Por Angela Maria
Introdução
Na sociologia númeras pessoas dedicaram longos anos a estudar a vida em sociedade, procurando descobrir seus segredos e tornar mais claras as relações que existem entre os homens. A introdução de novas formas de organizar a vida social e a profundidade das transformações, de certa forma, colocou a sociedade em evidência. Em decorrência disso, determinados pensadores passaram a considerá-la um objeto que deveria ser investigado e analisado com metodologia científica adequada.
A seguir, exemplos de alguns desses homens que, com seu saber, fizeram aumentar o conhecimento da humanidade sobre si mesma.
A Origem da Sociologia
Filosofia (do grego, literalmente «amor à sabedoria») é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a análise conceptual, as experiências de pensamento, a argumentação lógica e outros métodos a priori.
A Sociologia é uma das ciências humanas que estuda as unidades que formam a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas as áreas do convívio humano desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica.
Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. Ainda que esta tarefa não seja objetivamente alcançável, é tarefa da Sociologia transformar as malhas da rede com a qual a ela capta a realidade social cada vez mais estreitas. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, consequentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.
A Sociologia ocupa-se, ao mesmo tempo, das observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas; e também se interessa por eventos únicos sujeitos à inferência sociológica (como, por exemplo, o surgimento do capitalismo ou a gênese do Estado Moderno), procurando explicá-los no seu significado e importância singulares.
A Sociologia surgiu como uma disciplina no século XVIII, na forma de resposta acadêmica para um desafio de modernidade: se o mundo está ficando mais integrado, a experiência de pessoas do mundo é crescentemente atomizada e dispersada. Sociólogos não só esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também desenvolver um "antídoto" para a desintegração social.
Os Primeiros Pensadores da Sociologia
AUGUSTO COMTE (1798-1857)
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em Montpellier a 19 de janeiro de 1798. Foi o fundador do Positivismo. Fez seus primeiros estudos no Liceu de Montpellier, ingressando depois na Escola Politécnica de Paris, de onde foi expulso em 1816 por ter se rebelado contra um professor. Foi então estudar Medicina em Montpellier, mas logo regressou a Paris, onde passou a viver de aulas e colaboração em jornais.
Em 1826, começou a elaborar a lições de Curso de Filosofia Positiva. Sofrendo, porém, sério esgotamento nervoso, viu-se obrigado a interromper seu trabalho. Já recuperado, publicou, de 1830 a 1842, sua primeira grande obra: Curso de Filosofia Positiva, constituída de seis volumes.
A partir de 1846 toda a sua vida e obra passaram a ter um sentido religioso. Desligou-se do magistério, dedicando-se mais às questões espirituais. deixou de ser católico e fundou a Religião da Humanidade. Para propagar sua nova religião, manteve correspondência com monarcas, políticos e intelectuais de toda parte, tentando pôr em prática suas idéias de reformador social.
Sociologia, que a princípio Comte denominou "Física Social", é um vocábulo criado por ele no seu Curso de Filosofia Positiva. Para Comte, a Sociologia procura estudar e compreender a sociedade, para organizá-la e reformá-la depois. Acreditava que os estudos das sociedades deveriam ser feitos com verdadeiro espírito científico e objetividade.
O pensamento de Comte provocou polêmicas no mundo todo e reformulações de teorias até então incontestáveis. Sua influência foi imensa, quer como filósofo social, quer como reformador social, principalmente sobre os republicanos brasileiros. O lema da Bandeira Nacional "Ordem e Progresso", criador por Benjamin Constant, é de inspiração comtista.
Suas principais obras são: Curso de Filosofia Positiva (1830-1842) e Sistema de Política Positiva (1851-1854).
Morreu em Paris a 5 setembro de 1857.
KARL MARX (1818-1883)
Karl Heinrich Marx, filósofo e economista alemão, nasceu em Trier (atual Alemanha Ocidental) a 5 de maio de 1818. Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se se principalmente pelas idéias do filósofo Hegel. Formou-se pela Universidade de Iena em 1841.
Em 1842 assumiu o cargo de redator-chefe do jornal alemão Gazeta Renana, editado em Colômbia, onde tinha a postura política de um liberal radical. No ano seguinte transferiu-se para Paris. Lá conheceu Friedrich Engels, um radical alemão de quem se tornaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros. De 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, onde participou de organizações clandestinas de operários e exilados.
Em 1847 redigiu com Engels o Manifesto comunista, primeiro esboço da teoria revolucionária que, mais tarde, seria chamada maxismo. No Maxismo Marx convoca o proletariado à luta pelo socialismo. Em 1848, quando eclodiu o movimento revolucionário em vários países europeus, Marx voltou à Alemanha, onde editou a Nova Gazeta Renana, primeiro jornal diário francamente socialista e que procurava orientar as ações do proletariado alemão. Com o fracasso da revolução, Marx fugiu para Londres, onde viveu o resto de sua vida.
Fundou, em 1864, a Associação Internacional dos Trabalhadores, depois chamada Primeira Internacional dos Trabalhadores com o objetivo de organizar a conquista do poder pelo proletariado em todo o mundo. Em 1867 publicou o primeiro volume de sua obra mais importante. O capital, em que fez uma crítica ao capitalismo e à sociedade burguesa.
Marx é o principal idealizador do socialismo do comunismo revolucionário. O marxismo — conjunto de idéias político-filosóficas de Marx — propunha a derrubada da classe dominante, a burguesia, através de uma revolução do proletariado. Marx criticava o capitalismo e seu sistema de livre empresa que, segundo ele, pelas contradições econômicas internas, levaria a classe operária à miséria. Propunha uma sociedade na qual os meios de produção fossem de toda coletividade.
