Marcel Verrumo
Inglaterra, 20 de dezembro de 1943.
Do campo de aviação RAF Kimbolton, o bombardeiro B-17, da Força Aérea dos Estados Unidos, decolou com a missão de bombardear uma fábrica de aviões em Bremen, na Alemanha. A aeronave carregava 10 tripulantes, comandados pelo tenente Charlie L. Brown. Em poucos minutos, a missão obteve êxito, mas nem tudo saiu como o previsto: tropas alemãs atiraram contra o avião estadunidense, matando o artilheiro, ferindo outros seis tripulantes e destruindo dois motores do avião. Charlie, à frente do grupo e no comando, perdeu a consciência momentaneamente e o veículo começou a perder altitude. Quando recuperou os sentidos, o tenente estabilizou a aeronave, mas percebeu que estava sendo seguido por uma caça alemão. Com a tripulação ferida e partes do avião destruídas, não havia o que fazer além de seguir. Sair vivo seria uma questão de sorte.
Mas ele conseguiu. E 4 décadas depois, revelou o que aconteceu.
Em vez de disparar e derrubar a aeronave americana, o piloto inimigo posicionou o caça paralelo a ela, gesticulando. Percebendo que seu inimigo não iria atirar, Charlie ordenou à tripulação que aumentasse a altitude. O grupo se salvou, o avião aterrisou na Inglaterra, e o tenente nunca deixou de se questionar porque o alemão não havia atirado.
Em 1987, Brown foi atrás do homem que poupou sua vida. Pagou a publicação de um anúncio em uma revista de pilotos de combate, dizendo: “Estou buscando o homem que salvou minha vida em 20 de dezembro de 1943″. Recebeu um telefonema. Era Franz Stigler, o piloto alemão. Três anos depois, os dois se conheceram e Charlie, finalmente, teve uma resposta para sua pergunta: “por qual razão você não atirou?”
Franz contou que, ao emparelhar o caça com a aeronave americana, estava pronto para disparar. No entanto, percebeu que o avião inimigo voava com dificuldade e que a tripulação agonizava. Que honra haveria em derrubar um avião nessas condições?
Stigler não era um novato em guerras. Havia servido na África, sob o comando do tenente Gustav Roedel, que, segundo ele, lhe ensinou que, para sobreviver moralmente a uma guerra, era preciso combater com honra e humanidade; se isso não fosse feito, não conseguiriam conviver consigo mesmo ao voltar para casa. Era uma lição que não estava escrita em nenhum lugar, mas o código que guiou Franz e salvou os pilotos estadunidenses naquele 20 de dezembro de 1943.
Os dois pilotos, antes inimigos, tornaram-se colegas e trocaram correspondências por anos. Em 2008, com seis meses de diferença, ambos morrerem. Franz Stigler tinha 92 anos; Charlie Brown, 87.
Fonte: Historias de la Historia
29.1.13
Honra na Guerra – Conheça a história do soldado alemão que salvou a vida do inimigo
Conheça a origem de 11 unidades de medida
Jessica Soares
Quem nunca brincou de contar o número de passos que gastava para atravessar a rua ou mediu o tamanho da TV em dedões? Para facilitar medições e evitar divergências, um conjunto de padrões foi desenvolvido e é utilizado em quase todo o mundo, com exceção de três países: Myanmar, Libéria e Estados Unidos. O Sistema Internacional de Unidades (SI, do francês Système International d’Unités) reúne as principais formas de mensuração de distância, massa e tempo. E a SUPER preparou uma lista para você conhecer a origem de 11 importantes unidades de medida:
1. Metro
Tamanho não é documento, mas é importante saber medir
A unidade cujo nome deriva do grego μέτρον (metron), ou “medida”, originalmente foi definida como um décimo milionésimo da distância entre o equador terrestre e o Pólo Norte. A partir de 1983, para tornar a unidade mais precisa, foi definido na Conferência Geral de Pesos e Medidas que o metro passaria a ser definido como o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de um segundo. Ainda bem que existe a régua… Como o próprio nome indica, o centímetro, segundo submúltiplo da unidade, é a centésima parte do metro – e, portanto, 100 centímetros equivalem a 1 metro.
2. Polegada
A polegada (ou inch, em inglês) é uma das unidades usuais do sistema de medições utilizado nos Estados Unidos. A palavra inglesa deriva do latim uncia, que significa “a duodécima parte” (ou “um doze avos”) e define bem a unidade de medida: uma polegada corresponde a 1/12 de um pé, ou seja, 2,54 centímetros.
Trocando os pés pelas mãos, no Brasil o nome da unidade faz referência à medida média da falange distal dos polegares – ou, em bom português, a extremidade do dedão da mão. E não é só aqui que o nome da unidade de medida está na ponta dos dedos: em língua catalã, chama-sepolzada; em francês, pouce; em italiano, pollice; em sueco, tum; entre outros.
3. Grama e quilograma
O protótipo internacional do quilograma
Quer saber quanto você pesa em litros? Fique sabendo que fazer esse cálculo não seria tão complicado assim. Isto porque o quilograma, unidade básica de massa do Sistema Internacional, tem massa igual ao do International Prototype Kilogram (o “Protótipo Internacional do Quilograma”), cujo peso é equivalente ao de um litro d’água em sua densidade máxima.
O nome da unidade deriva do latim gramma, que significa “pequeno peso”, fazendo com quequilograma seja o mesmo que “mil pequenos pesos”.
4. Arroba
O termo vem do árabe “ar-rub”, que significa “a quarta parte”. O nome se deve ao fato de que a unidade de massa equivalia inicialmente a um quarto de 1 quintal – antiga medida de massa utilizada em Portugal, Brasil e Espanha. Hoje é convencionado no país que a arroba, utilizada para pesar porcos e gado, corresponde a15 kg.
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5. Nó
Conforme o carretel da barquinha se esvazia, é possível estimar a velocidade da navegação(via)
Pode parecer um tanto estranho, mas é possível medir a velocidade em “nós” – principalmente se estiver dentro de um barco. O nome advém de uma antiga prática nas embarcações: era utilizada a barquinha (ou barca), aparelho criado em Portugal no século XVI, para estimar a velocidade do deslocamento da navegação. Jogando o batel (peça de madeira triangular) no mar, era possível medir o número de nós que se desprendiam do carretel em determinado tempo. Em média, o nó equivale a uma milha náutica por hora, ou seja 1852 metros/hora.
6. Segundo
9.192.631.770 ciclos da radiação correspondente à transição entre dois níveis de energia do átomo césio 133 no seu estado fundamental. Ou, 1 segundo. Este é o padrão de medição do tempo adotado em 1967 pelo Sistema Internacional de Medidas, utilizado para registrar com precisão o tempo em relógios atômicos.
A marcação do tempo começou com os egípcios, por volta do ano 2000 a.C., mas, naquela época, a passagem era marcada tomando como base o movimento do sol e da lua – o que fazia com que a hora tivesse durações diferentes de acordo com a estação do ano. Gregos, persas e babilônicos aprimoraram o sistema, subdividindo o dia sexagesimalmente. Foi só bem depois disso que os cientistas perceberam que a rotação terrestre, usada até então como referência para divisão do tempo, era muito imprecisa. Definiu-se, então, o segundo como 1/31.556.925,9747 do tempo que a Terra levou para girar em torno do Sol a partir das 12 horas do dia 4 de janeiro de 1900.
Com o desenvolvimento dos relógios atômicos, a medição da transição entre dois níveis de energia de um átomo ou molécula tornou-se mais fácil, permitindo também que fosse possível medir o tempo com maior precisão. Assim, durante a 13ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, em 1967, substituiu-se a definição antiga pela utilizada atualmente.
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7. Libra
A libra (ou pound, em inglês) é uma das unidades usuais do sistema de medições utilizado nos Estados Unidos. Apesar das diferentes definições ao longo dos anos, é convencionado hoje que 1 libra equivale a 0,45359237 quilogramas. O nome da unidade de massa deriva do latimlibra, que significa balança.
8. Pé
Você provavelmente já usou seus pés para medir a distância entre dois pontos – como o tamanho da trave improvisada no futebol de rua, por exemplo – mas talvez não saiba que esta prática está longe de ser novidade. Usado como forma de medição de distância desde, no mínimo, a Grécia Antiga, a unidade de medida pé equivale a 0,3038 metros (ou 12 polegadas) e é bastante utilizado em países como Estados Unidos e Inglaterra.
9. Jarda
Os fãs de futebol americano com certeza já devem estar familiarizados com esta unidade de medida. Mas se você fica completamente perdido ao escutar o narrador falar que é a “terceira subida para as 10 jardas”, a gente traduz: ele quer dizer que é a terceira tentativa para percorrer com a bola uma distância igual a 10 vezes 0,9144 metros. Tudo vai fazer mais sentido você quando for assistir ao Super Bowl, no próximo dia 3 de fevereiro.
Equivalente também a 3 pés ou 36 polegadas, a jarda (ou yd, do inglês yard) não tem uma origem muito clara, mas uma das (mais divertidas) versões dá os créditos para o Rei Henrique I, da Inglaterra: ele teria determinado a jarda como a distância entre o seu nariz e o polegar do seu braço estendido.
10. Milha
Você já sabe o que acontece quando o DeLorean atinge 88 milhas por hora no clássico do cinema De Volta Para o Futuro, e com certeza já ouviu falar nas 500 Milhas de Indianápolis. Mas que distância é essa que os americanos tanto adoram? Com inúmeras variações ao longo da história, a milha terrestre foi padronizada em 1959 e equivale a 1,609344 quilômetros, ou 5.280 pés. É normalmente utilizada em países de língua inglesa mas, segundo registros, a sua origem data da Roma Antiga, onde cada milha equivalia a 1000 passos (mille passus, no latim) dados pelo Centurião, e variavam entre 1400 e 1580 metros, aproximadamente.
11. Quartilho (ou pinto)
Depois de alguns pintos de cerveja… (via)
Você provavelmente nunca viu ninguém pedir ao garçom para descer mais um pinto de chope no Brasil, mas não estranharia se ouvisse a expressão na Europa ou nos Estados Unidos. Por lá, o pint, conhecido aqui como pinto ou quartilho, é uma medida de volume muito usada, mas seu valor pode variar em cada país – equivale a 568,26125 mL no Reino Unido e 473,176473 mL nos EUA, por exemplo.
Fonte:
1935: Surge a cerveja em lata
Nos Estados Unidos, a cerveja em lata começou a ser produzida no dia 24 de janeiro de 1935. De fácil transporte, descartável, e sem exigir vasilhame, a nova embalagem logo se impôs entre os americanos.
