23.9.10

Brasil Holandês

Por Felipe Araújo
No período em que ocorreram as duas invasões holandesas no Brasil, a Holanda estava sob domínio da Espanha. Em 1579 os holandeses declaram independência, porém, sem o reconhecimento do país basco. A guerra entre Holanda e Espanha durou até 1648. Com isso teve início o embargo espanhol, no qual a Holanda ficou proibida de se relacionar comercialmente com as áreas de dominação espanhola, inclusive o Brasil.

A Holanda reagiu ao embargo criando, em 1602, a Companhia das Índia Orientais, que tinha como objetivo a exploração de áreas conquistadas pelos espanhóis na Ásia e na África. Isso forçou a Espanha a assinar a Trégua dos Doze Anos, acordo que durou de 1609 a 1621. Com o término da trégua e as novas restrições impostas pela corte espanhola, os países criaram a Companhia das Índias Ocidentais (1621). Assim, começaram as colônias espanholas na América, dentre as quais estava o Brasil.

A primeira invasão holandesa em território brasileiro ocorreu naBahia. O almirante Jacob Willekens e seus comandados invadiram a Bahia, que na época era sede do Governo Geral do Estado do Brasil. A reação dos portugueses e brasileiros veio com o bispo D. Marcos Teixeira e Matia de Albuquerque, um administrador colonialportuguês, irmão do donatário da Capitania de Pernambuco.

Iniciada uma guerrilha, o avanço holandês foi impedido, porém, estes já haviam conquistado a cidade de Salvador. Mas a presença dos holandeses no Brasil não durou muito. No ano de 1625, a Jornada dos Vassalos, esquadra lusoespanhola, conseguiu expulsar os holandeses com ajuda dos brasileiros.

Mas houve uma segunda invasão holandesa no Brasil, desta vez em Pernambuco. O ano era 1630 e uma tripulação liderada por Diederik van Waerdenburch desembarcou em Olinda com 70 embarcações e iniciou a invasão. O responsável pela capitania era Matias de Albuquerque, que iniciou nova guerrilha contra os holandeses. O maior conflito foi na Baía da Traição em 1631, quando o espanhol D. Antônio de Oquendo afundou afundou a embarcação do almirante holandês Adrian Jansen Pater. Apesar da vitória espanhola, um brasileiro chamado Antonio Domingos Calabar teria traído o governo brasileiro dando dicas sobre cidades do litoral nordestino para os holandeses. Com isso, eles conquistaram diversos fortes, dominando totalmente a região em 1635. Neste mesmo ano, houve a queda do Arraial de Bom Jesus, o que fez com que Matias de Albuquerque fosse para Alagoas. Lá, foi para a cidade de Porto Calvo, onde encontrou um grupo de holandeses dentre o qual estava Calabar. Matias e seus homens derrotaram os holandeses, prenderam e esquartejaram o suposto traidor da pátria.

Para equilibrar os interesses de invadidos e invasores, já que a guerra apenas causava prejuízo para os latifundiários e para os holandeses, foi instaurado o Governo de Nassau, que durou de 1637 a 1644. Entre suas principais caracateristicas estão…

  1. Consquista de Sergipe e Maranhão
  2. Criação da Câmara dos Escabinos
  3. Vinda de artistas e intelectuais da Europa
  4. Urbanização do Recife
  5. Monopólio do mercado escravista
  6. Liberdade religiosa
  7. Financiamentos aos Senhores de Engenho

Em 1644, Nassau demitiu-se por descordar com alguns interesses da Companhia das Índias Ocidentais. Neste período, a Companhia e a Holanda passavam por sérios e problemas. Para suprí-los, começaram a exigir demais dos Senhores de Engenho. Isso deu início à Insurreição Pernambucana, movimento para expulsar os holandeses do Brasil. Liderada por André Vital de Negreiros e outros comparsas, a Insurreição conseguiu expulsar os holandeses em 1654. Entre as batalhas, destacam-se a do Monte das Tabocas, Guararapes e Campina do Taborda.

Fontes:

Migliacci, Paulo. Os Descobrimentos: Origens da supremacia européia. São Paulo: Editora Saraiva, 1994.
Silva, Janice Theodoro. Descobrimentos e Colonização. São Paulo: Editora Ática, 1987.

Quando e por que nós inventamos a guerra?

A história da humanidade é cheia de conflitos. Alguns desses conflitos acontecem num nível muito pequeno, envolvendo apenas algumas poucas pessoas - às vezes, a batalha acontece dentro da mente de uma única pessoa. Mas outros conflitos se expandem por regiões e se esticam por décadas. Ao longo dos séculos, os seres humanos descreveram a guerra como qualquer coisa - de um conflito glorioso a uma atividade violenta, sem sentido e desumana. Nós sempre fizemos uma guerra atrás da outra?

Entalhes em pedras como esse, encontrado em um templo indiano, são registros de conflitos já nos primórdios das civilizações
© AlanLagadu / iStockphoto.com
Entalhes em pedras como esse, encontrado em um templo indiano, são registros de conflitos já nos primórdios das civilizações

Para responder a essa pergunta, primeiro temos de definir guerra. De acordo com o dicionário Merriam-Webster, guerra é o "estado de conflito aberto e hostil, geralmente armado e declarado, entre Estados ou nações". Essa definição nos ajuda a limitar quando os humanos inventaram a guerra. Se estivermos falando de Estados ou nações, devemos focar nas primeiras civilizações. Antes da civilização, todos os humanos eram tribais e, de alguma forma, nômades. Foi só depois que desenvolvemos a agricultura e nos assentamos que pudemos construir os recursos necessários para a guerra.

Isso não significa que não havia conflitos entre humanos antes da civilização. É provável que as tribos brigassem umas com as outras ou que disputas internas dentro da tribo terminassem em confronto físico. Mas embora essas disputas possam ter sido violentas por natureza, elas não se adequavam à definição de guerra.

Uma vez desenvolvida a agricultura, os humanos foram capazes de formar grandes comunidades. Nós não estávamos mais restritos a viver como pequenas tribos móveis. Mas construir uma comunidade trazia embutidos alguns perigos. Isso significava que as pessoas estavam produzindo recursos - recursos que outras pessoas podiam querer ou precisar. As primeiras civilizações tinham que lutar com bandos de invasores para proteger suas terras. À medida que essas comunidades se tornavam melhores em repelir os invasores, elas começavam a desenvolver ferramentas e técnicas que serviriam mais tarde como base dos conflitos armados.

Recordando o berço da civilização, vemos que nem tudo era terrivelmente civilizado. Na terra dos sumérios, onde é o Iraque dos tempos modernos, havia várias cidades-estados. Cada cidade-estado era independente das outras, embora através da história elas ocasionalmente criariam um fronte unido contra um inimigo comum.

Mas as cidades-estados tendiam a lutar umas contra as outras. Guerra era comum na Suméria antiga. As técnicas humanas aprendidas para fazer ferramentas foram usadas para construir armas. Invenções como a roda se tornaram importantes para o design de veículos de guerra como as carruagens. Os registros mais antigos de guerra datam de cerca de 2700 a.C.. Os antigos sumérios talharam registros dessas batalhas em tábuas de pedra [fonte: The Origins of War].