Suas principais obras são: O capital (1867-1894), Manuscritos econômico-filosóficos (escrita em 1844 e publicada em 1932), A miséria da Filosofia ( 1847). Escreveu em parceria com Engels: A sagrada família (1844), A ideologia alemã (1845-1846), Manifesto comunista (1847).
Marx morreu em Londres a 14 de março de 1883.
DURKHEM (1858-1917)
David Émile Durkheim, sociólogo francês, nasceu em Épinal a 15 de abril de 1858. Estudou na École Normale Supérieure de Paris, tendo-se doutorado em Filosofia. Em 1885 foi estudar na Alemanha, sendo muito influenciado pelas idéias do psicólogo Wilhelm Wundt.
Ocupou a primeira cátedra de Sociologia criada na França, na Universidade de Bordéus, em 1887. Aí permaneceu até 1902, quando foi convidado a lecionar Sociologia e Pedagogia na Sorbonne.
É considerando o fundador da Sociologia moderna. Foi um dos primeiros a estudar mais profundamente o suicídio, o qual, segundo ele, é praticado na maioria das vezes em virtude da desilusão do indivíduo com relação ao seu meio social.
Para Durkeim, o objeto da Sociologia são os fatos sociais, os quais devem ser estudados como "coisas".
O sistema sociológia de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais:
A sociologia é uma ciência independente das demais Ciências Sociais e da Filosofia.
A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos, considerados como "coisa".
A causa de cada fato social deve ser preocupada entre os fenômenos sociais que o antecedem. Para explicar um fenômeno social, deve-se procurar sua casa.
Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade específica.
Segundo Durkeim, o homem é um animal que só se humaniza pela socialização.
Suas principais obras são: A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1894), O suisídio (1897).
Durkheim morreu em Paris a 15 de novembro de 1917.
MAX WEBER (1864-1920)
Max Weber, sociólogo alemão, nasceu em Erfurt, na Turíngia, a 21 de abril de 1864. Foi professor de Economia nas universidades de Freiburg e Heidelberg. Após 1897 teve de interromper o exercício do magistério, devido a uma grave enfermidade psíquica. Participou da comissão que redigiu a Constituição da República de Weimar. Foi por muito tempo diretor da importante revista Arquivo de Ciências Sociais e Política Social e colaborador do Jornal de Frankfurt.
Ardente nacionalista alemão. Weber é considerado um dos mais importantes pensadores modernos. Fundou a disciplina Sociologia da Religião, fazendo estudo comparado da História da Economia e da História das Doutrinas Religiosas.
Para Weber o objeto da Sociologia é o sentido da ação humana individual que deve ser buscado pelo método da compreensão.
As teorias de Weber exerceram uma grande influência sobre as Ciências Sociais a partir da década de 20. São famosas suas teses a respeito das relações do capitalismo como protestantismo. Weber procurou investigar a influência das doutrinas religiosas no campo econômico e, em particular, na formação do espírito capitalista.
Suas obras principais são: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade (publicada postumamente em 1922).
Morreu em Muníque a 14 de junho de 1920.
MANNHEIM (1893-1947)
Karl Mannheim, sociólogo alemão de origem húngara, nasceu em Budapeste a 27 de março de 1893. Em 1925 tornou-se livre-docente em Heidelberg. Em 1929 foi nomeado professor da Universidade de Frankfurt. Em 1933 foi nomeado professor da London School of Economics, transferindo-se em 1945 para a Universidade de Londres.
Mannheim elaborou as primeiras teses sobre a Sociologia do Conhecimento uma nova disciplina científica, cujas bases estão lançadas em Ideologia e utopia, sua obra principal. Mannheim afirmava que todas as idéias políticas e sociais são inspiradas pela situação social dos pensadores na sociedade. Segundo ele, cada fase humanista é dominada por um estilo de pensamento. É em cada fase surgem tendências para a conservação ou para a mudança. A conservação produz ideologia, e a mudança leva a utopias. Para ele, portanto, as ideologias se destinam a justificar a situação social existentes, enquanto as utopias pretendem, ao contrário, justificar uma desejada modificação da estrutura social.
Suas obras principais são" Ideologia e utopia (1929), Diagnóstico do nosso tempo (1943), Liberdade, poder e planejamento democrático (1950).
Mannheim morreu em Londres a 9 de janeiro de 1947.
FLORESTAN FERNANDES
Florestan Fernandes, sem dúvida o mais importante sociólogo brasileiro, nasceu em São Paulo, em 22 de julho de 1920. Desde muito cedo precisou trabalhar para viver e não pode sequer completar o curso primário. Fez o curso de Madureza e a seguir estudou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Lecionou na USP até 1969, quando foi aposentado compulsoriamente pela ditadura militar, formando várias gerações de cientistas sociais. Deu aula em diversas universidades estrangeiras e, em 1976, voltou a lecionar no Brasil, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
É o fundador e principal representante da Sociologia crítica no Brasil. Em todo o seu trabalho ele procura refletir sobre as desigualdades sociais, desvendando as contradições da sociedade de classes, e também sobre o papel da Sociologia diante desse realidade. Assim, não apenas em seus livros, mas também em cursos, conferências e artigos na imprensa brasileira, com suas enormes desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais.
Sua própria história de vida explica essa posição crítica: "Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu passado e sem a socializacão pré e extra-escolar que recebi, através das duras lições de vida (...). Iniciei a minha aprendizagem ‘sociológica’ aos 6 anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade (...)".
De sua imensa obra, podemos citar: A organização social dosTupinambá (1949), Fundamentos empíricos da explicação sociológica (1959), A Sociologia numa era de revolução social (1963), A integração do negro na sociedade de classes (1965), Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina (1973), Mudanças sociais no Brasil (1974), A revolução burguesa no Brasil (1957), A natureza sociológica da Sociologia (1980)
Nas eleições de 1986, Florestan Fernandes foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores.
