fora aquela fixada para um ataque geral contra as famílias patrícias, fazendo com que muitas delas, ao ouvir falar do golpe, temerosas, saíssem de Roma procurando abrigo nas suas herdades campestres bem afastadas da cidade. Entrementes, Catilina com seu bando ia e vinha pelas ruas, impune, saboreando o medo que causava.
As Catilinárias
Foi então que num daqueles dias de agitação ele, Catilina, foi ao Senado. Tal uma mente criminosa que se delicia com o pavor que causa, sentou-se nas arcadas. Agiu no Senado como se tivesse jurado a morte dos presentes, olhando um por um nos olhos antes de lançar-lhes o dardo mortal. Deu-se então que Cícero, exasperado com o exibicionismo, a arrogância e o descaramento do conspirador, postou-se bem em frente a ele e disse bem alto para que todos ouvissem:
“Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos se há de precipitar a tua audácia sem freio? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem os temores do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem o olhar e o aspecto destes senadores, nada disto conseguiu perturbar-te? Não sentes que os teus planos estão à vista de todos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, de entre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, em que local estivestes, a quem convocaste e que deliberações foram as tuas. Ó tempos, ó costumes!”
Se todos sabiam do andamento da conspiração, porque razão a permitiam? Cícero atribuía tal leniência dos seus colegas à incerteza que pairava sobre a cabeça dos pais conscritos. Muitos deles tinham dúvidas da veracidade dos boatos e da intensidade das ameaças que cercavam o nome de Catilina. Ou simplesmente estavam acovardados pelo insolente. O orador também computou a brandura com que o sedicioso era até então tratado como resultado da tolerância do senado atual, do tempo de Cícero, em relação à tradição antiga. Em épocas mais remotas, a assembleia patrícia, imbuída de grande disciplina moral, era muito mais rigorosa nas questões de sedição, não hesitando em ser implacável com quem ousasse erguer-se contra as tradições da cidade, como fora o caso dos Graccos, do tribuno L.Saturnino ou ainda de Spúrio Melo (supliciados e executados pelas autoridades), acusados de crime de lesa-república.
Ainda assim, o “conselho do mundo”, como Cícero gostava de designar o Senado, protelava em aplicar leis exemplares contra Catilina, agindo como se fosse um legionário irresponsável que se negasse a tirar a espada da bainha para prostrar um inimigo de Roma, deixando o atrevido não só com vida como ainda fazendo pouco caso de tudo.
Cícero expõe Catilina
Marco Túlio CíceroFoto: Reprodução
Para Cícero tudo estava claro. Aquele que estava ali sentado na sua frente, nas arquibancadas senatoriais, era um criminoso, um inspirador de “mortandades e incêndios”, tendo inclusive ao seu lado alguns dos senadores presentes que, insensatos, andaram juntos prevaricando contra a lei.
O cônsul sabia de tudo. As manobras clandestinas de Catilina eram-lhe conhecidas pelos espiões que colocara no encalço dele. Cícero estava ciente dos mínimos detalhes da conjura, de quem era quem na obra de traição à cidade sagrada. Ao sedicioso ele ainda dava uma oportunidade: que Catilina saísse da cidade e levasse consigo seus asseclas, “a perniciosa sentina dos seus sócios”. Ele era uma peste a quem Júpiter Stator, protetor de Roma, devia expulsar dos seus muros, pois não era apenas uma ameaça à vida do cônsul que o acusava, mas sim à Itália por inteiro.
Prova desse efeito maléfico que dele exalava era o fato de que, ao sentar-se na arquibancada, todos os que estavam próximos se levantavam e iam ajeitar-se bem mais afastados. Ninguém no Senado queria ser visto próximo ao sedicioso. Como então ele pensava levar adiante o motim?
Disse-lhe Cícero então: “sai já de Roma, livra de temor a República: se esperares por este preceito parte já para o desterro!” Que o bandido fosse juntar-se aos outros predadores para insurgir-se: com Mânlio, acampado mais ao norte da cidade com um “exército de gente perdida”. Que as esquadras de falidos, de mendigos e de outros desesperados, liderados por Catilina, ainda com o auxílio de centúrias de gauleses cabalados por ele, ousassem enfrentar o gládio de Roma.
O próprio Cícero tece então considerações sobre a proposta feita de banir o demônio. Se o acusado era aquele veneno todo, por que deixá-lo partir? Não cairia o cônsul no desagrado do povo, deixando a serpente sair da toca e ir-se embora rastejando, mas livre? Contudo, argumentou ele, queria expor Catilina aos olhos de todos os cidadãos, permitindo que o descarado chefe dos maus mostrasse o punhal de assassino da pátria, que ele publicamente erguesse a tocha com que pretendia ver a Cúria em labaredas. Era com o clarão das chamas da insurreição que ele, Cícero, assumindo os riscos, pretendia esclarecer tudo.