O conflito era entre os sumérios e seus vizinhos elamitas, que viveram no que agora é conhecido como Irã. Não podemos dizer que as batalhas entre as duas nações foram parte da primeira guerra já travada - os primeiros conflitos provavelmente começaram há 10 mil anos, no final do Paleolítico ou início do Neolítico, mas nós não temos registros daquele tempo [fonte: Cioffi-Revilla]. Por volta de 2700 a.C., o rei sumério Enmebaragesi liderou soldados contra os elamitas e ganhou, pilhando a nação no processo. Parece que o motivo para a primeira guerra foi que os elamitas eram uma ameaça potencial aos sumérios e eles tinham recursos que os sumérios queriam [fonte: HistoryNet].

Para a guerra existir, nações ou Estados devem reter um senso de independência e desapego de outras comunidades. Sem essa independência, não há uma mentalidade nós-contra-eles. Enquanto houver essa diferenciação entre comunidades, haverá potencial para conflitos. Nações que percebem uma ameaça de um Estado estrangeiro podem iniciar uma guerra na tentativa de fugir de uma futura conquista. Ou uma comunidade pode fazer guerra para acessar recursos que outra comunidade possui. Essencialmente, a guerra exige que nós nos identifiquemos como pertencentes a um grupo enquanto ao mesmo tempo excluímos outras pessoas.

Fontes:

Cioffi-Revilla, Claudio. "Origins and Evolutions of War and Politics." International Studies Quarterly. 1 de março de 1996. Vol. 40, pp. 1-22.

Gabriel, Richard A. and Metz, Karen S. "A Short History of War." U.S. Army War College. 30 de junho de 1992. (13/08/2010)
http://www.au.af.mil/au/awc/awcgate/gabrmetz/gabr0001.htm

HistoryNet. "Military History: The Birthplace of War." 12 de junho de 2006. (15/08/2010)
http://www.historynet.com/military-history-the-birthplace-of-war.htm/print/

Merriam-Webster Dictionary. "War." (13/08/2010)
http://www.merriam-webster.com/dictionary/war

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http://www.merriam-webster.com/dictionary/war

Pearl Harbor no Brasil

Entre 15 e 19 de agosto de 1942, um submarino nazista afundou 7 navios no litoral do Nordeste, causou 600 mortes e jogou o Brasil na 2ª Guerra Mundial. Agora pesquisas revelam novos detalhes da tragédia

por Marcelo Monteiro (de Valença, Bahia)

Qualquer americano já ouvir falar do bombardeio-surpresa à base naval de Pearl Harbor, trauma nacional que jogou os EUA na 2ª Guerra Mundial. Alguns até se lembram de que foi em 1941. Mas poucos brasileiros sabem que, no ano seguinte, o Brasil também entrou no conflito por causa de ataques em alto-mar.

Apesar de oficialmente neutro, o Brasil fornecia borracha para a indústria bélica americana. As retaliações alemãs a esse apoio velado começaram em 15 de fevereiro de 1942, quando o navio mercante Buarque foi afundado perto da Flórida. Até o fim da guerra, em 1945, seriam mais 36 afundamentos no Atlântico, e cerca de 1 500 mortes.

Mas o "Pearl Harbor brasileiro" ocorreu entre 15 e 19 de agosto, quando 7 embarcações brasileiras foram afundadas na costa do Nordeste pelo mesmo submarino alemão, o U-507. No dia 17, os nazistas chegaram a afundar um navio e também o cargueiro que veio prestar socorro. "Esse duplo naufrágio foi a gota-d’água", diz o historiador Edgard Oliveira, que estuda o episódio desde 1998. "Houve campanha nacional para que o presidente Getúlio Vargas respondesse aos ataques." Cinco dias depois, o Brasil declarava guerra à Alemanha e seus aliados.

Oliveira está produzindo um documentário sobre os afundamentos, com direito a uma farta pesquisa, caça de destroços no fundo do mar e diário de bordo do submarino assassino. Quase 70 anos depois, seu trabalho e o de outros historiadores está ajudando a revelar essa passagem importante e esquecida do nosso passado.

Tomando partido
Se, em 1942, os submarinos nazistas afundavam navios brasileiros, antes da guerra houve quem apostasse que eles estariam lhes fazendo escolta. Em 1938, um ano antes do conflito, a Alemanha era quem mais exportava para o Brasil. Não só produtos e máquinas mas ideias: Vargas havia dado um golpe e instalado o Estado Novo, regime bem mais próximo do fascismo que da democracia. Nos anos seguintes, já durante a guerra, que foi construída a aliança que tornaria nossas embarcações alvo dos alemães - por iniciativa dos EUA.

"No plano econômico, os americanos se voltaram para obter o controle de compra de materiais estratégicos , como manganês, minério de ferro e borracha", afirma Boris Fausto na sua História do Brasil. Como os maiores produtores de borracha asiáticos já estavam sob domínio japonês, restava aos americanos recorrer ao Brasil. "A resposta brasileira foi se aproximar cada vez mais do ‘colosso do norte’, procurando extrair vantagens da nova situação", escreve Fausto.

Para afastar a Alemanha, parceira comercial e ideológica, os americanos se esforçaram: criaram o Zé Carioca, financiaram a construção da Companhia Siderúrgica Nacional,
em Volta Redonda (RJ), e até prometeram um papel de destaque para o Brasil numa futura ONU - essa acabou ficando só na promessa mesmo. No fim de 1941, tropas americanas estacionaram no Nordeste. Mesmo sem assumir publicamente, o país já havia se posicionado em favor dos Aliados.

Terror dos mares
Um espectro rondava o oceano Atlântico: o U-boot. Era assim que os alemães se referiam a seus submarinos (abreviação de unterseeboot, literalmente "barco-sob-o-mar"), todos batizados com um U seguido de um número. Em 1942, auge do seu domínio marítimo, mandaram 6 milhões de toneladas aliadas para o fundo do mar. Sob comando do almirante Karl Dönitz, seus alvos eram navios de carga que iam da América do Norte para a Europa - e do Brasil para os EUA, assim que ficou clara a aliança entre os dois países. Nos 6 meses seguintes ao primeiro ataque, em fevereiro, foram 15 afundamentos de embarcações brasileiras, que causaram a morte de 135 pessoas. E o pior estava por vir.

Em 7 de agosto de 1942, Dönitz autorizou o comandante do U-507, Harro Schacht, a realizar "manobras livres" no litoral brasileiro. O eufemismo autorizava o capitão a atacar qualquer embarcação, sem necessidade de aviso ou autorização. Schacht já havia feito bom uso dessa permissão em abril e maio daquele ano: de passagem pelo golfo do México, afundou 11 navios, um no delta do Mississippi.

Após uma semana tediosa atravessando o Atlântico, o U-507 chegou à costa do Brasil e encontrou muitos de seus alvos favoritos: cargueiros sem escolta em águas calmas. A primeira vítima do submarino nazista foi o Baependy, dia 15, um sábado. Horas depois, o Araraquara também foi a pique. No domingo, dia 16, foi a vez de o Anibal Benévolo afundar. Foram 270, 131 e 130 mortos, respectivamente - um terço de todas as baixas civis brasileiras na 2ª Guerra Mundial concentradas em dois dias.