Conclusão
Não há como negar os resultados alcançados pela Sociologia através dos tempos e a presença dessa disciplina no cotidiano. Enfim, podemos percebê-la nas diversas pesquisas realizadas pelos sociólogos, nas universidades, nas entidades estatais e nas empresas.
A multiplicidade de visões sociológicas sobre a sociedade persiste ainda hoje. Acima disso, deve-se priorizar sempre a tentativa da Sociologia em compreender o homem e o seu mundo social. Afinal, os tempos mudam, mas a Sociologia acompanha o homem, ao longo do tempo. Homens tentando explicar os próprios homens em sociedade; talvez aí esteja a fascinação que a Sociologia exerce sobre nós.
E o pensamento de Augusto Comte, Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber, Mannheim e de Florestan Fernandes, mesmo tendo suas particularidades foram frutos desse processo.
Bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
CienciaeEducacao.Uol
Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/a-origem-da-sociologia.html
13.6.16
A Origem da Sociologia
As razões do atraso e do subdesenvolvimento
Tendo pela frente a imagem de uma América do Norte poderosa e pujante, nação fundada mais de um século depois do Brasil, intelectuais, escritores, políticos e gente do povo, perguntam-se por que razão um país tão grande como o nosso não seguiu um idêntico destino de prosperidade. Qual teria sido a causa última, o pecado original que faz com que o gigante sul-americano seja sempre incluído entre os “ subdesenvolvidos”, dos “ em desenvolvimento”, ou ainda como “ país emergente”, mas nunca no rol dos definitivamente bem sucedidos?
Retirantes (C.Portinari)Foto: Divulgação
Portugal, império medíocre
Já vai para mais de século e meio que uma das grandes preocupações dos políticos, escritores e pensadores brasileiros em geral, concentrou-se em encontrar explicações para o subdesenvolvimento do país. Especialmente se comparado com o sucesso dos Estados Unidos. Donde vinha a persistência da síndrome do fracasso que, por vezes, atormenta os brasileiros?
Para responder a isso deve-se recuar alguns séculos, de volta à Metrópole, pois herdou-se tal obsessão dos portugueses. Já nos tempos do Marquês do Pombal ( que foi embaixador em Londres antes de tornar-se primeiro ministro de D.José I, entre 1750-1777), essa fora uma das preocupações dele. Estendida também aos vanguardistas do círculo de Eça de Queirós, se indagavam do porquê do Império Português ser tão medíocre e acanhado se comparado à prosperidade e ao dinamismo dos britânicos, a quem, afinal, historicamente eram tão ligados.
Naqueles tempos, o todo-poderoso Pombal, o “Herói Perfeito” de Basílio da Gama, apontou como causa de tudo o jesuitismo. A Ordem dos Inacianos, milícia da Contra-Reforma Católica, era para ele uma corporação sacerdotal francamente hostil aos ideais do progresso que então vigiam na época do Iluminismo. Além disso, havia uma insanável incúria da burocracia portuguesa, uma espécie de inércia paralisante que a imobilizava, reflexo da falta de iniciativa da nobreza lusitana, que não assumia a liderança de uma política econômica que trouxesse prosperidade ao reino.
Numa sociedade dominada por fidalgos parasitários e sacerdotes obscurantistas, tendo seus ganhos providos pelo nefasto Tratado de Methuen, de 1703 e pela exploração do império marítimo, caberia ao estado ilustrado chamar a si a função de agente impulsionador das coisas.
O esforço pombalino de industrialização, todavia, fracassou, e já na época da Viradeira ( após 1777), o período em que Pombal perdeu o poder, grande parte da politica adotada por ele em favor das atividades manufatureiras tornou-se letra morta, retrocedendo o reino de volta ao ramerrão estagnante do qual somente fora sacudido pelas ocasionais descobertas das minas de ouro e de diamantes no sertão do Brasil colônia. Situação regressista essa registrada na estrofe:
Lisboa já não é/ a mesma que há dez anos se mostrava,/É tudo devoção, tudo são terços,/ Romarias, novenas, via-sacras./Aqui é nossa terra, aqui veremos/ A nossa cara irmã cobrar seu reino."
- O rei da Estupidez
Todavia, a questão continuou no ar. Qual a razão de Portugal, que começara o seu império marítimo bem antes dos inglês, no mínimo com um século de antecipação, vir-se reduzido à insignificância, a ter que sobreviver, como mostrou Fernando A. Novais, à sombra do Império Britânico, seu aliado. Porquê os portugueses continuavam reunidos ao redor das suas vinhas, das quintas e dos morgados, entregues à rotina da lavoura, enquanto os ingleses, pródigos nas artes mecânicas, metiam-se em fábricas e a toda hora inventavam máquinas e inovadores meios de produção?
Eça de Queirós apontou seu dedo acusador diretamente para a sociedade portuguesa do seu tempo, para o domínio completo que os padres exerciam sobre tudo. Denunciou a beatice e a carolice bocó de grande parte da população que a mantinha infensa aos apelos da prosperidade material, conformada com o sem-fim de missas e rosários, de procissões e imagens de santinhos, esconjurando tudo a toda hora com cruz-credos, como ele expôs no “O Crime do Padre Amaro”(1875) e “ A relíquia”(1883).
Com o tempo, cansado do esforço inútil em denunciar aquela situação infensa à mudança, ele também desistiu e voltou-se a celebrar, numa das suas obras derradeiras “ A cidade e as serras”, publicação póstuma de 1901, as doçuras da vida rural e do retiro. Morreu acreditando que Portugal era irrecuperável.