Andavam muito confusas as coisas em Roma: legalidade e ilegalidade, senadores e bandidos políticos, o saudável e o doente, a pátria e seus traidores, os bons e os malvados pareciam andar juntos, misturados. Era hora de por um fim naquele caos e conúbio entre a moralidade e a imoralidade, de por as coisas no seu devido lugar.
O conspirador, se solto e fora da cidade, como um imã, atrairia para si os pérfidos e os malfeitores, os parricidas e os latrocinas, enquanto a República teria como seu escudo os cidadãos honestos e íntegros. Tudo então se acertaria: os bons contra os maus. A República estaria salva e o Senado recomposto. O motor da conjura banido ou morto.
Chicoteado pelas palavras de Cícero, nada mais restou ao réprobo senão escapar da cidade e jogar-se na aventura de um tudo ou nada. Mais ao norte, se aliou aos seus sequazes sendo facilmente batido por um destacamento militar enviado em diligência contra eles pelo cônsul. Catilina morreu em Pistóia, no ano de 62 a.C.. Os seguidores dele que ainda haviam ficado em Roma, Lêntulo, Címbro Gambínio, P.Statílio, Cétego e outros, integrantes do partido dos perdidos, foram detidos, levados aos suplícios e, depois de algum tempo no cárcere, foram executados às instâncias de Silano e Catão, com a aquiescência do cônsul.
O povo em Roma celebrou o grande orador, honorificando Cícero como o apodo de “pai da pátria”, salvador da República e das instituições por ter evitado que o império conhecesse mais uma guerra intestina sangrenta. Foi título merecido, visto que a oratória de Cícero serviu como arma num dos casos raros da história em que um discurso contundente e corajoso conseguiu abortar um golpe contra as instituições republicanas.
(*) Cícero, de fato, pronunciou diversas arengas contra Catilina e seus asseclas. A IIª das Catilinárias foi dedicada às justificativas dele ter deixado o malfeitor livre para deixar a cidade expondo-lhe intenções subversivas, na IIIª ele descreveu detalhadamente a conspiração exigindo que se congratulassem com ele pelo bom sucesso das diligências na apuração da conjura, enquanto que a IV Catilinária foi dedicada à divergência instaurada entre os senadores a respeito de quais seriam as penas a serem aplicadas aos sediciosos encarcerados.
Salústio retrata Catilina
O historiador Salústio (86 a 36 a.C.), que conheceu ambos, a Cícero e a Catilina, deixou um vivo retrato do celerado caído em desgraça, descrevendo-o assim:
“Lúcio Catilina, nascido de linhagem nobre, foi um homem de grande fortaleza física e psicológica, mas de temperamento depravado e inclinado para o mal. Desde sua adolescência, muito lhe agradaram as guerras intestinas, as matanças, os espólios, a discórdia civil, exercitando nelas a sua juventude. Seu corpo era capaz de suportar a fome, frio e vigílias... muito acima do que se poderia acreditar. Seu espírito, temerário, trapaceiro, volúvel, era capaz de fingir e dissimular qualquer coisa. Cobiçador do que era do alheio e dissipador do que era seu. Era ardente nas suas paixões. Na eloquência era justo; pouco de prudência. Seu espírito insaciável ansiava sempre pelo desmesurado, o incrível, o que estava sempre demasiadamente alto. Depois da tirania de Lúcio Sila se apoderou dele uma irrefreável ânsia de conquistar a Republica e não tinha o menor cuidado em lançar mão de quaisquer meios que fossem na busca de tal poder absoluto. Seu espírito feroz a cada dia mais e mais se revoltava devido à pobreza do seu patrimônio familiar e a lembrança dos seus crimes... incitavam-no ainda mais os costumes corruptos da cidade, costumes que dois vícios péssimos punham a perder: o luxo e a avareza.”
(Salustio - A Conjuração de Catilina - Retrato de Catilina, V 1-8)
Bibliografia
Cícero – Obras. São Paulo: Edições Cultura, 1942.
Cowell, F.R. – Cícero e a República Romana. Lisboa: Editora Ulisséia, 1967.
Salustio – A Conjuração de CatilinaFonte:http://noticias.terra.com.br/educacao/historia/cicero-e-a-conjuracao-de-catilina-o-memoravel-embate,be302e227ecf5410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html