A marinha mercante brasileira estava em pânico - os brasileiros ainda não. Esses 3 primeiros ataques concentraram o maior número de mortos, mas, por terem acontecido longe da costa e no fim de semana, a notícia demorou a repercutir. A indignação nacional imediata viria em bloco, junto com os afundamentos do dia seguinte.

Duas vezes náufragos
Às 10h40 do dia 17, uma segunda-feira, o comandante José Ricardo Nunes conduzia o Itagiba pelo litoral sul baiano quando um ruído ensurdecedor tomou conta da cabine. Atingido em cheio pelo U-507, o navio pertencente à Companhia Nacional de Navegação Costeira foi a pique em cerca de 8 minutos. O pescador Valdemar do Rosário, hoje com 83 anos, ouviu da praia do Guaibim, no município de Valença, o estrondo produzido pelo ataque ao Itagiba: "Parecia um tiroteio no meio do mar".

A bordo estavam 60 tripulantes, 21 passageiros e 96 militares que partiram do Rio para Salvador. Das 8 baleeiras - embarcações menores, a remo - que poderiam ser usadas para o salvamento, duas foram inutilizadas pela explosão. Os náufragos de 4 das 6 baleeiras restantes foram acudidos por um iate; os das outras duas foram salvos pelo cargueiro Arará, que levava sucata de ferro de Salvador para Santos.

Mas o U-507 ficara à espreita, assistindo à movimentação em torno do afundamento do Itagiba. Às 16h06, o submarino nazista atingiu o Arará na casa das máquinas. A precisão do tiro fez com que a embarcação afundasse em 3 minutos. Assim, náufragos do Itagiba socorridos pelo Arará foram ao mar pela segunda vez no mesmo dia.

Por volta das 18h30, os primeiros náufragos chegavam ao Paço Municipal de Valença. As vítimas em estado mais grave foram levadas para o Hospital da Santa Casa. A partir de então, os novos grupos de náufragos foram acolhidos no prédio da prefeitura e, mais tarde, conduzidos a pensões e restaurantes da cidade. Os tripulantes do Itagiba e os militares que viajavam na embarcação foram alojados no edifício da Sociedade Recreativa, no centro da cidade. O último barco com sobreviventes chegou ao porto de Valença apenas ao meio-dia do dia seguinte, terça-feira. Cerca de 160 pessoas foram socorridas.

No dia dos atentados aos navios Itagiba e Arará, Mustafá Rosenberg de Souza, 17 anos, havia viajado a Valença para ir ao cartório local. Quando soube da chegada dos náufragos à cidade, correu para ver de perto a situação. "No hospital havia um médico só. Começaram a chamar o povo: ‘Entrem! Venham ajudar!’ Era muito sangue", recorda. Assustado, Mustafá ajudou o médico com a limpeza de roupas, do chão e até de alguns ferimentos. "O que eu vi foi o inferno de Dante. Muita gente morta, estraçalhada, amputada", conta o valenciano, hoje um médico de 84 anos. Impressionado com o que viu naqueles dias, o adolescente se formou em medicina.

Ainda no dia 17, o U-507 afundou um pesqueiro não identificado. Dois dias depois, foi a barca Jacira. Felizmente, ninguém foi ferido.

Corações e mentes
Ainda no armário bélico, a primeira reação do Estado Novo aos naufrágios foi defensiva: apagar as luzes do litoral. Mas o povo queria contra-ataque: uma rara coalizão de estudantes nacionalistas, sindicalistas pelegos e comunistas enrustidos se uniu em gritos pró-guerra. E a mídia subiu o volume.
No dia seguinte ao duplo torpedeamento, 18 de agosto, o jornal Diário da Bahia, de Salvador, estampava na capa: "Covardes! Inominável atentado". Apenas no dia 20 o chanceler Osvaldo Aranha se manifestou, em discurso improvisado na sacada do Palácio Itamaraty, então no Rio : "Oporemos uma reação que há de servir de exemplo para os povos agressores e bárbaros que violentam a civilização e a vida dos povos pacíficos". Houve aplausos entusiasmados, mas a "reação exemplar" ainda era só uma declaração vaga.

No dia 21 de agosto, o Diário da Bahia estampou a foto de uma garotinha de 4 anos sentada em uma cama de hospital. Era filha de um tripulante do Itagiba, Valderez Cavalcante, que chegou à praia agarrada a uma caixa. "A pequenina náufraga recebe curativos enquanto que os seus dedinhos fazem o V da vitória, que não poderá deixar de vir", previa a legenda. Reproduzida em toda a parte, a "pequenina náufraga" se tornou mais popular que Carmen Miranda.

No dia seguinte, o Brasil deixava de ser neutro, declarando "estado de beligerância" à Alemanha - a declaração de guerra viria no dia 31. Os U-boote não se intimidaram: naquele ano houve mais 3 naufrágios, e seriam mais 12 até o final do conflito.

Enquanto os militares não respondiam aos ataques, os civis se mobilizavam. Diversos grupos foram criados para colaborar, cada um à sua maneira - Legião Acadêmica, Legião dos Comerciários, Legião dos Médicos para a Vitória. Em Salvador, um estudante de medicina fundou os Legionários da Morte, que chegou a reunir 90 homens dispostos a honrar o Brasil em missões suicidas. Apesar da grande disposição patriótica, nenhum foi chamado a se matar pelo país.

Quase dois anos depois dos 5 dias de terror no litoral baiano, 25 mil brasileiros que preenchiam os requisitos mínimos (60 quilos,
1,60 metro e 26 dentes) embarcaram para a guerra na Itália.

Recontando a história
Durante a Guerra Fria, teóricos da conspiração defendiam que os ataques de 1942 foram de submarinos americanos, para obrigar Vargas a entrar na guerra. A frágil hipótese perdeu adeptos em 1958, com a autobiografia do almirante nazista Karl Dönitz, que confirma que todos os ataques foram nazistas. Mas há quem suspeite de inflação das mortes.

Qualquer polêmica poderia ser desfeita pelo exame dos destroços. Mas o Itagiba e o Arará, afundados em sequência, nunca foram encontrados. A descoberta do diário de bordo do U-507 motivou uma expedição liderada pelo professor Edgard Oliveira. Ele acredita ter encontrado restos da barcaça Jacira, colocada a pique pelos nazistas dois dias depois, a
40 metros de profundidade. "Temos indícios de que o Arará está a 60 metros, mas o Itagiba parece ter caído em um precipício de 200 metros", afirma Oliveira, que vai fazer outras buscas. Após a localização das carcaças dos navios, a ideia é promover roteiros turísticos e educacionais. Quem sabe na próxima vez o passado vem à tona.

Aliado aéreo
Uma prova do alinhamento prévio do Brasil com os Aliados: a Força Aérea Brasileira (FAB) foi criada em janeiro de 1941 com aviões e instrutores cedidos pelos EUA. Quatro dias após o ataque a Pearl Harbor, uma esquadrilha dos EUA desembarcou em Natal, trazendo militares que passariam a cuidar da segurança da base. Como se não bastasse, em 22 de maio de 1942, uma aeronave da FAB decolou de Natal com o objetivo de repelir o submarino que havia atacado um navio brasileiro. Pelo ar, o Brasil parecia já estar na 2ª Guerra.