Como exemplo marcante dessas atitudes antagônicas de ingleses e portugueses frente aos desafios dos tempos, basta lembrar que enquanto os primeiros, ainda no século XVIII, reuniam-se ao redor de Erasmus Darwin ( avô do cientista), líder da Sociedade Lunar, associação criada para trocar informações científicas e fomentar descobertas (entre os quais se encontrava James Watt, o inventor da máquina à vapor); Eça de Queirós e seus amigos ( Ramalho Ortigão, Antônio Cândido, Lobo de Ávila e Guerra Junqueira), mais de um século e meio depois, na década de 1890, organizaram uma estranha sociedade que, pela sugestão de Oliveira Martins, significativamente designou-se de Os Vencidos da Vida.
Eça de Queirós e os Vencidos da VidaFoto: Divulgação
A culpa da monarquia e da escravidão
No Brasil, foi nos estertores do Segundo Reinado ( 1840-1889), que cresceu a ideologia de que a explicação para o atraso pátrio devia-se à estrutura política monárquica e à existência da escravidão. Os Estados Unidos haviam abolido a “peculiar instituição” no decorrer da Guerra Civil ( 1861-1865) sem que isso empanasse a ascensão ou bloqueasse a crescente prosperidade dos americanos, como muitos escravocratas temiam. Era o Império dos Braganças e o cativeiro dos negros, a Corte de São Cristóvão e a existência da senzala, compondo uma associação maligna, quem negava ao Brasil ser uma potência da mesma dimensão do seu vizinho do norte.
Qual então remédio a adotar? Além da imediata abolição da escravidão, (alcançada pelo decreto imperial de 13 de maio de 1888), devia acelerar-se a substituição total do trabalho servil pela intensificação da colonização européia, como por igual adotar o positivismo de Auguste Comte como ideologia do progresso. Politicamente, a solução era implantar o regime republicano, presidencialista e federativo, como a melhor expressão da modernidade, como de fato se deu em 15 de novembro de 1889. Fazer do Brasil uma Nova Canaã, a contrapartida sul-americana aos Estados Unidos.
A fobia ao lusitano e o trauma racial
Caído o Império, precisou-se rebatizar o Brasil. No afã de aproximar-se cada vez mais da América do Norte, além de favorecer a política de colonização e a divisão federalista, adotou-se, por ingerência do liberalismo de Ruy Barbosa, a designação de República dos Estados Unidos do Brasil. Paralelo a tomada de consciência do atraso nacional, cresceu ainda mais a fobia ao lusitano. As desgraças nacionais, dizia-se abertamente, advinham da colonização portuguesa. Ela impedira o Brasil alcançar a sua vocação de grandeza. Tivessem sido anglo-saxãos ou holandeses os desbravadores, a história teria sido outra.
Ao enviarem para cá gente desqualificada, degradados, criminosos, gente socialmente inferior, além de terem importado escravos, os lusitanos teriam inviabilizado as possibilidades do país atingir um patamar igual ao dos americanos. (*) Dai , por excesso, passaram a enaltecer os índios e a vida indígena de um modo geral, contrapondo-a ao antigo colonizador promovido a ser uma espécie de bode expiatório coletivo das mazelas nacionais.
Como ponderou então o dr. Nina Rodrigues, emérito médico e antropólogo baiano, “ Há flagrante injustiça no zelo que pomos em defender os foros da nossa linhagem. Desabrida a intolerância com os portugueses. Não há quem não se julgue autorizado a depreciá-los e deprimi-los. Como que pesa e envergonha o sangue português que nos corre nas veias, e a cada passo...clamamos em altos brados que a nossa decadência provém da incapacidade cultural dos lusitanos, da baixa estirpe dos degradados.... (Os africanos no Brasil, 1905).
(*) Chegaram ao Brasil, vindo da África 3.647.000 de escravos, ou 38% do total importado pelas três Américas.
O exagero nativista e o racismo
Deu-se, então, nos primórdios da República, além de uma esbaforida imitação do sistema norte-americano, um exagero nativista. Ao tempo que rejeitou-se o português enalteceu-se a etnia indígena e as coisas exclusivamente nacionais. Jacobinismo que teve fôlego curto. Lima Barreto satirizou-a ao criar o seu famoso personagem, tipo acabado do chauvinista caricato: o major Policarpo Quaresma ( O triste fim de Policarpo Quaresma, 1916).
Nativismo que logo foi questionado pela afluência das doutrinas racistas, então em moda na Europa e que logo chegaram ao Brasil. Na transição do século XIX para o XX elas tomaram corpo devido as teorias de Hippolyte Taine, de Francis Galton, de H.S. Chamberlain, autores que, enaltecendo os arianos, afirmavam que os povos de cor não tinham condições de atingir à civilização.
Quem fosse negro, pardo, ou descendente da raça vermelha, estava sentenciado ao atraso e à pobreza. Somente os brancos, habitantes do hemisfério norte eram evoluídos. Sendo que o pior de tudo para os eugenistas de plantão era a mistura racial, pois ela enfraquecia duas “raças fortes”, a branca e a negra ( muito da desesperança de Euclides da Cunha vinha exatamente disso). Ora, como o Brasil poderia almejar participar do mundo civilizado se precisamente o que predominava por aqui era um intenso intercurso racial, um enorme caldeirão étnico onde brancos, negros e índios se acasalavam sem cessar há mais de quatro séculos? Os brasileiros sentiram-se perpetuamente estigmatizados frente às doutrinas racistas.