Bebidas em lata, um símbolo da sociedade de consumo
Antes da introdução do pagamento de depósito para bebidas em embalagens descartáveis, cerca de seis bilhões de bebidas em lata chegaram a ser consumidas anualmente pelos alemães, aumentando a enorme montanha de lixo da sociedade moderna.
Testes provaram que a embalagem de metal em nada modifica o sabor e, além disso, a mesma marca de cerveja é mais barata em lata do que em garrafa. Assim, aumentou cada vez mais o número de adeptos da bebida enlatada. O perfil do consumidor é claro: pensa de forma prática e busca economizar nas compras.
Cultura subversiva
Jürgen Kron, autor de um livro sobre cerveja enlatada, afirma: "A cerveja em lata é coisa para as pessoas que têm uma concepção cultural subversiva. A lata é odiada pelos ecologistas e adorada pelas pessoas que ainda têm uma estreita ligação com a própria juventude, com a cultura proletária, com um clube popular de futebol como o Schalke 04, com a rebelião e que sempre tiveram atritos com os pais".
Kron estudou muitos consumidores de cerveja em lata e chegou à conclusão de que, sem a bebida enlatada, seria impensável um dos grandes movimentos socioculturais do século 20: desde o começo, a lata de cerveja foi um dos pilares de sustentação da cultura dos motoqueiros. Ela é leve, pequena, facilmente descartável e não oferece risco de ferimento com cacos de vidro. Nenhuma revolução púbere contra as regras de bom tom à mesa tem muita graça sem a bebida enlatada.
Forma de protesto
Cultura underground, subversão e literatura – estes conceitos levam diretamente ao autor americano Charles Bukowski. "Tudo na minha mão, que empunha a lata de cerveja, é triste, até mesmo a sujeira debaixo das minhas unhas; esta mão rígida com a mão de uma máquina. Mas não: a pressão mágica com que ela se fecha em torno da lata de cerveja é a mesma que parte das raízes e empurra um gladíolo da terra, em direção à luz e ao sol, e que faz a cerveja fluir para dentro de mim", disse.
Este texto lírico da literatura underground seria impensável sem a invenção do fabricante americano de cerveja George Newman. No dia 24 de janeiro de 1935, ele lançou ao mercado a primeira cerveja enlatada, em Richmond, no estado da Virginia. Em pouco tempo, a demanda superou suas previsões mais otimistas. Na Alemanha, a firma Schmalbach-Lubeca produziu a sua primeira cerveja em lata no ano de 1937.
Na época, as latas ainda eram abertas da mesma maneira como as garrafas: arrancando a tampinha de metal com uma chave. Ainda tardaria a invenção da argola (ring pull), que é puxada, abrindo a lata sem uso de ferramenta adicional.
Autoria Carola Hossfeld (am)
Carnaval: história e atualidade
Festa popular, o carnaval ocorre em regiões católicas, mas sua origem é obscura. No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. Hoje é uma das manifestações mais populares do país e festejado em todo o território nacional.
Conceito e origem. O carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma, principalmente do domingo da Qüinquagésima à chamada terça-feira gorda. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.
O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares, ligadas às famosas saturnálias, de caráter orgíaco. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.
Período de duração. Os dias exatos do início e fim da estação carnavalesca variam de acordo com as tradições nacionais e locais, e têm-se alterado no tempo. Assim, em Munique e na Baviera (Alemanha), ela começa na festa da Epifania, 6 de janeiro (dia dos Reis Magos), enquanto em Colônia e na Renânia, também na Alemanha, o carnaval começa às 11h11min do dia 11 de novembro (undécimo mês do ano). Na França, a celebração se restringe à terça-feira gorda e à mi-carême, quinta-feira da terceira semana da Quaresma. Nos Estados Unidos, festeja-se o carnaval principalmente de 6 de janeiro à terça-feira gorda (mardi-gras em francês, idioma dos primeiros colonizadores de Nova Orleans, na Louisiana), enquanto na Espanha a quarta-feira de cinzas se inclui no período momesco, como lembrança de uma fase em que esse dia não fazia parte da Quaresma. No Brasil, até a década de 1940, sobretudo no Rio de Janeiro, as festas pré-carnavalescas se iniciavam em outubro, na comemoração de N. Sra. da Penha, crescia durante a passagem de ano e atingia o auge nos quatro dias anteriores às Cinzas — sábado, domingo, segunda e terça-feira gorda. Hoje em dia, tanto em Recife (Pernambuco), quanto em Salvador (Bahia), o carnaval inclui a quarta-feira de cinzas e dias subseqüentes, chegando, por vezes, a incluir o sábado de Aleluia.
Carnaval no Brasil. Nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval— ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século XIX até a década de 1950. Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros, principalmente o público jovem que não alcançou a glória do carnaval verdadeiramente popular. Como declarou Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, "o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto".
Entrudo. O entrudo, importado dos Açores, foi o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador português. Grosseiro, violento, imundo, constituiu a forma mais generalizada de brincar no período colonial e monárquico, mas também a mais popular. Consistia em lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões-de-cheiro (feitos ambos de cera), pó de cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam mal-cheirosas as vítimas. Esta estupidez, porém, era tolerada pelo imperador Pedro II e foi praticada com entusiasmo, na Quinta da Boa Vista e em seus jardins, pela chamada nobreza... E foi livre até o aparecimento do lança-perfume, já no século XX, assim como do confete e da serpentina, trazidos da Europa.
O Zé-Pereira. Em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O zé-pereira cresceu de fama no fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente: E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval! A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século XX, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as "frigideiras".
As fantasias. O uso de fantasias e máscaras teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de sucesso — de 1870 até início do decênio de 1950. Começou a declinar depois de 1930, quando encareceram os materiais para confeccionar as fantasias — fazendas e ornamentos –, sapatilhas, botinas, quepes, boinas, bonés etc. As roupas de disfarce, ou as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo reduzidas ao mais sumário possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga à insolação do período mais quente do ano.
E foram desaparecendo os disfarces mais famosos do tempo do império e início da república, como a caveira, o velho, o burro (com orelhões e tudo), o doutor, o morcego, diabinho e diabão, o pai João, a morte, o príncipe, o mandarim, o rajá, o marajá. E também fantasias clássicas da commedia dell’arte italiana, como dominó, pierrô, arlequim e colombina — de largo emprego entre foliões e que já não tinham razão de ser, depois que a polícia proibiu o uso de máscaras nos salões e nas ruas... Aliás, desde 1685 as máscaras ora eram proibidas, ora liberadas. E a proibição era séria, bastando dizer que as penas, já no século XVII, eram rigorosíssimas: um proclama do governador Duarte Teixeira Chaves mandava que negros e mulatos mascarados fossem chicoteados em praça pública, e brancos mascarados fossem degredados para a Colônia do Sacramento...
Mas, na década de 1930, muitas daquelas fantasias ainda eram utilizadas, inclusive com máscaras. Entre elas estavam as de apache, gigolô, gigolete, malandro (camiseta de listras horizontais, calça branca, chapéu de palhinha, lenço vermelho no pescoço), dama antiga, espanhola, camponesa, palhaço, tirolesa, havaiana, baiana.
Aos poucos, os homens foram preferindo a calça branca e a camisa-esporte, até chegar à bermuda e ao busto nu, mas isso só depois da década de 1950; as mulheres passaram às fantasias mais leves, atingindo, depois, o maiô de duas peças e alguns colares de enfeite, logo o biquíni, o busto descoberto etc.
Bailes de carnaval. O carnaval europeu começou, na rua, com desfiles de disfarces e carros alegóricos; e, em ambiente fechado, com bailes, fantasias e máscaras. O carnaval carioca, certamente o primeiro do Brasil, surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. A festa durou uma semana, do domingo de Páscoa em diante, com desfile de rua, combates, corridas, blocos de sujos e mascarados. Outro carnaval importante foi o de 1786, que coincidiu com as festas para comemorar o casamento de Dom João com a princesa Carlota Joaquina. Mas o primeiríssimo baile de máscaras aconteceu em 22 de janeiro de 1840, no hotel Itália, no largo do Rocio, no mesmo local em que se ergueria depois o teatro e depois cinema São José, na praça Tiradentes, no Rio. A entrada custava dois mil réis, com direito à ceia.
No entanto, a voga dos bailes carnavalescos em casas de espetáculos só se generalizou na década de 1870. Aderiram à moda o teatro Pedro II, o teatro Santana, e aí até os estabelecimentos populares entraram na dança, no Skating Rink, o Clube Guanabara, o Clube do Rio Comprido, a Societé Française de Gymnastique, em teatros que se alinhavam ao lado dos bailes públicos, mas em área social selecionada.
O carnaval se alastra: surgem "arrastados" em casas de família, bailes ao ar livre, bailes infantis e os pré-carnavalescos, bailes em circos, matinês dançantes. Afinal, certos bailes ganharam fama nacional e até internacional, realizados em grandes clubes, hotéis ou teatros: em 1908 houve o primeiro dos bailes do High-Life, que chegaram ao fim nos anos 40; em 1918 iniciou-se a tradição do baile dos Artistas, no teatro Fênix; em 1932, o primeiro grande baile oficializado, o do teatro Municipal, abriu caminho para muitos outros; e logo vieram os do Glória, Palácio Teatro, Copacabana Palace, Palace Hotel, Cassino da Urca, Cassino Atlântico, Cassino Copacabana, Quitandinha (em Petrópolis), Automóvel Clube do Brasil.
Em 1935, o Cordão dos Laranjas construiu um salão, em forma de navio, que "atracou" na Esplanada do Castelo, e ali se realizariam alguns dos mais alegres bailes de três ou quatro carnavais. E enquanto o Municipal iniciava concursos de fantasias de luxo (a princípio só femininas, e, depois dos anos 50, masculinas), os bailes que atraíam multidões eram os do Botafogo, Fluminense, Flamengo, Vasco da Gama, América. Bem familiares em suas primeiras versões, reunindo a sociedade abastada em trajes de gala, foram-se tornando cada vez menos bailes de fantasia. Já não se conseguia dançar, apenas pular, e à casaca e ao smoking juntavam-se o traje-esporte e o mulherio semidespido. E existiam os bailes gremiais como o das Atrizes, o Vermelho e Negro, o dos Pierrôs etc.