Capitão vilão
Harro Schacht comandava o submarino U-507, que causou 7 naufrágios e 597 mortos no Nordeste em 1942. Impiedoso com as vítimas de seus torpedos, ele seguia disparando enquanto os náufragos ainda deixavam os navios. Schacht recebeu a Cruz de Ferro em 9 de janeiro de 1943 por seu sucesso no ano anterior. Todavia, ele nunca usou a condecoração: 5 dias depois, enquanto torpedeava um navio britânico próximo ao litoral paraense, foi atacado por um hidroavião americano. Junto com ele, afundaram todos os tripulantes do U-507.

Cobra fuma?
O Brasil demorou tanto tempo para entrar na guerra - foram mais de dois anos entre a declaração e o combate - que surgiu a brincadeira: "Os brasileiros só vão lutar quando a cobra fumar", ou seja, nunca. Quando o embarque foi confirmado, o símbolo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) não podia ser outro: uma cobra fumando. A FEB embarcou para a Itália em agosto de 1944, onde lutou até a rendição do Eixo, em maio de 1945.

17/8/1942

Veja como foi o duplo afundamento que jogou o Brasil na 2ª Guerra

10h40
Indo do Rio pra Salvador, o navio Itagiba navega a
5,6 km da praia de Guaibim (BA) e é atingido por um torpedo do submarino alemão 507.

10h48
O navio, de
89 m de comprimento e 2 169 t, desaparece nas águas do Atlântico.

11h10
O iate Aragipe aproxima-se e recolhe vítimas que estavam em 4 das 6 baleeiras (pequenos barcos a remo) carregadas pelo Itagiba.

12h14
Ao passar pelo local do naufrágio, o navio Arará recolhe os náufragos alojados em duas baleeiras do Itagiba.

16h03
O U-507, que ficara à espreita observando toda a movimentação para o salvamento da tripulação do Itagiba, dispara um torpedo no Arará.

16h06
Atingido na casa das máquinas, o Arará vai a pique, indo fazer companhia ao Itagiba, afundado horas antes.

Noite
Naquele dia, 0 U-507 atingiria mais duas embarcações na região - felizmente, sem causar mortes.

4 barcos foram afundados pelo U-507 neste dia.

56 mortes foram causadas pelos naufrágios.

Para saber mais

Senta a Pua!
Rui Moreira Lima, Itatiaia, 1989.

Irmãos de Armas
José Gonçalves e César Maximiano, Conex, 2006.

Fonte:

Superinteressante


Como foi o assassinato de Abraham Lincoln?

por Beto Gomes
O presidente americano Abraham Lincoln (1809-1865) foi morto durante a apresentação de uma peça no Teatro Ford, em Washington, pelo ator John Wilkes Booth (1838-1865). Na noite de 14 de abril de 1865, Booth protagonizou a cena que o eternizou. Ele era um sulista inconformado com a derrota na guerra civil e fazia parte de uma conspiração que envolvia outras pessoas e outros alvos (veja o boxe). Booth fugiu por 12 dias, até ser morto na Virgínia.


Horas de suspense
Acompanhe os momentos dramáticos do crime que marcou os EUA

ABREM-SE AS CORTINAS
O presidente sobe ao camarote do Teatro Ford, meia hora após o começo da peça, com a esposa Mary (1818-1888), o major Henry Rathbone (1837-1911) e a noiva dele, Clara Harris (1845-1883)

PELA PORTA DA FRENTE
Booth chega ao teatro, aonde já tinha ido cinco vezes naquele dia a fim de sondar o local. Depois de entrar pela mesma porta usada pelo presidente, ele sobe ao piso de cima, onde está Lincoln

PASSE LIVRE
Diante do camarote, o ator tira um cartão pessoal e se identifica para um homem que ficava de guarda na porta. Após ser consultado, o presidente permite que ele entre no recinto

TIRO NA NUCA
Booth atravessa a antessala escura do camarote e encontra Lincoln e seus convidados concentrados na peça. Saca uma pistola Derringer calibre 44 e dispara um único tiro contra a nuca do presidente

FACADA NO BRAÇO
O major Rathbone tenta prender o intruso. Os dois começam uma briga violenta e o ator esfaqueia o militar, que fica ferido com um corte do ombro ao cotovelo

FUGA CINEMATOGRÁFICA
O assassino escapa de forma impressionante: pula para o palco de uma altura de 4 metros, grita "Sic semper tyrannis" ("Assim sempre com os tiranos", em latim) e sai pelos fundos, onde um cavalo o aguarda

LONGA MADRUGADA
Lincoln é socorrido por médicos que estavam na região e levado às pressas a uma casa do outro lado da rua. Mas a bala se alojara atrás do olho direito, e o presidente não resiste aos ferimentos

Fracasso de bilheteria
John Booth planejou uma ação simultânea contra várias autoridades, mas seus comparsas falharam

Lewis Powell
Tinha a missão de matar o secretário de Estado William Seward (1801-1872). Na luta entre os dois, Powell foi dominado. Morreu na forca em 7 de julho, aos 21 anos

George Atzerodt
Aos 30 anos, deveria matar o vice-presidente, Andrew Johnson, (1808-1875), mas ficou nervoso e nem tentou. Acabou enforcado com os comparsas

David Herold
Tinha 23 anos e estava com Lewis Powell durante a tentativa frustrada de matar o secretário Seward. Foi levado à forca no mesmo dia que o parceiro

Mary Surrat
Proprietária de uma pensão em Washington, Mary guardou as armas dos conspiradores. Também foi enforcada no dia 7 de julho, aos 42 anos

Samuel Arnold
Participou dos planos iniciais, que previam apenas o sequestro de Lincoln, e por isso pegou prisão perpétua. Morreu na cadeia em 1906, com 68 anos

Quais os dez reis mais malucos da história?

Não existe um ranking oficial a respeito, por isso tivemos que fuçar vários livros de história para selecionar os monarcas mais estranhos de todos os tempos. E olha que achamos muitos candidatos à coroa. Ou melhor, à camisa-de-força!

por Fabiano Onça
10. Nabonidus

Quando viveu - Século 6 a.C.

Onde reinou - Babilônia

Nabonidus levou ao fundo do poço a poderosa civilização da Babilônia, que teve seu auge entre os séculos 18 a.C. e 6 a.C. Esquisitão, ele vivia escondido num oásis na Arábia enquanto seu filho administrava o reino. Para horror dos súditos, desprezava o culto a Marduk, o deus mais popular. Em vez disso, construiu um templo para si próprio, onde rolavam cerimônias comandadas por duas sacerdotisas: sua mãe e sua irmã - Freud explica...!

Maior loucura - Trechos dos Pergaminhos do Mar Morto - achados em Israel a partir de 1947 - relatam que Nabonidus achava que era um bode e às vezes saía andando de quatro e comendo grama!

9. Frederico I

Quando viveu - 1657-1713

Onde reinou - Prússia

Frederico I era totalmente obsessivo. Certa vez, resolveu detalhar como os funcionários públicos deveriam se comportar. Resultado: escreveu um calhamaço com 35 capítulos e 297 parágrafos! Acabaram sobrando regras rígidas até para seu filho. Desde os 6 anos, o coitado era acordado às 6 da matina ao som de canhões! Só para acostumar com a guerra!