O Jeca Tatu
Jeca Tatu, metáfora do BrasilFoto: Divulgação
Uma das mais forte imagens autocríticas criadas por um intelectual brasileiro seguramente foi a Jeca Tatu, tipo inventado por Monteiro Lobato ( Urupês, 1918). Não pairava dúvida, no entender dele, que a célula última que explicava o nosso atraso estava representada pelo caipira interiorano, preguiçosos e amarelecido pelas doenças. Pobre espectro humano capaz de passar horas e horas sentado à beira de uma estrada pitando um palheiro assistindo, inerte, a vida, a ciência, o progresso, passar à frente dele sem que o pobre diabo esboçasse qualquer reação ou desejo de sair daquele estado de indiferença e inanição. O Jeca tornou-se uma cruel metáfora do Brasil.
A imagem do Jeca Tatu, com a cabeça coberta por um chapéu de palha furado e atacado pelo bicho-de-pé, pairou por decênios no imaginário coletivo dos brasileiro como a mais forte assombração do país. Não era a herança portuguesa, nem o passado escravista que de longe lançavam suas sogas amarrando e travando as possibilidades maiores do Brasil, era a nossa gente mesmo. Sentimento critico esse, em relação ao Brasil, que confirmou-se ainda mais quando Monteiro Lobato passou uma boa temporada nos Estados Unidos, entre 1929 – 1932 ( experiência registrada no seu ensaio “América”).
Orgulho da etnia
Enquanto Oliveira Viana, reproduzindo as teses racistas importadas da Europa, depositava suas esperanças no Brasil Meridional “arianisado” pela imigração européia, a verdadeira resposta ao repto racista veio de Gilberto Freyre, autor de uma prodigiosa obra de interpretação da sociedade brasileira, apresentada na trindade composta por “Casa Grande e Senzala” ( 1933), “ Sobrados e Mocambos”(1936), e “ Ordem e Progresso” ( de 1959). Recuperou ele, por primeiro, a importância da colonização lusitana apontando-a como a mais hábil e flexível para lidar com as complexidades do trópico. Portugal, justo por ter um pé na Europa e outro na África, havia conseguido a façanha de erguer uma sociedade peculiar nas terras do Brasil: a Civilização Luso-tropicalista.
Civilização caracterizada entre outras coisas pela sua incrível plasticidade racial, o que impediu a formação de regimes racistas como aqueles que vigiam no sul dos Estados Unidos e na África do Sul, conseguindo legar aos brasileiros um clima de afabilidade inter-racial. Ao invés de exasperar-se com a presença negra, como era costume e como lamentava Nina Rodrigues, ele enalteceu a enorme contribuição africana ao modo de ser dos brasileiros, que ia desde a presença da mãe-preta, a aia das famílias brancas, até os alimentos e bebidas. O esforço de Gilberto Freyre, em grande parte bem sucedido, concentrou-se em fazer com que os brasileiros se aceitassem como eram, para que não ficassem eternamente se lamentando, enrolados num complexo de inferioridade por não terem sido colonizados pelos ingleses ou pelos batavos.
O marxismo e o nacionalismo
No após Segunda Guerra Mundial, a questão da dimensão do subdesenvolvimento adquiriu outros foros. A busca por explicações políticas ou culturalistas ( que atribuíam o atraso nacional à vida longa da monarquia escravagista, à herança lusitana, à excessiva miscigenação ou ao caboclo), cristalizou-se num outro patamar: o estrutural, de horizontes bem mais amplos. A influência marxista e a keynesiana, teorias contemporâneas do prestígio alcançado pela URSS na Segunda Guerra Mundial e das políticas públicas inspiradas em John M. Keynes, se fizeram cada vez mais presentes no Brasil. Da enormidade dos trabalhos produzidos deste então, ressalta-se o de Caio Prado Jr. e o de Celso Furtado como os mais representativos dessas duas correntes. Para eles, guardadas as diferenças, a razão do atraso devia-se prioritariamente às causas externas, a maioria delas alheias à vontade dos brasileiros.
Para os marxistas e para os histórico-estruturalistas ( como os keynesianos de esquerda se diziam), num universo dominado pelo capitalismo imperialista não havia espaço para o crescimento nacional, autônomo. O sistema internacional, hegemonizado pelas potência do Primeiro Mundo, sugava todos os recursos, econômicos e materiais, fazendo com que a concentração de capital e riqueza se desse bem longe do Brasil.
Esses Teóricos da Descolonização ou da Revolução, como então foram entendidos, diziam que impedido de acumular a poupança interna, para sobreviver, o país vivia à mingua, eternamente dependente da banca internacional, obrigado a contratar empréstimos lesivos, sendo esganado por juros escorchantes. Uma espécie de titã preso à rocha pelos grilhões do endividamento externo. De certo modo, era uma explicação mais sofisticada do que a apresentada muitos anos antes pelo escritor e historiador integralista Gustavo Barroso ( Brasil Colônia de Banqueiros, de 1934), que denunciava a existência de uma histórica cabala de financistas judeus, liderados pela Casa Rothschild, que trazia o Brasil amarrado à divida, como os principais responsáveis pelas mazelas nacionais.
(*) A antinomia atrasado/evoluído que dominava o cenário das diferenças entre os países, inspirada no evolucionismo europeu, foi trocada depois da IIGM pela antinomia subdesenvolvido/desenvolvido, mais ao gosto dos cientistas sociais norte-americanos ( vide Walt Rostow – Etapas do Desenvolvimento Econômico, 1960
A culpa das elites
A explicação histórico-estrutural, alinhada com as teses do nacionalismo político dos anos 50, levava à conclusões políticas muito claras, visto que girava suas baterias não para baixo, para as idiossincrasias do povo brasileiro ou para a herança luso-monárquico-escravista, mas para cima, para a classe dominante ( ou para as suas elites, como muitos preferem dizer). Colonizada e irresponsável, insensível frente à miséria nacional e ao abismo das desigualdades, a oligarquia nacional, rica e egocêntrica, era a causadora do subdesenvolvimento.