Banho de mar à fantasia. Nos bailes, as danças variavam, de polca, lundu e tanguinho a sambas, marchinhas, frevos, jongos e cateretês, com todos os participantes cantando, pulando e "fazendo cordão". Já nos banhos de mar à fantasia, porém, os foliões cantavam a plenos pulmões as músicas de sua preferência e também aquelas que eram divulgadas por discos e nos coretos municipais animados por bandas de música.
Os banhos de mar à fantasia criaram hábito no intervalo entre a primeira e a segunda Guerra Mundial. Os blocos e foliões trajavam fantasias de papel crepom e, após desfilarem nas praias, caíam na água, tingindo-a por horas, pois as fantasias de papel desbotavam fortemente. Havia, é claro, outro traje de banho, normal, sob aqueles carnavalescos e efêmeros.
Batalha de confete e corsos. O confete, a serpentina e o lança-perfume — os três elementos que, entre o início do século e a década de 1950 animaram o carnaval brasileiro de salão — também cooperaram para o maior êxito dos corsos que deram vida ao carnaval de rua. E neste, as batalhas de confete constituíam o momento culminante. A moda do corso, iniciada timidamente logo após a chegada dos primeiros automóveis, atingiria seus momentos de glória entre 1928 e a década de 1940. Consistia o corso numa passeata carnavalesca de carros de passeio conversíveis, de capota arriada, enfeitados de panos coloridos e bandeirolas, conduzindo famílias ou grupos de foliões que se sentavam não só nos assentos mas também sobre a capota arriada, sobretudo as moças fantasiadas de saias bem curtas, cantando ou jogando serpentinas e confetes nos pedestres, que se amontoavam nas beiras das calçadas para vê-las passar.
Essa gente motorizada brincava também com os ocupantes dos carros vizinhos e, por vezes, com os veículos rodando lentamente, emendavam o cortejo atirando montes de confete e milhares de metros de serpentina que enlaçavam os carros e se acumulavam no asfalto das avenidas a cada noite. O lança-perfume também era usado em profusão, enquanto a confraternização com os pedestres se ampliava não só através dos jatos de lança-perfume — o que abria caminho para conhecimentos mais íntimos, namoricos etc. — como também de caronas momentâneas na disputa de músicas entoadas por uns e por outros. Cada cidade possuía seu local de corso, e o do Rio de Janeiro ocorria, principalmente, na avenida Rio Branco (antiga avenida Central), mas a certa altura, em vários carnavais o corso se prolongava à avenida Beira-Mar, atingindo o Flamengo e Botafogo até o Pavilhão Mourisco, no final da praia.
Quase conseqüência do corso — que desapareceu com o advento das limusines e carros fechados — as batalhas de confete ocorriam em locais determinados que possuíssem torcidas bairristas organizadas ou blocos fortes para desenvolver a disputa — uma competição de canto, dança na rua e corso (nem sempre). Nas semanas ou meses que antecediam o tríduo de Momo, essas torcidas ou blocos organizavam as festas em que se gastavam quilos de confete e serpentina, litros de lança-perfume, e em que se dava a disputa entre as preferidas de cada agremiação. Tais batalhas se prolongavam, às vezes, até o amanhecer, algumas superando a empolgação dos dias de carnaval "legítimo". Pois ali se exibiam os blocos, os ranchos e os foliões avulsos.
Blocos, ranchos, grandes sociedades. No carnaval de rua era comum o "trote" e os blocos de sujos. O encontro de blocos resultava, às vezes, em batalhas campais de sopapos. Nos desfiles, entre os anos 1919 e 1939, destacavam-se os tradicionais ranchos, que desfilavam às segundas-feiras. Havia ainda as grandes sociedades, com seus carros alegóricos, repletos de mulheres bonitas, alegorias mitológicas, históricas e cívicas; carros de crítica política encerravam, no fim da noite de terça-feira gorda, os festejos. Tais agremiações se chamavam Tenentes do Diabo, Pierrôs da Caverna, Clube dos Democráticos, Fenianos, Congresso dos Fenianos, Clube dos Embaixadores etc.
A grande concentração popular se fazia na avenida Rio Branco, da Cinelândia até a rua do Ouvidor. A classe média alta preferia as imediações do Jóquei Clube, entre a avenida Almirante Barroso e a rua Araújo Porto Alegre. Alguns levavam seus próprios assentos, cadeiras e banquinhos, mais tarde substituídos por palanques e arquibancadas montados pela prefeitura. A segunda-feira era célebre não só pelo desfile de ranchos — que usavam fogos de artifícios coloridos –, mas também porque os freqüentadores do baile do Municipal eram observados pelo populacho, que ia admirar-lhes as fantasias. A Galeria Cruzeiro, hoje edifício Av. Central, era o ponto focal do trecho entre a rua São José e a avenida Almirante Barroso, a área de maior animação dos carnavalescos tradicionais, que cantavam e dançavam ao som das músicas lançadas nos palcos dos teatros de revista e nas emissoras de rádio.
Escolas de samba. As "escolas de samba" nasceram de redutos de diversão das camadas pobres da população do Rio de Janeiro, em sua quase totalidade negros. Reuniam-se para cultivar a música e a dança do samba e outros costumes herdados da cultura africana, e quase sempre enfrentavam ostensiva repressão policial. Para a formação desses redutos contribuiu decisivamente a migração de populações rurais nordestinas, que, atraídas para a capital em fins do século XIX, introduziram um mínimo de organização e de sentido grupal ao carnaval carioca, até então herdeiro do entrudo português.
No entanto, a denominação "escola" só vai surgir em 1928, com a criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio. Ismael Silva (1905-1978), seu fundador, explicava o termo como decorrência da proximidade da Escola Normal, no mesmo bairro, o que fazia os sambistas locais serem tratados de "professor" ou "mestre". Posteriormente surgem diversas outras escolas, entre as quais Portela, Mangueira e Unidos da Tijuca. No começo, pouco se distinguiam dos blocos e cordões, com ausência de sentido coreográfico e sem qualquer caráter competitivo. Com o tempo, transformam-se em associações recreativas, abertas, cuja finalidade maior é competir nos desfiles carnavalescos, transformados em atração máxima do turismo carioca. De tal forma agigantam-se, que seus encargos — a partir da década de 1960 — equivalem aos de uma empresa, o que as obriga a funcionar por todo o ano, promovendo rodas de samba e "ensaios" com entrada paga, maneira de amenizarem os gastos decorrentes da preparação dos desfiles.
Com a oficialização dos desfiles, a partir de 1935, as escolas passam a receber subsídios da prefeitura, transformando-se, a partir de 1952, em sociedades civis, com regulamento e sede, elegendo periodicamente suas diretorias, inclusive um diretor de bateria, que comanda os instrumentos de percussão, e um diretor de harmonia, responsável pelo entrosamento de canto e orquestra. A escola desfila precedida de um abre-alas (faixa que pede passagem e anuncia o enredo) e da comissão de frente (dez a quinze sambistas, representando simbolicamente a diretoria da escola). A seguir, pastoras (antigas dançarinas dos ranchos), fazendo evoluções; mestre-sala e porta-bandeira; destaques; academia (coro masculino e bateria). O restante divide-se em alas, geralmente com coreografias especiais, e carros alegóricos. Apresentam sempre um tema nacional — lenda ou fato histórico — expresso no samba-enredo, base de todo o desfile.
Até 1932, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas limitavam-se a percorrer livremente as ruas, acompanhadas por populares. Naquele ano, o jornal Mundo Esportivo organizou um desfile na praça Onze, de que participaram dezenove escolas, saindo vitoriosa a Estação Primeira de Mangueira. No ano seguinte o número de concorrentes subiu para 29 e o desfile foi promovido pelo jornal O Globo, saindo vitoriosa novamente a Mangueira. Em 1934, ano em que foi fundada a União Geral das Escolas de Samba, a competição foi realizada no dia 20 de janeiro, em homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, e a Mangueira alcançou o tricampeonato.
O interesse em fomentar a competição com atração turística começou em 1935, quando o certame foi apoiado pelo Conselho de Turismo da Prefeitura do então Distrito Federal, obtendo a Portela sua primeira vitória, ainda com o nome de Vai Como Pode. A partir daí, já estabelecido como promoção oficial do carnaval carioca, o desfile foi realizado sem interrupção, exceto nos anos de 1938 e 1952, quando as chuvas impediram a promoção.
O modelo se estendeu a todas as capitais brasileiras, excetuando-se duas: Salvador da Bahia e o conjunto Recife-Olinda, em Pernambuco.
Carnaval de Pernambuco e Bahia. O carnaval pernambucano, especialmente em Olinda e Recife, é um dos mais animados do país, e essa característica cresceu paralelamente à extinção do carnaval de rua na maior parte das cidades brasileiras, por causa do desfile das escolas de samba. As principais atrações do carnaval pernambucano — cujos bailes também são os mais animados — são, na rua, o frevo, o maracatu, as agremiações de caboclinhos, a imensa participação popular nos blocos (reminiscências modernizadas dos antigos "cordões") e os clubes de frevo. Em Recife e Olinda os foliões cantam e dançam, mesmo sem uniformes ou fantasias, ao som das orquestras e bandas que fazem a festa. Os conjuntos de frevo mais animados são os Vassourinhas, Toureiros, Lenhadores e outros.
Lembrando, pela cadência, os velhos ranchos, os maracatus estão ligados às tradições afro-brasileiras. Já os caboclinhos constituem outro tipo de agremiação folclórica, cujos desfiles são apenas vistos e aplaudidos.
A outra cidade em que a participação popular é costumeira, e onde todos cantam, dançam e brincam é Salvador. Uma invenção surgida na década de 1970 e que, à diferença do frevo, conseguiu contagiar outros estados e cidades, foi o trio elétrico — um caminhão monumental no qual se instalam aparelhos de som, equipados com poderosos alto-falantes que reproduzem continuamente as composições carnavalescas gravadas. Há ainda, como em Recife e Olinda, muitos populares que improvisam fantasias simples mas também adotam a postura galhofeira e vestem os disfarces de cinqüenta ou cem anos atrás. Tudo isto traduz bem o espírito momesco irreverente que impele a multidão à descontração total.