Maior loucura - Frederico amava a sua guarda imperial, formada só por caras acima de 1,80 m. A França quase declarou guerra à Prússia após Frederico mandar seqüestrar uns franceses altos...

8. Vlad III

Quando viveu - 1431-1476

Onde reinou - Valáquia (na atual Romênia)

Vlad III viveu numa época dura. Nobres revoltosos cegaram os olhos de seu irmão mais velho com ferro quente (ahhh!) e depois o enterraram vivo! Assim, quando subiu ao poder, a primeira coisa que Vlad fez foi se vingar do que havia rolado com sua família. Ele mandou empalar - ou seja, atravessar com uma estaca - boa parte dos nobres, incluindo as crianças!

Maior loucura - Quando, em 1462, os otomanos resolveram invadir o reino de Vlad, deram de cara com um "cartão de boas-vindas": 20 mil soldados empalados pelo caminho! O conquistador otomano Mehmet II quase vomitou e resolveu dar meia-volta.

7. Mustafá I

Quando viveu - 1592-1639

Onde reinou - Império Otomano

Para evitar uma disputa pelo trono enquanto seu irmão governava, Mustafá ficou 14 anos preso numa ala sem janelas do palácio real. Só podia ficar lelé... Quando o irmão morreu, Mustafá assumiu o poder e logo nomeou dois servos como governadores! Prenderam o cara outra vez... Conspiração vai, conspiração vem, decidiram soltar Mustafá de novo. Seis meses depois, ninguém agüentava mais o maluco. Mustafá foi trancafiado pela última vez e morreu 16 anos depois.

Maior loucura - Mustafá se divertia jogando o tesouro real pela janela. Ele adorava ver o povo se matando para pegar as coisas...

6. Nadir Shah

Quando viveu - 1688-1747

Onde reinou - Pérsia (no atual Irã)

General vitorioso, Nadir depôs o rei para assumir o poder. Após se safar de uma tentativa de assassinato, pirou. Suspeitando do filho, cegou o cara na frente da nobreza. Aliás, pensando melhor, decidiu cegar também os nobres que viram a cena! Acabou morto pelos próprios homens, antes que sobrasse pra eles...

Maior loucura - Por onde passava, Nadir torturava e matava para descobrir alguma conspiração. E ainda brincava de "Lego", fazendo torres com as cabeças decepadas!

5. Ivan, o Terrível

Quando viveu - 1530-1584

Onde reinou - Rússia

Desde pequeno, Ivan já mostrava sua natureza "dócil", atirando cães e gatos das muralhas do Kremlin... Quando sua mulher morreu, Ivan achou que ela tinha sido envenenada e passou a matar nobres russos. Seu tesoureiro foi cozido num caldeirão! Depois das crueldades, Ivan batia a cabeça no chão em penitência...

Maior loucura - Um dia, Ivan espancou sua nora porque não gostou das roupas dela. Seu único filho vivo discutiu com o psicopata. Péssima idéia! O velho maluco bateu com um cetro de ferro na cabeça do coitado e o matou!

4. George III

Quando viveu - 1738-1820

Onde reinou - Inglaterra

Aos 50 anos,George III começou a ter violentos delírios. Agitado, suava em bicas e tirava as roupas onde estivesse. Após ir para um hospício, ele até se recuperou, reinando por mais 20 anos antes de ficar doente de novo. Nos últimos momentos de vida, conversou sozinho durante 58 horas até o coma final!

Maior loucura - Certo dia, George se aproximou de uma árvore e lhe deu um vigoroso "aperto de mão". Quando perguntaram se ele estava bem, ele disse: "Não me interrompa! Estou conversando com o rei da Prússia"...

3. Gian de Medici

Quando viveu - 1671-1737

Onde reinou - Florença, na Itália

Desde pequeno Gian era deprimido. Ficava meses na cama. Seu pai piorou as coisas ao lhe arrumar uma mulher feia de doer. Foi acusado de impotente pela mulher, mas o problema era o estímulo... Quando o casamento acabou, Gian voltou para sua amada cama, para onde começou a levar garotinhos. Com o tempo, sua saúde mental se deteriorou. No final, era na sua grande cama que ele fazia tudo: até defecar e vomitar...

Maior loucura - Gian chegou a ter quase 400 pessoas em um "estábulo sexual", na maioria jovens garotos.

2. Carlos VI, o louco

Quando viveu - 1368-1422

Onde reinou - França

Com o apelido de Louco, Carlos manteve a tradição familiar, pois teve antepassados como Clovis II, o Inútil, e Childerico III, o Idiota... Ele tinha acessos de fúria e dores de cabeça terríveis. Aos 24 anos, matou quatro servos durante uma crise. Para curá-lo, médicos furaram o crânio de Carlos para "aliviar a pressão" - o que só despertou nele uma fúria maníaca contra doutores...

Maior loucura - Em 1405, Carlos parou de tomar banho e ainda fazia xixi e "barro" nas roupas... Se alguém chegava perto, gritava que era de vidro e que ia quebrar!

1. Ibrahim, o louco

Quando viveu - 1616-1648

Onde reinou - Império Otomano

Ibrahim levava uma vida de luxos e orgias. Uma vez, curioso com o órgão sexual de uma vaca, fez um molde das "partes" da bichinha. Com ele na mão, rodou o reino até arrumar uma amante com as partes "idênticas". Achou Sechir Para, que pesava 150 quilos! Após afundar o reino em dívidas, foi deposto e enjaulado.

Maior loucura - Uma vez, Sechir Para contou que uma das 280 concubinas do rei havia pulado a cerca, mas não disse quem era ela. Ibrahim mandou pôr as 280 mulheres em sacos cheios de pedras e afogá-las no mar!

Fonte: Mundo Estranho

Primeira Guerra Púnica

Por Antonio Gasparetto Junior
A Primeira Guerra Púnica foi o primeiro de uma série de três conflitos entre Roma e Cartago.

Na fase inicial do Império Romano, a cidade de Cartago era muito próspera no Mar Mediterrâneo. Cartago era de origem fenícia e tinha boas relações comerciais no Mediterrâneo e também com Roma. Sua posição a favorecia estrategicamente para o desenvolvimento de relações comerciais, uma vez que se situava de tal forma que permitia o fácil contato com a África e com várias ilhas próximas da Europa.

Ilustração: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:First_Punic_War_264_BC.png

Cartago prosperava no comércio de trigo, perfumes, pedras preciosas, metais, tecidos e marfins. Em razão de seu grande sucesso comercial, Cartago contava também com um grandioso exército, o qual superava até mesmo o romano.

Com o processo de expansão do Império Romano, Roma buscou conquistar a ilha da Sicília, com a qual Cartago tinha suas relações comerciais. A Sicilia era de grande importância econômica para os cartagineses, perder seu domínio representava grande insatisfação para este povo. Assim, a relação entre Roma e Cartago se estremeceu.

A Primeira Guerra Púnica começou no ano de 264 a.C. em conseqüência da invasão romana na ilha da Sicília. O conflito colocou em choque as duas maiores potências existentes na região do Mediterrâneo na época. É bem verdade que o Império Romano, até então, não desfrutava de uma grande e poderosa frota marítima para investir na conquista de uma ilha, mas a política de guerra de Roma era só terminar os combates quando a vitória fosse total. Por esse motivo, foram muitas as perdas humanas e materiais para os dois lados.