A atrelar o destino nacional a uma Economia-Mundo que não favorecia os interesses gerais do povo, mantendo-o assim na marginalidade e no pauperismo, ela é quem devia responder pelo descalabro nacional. Concordavam ambas as correntes, tanto a marxista como a histórico-estruturalista, que o avanço do capitalismo condenava o país a estagnação e as massas à miséria.
A solução que apresentavam então, superadora do subdesenvolvimento, dividia-se entre a esperança da eclosão de uma Revolução Socialista, no caso dos marxistas, ou a alternativa reformista por meio da implementação da Política da Substituição das Importações, doutrina de origem cepalina ( da CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina), que somente podia ser levada a diante pelo Populismo devido a sua inclinação dirigista e intervencionista. Para eles, o avanço do capitalismo desenvolvia o subdesenvolvimento.
A burocracia e o patrimonialismo
Ainda no quadro das explicações estruturais das razões do subdesenvolvimento brasileiro vale recordar a obra de Raimundo Faoro ( Os Donos do Poder, 1958). Livro que tornou-se um clássico da sociologia política brasileira. Faoro, fortemente inspirado pelas teorias de Max Weber, por igual, apontou sua acusação para cima, mas não para a mesma direção dos marxistas ou dos nacional-populistas. A responsabilidade pelo subdesenvolvimento, deduz-se da tese de Faoro, é do aparelhamento burocrático, herdeiro da administração colonial portuguesa. Trata-se do domínio de uma casta de altos funcionários aliada ao patronato político cujos interesses comuns formam uma associação parasitária. Juntos compõem uma rede que espalhada pelo país, extrai dele tudo o que pode.
Adonando-se dos principais postos e dos mais relevantes cargos da engrenagem administrativa e política do país, exercem eles um poder extraordinário que lhes permite acumular enormes fortunas, pois além de exaurir os excedentes nacionais, ela entende a coisa pública como extensão do seu patrimônio pessoal. Colocados habilmente fora do controle geral da sociedade ou imune a ele, multiplicam sem cessar as benesses e os favores que acreditam ter direito.
Esta verdadeira máquina político-administrativa controlada pelo estamento burocrático (que tem a nação sob tutela), ocupa o lugar , no entender de Faoro, que outrora fora o da antiga nobreza parasitária que cercava as cortes européias, vivendo ao abrigo dos reis. Trata-se de um tubaronato que, imune ao controle popular ou democrático, “ floresce e engorda”,... “acumulando fortunas devidas ao favor”. O escritor Lima Barreto por igual já havia denunciado o fenômeno segundo o qual “Não há homem influente que não tenha, pelo menos, trinta parentes ocupando cargos do Estado: não há lá ( em Os Bruzundangas, 1922) políticos influentes que não se julguem com o direito a deixar para os seus filhos, netos, sobrinhos, primos, gordas pensões pagas pelo Tesouro da República”. Donde se deduz que o caminho do rompimento final com o subdesenvolvimento se daria com a ruptura da tutela excercida pelo poder estamental-burocrático , no mais amplo sentido da palavra, sobre a totalidade da nação brasileira.
FACES DA MORTE NA HISTÓRIA - Death Faces -
Suspected South Korean traitors are herded into lorries on their way to execution – an incident that was later investigated by a United Nations observer. 1950 (Photo by Haywood Magee/Getty Images)
Indian Mukti Bahini guerilla troops preparing to bayonet men who collaborated with the Pakistani Army during East Pakistan's fight to become the independent state of Bangladesh. The round of executions are taking place at the racetrack in Dacca (Dhaka). (Photo by William Lovelace/Getty Images). 1971
General Idi Amin Dada seized power after a coup in January 1971. The cruelty of his repressive regime became legendary. Ex-Officer in the Ugandan Army and alleged “guerrilla” Tom Masaba is stripped of his clothes and tied to a tree before his execution at Mbale. (Photo by Keystone/Getty Images)
The first Nazi General to be executed, Anton Dostler, is tied to a post in Aversa to face a US Army firing squad. He was tried by an American military tribunal for the summary shooting of 15 prisoners while serving as the General Commanding the 75th German Army Corps. (Photo by Keystone/Getty Images). 1945
The body of the fascist leader Nickhazi Janos being cut down after he was hanged. (Photo by Keystone Features/Getty Images). 1946
A man convicted of murder is imprisoned in a wooden cage on a street in China. He will be left to die of thirst,starvation and exposure. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). Circa 1930
Former Hungarian Ambassador to Berlin, Doeme Sztojay, facing the firing squad in Hungary. He was executed for forming Hungary's first “Quisling” Government. (Photo by Keystone/Getty Images). 6th September 1946
Master Sergeant John Wood of San Antonio, Texas, preparing a noose for a convicted Nazi war criminal. Sergeant Wood is the official hangman at the war trials. (Photo by Keystone/Getty Images). 19th November 1945
The execution of a German spy by French troops during World War one. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). Circa 1916
Russian womenfolk identify their loved ones, executed in numbers by the Nazis, as lines of people wait to conduct the sad search. (Photo by Keystone/Getty Images). September 1941
An executed spy, lies dead and blind-folded under a cross. (Photo by Topical Press Agency/Getty Images). 1st June 1915
Benito Mussolini (1883–1945) and Clara Petacci's body hung up and exposed for insult in Milan, with those of other fascists, Favolini and Teruzzi. They were caught by Italians at Donga, on Lake Como, and were tried and shot. (Photo by Keystone/Getty Images). 28th April 1945
A revolutionist kneeling at the side of a grave, his arms tied, awaiting the death blow which will send him to his grave, in the Chinese Revolution 1912. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
The crowd gathers to watch as people hold down a victim who is tortured and executed during the Revolution in China 1912. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Chinese soldiers stand round as a prisoner is made ready for execution during the 1912 Revolution in China. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Self confessed Nazi spy Richard Jarczyk is examined an declared dead after his execution by US Army doctors. Jarczyk had confessed to operating behind the lines of the US 7th Army where he sabotaged equipment and killed American soldiers. (Photo by Horace Abrahams/Keystone/Getty Images). 1945