Músicas de carnaval. Durante o império, as músicas cantadas no período carnavalesco, no Brasil, eram árias de operetas, depois lundus, tanguinhos, polcas e até valsas. No início do século XX, predominaram, nas ruas, as cantigas de cordões e ranchos e, nos bailes, chorinhos lentos, polcas-chulas, marchas, fados, polcas-tangos, toadas e canções. Logo após a primeira guerra mundial, os palcos dos teatros-de-revista tornaram-se os lançadores das músicas de carnaval e iniciou-se, então, o domínio das marchinhas, maxixes, marchas-chulas, cateretês e batucadas. E também do samba, que, na era do rádio, entre 1930 e 1960, dividiu os louros com a marchinha, embora às vezes cedesse ao sucesso de um jongo, de uma valsa ou de uma batucada. O samba, nos salões e na rua, era absoluto. Mas desde fins do decênio de 1960, com a consolidação do desfile das escolas de samba, o samba e a marcha mergulharam no ostracismo, trocados pelo samba-enredo das escolas de samba.
Fonte:
James Bond: baseado em fatos reais
O agente secreto foi inspirado em pessoas que cruzaram o caminho do escritor Ian Fleming, um ex-funcionário de serviços de espionagem
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Daniel Craig tornou 007 mais físico e menos sarcástico do que o original, mas sem perder a elegância
por Victor Battaggion
Os primeiros acordes da trilha sonora são indefectíveis. Trajando smoking impecável, o agente secreto a serviço de Sua Majestade é fatal para os inimigos que enfrenta e irresistível para as mulheres que seduz. Inteligente, sarcástico, exímio atirador, excelente no boxe, no judô e no esqui, o espião britânico lida com os criminosos mais terríveis e, entre uma missão espinhosa e outra, esbanja dinheiro em cassinos, pilota carros de luxo (como o lendário Aston Martin DB5) e se deita com mulheres belíssimas. Em suma, 007 é um fenômeno. Não é de estranhar que Daniel Craig, sexto ator a interpretar o herói no cinema, tenha saltado de para-quedas com a rainha da Inglaterra durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
James Bond é um agente secreto nascido da fértil imaginação de Ian Fleming (1908-1964). Ou quase isso. Em 15 de janeiro de 1952, o jornalista britânico de 43 anos, que havia sido comandante do serviço de inteligência da marinha britânica durante a Segunda Guerra Mundial, estava de férias em sua casa em Rock Edge, na Jamaica, chamada Goldeneye (seu nome de guerra usado durante uma operação para proteger o acesso a Gibraltar, possessão inglesa no sul da Espanha). Certo dia ele acordou determinado a se tornar um verdadeiro escritor. O sol já estava alto e ele apreciava a vista do mar azul-turquesa do Caribe. Depois do almoço, Fleming sentou-se à escrivaninha. Enquanto fumava um cigarro, colocou uma folha na máquina de escrever e começou a pensar no passado.
Em 1921, ele ingressou no prestigiado Eton College, nos arredores de Londres. Mas um incidente envolvendo uma garota fez com que sua mãe o mandasse para a academia militar de Sandhurst, em 1926. Era pouco para ele. Em 1927, foi para a escola Tennerhof, em Kitzbühel, nos Alpes austríacos, dirigida pela romancista Phyllis Forbes Dennis e pelo marido Ernan, um ex-diplomata espião. Cursos de esqui, montanhismo e curso de alemão. E muita paquera.
Em 1928, Fleming se matriculou no curso de jornalismo da Universidade de Munique e, no ano seguinte, foi para a Universidade de Genebra. Seus primeiros trabalhos foram como freelancer para a agência de notícias Reuters, em 1931. Trocou o jornalismo por um emprego mais bem remunerado no banco comercial Cull & Co. e depois se tornou corretor da bolsa. Em 1939, obteve uma licença especial para participar, como correspondente do jornal Times, de uma missão comercial britânica em Moscou. Fleming repassava suas informações também para um departamento do Ministério do Exterior. Foram seus primeiros passos na espionagem.
Quatro meses antes do começo da Segunda Guerra, em maio de 1939, Fleming foi convidado a um almoço pelo almirante John Henry Godfrey, diretor do serviço de inteligência da marinha britânica, que perguntou se ele gostaria de se tornar seu assistente. A proposta foi imediatamente aceita. A posição envolvia, entre outras coisas, elaborar planos para combater as forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Para um indivíduo que sempre foi fascinado pelo mundo da espionagem, aquilo era uma bênção. E ele executou a tarefa com rapidez e eficiência. Tenente e, em seguida, capitão de fragata, Fleming assumiu a liderança de uma unidade em 1942 com a missão de se infiltrar nos territórios tomados pelos alemães a fim de recolher documentos e material militar.
(C) AHMET BARAN/AP PHOTO/GLOW IMAGES
Ian Fleming brinca no trilho de trem em visita ao set do filme Moscou contra 007, em Istambul, em 1963
Inspirado em tudo que havia acontecido em sua vida, Fleming começa a bater nas teclas da máquina de escrever e surgem as primeiras linhas do romance: “Às três horas da manhã, o ambiente de um cassino é praticamente irrespirável. O suor e a fumaça se misturam para resultar num cheiro quase nauseabundo. É nessa hora que o jogo alto começa a corroer a alma dos jogadores, com um misto de avareza, de medo e de tensão nervosa. E é nessa hora que esta sensação se torna insuportável, os sentidos do jogador acordam e se revoltam.”
Para batizar seu herói, o autor procurou um nome simples, mas viril. Seus olhos percorreram a sala em busca de inspiração e pararam no livro A fieldguide to birds of the West Indies, um manual escrito por um ornitólogo chamado... James Bond! Perfeito.
Mas de onde veio o número 007? Uma das maiores vitórias do serviço secreto britânico durante a Primeira Guerra foi decifrar o código do telegrama enviado por Arthur Zimmermann, ministro alemão das Relações Exteriores, ao seu embaixador no México, em 1917. Interceptada, a mensagem foi decifrada graças ao código 0075 – e essa descoberta acelerou a entrada dos EUA no conflito.
Por muito tempo, todo o material classificado sob o número “00” foi considerado de extrema importância. Fleming retomou os primeiros dígitos, deixando de lado o 5. Uma coincidência divertida: o matemático, astrólogo e espião britânico do século XVI, John Dee, assinava 007 nas cartas que escrevia à soberana. O prefixo 00, representando os dois olhos, era seguido de um sete alongado. O grafismo significava a mensagem “Somente para os seus olhos”.
Em 18 março de 1952, Fleming escreveu as últimas palavras do romance. Ele roda o cilindro da máquina, tira a página datilografada, e a coloca sobre a pilha de folhas que, publicadas em 1953, receberiam o título de Cassino Royale. Nascia James Bond. É claro que Fleming deu parte de si mesmo para o personagem. O espião tem suas manias, hábitos e preferências. Uma delas é o cigarro. James Bond admite fumar diariamente em torno de 60, embora em certos romances ele tente diminuir o consumo. Sua marca favorita: Morland Specials. Outra “coincidência”: assim como Fleming, o agente secreto é capitão de fragata.
Mas Bond seria apenas uma cópia de seu criador? Não. Ele é o homem que Fleming sonhou ser. Uma projeção idealizada. Embora membro eminente da serviço de inteligência da marinha britânica, o escritor raramente agiu no setor. Seu superior direto, o almirante John Henry Godfrey, o considerava um elemento muito importante, que poderia ser de grande valor para o inimigo caso fosse capturado. Por isso Fleming ficava apenas dentro de um escritório em Londres, atrás da papelada, criando planos para deter o adversário, enquanto os espiões de uma outra unidade operavam em território inimigo. Ele não tinha escolha. A emoção dos combates? Nenhuma. Para criar seu espião, Fleming se inspirou no funciona-mento dos serviços especiais e tomou como modelo os agentes que encontrara ao longo do tempo. Alguns deles afirmaram ser o verdadeiro 007. Pura bobagem. James Bond é a síntese de todos eles.
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Sean Connery é a mais clássica interpretação do agente secreto a serviço de Sua Majestade
Em primeiro lugar, Fleming se inspirou no irmão mais velho, Peter. Jornalista aventureiro e escritor, ele integrou o serviço de inteligência militar durante a Segunda Guerra. Participou de operações perigosas na Noruega e na Grécia. Outra fonte de inspiração foi o espião esquiador Conrad O’Brienffrench (1893-1986). O autor o encontrou durante sua estadia em Kitzbühel, na Áustria. O agente duplo sérvio Dusan “Dusko” Popov (1912-1981) está também na lista de Flaming. Trabalhando tanto para a Abwehr (serviço secreto alemão), com o codinome de “Ivan”, quanto para o MI5 (serviço de inteligência britânico), sob o nome de “Tricyclo”, Popov participou da maior operação secreta contra o Terceiro Reich. A aparência descontraída, as conquistas (como a atriz francesa Simone Simon), e os blefes impressionantes do sérvio influenciaram Fleming.
Patrick Dalzel-Job (1913-2003), um oficial da marinha britânica, é, sem dúvida, o arquétipo do 007. Bom esquiador, atirador de elite, o herói de guerra demonstrava, além disso, um profundo desprezo pela burocracia. Um de seus principais feitos foi desobedecer aos superiores, em maio de 1940, para evacuar a cidade de Narvik, Noruega, ameaçada pelos bombardeios alemães. Ele escapou da corte marcial graças ao rei Haakon VII da Noruega, que interveio a seu favor. Fleming o encontrou em 1944 e ficou tão impressionado com seu carisma e suas habilidades que decidiu nomeá-lo tenente-comandante de uma unidade de elite.
Desde a publicação do primeiro romance de James Bond, a maioria dos colegas de Patrick Dalzel-Job notou as semelhanças entre ele e 007. Ele preferiu a discrição e destacou que era “homem de uma só mulher” e que “não bebia álcool”. Olhando por esse lado, ele de fato não era o retrato fiel de Bond. Outras personalidades possuíam tais qualidades – ou defeitos –, como o espião Wilfred “Biffy” Dunderdale (1899-1990), o oficial da marinha Merlin Minshall (1906-1987) e o militar escocês Fitzroy Maclean (1911-1996).
Fleming se inspirou em suas experiências e em pessoas que conheceu para forjar seu herói. E repetiu a fórmula com os coadjuvantes. “M”, chefe de James Bond, é a projeção do almirante John Godfrey, chefe de Fleming durante a guerra. “Q”, o inventor, seria o espelho de Charles Fraser-Smith (1904-1992), um agente encarregado de fornecer armas especiais, como cigarreiras com câmeras fotográficas escondidas, cachimbos-revólveres, canetas com gás lacrimogêneo, lápis-bússola... Todos verdadeiros instrumentos de trabalho, e não engenhocas dos romances. Os inimigos de Bond também foram baseados, embora de forma mais distante, em indivíduos reais. Goldfinger seria uma pequena vingança pessoal contra o arquiteto modernista Erno Goldfinger (1902-1987), tudo porque Fleming odiava suas obras.