Por mais que os cartagineses dispusessem de grande e estruturado exército, além de recursos financeiros acumulados ao longo de vários anos de comércio, os romanos tinham a determinação. A habilidade tática de Roma superou a vantagem numérica de Cartago no campo de batalha.

O conflito se estendeu por longos 23 anos. Em 241 a.C. a Primeira Guerra Púnica chegou ao fim com a rendição imposta pelos romanos aos cartagineses. Roma conseguiu estruturar sua frota marítima e superar Cartago também nos mares. O resultado foi a declaração de Cartago aceitando o domínio romano sobre a Sicília e mais uma série de punições sofridas.

Após o conflito, os dois lados estavam sofrendo sérios danos econômicos e demográficos. As perdas financeiras e humanas foram impactantes para ambos os lados. Entretanto, Roma, como vencedora, conquistava um novo território para usufruir de seus produtos e ainda sobrecarregou Cartago com punições financeiras. Esta entrou então em um período de extrema crise, no qual ocorreu inclusive uma guerra civil. A cidade de Cartago padeceu das consequências da guerra.

Após a guerra, Roma se tornou um dos maiores impérios da Antiguidade. As fronteiras de influência foram definidas através de uma linha imaginária que cortaria o Mediterrâneo. De tal modo que Espanha, Córsega, Sardenha e África continuavam sob domínio de Cartago, e tudo que estivesse ao norte da linha seria de Roma. Os cartagineses procuraram se recompor através de sua região de influência e deslocaram o palco dos conflitos para outra região, o que teve como conseqüência novas guerras entre Roma e Cartago.

Fontes:
http://educacao.uol.com.br/historia/primeira-guerra-punica.jhtm
http://www.guerras.brasilescola.com/roma-antiga/primeira-guerra-punica.htm

Segunda Guerra Púnica

Por Antonio Gasparetto Junior
A Segunda Guerra Púnica é a mais famosa entre a série de conflitos ocorridos entre Roma e Cartago na Antiguidade.

Enquanto Roma ainda se desenvolvia como um grande império na Europa, a cidade de Cartago gozava de grande prosperidade no Mar Mediterrâneo. Cartago era uma cidade enriquecida em razão do frutífero e diversificadocomércio que realizava por conta de sua posição estratégica no Mediterrâneo. Cartago tinha relações estabelecidas e solidificadas com o norte da África e com ilhas em torno da Europa.

Roma e Cartago tinham boas relações diplomáticas, mas o processo de expansão romano desagradaria os cartagineses em certo momento. Quando Roma decidiu invadir a ilha de Sicília, Cartago se mostrou insatisfeita e um conflito entre as duas maiores potências do Mediterrâneo na época entraram em conflito. A ilha de Sicília era umaimportante parceira comercial de Cartago, e esta não queria perder seus privilégios.

Roma e Cartago se enfrentaram em uma guerra inicial que resultou na rendição de Cartago e na imposição de severas punições por parte dos romanos. A conseqüência foi danosa para os dois lados, embora para Cartago, lado perdedor, tenha sido naturalmente pior.

A Segunda Guerra Púnica foi consequência ainda da Primeira Guerra Púnica. Quando os cartagineses perderam o primeiro conflito, saíram quase totalmente destruídos economicamente e demograficamente. Um tratado de paz foi assinado com os romanos no qual ficavam estabelecidas as áreas de influência de cada cidade. Cartago manteve o domínio sobre regiões da Espanha, onde tentou se reerguer após os prejuízos sofridos.

Cartago iniciou um processo de expansão na Península Ibérica visando conquistar mais minas de ouro e utilizando a região como fonte de recursos para voltar a colocar de pé a grande potência de outrora. Roma sentiu-se insatisfeita com a progressão dos cartagineses e com o possível lucro que poderiam obter com isso. Os romanos enviaram uma comitiva diplomática para negociar com Cartago o cessar da expansão pela península, mas os cartagineses não aceitaram. Rancorosos e interessados em uma oportunidade de revanche, os cartagineses prosseguiram o processo de expansão e Roma enfim declarou guerra novamente.

Todavia, nesta ocasião a situação era muito diferente. Cartago não tinha os recursos humanos e materiais que desfrutara outrora para combater o Império Romano. Era impossível para os cartagineses suportar por muito tempo um conflito com a cidade que se tornara a grande potência ocidental. O conflito começou em 218 a.C. e terminou em 201 a.C. com uma nova derrota e rendição de Cartago.

A Segunda Guerra Púnica foi a mais importante para Roma, pois com a vitória neste conflito o Império Romano realmente se consolidou como grande potência na Europa. A nova vitória determinou a conquista romana da Península Ibérica e das outras regiões que ainda estavam sob domínio de Cartago, além de solidificar o poder na Península Itálica e partir para a conquista do Oriente. Cartago, por sua vez, saiu aniquilada economicamente e enfraquecida para qualquer combate. Mesmo assim, uma nova Guerra Púnica ainda ocorreria.

Fontes:
http://explorethemed.com/Punic2Pt.asp?c=1
http://www.guerras.brasilescola.com/roma-antiga/segunda-guerra-punica.htm
http://www.colegioweb.com.br/historia/segunda-guerra-punica


Terceira Guerra Púnica

Por Antonio Gasparetto Junior
A Terceira Guerra Púnica foi o último conflito que opôs Roma e Cartago, selando a completa destruição desta.

No nascedouro do Império Romano, Cartago era uma cidade muito próspera. Os cartagineses se solidificaram como uma grande potência da Antiguidade em decorrência de bem sucedidas relações comerciais. Dominavam o comércio no Mar Mediterrâneo e por isso eram donos de grandes riquezas e um sólido exército e frota marinha.Roma e Cartago tinham um relacionamento pacífico, o qual foi rompido por conta do interesse dos romanos deconquistar a ilha de Sicilia.

Com seus vários parceiros comerciais e com sua posição estratégica geograficamente para a navegação, Cartago usufruía dos lucros obtidos com a ilha de Sicilia. Com o processo de expansão, Roma investiu na conquista da Sicilia, mas os cartagineses não queriam perder o privilégio do comércio na região. Teve início então a Primeira Guerra Púnica e o fim da cordialidade entre Roma e Cartago.

Cartago foi derrotada por duas vezes pelos romanos. O prejuízo econômico e humano foi enorme para os cartagineses, que deixaram de ser uma grande potência e cederam o posto unicamente para Roma. Após aSegunda Guerra Púnica, Roma deixou Cartago em situação complicada de sustentação e enfim abriu caminho para se tornar o grandioso Império Romano na Antiguidade, uma vez que conquistou áreas que ainda restavam sob o domínio dos cartagineses.

Com o massacre da Segunda Guerra Púnica, Cartago passou a não oferecer perigo para os romanos, tampouco tinham condições de enfrentá-los e alguma forma. Os dois lados passaram a viver em paz durante alguns anos, mas os romanos guardavam certo rancor da antiga potência rival. Roma se sentiu mais incomodada ainda ao ver que, mesmo com mínimos recursos, Cartago voltava a prosperar. Diz a lenda que o desejo de destruir Cartago se tornou um provérbio para os romanos: Cartago precisa ser destruída.