Manchurian henchmen working for the Japanese put a noose around the neck of a Chinese patriot during the Sino-Japanese War. (Photo by Three Lions/Getty Images). Circa 1935
The public execution of a “Boxer” leader in China at point-blank range during the Boxer Rebellion. (Photo by Keystone/Getty Images). 1900
Two guards perform an execution in China, one holding the gun, the other holding a mask over the victim's face. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). Circa 1925
A Chinese prisoner tied to a post before being executed in a campaign of mass execution in Shanghai. (Photo by Three Lions/Getty Images). 1949
A firing squad aim and prepare to fire at a man whose comrade already lies dead on the ground beside him. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). Circa 1925
An executed spy in France, with a sign above his head reading: “Spy – Traitor To His Country”. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). 1918
Dead bodies in the trenches, the results of German machine guns and shelling at the Hill of Cividale in Italy. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1917
French soldiers combine gunfire with the throwing of rocks in an attempt to dislodge German soldiers from hillside trenches. (Photo by Central Press/Getty Images). 1916
British prisoners of war search the bodies of dead soldiers for valuables while a German guard makes an inventory. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). 1917
An unknown dead French soldier lying across German barbed wire. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). 1915
A French soldier's grave, marked by his rifle and helmet, on the battlefield of Verdun. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1916
German troops advance across open ground at Villers-Bretonneux during Germany's last major effort to secure victory on the Western Front. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1918
A German rifleman beside the corpse of a French soldier in a trench at Fort Vaux, France. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1916
A dead British pilot lies on the ground next to the wreckage of his aircraft, looked on by German soldiers. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images). 1915
Street fighting in Berlin between Government troops and Spartacists, during the Spartacist uprising which followed Germany's defeat in World War I. (Photo by Keystone/Getty Images). 1919
Three British guardsmen looking at the body of a dead German in a shell hole, after the Battle of Pilckem Ridge. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 31st July 1917
Dead French soldiers waiting to be buried. (Photo by Topical Press Agency/Getty Images). October 1915
Casualties who died covering the retreat of the 5th Army at Albert, during the German Spring Offensive of 1918. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). Circa 1918
British soldiers in the trenches during World War I. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). Circa 1914
The corpses of German soldiers lying amidst the debris in Louage Wood, during the Somme Campaign, World War I, 10th October 1916. (Photo by Topical Press Agency/Hulton Archive/Getty Images)
A Serbian soldier visits the grave of one of his colleagues in a field full of the graves of soldiers killed during the Austrian bombardment. (Photo by Topical Press Agency/Getty Images). September 1915
A memorial to the war dead at St Judes, Hampstead. (Photo by Topical Press Agency/Getty Images). August 1916
A head strung up on a lamp stand during the 1912 Revolution in China. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1912
The corpse of Elizabeth Stride, murdered by Jack the Ripper at Derner Street, September 30, 1888. Jack the Ripper was an English serial killer who killed five women in London in 1888 and was never caught. (Photo by Express Newspapers/Getty Images)
A Chinese revolutionary is summarily beheaded in the street by Imperial troops. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1912
Field where General Reynolds fell at the Battle of Gettysburg, Pennsylvania. The battle took place from July 1 to July 3, 1863. (Photo by Timothy H O'Sullivan/Getty Images)
Executed Communards in coffins, the anonymous victims of the civil war between the Third Republic and the Paris Commune, during the Franco-Prussian war. During “Bloody Week” (21–28th May) 40,000 were killed in street fighting or summary executions. (Photo by Eugene Appert/Getty Images). 1871
Interior of the Secundra after Sir Colin Campbell's relief of Lucknow when 2,000 rebel sepoys were slaughtered by the 93rd Highlanders and the 4th Punjab Regiment. (Photo by Felice Beato/Getty Images). 1858
A crowd in the yard of Washington DC's Old Penitentiary, watching the hanging of Mrs Surratt and John Wilkes Booth's conspirators in the plot to kill President Lincoln. The conspirators were Mrs. Surratt, Lewis Payne, David Herold, and George Atzerodt. (Photo by Alexander Gardner/Getty Images). 1865
The corpse of a dead soldier after the Battle of Petersburg, Virginia, during the American Civil War, 1864. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Emily Davison (1872–1913) is fatally injured as she tries to stop the King's horse “Amner” on Derby Day, to draw attention to the Women's Suffragette movement. (Photo by Arthur Barrett/Hulton Archive/Getty Images). 1913
After their capture of Delhi the Indian mutineers lost the city to British forces who extracted swift reprisals by hanging the leaders. Two of them are hanging from a gallows. (Photo by Felice Beato/Getty Images). 1858
Tsar Alexander II (1818–1881) known as “The Liberator” lying in state. He was mortally wounded by an assassination attack in St Petersburg. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). March 1881
A grieving woman sits by a rough wooden coffin in which is lies the body of a family member, the victim of a pogrom. (Photo by Henry Guttmann/Getty Images). Circa 1900
An African villager takes aim at a leopard which has attacked a youth. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 21st December 1910
Decapitated body of a victim of the 1912 Revolution in China. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1912
The burial of soldiers after Battle of Adrianople in Balkans. (Photo by Topical Press Agency/Getty Images). October 1913
Burial practice in Dutch New Guinea. The corpse of a Papnan is placed on the bier. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1910
Wilhelm I (1797–1888), king of Prussia and first German Emperor lying in state. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 9th March 1888