Fonte:
Chiquinha Gonzaga
Biografia
Infância e Adolescência
Filha natural de Rosa Maria de Lima, Francisca Edwiges nasceu em 17 de outubro de 1847. Para sua mãe, mulher pobre e mestiça, o nascimento de Francisca foi uma situação muito difícil, sobretudo porque não sabia se seu amado iria assumir a paternidade da menina. José Basileu, militar de carreira promissora, oriundo de família abastada, sofreu forte pressão de seus pais, que eram contra a sua união com Rosa. Mesmo frente a todas as discordâncias, assumiu a criança e a registrou como sua filha.
Como todas as sinhazinhas do século XIX, Francisca Neves Gonzaga foi educada para se tornar uma digna filha de militar, uma sinhazinha na corte de Pedro II. Seu pai, muito severo com sua educação, preparara para ela um futuro promissor: um bom casamento que pudesse elevá-la à categoria de "dama". Desde cedo Francisca foi educada para isso, aprendendo a ler e a escrever, fazer contas e, principalmente, tocar piano. A música tornou-se sua grande paixão. Francisca crescia ao som de polcas, maxixes, valsas e modinhas e participava das festas domésticas com grande satisfação. Foi assim que, no Natal de 1858, compôs sua primeira música.
A sociedade patriarcal brasileira delegava poderes extremos ao homem; às mulheres, era oferecida apenas a reclusão do lar, a vida doméstica junto à criadagem escrava. Poucas mulheres ousavam desafiar seus pais e maridos; quando isso ocorria, logo eram reclusas em casas de correção e conventos.
Desde 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, as mulheres passaram a circular mais pelas ruas, dançar em recepções festivas da Corte, comparecer a saraus, teatros e ópera.
Mas o Rio de Janeiro dessa época ainda era a cidade das chácaras, com uma incipiente urbanização e uma população basicamente de negros e mestiços. A cidade, aos poucos, transformava-se em um centro metropolitano, à medida que cresciam as demandas do comércio exterior. As modas, costumes e o consumo se alteravam, ganhando ares europeus. O porto do Rio de Janeiro tornou-se o centro financeiro e comercial do Império, negociando-se café, escravos e mercadorias estrangeiras que deslumbravam os novos consumidores.
Mesmo com todas as mudanças sociais, os padrões e a austeridade patriarcal permaneciam inabaláveis. Para a jovem Francisca, nada lhe restava a não ser obedecer às ordens de seu pai. Foi assim que, em 1863, com apenas 16 anos, Chiquinha casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, "jovem garboso" de 24 anos, estatura média, olhos azuis, oriundo de família distinta e muito rica. Finalmente aquela menina iria transformar-se em uma dama...
Chiquinha Gonzaga os Chorões
O encontro de Chiquinha Gonzaga com o meio boêmio carioca aconteceu num momento de rebeldia da compositora. Seu casamento não ia bem, a separação era a única saída. Uma mulher separada no século XIX ? Chiquinha pagou um preço alto. Foi expulsa de casa por seu pai, que, a partir daquele momento, renegou sua paternidade. Com o filho João Gualberto ainda no colo, ela partiu em busca de uma nova vida. Quem sabe era a oportunidade de seguir seu desejo: tornar-se uma compositora. Sem ter para onde ir, Chiquinha foi recebida pelo meio musical carioca, iniciando, então, um convívio fundamental para sua futura formação.
Conheceu músicos famosos, como Calado, que tornou-se seu amigo e protetor. Conhecido como Calado Jr. até a morte de seu pai, teve formação erudita, mas, desde cedo, era presença marcante nos grupos de choro do Rio e "pode ser considerado o criador do choro e nacionalizador da música popular", segundo Edinha Diniz . Sua primeira composição editada, a polca Querida por todos (1865), foi dedicada à Chiquinha.
Calado convidou-a para ser a pianeira de seu conjunto O Choro do Calado. Chiquinha começou a tocar em bailes e teatros recebendo dois mil réis por noite.
Chiquinha passou a frequentar festas e reuniões de chorões, compondo a polcaAtraente, em 1877, que, editada na véspera de Carnaval, fez um enorme sucesso.
Por volta de 1899, Chiquinha mudou-se para o bairro do Andaraí. Lá, os cordões carnavalescos faziam grande sucesso, agremiando moradores e foliões de diversos cantos da cidade. Um dia, em sua casa, ao ouvir despreocupadamente os ensaios do cordão Rosa de Ouro, sentou-se ao piano e compôs uma marcha em homenagem ao grupo. Assim nasceu a primeira música de carnaval. Até então, nenhum compositor havia elaborado uma composição para um cordão carnavalesco, o que existia eram estribillhos populares, sem melodia elaborada Edinha Diniz, (op.cit. p.186). A marcha Ô Abre Alas tornou-se o seu maior sucesso e é tocada até hoje em todos os bailes carnavalescos.
A melhor divulgação para a nova marcha foi mesmo o teatro. Na peça Não Venhas, Chiquinha a incluiu no repertório, sendo a marcha muito bem aceita pelo público. Era o carnaval que ganhava o teatro, "numa época em que as classes sociais mantinham seus espaços rigidamente definidos. Chiquinha não hesita em trazer para o salão o que era da rua." (Edinha Diniz op.cit. p.186)
Bibliografia:
Ábaco
Todo número pertence a uma ordem e uma classe. Poderão pertencer às classes de milhões, milhares e unidades simples, e cada uma dessas ordens possui as ordens: unidade, dezena e centena.
Para conseguir fazer com que os alunos pratiquem qual classe e ordem um determinado número pertence é interessante utilizar o ábaco. Para isso devemos construí-lo.
Será necessário um isopor, 6 palitos de churrasco, tinta nas cores: azul escuro, lilás, amarelo, verde, azul, vermelho, cola (de isopor), EVA.
A base do ábaco é construída com o isopor.
Os palitos irão marcar as classes e ordens
As peças serão construídas com EVA (construir 10 peças de cada cor).
Depois da construção do ábaco, basta distribuir para cada grupo de alunos números para que eles representem no ábaco, por exemplo:
O número 456.789 (quatrocentos e cinqüenta e seis mil e setecentos e oitenta e nove) ficaria no ábaco da seguinte forma:
CM DM UM C D U
4 5 6 7 8 9
• Os números são escritos no ábaco da direita para a esquerda.
• Ao passar os números para os grupos é importante pedir que os escreva por extenso.
Por Danielle de Miranda
1924: Primeiros Jogos Olímpicos de Inverno
Em 25 de janeiro de 1924 iniciava-se a Semana Internacional de Desportos de Inverno, em Chamonix, na França. O grande êxito fez com que o COI proclamasse a competição de 1924 como os primeiros Jogos Olímpicos de Inverno.
A primeira edição das Olimpíadas de Inverno teve 258 atletas de 16 países
A primeira edição do evento internacional mais importante para os esportes praticados sobre o gelo ou na neve teve início no dia 25 de janeiro de 1924, na cidade francesa de Chamonix, localizada na base do Mont Blanc – a montanha mais alta dos Alpes. Competiram em Chamonix 258 atletas de 16 países – 247 homens e 11 mulheres. Entre as modalidades disputadas esteve o hóquei no gelo, que já havia estreado nos Jogos Olímpicos de Verão em 1920, na Antuérpia. O primeiro medalhista dos Jogos Olímpicos de Inverno foi o norte-americano Charles Jewtraw, na prova de 500m de patinagem de velocidade. Porém, a Noruega e a Finlândia dominaram a competição, com 17 e 11 medalhas, respectivamente.
Os jogos de 1924 foram disputados sob o nome de Semana Internacional de Desportos de Inverno. Devido ao grande sucesso do evento, em 1925 o Comitê Olímpico Internacional decidiu criar uma versão de inverno para os Jogos Olímpicos. Em 1926, por fim, a Semana de 1924 foi reconhecida como a primeira edição da história das Olimpíadas de Inverno.
Os medalhistas olímpicos Sonja Henie e Gilles Grafstrom, em Chamonix 1924
A primeira medalha da Alemanha foi um bronze nas Olimpíadas de Inverno de St. Moritz, Suíça, em 1928. Nos jogos de 1936, disputados na cidade alemã de Garmisch-Partenkirchen, o país conquistou três medalhas de ouro e três de prata, competindo com a bandeira nazista – perdendo apenas para a Noruega no número de medalhas.
Pausa durante a guerra
A Segunda Guerra Mundial inviabilizou a disputa de inúmeras competições esportivas internacionais, e com as Olimpíadas não foi diferente. Tanto os jogos de verão como os de inverno foram cancelados em 1940 e em 1944. Destruída durante a guerra, a Alemanha não figurou no quadro de medalhas das Olimpíadas de Inverno de 1948, novamente realizadas em St. Moritz.
Os Jogos de Inverno foram realizados no mesmo ano das Olimpíadas de verão até 1992, em Albertville, na França. A partir das Olimpíadas de 1994, em Lillehammer (Noruega), os Jogos de Inverno passaram a ser disputados nos anos pares não coincidentes com os Jogos de Verão.
O Brasil nos jogos
Pela ausência de condições climáticas propícias para a prática dos esportes de inverno, o Brasil não tem tradição no campeonato. A participação de países tropicais nas Olimpíadas de Inverno, pelo contrário, acaba causando estranheza nos demais participantes.
Segundo o histórico do Comitê Olímpico Brasileiro, a participação brasileira em Jogos Olímpicos de Inverno se iniciou em Albertville, em 1992, quando o Brasil foi representado por sete atletas, todos do esqui alpino.
Fonte: DW
1973: Termina a guerra do Vietnã
Em 27 de janeiro de 1973, representantes do Vietnã do Norte e do Sul, bem como dos Estados Unidos, assinaram em Paris um difícil acordo que pôs fim à guerra do Vietnã.
Um dos bombadeiros B-52 americanos, lançando bombas sobre o Vietnã na Campanha de Natal em 1972
Nenhum outro acontecimento mobilizou tanto a opinião pública internacional nos anos 1960 e 1970 quanto a Guerra do Vietnã. Pela primeira vez na história, as atrocidades dos campos de batalha foram exibidas no "horário nobre" das tevês: vietnamitas queimados por bombas de napalm, o fuzilamento de um rebelde pelo chefe da polícia de Saigon com um tiro na cabeça, o massacre de My Lai por soldados norte-americanos.