Cartago dependia de liberação do Senado de Roma para entrar em guerra contra qualquer povo, mas também não tinha recursos e nem interesse nisso. Todavia, Roma arquitetou um plano com seus novos aliados africanos para atacarem Cartago. Os cartagineses imploraram ao Senado romano para se defenderem, mas a defesa foi negada por três longos anos. Cansados de esperar, os cartagineses resolveram atacar sem o consentimento do Senado e então criaram o motivo necessário para que os romanos pudessem também atacá-los.

Em 149 a.C. teve início a Terceira Guerra Púnica. Os romanos invadiram a cidade já debilitada há seis anos para concluir a aniquilação que tanto desejavam. Cartago foi completamente destruída desta vez, literalmente apagada do mapa. Até hoje os arqueólogos não descobriram exatamente a localidade exata da cidade de Cartago, as referências feitas em mapas romanos indicavam outra Cartago, criada como colônia pelos próprios romanos. A cidade de Cartago original teve o chão salgado para que nada mais crescesse no local, tamanho o ódio dos romanos. A Terceira Guerra Púnica acabou em 146 a.C. com mais uma vitória romana, mas absolutamente devastadora.

Fontes:
http://educacao.uol.com.br/historia/terceira-guerra-punica-fim-dos-conflitos.jhtm
http://www.guerras.brasilescola.com/roma-antiga/terceira-guerra-punica.htm
http://www.colegioweb.com.br/historia/terceira-guerra-punica

Campo de concentração de Auschwitz

Por Antonio Gasparetto Junior
O Campo de Concentração de Aushwitz ficou conhecido por ser o local de extermínio dos judeus praticado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Desde o momento em que Adolf Hitlerassumiu a liderança política da Alemanha, o Reich começou a proclamar a necessidade de se exterminar alguns grupos indesejáveis da sociedade alemã para que o país pudesse se recuperar das humilhações sofridas após a Primeira Guerra Mundial e das consequências dacrise econômica de 1929. O momento era muito crítico na Alemanha dos anos 1930, os alemães viram em Hitler a esperança de uma recuperação da nação e depositaram nele toda a confiança. De fato, Adolf Hitler conseguiu reerguer a Alemanha, tirando-a do cenário catastrófico que se encontrava, mas sempre apresentando uma postura radical.

Em 1939, a renascida Alemanha, sob o comando de Adolf Hitler, rompeu de vez o clima de instabilidade presente na Europa e uma nova guerra mundial teve início. Desta vez, as implicações da guerra seriam muito maiores e mais abrangentes que a primeira. A partir de 1940, os alemães começaram a construir instalações que serviriam como campos de concentração e de extermínio de inimigos e grupos indesejáveis da sociedade. Estas instalações foram construídas nas terras polonesas ocupadas pelos alemães, foram três os campos principais auxiliados por mais trinta e nove. Localizavam-se nas cidades deAuschwitz e Birkenau, próximas da capital polonesa Cracóvia.

Os Campos de Concentração de Auschwitz, ou Auschwitz-Birkenau para ser mais completo, tornaram-se símbolos do Holocausto causado pelos nazistas durante a Segunda Guerra. Mas esses campos não foram criados somente para exterminar pessoas, suas funções se dividiam entre os três principais campos que recebiam o auxílio dos outros trinta e nove.

O campo de concentração Auschwitz I foi inaugurado no dia 20 de maio de 1940, foi o primeiro. Era o centro administrativo dos campos, é nele que se localiza a famosa placa com a frase “Arbeit Macht Frei” (O trabalho liberta). O campo serviu mais para utilização do trabalho forçado dos prisioneiros, mas foi nele que os nazistas testaram a primeira câmara de gás. O teste inicial com o gás Zyklon B matou 850 prisioneiros polacos e russos, em setembro de 1941. A experiência foi considerada um sucesso e utilizada no campo em 1941 e 1942, além de serem construídas câmaras também em outros campos. De todos os prisioneiros que passaram por Auschwitz I, apenas 300 conseguiram fugir. Por outro lado, aproximadamente 70 mil prisioneiros polacos e soviéticos morreram neste campo.

O campo de concentração Auschwitz II, construído em Birkenau em 1941 localizava-se a apenas 3 Km de Auschwitz I. O objetivo principal do novo campo era efetivamente o do extermínio. É este o campo mais conhecido pelas pessoas e onde mais se matou pessoas. Era equipado com quatro crematórios e câmaras de gás, as quais podiam receber, cada uma, cerca de 2.500 pessoas por vez. As mortes em grande quantidade começaram a acontecer no ano de 1942, em Auschwitz II morreram aproximadamente um milhão de judeus e 19 mil ciganos.

Já o campo de concentração Auschwitz III, o terceiro entre os três principais, fui utilizado especialmente para trabalho escravo pela empresa IG Farben. Iniciou suas atividades em 1942.

Os demais trinta e nove campos auxiliares eram relacionados à indústria alemã para produção militar, metalúrgica e mineradora.

Todos os campos de concentração eram controlados e dirigidos pela SS, sob o comando de Heinrich Himmler. Aproximadamente 7.300 membros da SS trabalharam nos campos de concentração. Quando o final da guerra se aproximou, os nazistas destruíram as câmaras de gás em Birkenau, em novembro de 1944, e no ano seguinte começaram a evacuar os campos, tudo para esconder o que acontecia nas instalações dos campos de concentração. Em 27 de janeiro de 1945, o exército dos soviéticos liberou ainda cerca de 7.500 prisioneiros.

Fontes:
http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005189

Formação das Monarquias Nacionais: Absolutismo e Mercantilismo


No final da Idade Média a economia auto-suficiente e o poder descentralizado típicos do feudalismo foram gradualmente substituídos por uma economia comercial e pelo poder centralizador dos soberanos, originando as monarquias nacionais centralizadas, para atender aos interesses dos reis e da burguesia em ascensão.

Com as contradições da estrutura feudal, que não era mais capaz de atender às necessidades dos europeus, houveram várias revoltas camponesas, sendo necessária a centralização do poder para contê-las. Também a favor da centralização estavam os burgueses, surgidos no final da Idade Média com o desenvolvimento do comércio, e que eram prejudicados pelas leis do sistema feudal.

Os burgueses possuíam muito capital acumulado, mas não tinham prestígio político para centralizar o poder. Sendo assim, aliaram-se aos reis, que também estavam interessados em fortalecer seu poder, mas não podiam contar com a nobreza para defender seus interesses, porque desta forma essa sairia prejudicada.

Com a mudança do sistema político foram formuladas teorias renascentistas, que eram difundidas pela imprensa e que justificavam a centralização do poder real, enfraquecendo a influência da Igreja nos assuntos políticos. O renascimento cultural e a reforma protestante, através das igrejas nacionais, fizeram com que a Igreja se colocasse sob a autoridade dos reis.

A Guerra dos Cem Anos foi uma disputa entre Inglaterra e França pela região de Flandres, na pretensão do rei inglês Eduardo III ao trono da França. A guerra enfraqueceu a nobreza francesa, fortalecendo o poder real francês e, principalmente, desenvolveu um sentimento nacional, lançando a idéia de nação.