Mais de um milhão de vietnamitas e 55 mil combatentes dos EUA morreram no conflito. A assinatura do acordo de paz, em 27 de janeiro de 1973, alimentou grandes esperanças. O cessar-fogo firmado em Paris deveria significar o fim da Guerra do Vietnã.
Com isso, o presidente norte-americano Richard Nixon queria terminar a intervenção militar dos EUA na Indochina: "Falo hoje à noite no rádio e na televisão para anunciar que fechamos um acordo que põe fim à guerra e deve trazer a paz para o Vietnã e o Sudeste Asiático.
Durante os próximos 60 dias, as tropas norte-americanas serão retiradas do Vietnã do Sul. Temos de reconhecer que o fim da guerra só pode ser um passo em direção à paz. Todas as partes envolvidas no conflito precisam compreender agora que esta é uma paz duradoura e benéfica".
Acordo previa um fim ordenado do conflito
O acordo de paz previa a retirada completa das tropas dos Estados Unidos. Em contrapartida, o Vietnã do Norte se comprometeu a soltar todos os prisioneiros de guerra norte-americanos. Além disso, Hanói reconheceu o direito à autodeterminação do Vietnã do Sul.
Foi criado também um conselho de reconciliação nacional, presidido pelo chefe de Estado Nguyen Van Thieu, encarregado de convocar eleições livres no Vietnã do Sul, com a participação dos comunistas do Vietcong e outros grupos de oposição.
Os principais arquitetos do acordo de Paris foram os chefes das delegações do Vietnã do Norte e dos EUA, respectivamente Le Duc Tho e Henry Kissinger, encarregado especial de Nixon. Pelos seus esforços, os dois diplomatas foram agraciados com o Prêmio Nobel da Paz de 1973.
Foi principalmente Kissinger quem forçou uma mudança de rumo na política externa dos Estados Unidos, depois que os protestos dos pacifistas criaram uma situação insustentável para Washington. "Não é o Vietnã comunista que põe em risco os interesses norte-americanos e, sim, o envolvimento dos EUA num conflito insolúvel", argumentava.
O então chanceler federal alemão Willy Brandt elogiou o acordo de Paris num pronunciamento oficial: "As condições para a paz mundial melhoraram. Sentimos o efeito libertador do acordo para milhões de atingidos. Infelizmente, as pessoas no Vietnã tiveram de sofrer duramente sob a guerra civil ao longo de uma geração".
A última ofensiva americana
Pouco antes do fim das negociações, Nixon ainda mandou bombardear o Vietnã do Norte. A chamada Campanha de Natal, iniciada no final de dezembro de 1972, foi um dos ataques aéreos mais pesados de toda a guerra. Com indiferença, o piloto de um dos bombardeiros B-52 descreveu assim a sua missão: "É apenas uma tarefa. Outras pessoas entregam leite, eu entrego bombas".
O acordo de cessar-fogo, no entanto, não foi implementado. Após a retirada das tropas dos EUA, as partes conflitantes tentaram ampliar pelas armas os territórios sob seu controle. O Exército do Vietnã do Sul desintegrou-se rapidamente, depois que os EUA suspenderam a sua ajuda financeira.
Em 21 de abril de 1975, o presidente Nguyen Van Thieu renunciou. Nove dias depois, Saigon foi tomada pelas tropas do Vietnã do Norte e do Vietcong. A pseudotrégua de janeiro de 1973 era letra morta.
O papel dos meios de comunicação
Existe a lenda de que os meios de comunicação decidiram a Guerra do Vietnã. Na prática, porém, não existiam imagens dos crimes cometidos pelas tropas norte-americanas nem das ondas de execuções dos comunistas nos territórios por eles conquistados.
Diversos estudos científicos demonstraram que as imagens das batalhas militares, dos feridos e dos mortos mutilados representaram apenas 5 a 7% do noticiário de TV sobre o Vietnã. Além disso, a maioria das cenas de guerra foram fictícias, porque as equipes de TV não chegavam com seus equipamentos até os últimos rincões das florestas vietnamitas.
É certo que os correspondentes tiveram mais liberdade do que em outras guerras para escrever críticas ao governo. Mas, nas tevês, a maioria das reportagens de três a quatro minutos mostravam um conflito sem nexo, de forma distanciada.
Autoria Michael Marek (gh)
O líder tibetano
Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama.
O governo tibetano é teocrático e quem o dirige é o líder espiritual Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama. O atual líder espiritual tibetano tem origem simples, nasceu em uma família de camponeses em uma aldeia de Taktser, região localizada no leste do Tibete.
De forma bastante prematura, aos dois anos de idade, teve o reconhecimento dos monges que o designaram com um Dalai Lama, o décimo quarto da linhagem. Dalai Lama é o nome dado a autoridade mais alta do budismo tibetano.
Na língua mongol, Dalai significa oceano e Lam corresponde a mestre ou guru, dando origem ao abrangente significado de “oceano de sabedoria”. De acordo com a crença budista, os dalai lamas são reconhecidos como a reencarnação do príncipe Chenrezig, o detentor do lótus branco que simboliza a compaixão. É considerado um bodhisattva, que em sânscrito significa o ser destinado à iluminação.
O atual Dalai Lama teve acesso ao poder político no ano de 1950, com quinze anos de idade, nesse período a província do Tibete se encontrava tomada pelo governo chinês. O Dalai Lama assumiu o poder do Tibete após ter passado por longos e desgastantes períodos de estudos, preparando para se consolidar como um líder espiritual, período em que obteve conhecimento do budismo, de história e de filosofia.
Mais tarde, em 1959, o líder tibetano foi obrigado a se retirar do Tibete, após uma frustrada rebelião contrária à ocupação chinesa, diante dessa manifestação o governo chinês invadiu a província, e, para não ser aprisionado pelas forças chinesas, o Dalai Lama se passou por soldado e chegou até a fronteira com a Índia, onde encontrou exílio e atraiu cerca de 80 mil seguidores tibetanos. Atualmente existem cerca de 120 mil tibetanos em condição de exílio. O líder espiritual se estabeleceu em Dharamsala, cidade indiana que se tornou sede do governo tibetano no exílio.
Diante dos esforços de Dalai Lama na luta pela independência tibetana da China, que é desenvolvida de forma pacífica, o líder recebeu o Prêmio Nobel da Paz no ano de 1989, tendo assim reconhecimento internacional de sua causa, exceto da China, principal interessada no fracasso do processo de independência tibetana.
Lista da linhagem de Dalai Lamas
• 1391 a 1474 Gedun Drub.
• 1475 a 1542 Gedun Gyatso.
• 1543 a 1588 Sonam Gyatso.
• 1589 a 1616 Yontem Gyatso.
• 1617 a 1682 Lobsang Gyatso.
• 1683 a 1706 Tsangyang Gyatso.
• 1708 a 1757 Kelsang Gyatso.
• 1758 a 1804 Jamphel Gyatso.
• 1806 a 1815 Lungtok Gyatso.
• 1816 a 1837 Tsultrim Gyatso.
• 1838 a 1856 Khendrup Gyatso.
• 1856 a 1875 Trinley Gyatso.
• 1876 a 1933 Thubten Gyatso.
• 1935 até os dias atuais, Tenzin Gyatso.
Por Eduardo de Freitas
Fonte:
Tratados de Paz
Em 1917 começam a ocorrer às primeiras tentativas de paz em todo o mundo. Primeiramente, em 1918, tem os 14 pontos do presidente Wilson. Em 1919 ocorre a Conferência de Paris, é imposto o Tratado de Versalhes à Alemanha e é realizado o Tratado de Neuilly com a Bulgária. Em 1920 ocorre o Tratado Trianon e Sèvres respectivamente com a Hungria e Turquia. Em 1923 tem acontece Tratado de Lausanne novamente com a Turquia.
Durante a guerra foram feitas diversas tentativas de paz. Os alemães renderam-se em virtude de uma delas, a de Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos. Em mensagem enviada ao Congresso americano em 8 de janeiro de 1918, o Presidente Wilson sumariou sua plataforma para a Paz que concebia: 1) "acordos públicos, negociados publicamente", ou seja a abolição da diplomacia secreta; 2) liberdade dos mares; 3) eliminação das barreiras econômicas entre as nações; 4) limitação dos armamentos nacionais "ao nível mínimo compatível com a segurança"; 5) ajuste imparcial das pretensões coloniais, tendo em vista os interesses dos povos atingidos por elas; 6) evacuação da Rússia; 7) restauração da independência da Bélgica;
8) restituição da Alsácia e da Lorena à França; 9) reajustamento das fronteiras italianas, "seguindo linhas divisórias de nacionalidade claramente reconhecíveis"; 10) desenvolvimento autônomo dos povos da Áutria-Hungria; 11) restauração da Romênia, da Sérvia e do Monte negro, com acesso ao mar para Sérvia; 12) desenvolvimento autônomo dos povos da Turquia, sendo os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo "abertos permanentemente"; 13) uma Polônia independente, "habitada por populações indiscutivelmente polonesas" e com acesso para o mar; e 14) uma Liga das Nações, órgão internacional que evitaria novos conflitos atuando como árbitro nas contendas entre os países. Os "14 pontos" não previam nenhuma séria sanção para com os derrotados, abraçando a idéia de uma Paz "sem vencedores nem vencidos". No terreno prático, poucas propostas de Wilson foram aplicadas, pois o desejo de uma "vendetta" por parte da Inglaterra e principalmente da França prevaleceram sobre as intenções americanas.
A Conferência de Paris:
A Conferência de Paris reuniu-se em Paris. Cada país participante designou uma comissão de cinco membros. Participavam 25 nações aliadas, 4 domínios britânicos e os Estados Unidos.
Os países vencidos não participaram da Conferência, portanto não negociaram os tratados (com a exceção do Tratado de Lausanne)
As decisões da assembléia, eram tomadas pelas 5 potências (Japão, Itália, EUA, Inglaterra, França). O Japão tinha pouco interesse na Europa Ocidental. A Itália retirou-se ao perceber que não seria atendida nos seus interesses. Dessa forma, somente 3 Estados discutiram os tratados.
Foram organizadas 16 comissões para auxiliar a comissão executiva. A conferencia foi de 1919 a 1921. O principal objetivo era assegurara aplicação efetiva dos seus princípios e fundar a Sociedade das Nações. Para obter a aprovação de todos foi obrigado a transigir com respeito às anexações territoriais. Na prática então as decisões só representavam os interesses das 3 principais potências (ocorrendo certos contrastes entre elas).
Os alemães tiveram que aceitar um tratado imposto à força.
Tratado de Versalhes:
Pelo tratado assinado na sala dos Espelhos de Versalhes, o que demonstra o espírito de desforra dos franceses, a Alemanha perdia um sétimo de seu território e um décimo de sua população, suas colônias e seus exércitos.
Cláusulas militares:A Alemanha seria desarmada, o exército reduzido a 100.000 homens, recrutados voluntariamente, não teria marinha de guerra, nem artilharia pesada, tanques ou aviões. Não poderia fabricar material militar. Uma comissão se incumbiria da fiscalização.
A frota alemã que terminou a guerra praticamente intacta, deveria ser entregue aos aliados mas foi afundada pela triulação antes disso.
A margem esquerda do Reno seria ocupada e evacuada pelas tropas francesas a cada cinco anos, por setores sucessivos - Colônia, Coblez, Mogúncia - , desmilitarizando-se em seguida uma faixa de 50 km na margem direita do rio.
Cláusulas territoriais: A Alsácia e a Lorena foram restituídas à França. A Bélgica anexou dois cantoões (Eupen e Malmedy). A França obteve a concessão de explorar durante 15 anos as minas de carvão do Sarre, para recompensar a exploração da Alsácia-Lorena pelos alemães; findo esse prazo, a comissão da Sociedade das Nações, que administraria o território, faria um plebiscito - o Sarre poderia voltar à Alemanha, permanecer com a França ou ficar sob a administração da sociedade. Por intermédio de um plebiscito, a região do norte do Schleswig foi anexada à Dinamarca, sendo que o sul continuaou sendo da Alemanha.
Na Prússia Oriental, o território de Posen passou para a Polônia, que conquistava assim uma saída para o mar (corredor polones, que separava a Alemanha da Prússia Oriental). A cidade alemã Dantzing passaria a ser cidade livre administrada pela sociedade. Na alta Silésia, de população foi realizado um plebiscito onde os alemães saíram vitoriosos. Os poloneses argumentaram!
que os alemães trouxeram vagões repletos de alemães de outras regiões para votar. Começava um conflito, os franceses intervieram, e o território foi repartido. Memel, situado na Prússia Oriental, foi considerado livre. Em 1923, foi anexado pela Lituânia com o consentimento de Sociedade. A Áustria e Alemanha ficavam proibidas de formar um único país.
A garantia de segurança era vital para a França. Por isso pretendia que a região do Reno fosse composta por vários Estados autônomos, ocupados indefinidamente por tropas aliadas. Wilson se opôs, segundo o princípio de nacionalidade, apoiado por Lloyd George. Os Estados Unidos e a Inglaterra prometeram auxiliar prontamente a França em caso de invasão pelas Alemanha. O Senado americano não quis ratificar o tratado, a Inglaterra considerou-se desobrigada por isso e a França ficou sem garantias.
As colônias alemãs foram confiadas aos vencedores sob mandato da Sociedade das Nações. A Inglaterra recebeu o Sudeste Africano, parte dos Camarões e do Togo, mais a restituição da parte do Congo cedida à Alemanha em 1911. A União Sul Africana recebeu o restante do Sudeste Africano.
As cláusulas financeiras: O pagamento de reparações foi imposto à Alemanha, que era considerada responsável pela guerra. O montante dos pagamentos era elevado. Iam da destruição material de bens nacionais e privados até o pagamento de pensõe a aposentados, mutilados, viúvas e órfãos. O total elevava-se a 132 bilhões de marcos-ouro - moedas que podiam ser trocadas por ouro. O primeiro pagamento seria a 1º de maio de 1921. Os benefícios dessa reparação seriam assim repartidos: França 52%, Inglaterra 22%, Itália 10%, Bélgica 8%; os demais aliados receberiam o restante. Wilson não conseguiu impor seus pontos de vista, cedendo aos interesses de seus aliados. A paz, que transferiu aos vencedores os despojos dos vencidos, não era a paz de seus sonhos, e sua precariedade mostrou que ele tinha razão.
Com as potências perdedoras aliadas da Alemanha, os aliados assinaram tratados suplementares que completavam o Tratado de Versalhes:
Tratado de Saint-Germain:
Assinado em 1919, Áustria estabelecia que a Hungria, a Polônia, a Checoslováquia e a Iugoslávia seriam independentes. As regiões do Trieste, Sul do Triol, Trentino e a Península da Ístria passariam à Itália. A Áustria passou a ser um pequeno Estado europeu, com cerca de um terço da população concentrada na capital, Viena.
Tratado de Neuilly:
Foi assinado em 1919 e por esse tratado, a Bulgária perdeu grande parte dos territórios anexados durante a 1ª Guerra Balcânica. Dessa forma, a região da Dobrudja foi dada à Romênia, a Macedônia Ocidental à Ioguslávia e a Trácia Ocidental à Grécia.
Tratado de Trianon:
Regulou a situação com a Hungria, pelo qual ela perdia várias regiões: a região da Eslováquia passava para a recém-criada República da Checoslováquia; para a Ioguslávia passava a Croácia, e para a Romênia, a Transilvânia.
Tratado de Sèrves:
Foi assinado em 1920 a fim de regular a situação com a Turquia, estipulando que a Armênia seria independente e que a maior parte da Turquia européia passaria à Grécia; a Síria seria controlada pelos franceses; a Mesopotâmia e a Palestina pelos ingleses.
Uma rebelião na Turquia, liderada por Mustafá Kemal, pôs fim ao império e proclamou a República, reconquistando a Armênia, parte do seu território dada à Grécia, o que obrigou a revisão do Tratado de Sèrvers, em Lasmune (1923). Esse tratado permitiu à Turquia conservar todo o território reconquistado.
Fonte:
Tanques Alemães na Segunda Guerra
Por Gabriella Porto
A Alemanha nazista desenvolveu vários projetos de tanques durante a Segunda Guerra Mundial, além, é claro, dos tanques capturados e outros importados de que fez uso. As forças de tanques alemãs obtiveram bastante sucesso, sucesso esse mais relacionado às inovações táticas desenvolvidas pelos seus estrategistas do quê pela qualidade dos tanques. De fato, muitos desses tanques tinham uma estrutura ultrapassada, se comparada às dos tanques aliados, mas mesmo assim, correspondiam produzindo mais baixas do que sofriam na maioria dos confrontos, devido ao impressionante treinamento por qual os soldados alemães passaram, além das excelentes táticas usadas pelas forças alemãs, mas quando se tratava de um duelo de tanque contra tanque, raramente os alemães venciam.
Os principais tanques alemães na segunda guerra foram:
Panzer I
Panzer I
O Panzer (sigla de Panzerkampfwagen) I, de 1934, foi o primeiro tanque desenhado e construído pelos alemães. O seu desenho não objetivava o combate, mas sim um veículo simples, funcionava como uma ferramente de treinamento para os soldados alemães se familiarizarem com os novos conceitos de combate das forças armadas daquele país, além de preparar a indústria bélica do país para uma já prevista guerra de grandes proporções. Apesar disso, o Panzer I acabou por entrar em alguns combates, principalmente na Guerra Civil Espanhola de 1936, e também na Segunda Guerra. Por não ser destinado ao combate, esses tanques sofreram diversas baixas por toda a sua vida útil. Algumas tentativas de melhorar o seu desenho foram feitas, mas com pouco sucesso. Sua produção cessou em 1937, com um total de 1493 unidades fabricadas, sendo definitivamente aposentado apenas em 1954.
Panzer II
Curiosamente, o Panzer II só passou a ser produzido por uma falha na indústria bélica alemã. Os projetos para tanques médios, que posteriormente seriam chamados de Panzer III e Panzer IV, estavam muito atrasados, então o Panzer II foi pensado para preencher essa lacuna, até que os outros pudessem ser produzidos em escala industrial. Junto com o Panzer I, esse tanque fez parte da maior parte da força de tanques durante as invasões da Polônia e França. O Panzer II foi produzido entre 1935 e 1943, sendo aposentado em 1945, com 1.856 unidades construídas.
Panzer III
O Panzer III foi planejado para ser o coração da força de blindados médios alemães, sendo fabricado já durante a Segunda Guerra, em 1939. Esse foi um projeto que sofreu com muitos atrasos, já que seu projeto tinha sido iniciado quatro anos antes. Apesar de ter sido desenhado para lutrar contra outros tanques, seus canhões de 37mm (e depois 50mm) não era páreo para os T-34 soviéticos. Em 1941, o Panzer III era o tanque alemão mais numeroso, mas já no fim de 1943 ele começou a ser rapidamente substituído pelos tanques Panzer IV e o Panther, porém, um variante de seu projeto inicial, o Sturmgeschütz III, se tornaria o veículo blindado mais produzido pela Alemanha na Segunda Guerra, com 9.400 unidades. O Panzer III ficou em serviço entre os anos de 1939 a 1945, sendo aposentado dois anos mais tarde.
Panzer IV
Panzer IV
O Panzer IV foi o cavalo de guerra da força de tanques alemã na Segunda Guerra. Ele participou de combates em todas as áreas de confronto possíveis. Originalmente, o Panzer IV seria apenas um tanque de suporte, sendo armado com um obuseiro de 75mm, pensado para disparar munição explosiva em suporte aos tanques de infantaria. Mas em 1942, ele foi equipado com um canhão de 75mm de dupla finalidade, capaz de derrotar a maioria dos tanques soviéticos. Na segunda metade da guerra, metade dos tanques alemães eram Panzers IV. Esse tanque foi produzido entre 1936 e 1945, com 8.800 unidades produzidas, continuando em operação até 1967.
Panther
O Panther foi um tanque médio, com cinco tripulantes, que foi desenhado para lidar com o excelente tanque soviética T-34. Em peso, ele era bem parecido com os tanques pesados da URSS. Ele tinha uma blindagem inclinada (que lhe dava uma melhor proteção) e carregava um canhão longo de 75 mm. A produção em série durou de 1943 a 1945 (e de 1946 a 1949 para as forças britânicas), com um total de 4.800 unidades produzidas. Logo foi considerado o tanque alemão mais capaz na Segunda Guerra.
Tiger I
Em resposta à invasão soviética com os seus poderosos tanques T-34, as autoridades alemãs ordenaram a produção de um novo tanque pesado. Originalmente chamado de Panzerkampfwagen VI Ausführung H (ou panzer VI), acabou mudando de nome graças à uma ordem direta de Hitler, se tornando, então, o Panzerkampfwagen VI Tiger Ausf.E, ou apenas Tiger I. O tanque contava com um poder de fogo formidável e uma densa blindagem. Passou por diversos problemas por toda a sua vida por causa do seu peso. Foram fabricadas 1.347 unidades entre 1942 e 1944, tendo continuado em serviço até 1945.