Outro fator que enfraqueceu a nobreza feudal, favorecendo o fortalecimento do poder real foi a Guerra das Duas Rosas. Essa foi uma guerra civil ocorrida no século XV na Inglaterra, entre a Dinastia Lancaster (rosa vermelha), representando os interesses da velha nobreza feudal e a Dinastia York (rosa branca), representando a nova nobreza inglesa aliada à burguesia. Ao fim da guerra as duas dinastias foram unidas com o casamento entre Henrique Tudor, descendente dos Lancaster, e Elizabeth de York, o que deu início ao absolutismo inglês.

No século XV, na maior parte do território europeu, o poder político já não estava nas mãos dos senhores feudais. A unificação lingüística, o respeito para com o rei e a idéia de pertencer a um país, e não mais a uma região, fortaleceram o sentimento nacionalista.

O Estado nacional tinha poder absoluto, que foi imposto através de três recursos: um corpo de funcionários treinados obedientes ao rei, a criação de uma capital e de um exército nacional fiel ao rei, que serviu para consolidar o Estado moderno.

O rei sustentava seu poder através do direito romano e de alguns resquícios do sistema feudal, e governava de acordo com sua religião, mas sem se subordinar à Igreja.

As normas nas monarquias nacionais eram rígidas e limitavam a liberdade dos indivíduos à vida cotidiana. A Idade Moderna lançou a idéia do lucro e da riqueza e abominava tudo que fosse contra isso; a liberdade era garantida de acordo com a riqueza, todos deveriam saber o seu lugar e os mais pobres e miseráveis eram excluídos da sociedade.

Dessa forma, estava formada a monarquia nacional ou estados modernos em toda a Europa, exceto nas atuais Alemanha e Itália. Os nobres feudais tornaram-se dependentes de favores reais e a burguesia dominante se enobreceu.

O Estado absolutista, adotado na maior parte dos países da Europa na idade moderna, foi o ápice do Estado moderno. Nele, o poder político estava concentrado nas mãos dos reis e era legitimado através de Deus. Além disso, alguns pensadores justificavam o Estado absolutista através de livros, como Maquiavel, com O Príncipe, que dizia que os fins justificavam os meios, e Thomas Hobbes com O Leviatã.

Algumas características feudais ainda eram mantidas nos Estados absolutistas, como por exemplo, a nobreza era a camada dominante, sendo levada em consideração a tradição do indivíduo. A servidão e o pagamento de impostos ainda eram mantidos em algumas propriedades. As camadas sociais estavam divididas com o clero na primeira ordem, a nobreza na segunda, e a burguesia e as camadas populares na terceira, com o rei acima de todos.

No plano econômico o absolutismo marcou a transição do feudalismo ao capitalismo. Já no plano político, marcou a centralização do poder nas mãos dos reis, possibilitando o controle das massas camponesas e adequando-se ao surgimento da burguesia. Para controlar os nobres o rei buscou o apoio da burguesia, concedendo a essa monopólios comerciais.

Todos submetiam-se ao Estado. Os nobres, para tentar manter seu padrão de vida; e os burgueses, para garantirem o lucro através da expansão marítima e da exploração de colônias.

Na Baixa Idade Média, surgiram as Corporações de Ofício, que regulamentavam a economia, definindo os preços, a qualidade dos produtos e os salários pagos, já que a Igreja pregava que ninguém deveria ganhar mais do que o necessário para sustentar sua família. À política de intervenção das cidades medievais na economia, dá-se o nome de mercantilismo.

O mercantilismo tinha como objetivo básico o fortalecimento do Estado nacional e caracterizou a busca de poder e riqueza pelo mesmo. Seus principais defensores foram os comerciantes e os manufatureiros. Enquanto defendiam o fortalecimento do Estado, seus interesses também eram defendidos. O mercantilismo era a aliança entre a burguesia e os reis, a fim de unificar e desenvolver o poderio nacional, cada qual com sua razão e interesse próprio.

Apesar das variações de Estado para Estado e de época para época, houve uma série de princípios comuns que orientaram a política mercantilista. O metalismo incentivava o acúmulo de ouro e prata, com o objetivo de facilitar a circulação de mercadorias. Era fundamental para os países arranjar novos mercados consumidores para poderem comprar a baixos custos e vender os produtos a preços mais altos. Assim, uma balança de comércio favorável era indispensável à política econômica mercantilista. Para conseguir isso, restringia-se a importação de manufaturas, através do protecionismo. A única maneira de realizar grandes empreendimentos era a formação de monopólios, onde os capitais eram unidos para monopolizar um ramo da produção manufatureira. O monopólio pertencia ao Estado absolutista, e era transferido aos burgueses em troca de pagamento. No intervencionismo estatal o Estado intervinha na economia de acordo com os seus interesses, visando o fortalecimento do poder nacional.

O Pacto ou Sistema Colonial foi a aplicação prática da formação de monopólios, que garantiam uma balança comercial favorável. As metrópoles tinham exclusividade sobre as colônias, que produziam matérias-primas e produtos agrícolas tropicais vendidos a baixos custos e compravam produtos manufaturados das metrópoles a elevados preços.

Nos países europeus o mercantilismo era adaptado de acordo com os recursos naturais disponíveis em cada um.

No mercantilismo espanhol, no século XVI não foram muito desenvolvidos o comércio e a manufatura, já que à Espanha o ouro e a prata bastavam. Até mesmo suas colônias eram abastecidas por manufaturas estrangeiras. O rápido esgotamento dos minérios gerou a desvalorização da moeda, e conseqüentemente, uma grande inflação, que prejudicou a classe mais pobre (assalariada) mas beneficiou a burguesia de toda a Europa.

O mercantilismo inglês era fundamentalmente industrial e agrícola. A política econômica inglesa era sempre bem planejada. O governo incentivava a produção manufatureira, protegendo-a da concorrência estrangeira por meio de uma rígida política alfandegária. Houve a formação de uma burguesia industrial, que empregava o trabalho assalariado e era dona dos meios de produção (máquinas, galpões, equipamentos).

O absolutismo atingiu sua maior força na França, onde o Estado intervinha na economia de forma autoritária. O desenvolvimento da marinha, das companhias de comércio e das manufaturas mantinham a balança comercial favorável. O mercantilismo francês atingiu seu ápice com o rei Luís XIV. Era um país essencialmente agrícola, com o preço de seus produtos mantidos baixos para que os trabalhadores pudessem se alimentar e não reclamar dos baixos salários, o que era favorável para os manufatureiros. Mesmo com o incentivo e intervenção estatais, a França enfrentava uma forte concorrência com a Inglaterra e a Holanda.

O exemplar mercantilismo holandês atraiu muitos estrangeiros, que abandonavam seus países devido às perseguições e com seus capitais favoreceram o crescimento da Holanda, modelo de país capitalista no começo do século XVII. Era dominada pelas grandes companhias comerciais, tendo o poder central muito fraco, e desenvolvendo as manufaturas e o comércio interno e externo. Além disso, o intervencionismo estatal não existia neste país. Foram organizadas nesse país duas grandes companhias monopolistas holandesas, com o objetivo de colonizar e explorar as possessões espanholas na Ásia e luso-espanholas na América: a Companhia das Índias Orientais (Ásia) e a Companhia das Índias Ocidentais (América). Através do desenvolvimento das manufaturas e do poderio dessas companhias, durante o século XVII a Holanda conseguiu acumular um grande capital.
Fonte: Grupo Escolar