Tiger II
Tiger II
Ainda mais pesado que o Tiger I, o Tiger II foi o tanque maior e mais poderoso tanque produzido pela Alemanha durante a Segunda Guerra. Chamava-se, oficialmente, Panzerkampfwagen Tiger Ausf. B, também foi apelidado de Königstiger, “tigre-de-bengala” em alemão. Era capaz, teoricamente, de derrotar qualquer tanque aliado que enfrentasse, além de ter uma blindagem suficiente para resistir à maioria da artilharia disponível naquele tempo (excluindo munições de carga oca), logo se tornando uma arma extremamente temida pelos aliados, por quem era conhecido de tigre rei ou tigre real. O Tiger II apresentou diversos problemas mecânicos, muito por causa da pressa em que o projeto teve de ser realizado, além do seu peso excessivo. O Tiger II foi produzido apenas entre 1943 e 1945, com 492 unidades fabricadas, tendo sido aposentado no próprio ano de 1945, sendo que a maioria foi destruída por suas próprias tripulações, por causa de seus problemas mecânicos.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/German_tanks_in_World_War_II
http://worldwar2-database.blogspot.com.br/2010/12/list-of-german-tank-in-world-war-ii.html
http://www.militaryfactory.com/armor/ww2-german-tanks.asp
Foto Panzer I: http://segundaguerratiger.blogspot.com.br/p/panzers.html
Foto Panzer IV: http://www.achtungpanzer.com/panzerkampfwagen-iv.htm
Foto Tiger II: http://www.fprado.com/armorsite/tiger2.htm
Era das Revoluções
Por Felipe Araújo
Nos primeiros 50 anos do século XIX, ocorreram várias transformações na parcela ocidental do mundo. A indústria e as comunicações mostraram crescimento significativo. Outro setor que cresceu foi o militar, em que a oportunidade de seguir carreira no exército era uma grande atração para a juventude da plebe, influenciada pela filosofia liberalista. Naquele momento houve também um processo de expansão da educação primária pública e aumento da população que habitava as principais cidades.
Com este advento, as pessoas que viviam na cidade começam a ter mais acesso à cultura e participar mais ativamente de questões referentes à sociedade. Além disso, este fenômeno ganha maiores proporções com as publicações de imprensa, que fomentavam a opinião pública. Desta forma, alguns grupos com ideais liberais iniciam movimentos de contestação à Santa Aliança, que tinha o objetivo de conter os ideais disseminados pela Revolução Francesa. Gradualmente, os liberais, anteriormente vistos como subversivos, começam a ter suas ideias vistas como justificáveis, endossando as revoluções que estavam por vir. Sob este ponto de vista, o povo europeu começa a ver as autoridades e monarcas que não se submetiam as leis, como tiranos.
De acordo com Eric Hobsbawm, historiador marxista britânico, esta primeira etapa do século XIX é considerada a Era das Revoluções justamente pela disseminação de ideais de liberdade por grupos organizados na Europa. Eles defendiam temas como direitos humanos, igualdade entre os cidadãos e soberania da população. Influenciados pela Revolução Francesa, ativistas de cunho nacionalista e liberal acirravam a revolução permanente. Naquele momento, ocorriam movimentos importantes como guerras pela independência nacional das colônias na América Latina, entre outros levantes.
No que se refere aos países da Escandinávia, Grã-Bretanha e Países Baixos, ocorreram disputadas acirradas dentro dos parlamentos. Porém, no período que engloba os anos de 1815 e 1848, foram realizados conflitos contundentes na Era das Revoluções. Do início destes confrontos até 1829 destacam-se os movimentos liberais que organizaram levantes na região mediterrânea da Rússia. No ano de 1825, os “dezembristas” iniciaram uma insurreição liberal.
Em 1830, ocorrem as Ordenações de Julho, feitas por Carlos X, que dissolveu a câmara liberal recentemente eleita, censurando a imprensa e as novas atribuições do sufrágio. Desta forma, uma revolução explodiu em Paris e os franceses conseguiram, após diversos embates, fazer com que Carlos X abdicasse. Assim, a alta burguesia, que era a favor da monarquia constitucional, dá o trono a Luís Filipe, conhecido como duque de Orleans. Essa revolução na França ecoou em outros países como a Bélgica, que se tornou independente da Holanda, e outras nações.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_das_Revolu%C3%A7%C3%B5eshttp://pt.shvoong.com/books/164016-era-das-revolu%C3%A7%C3%B5es-1789-1848/http://historica.com.br/book-review/a-era-das-revolucoesCOTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
Anúbis
Por Emerson Santiago
De acordo com a antiga religião do Egito, Anúbis era o deus dos mortos, da mumificação e do submundo. Guardião dos túmulos e juiz dos mortos, ele era representado com o corpo de homem e a cabeça de um chacal, sendo considerado ainda a primeira múmia do Egito Antigo. A origem de seu nome parece ser uma derivação de “inep”, que significa “purificar”, ou “apodrecer”. De fato, na língua egípcia antiga, seu nome era “Anpu” ou “inpu”, e Anúbis nada mais é que a versão do nome convertida para a língua grega.
A ideia de mostrá-lo com a cabeça de um chacal pode ter nascido da observação do comportamento dos animais selvagens, rondando os cemitérios, retirando e desmembrando os corpos das sepulturas construídas com pouca profundidade. Do mesmo modo, os egípcios acreditavam que, caso um corpo não fosse devidamente preparado e mumificado conforme as indicações usuais, este seria devorado pelo deus com cabeça de chacal.
Por isso mesmo, a Anúbis é creditada a invenção do embalsamamento, o que o tornou associado à mumificação. Os adeptos da antiga religião egípcia acreditavam que Anúbis presidia as seções de mumificação, por ser o guardião de tais técnicas. Outra de suas funções era a de ser o guardião das tumbas, bem como ser o juiz dos mortos e o condutor das almas ao pós-vida.
Dentro da mitologia egípcia, Anúbis era o filho de Néftis, a deusa dos desertos com o deus Osíris. Sua filha era Kebechet. O deus-chacal teria sido responsável por embalsamar o corpo de Osíris, sendo um dos 42 juízes (número correspondente às províncias do Egito Antigo) que compunha o tribunal responsável pelo julgamento do recém-morto. Anúbis seria o responsável por conduzir os falecidos à presença de Osíris e presidia a cerimônia da “pesagem do coração”, que decidiria o destino da alma de seu dono.
São raras as ocasiões em que aparece representado sob a forma totalmente humana, tal como se vê, por exemplo, na capela do templo de Ramsés II em Abidos. A cor de sua face é invariavelmente negra, o que se especula ser uma referência à cor do cadáver em meio ao processo de mumificação. Seu culto está patente nas necrópoles, nas quais estão registrados preces e hinos que evocam sua proteção, além das paredes das mastabas mais antigas. Os principais centros de culto de Anúbis no Egito foram a décima sétima província, em especial sua capital Cinópolis, além de Licópolis (atual Asyut).
Bibliografia:
Anúbis, o Chacal. Disponível em: < http://www.fascinioegito.sh06.com/anubis.htm>. Acesso: 18/01/13.
Anúbis. Disponível em: < http://www.suapesquisa.com/egito/anubis.htm >. Acesso: 18/01/13.
Anúbis. Disponível em: < http://www.infopedia.pt/$anubis >. Acesso: 18/01/13.
Foto: http://gwydir.demon.co.uk/jo/egypt/anubis.htm
Conquista da liberdade dos escravos
Por Felipe Araújo
No ano de 1850 o tráfico de negros para o Brasil chegou ao fim. Desta forma, tem início um processo de crise no sistema escravista devido ao aumento de preços dos escravos. Para suprir as necessidades de trabalho não remunerado nos latifúndios, os senhores optam por comprar escravos da região norte do País. Neste cenário, começam a surgir alguns movimentos a favor da abolição, que foram impulsionados pelo fim da Guerra de Secessão nos Estados Unidos, que tinha a abolição da escravatura como um dos motivos.
Como resultados de pressões de alguns setores da sociedade, em 1871 o Brasil aprova a Lei do Ventre Livre. A medida indicava que qualquer filho de escravo nascido após sua aprovação seria um cidadão livre. Porém, a mesma lei indicava que os senhores que criassem as crianças até os oito anos teriam o direito de contar com seu trabalho até os 21 anos de idade como forma de indenização. Apesar da ambiguidade da lei, com ela foi decretado que não nasceriam mais escravos no País.
Os movimentos contra a escravidão continuam a crescer e já no final do século XIX, no Brasil, a abolição torna-se uma das questões sociais mais discutidas. Grupos organizados antiescravismo se organizam, contando com o apoio de jornalistas, líderes políticos, advogados e clubes. Entre os principais nomes de negros intelectuais envolvidos nesta luta estão: José do Patrocínio, orador, escritor, jornalista e político, André Rebouças, inventor e engenheiro, Luís Gama, jornalista, advogado e escritor e, finalizando, Francisco de Paula Brito, poeta, dramaturgo e escritor.
Gradualmente, com surgimento de associações dedicadas à causa e fugas em massa, a utilização do trabalho escravo começa a deixar de ser uma questão legítima. Endossando tal panorama, em setembro de 1885, é promulgada a Lei dos Sexagenários (conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe), que tornou livres todos os escravos com idade superior a 65 anos.
O fim da escravidão foi decretado em 1888 com a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. Isso ocorreu devido às inúmeras fugas que estavam por ameaçar os resultados das safras de café. Apesar do final da escravidão, os novos cidadãos livres continuavam enfrentando o preconceito de grande parte da sociedade. Eles não tinham acesso aos meio de produção de nem à terra e ficaram marginalizados. De acordo com Arethuza Helena Zero, cientista social e professora da Unicamp, em matéria publicada no site da Editora Abril: “O Brasil carrega esse fardo histórico por ser um dos últimos países a abolir a escravidão”.
Fontes:
http://www.ceao.ufba.br/livrosevideos/pdf/uma%20historia%20do%20negro%20no%20brasil_cap07.pdfhttp://www.historiadigital.org/historia-do-brasil/brasil-imperio/segundo-reinado/video-os-caminhos-da-liberdade/http://www.abril.com.br/noticias/brasil/fim-escravidao-foi-doses-homeopaticas-diz-cientista-social-513285.shtml