Chinese crowd round two decapitated bodies. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). Circa 1912
Bodies lie in the public gardens in Mexico City during the conflict between the USA and Mexico. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1913
A decapitated body lies in the street while two foreigners look on, during the Revolution in China 1911–12. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1912
Mountaineers bringing down the dead bodies of fellow climbers on Mount Blanc. (Photo by G. Tairraz/Picture Post/Getty Images). 18th August 1895
A gruesome picture of victim's head and spoil are strung up on a pole during the Revolution in China 1911–12. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). 1912
The dead lie in the street following the bombardment of Vera Cruz by the Americans. (Photo by Hulton Archive/Getty Images). Circa 1913
A highway robber is executed with a well-aimed shot at Chia Tsoa, Honan, 1912. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Five Chinese prisoners of war are buried alive by their Japanese captors just outside Nanking after the fall of the Chinese capital, on December 1937. (Photo by Keystone/Getty Images)
Japanese recruits at bayonet drill using Chinese prisoners as targets, after the capture of the Chinese capital, Nanking (Nanjing) during the Sino-Japanese conflict, on December 1937. (Photo by Keystone/Getty Images)
Kader Siddiqi, an Indian Mukti Bahini guerrilla, bayonnets men accused of collaboration with Pakistan during East Pakistan's struggle to become the independent state of Bangladesh on January 1, 1971. (Photo by William Lovelace/Getty Images)
Servicemen attend the mass funeral in Cobh, County Cork of the victims of the Lusitania disaster, on May 1, 1915. The Cunard liner was torpedoed by a German submarine off the coast of Ireland and sank with the loss of 1,198 lives. (Photo by Topical Press Agency/Getty Images)
French soldiers in WW I using coffins as dining tables, circa 1916. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images)
Three traitors on the railway line at Jhihargachi in India, during East Pakistan's struggle to become the independent state of Bangladesh, 1971. (Photo by William Lovelace/Express/Getty Images)
Three traitors lying dead on the railway track, victims of the India-Pakistan conflict, when Indian troops supported East Pakistan's struggle to become the independent state of Bangladesh, 1971. (Photo by William Lovelace/Express/Getty Images)
Mourners travelling by boat to the churchyard on the River Spree, Germany, circa 1925. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
The funeral procession of the Empress Dowager Tzu-Hsi or Cixi of China (1835 - 1908), widow of the last Manchu Emperor Xianfeng, 1908. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
A steam roller is used to pull the coffin of Mr McGill of Rickmansworth, circa 1925. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images)
Gypsies mourn the passing of Petulengro, who was nearly 100 years old; 22nd June 1957. (Photo by Fox Photos/Getty Images)
A Burmese priest's body is prepared for cremation in a large ornate 'chariot' like a small temple, circa 1930. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images)
A man lies dead in the street, a casualty of the riots during the Russian Revolution, 1917. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Spartacist leader Karl Liebknecht (1871 - 1919) German barrister and politician, in a Berlin mortuary after being assassinated, 15th January 1919. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
This photograph was found on the body of a German soldier in France, 1944, who witnessed this execution by his colleagues and photographed it. The victims and location are unknown. (Photo by Keystone/Getty Images)
Italian soldiers recovering the dead after the earthquake at Messina, in which 77,000 people lost their lives, 28th December 1908. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Maimed corpses of victims of communist uprisings in Dorpat, Germany, lying in a room, 1918. (Photo by Three Lions/Getty Images)
Police collect battered students for transportation to hospital from outside the National Diet in Tokyo, 18th June 1960. The injuries resulted from a riot between students and police after a protest against the ratification of the United States – Japan Security Treaty. (Photo by Keystone/Getty Images)
Two North Koreans who were killed when American rockets “neutralised” their strong-hold on the Southern Korean front, 16th September 1950. (Photo by Bert Hardy/Picture Post/Getty Images)
A donkey cart carrying coffins containg the dead from the earthquake at Messina, 9th April 1909. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
Officers of the Argyll and Sutherland Highlanders stand behind the decapitated bodies of the Nomoa Pirates in Kowloon, Hong Kong Territories, 1891. The officers were there to supervise the executions. (Photo by General Photographic Agency/Getty Images)
Victims of the Chinese Revolution lie beheaded in the street, 1911. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)
The naked corpse of Helga Goebbels (1932 - 1945), oldest child of German Nazi Propaganda Minister Joseph Goebbels, lies on a blanket in a field after Russian troops moved her and her siblings' bodies from the beds in the bunker where their parents poisoned them, Berlin, May 1945. The Russians buried the bodies but disinterred them 15 years later, burned them, and scattered the ashes in a river. (Photo by Express Newspapers/Getty Images)
In this November 3, 1979 file photo, Workers Viewpoint Organization member Nelson Johnson kneels by victim in aftermath of shooting in Greensboro, N.C. The state, with the blessing of the Greensboro City Council, will use the word “massacre” for a highway historical marker commemorating the deaths of five Communist Workers Party members during a confrontation with Ku Klux Klansmen and the American Nazi Party. (Photo by Jim Stratford /News & Record via AP Photo)
In this September 10, 1977, file photo, from left, Hua Guofeng, Chinese Communist Party (CCP) chairman and Mao Zedong's immediate successor; Ye Jianying, CCP vice chairman and future ceremonial head of state; Deng Xiaoping, no formal titles at the time but soon to emerge as paramount leader during the reform era; Li Xiannian, CCP vice chairman and future president; Wang Dongxing, head of the leadership bodyguard unit who helped topple the Gang of Four, view the body of later Chinese leader Mao Zedong in Beijing. (Photo via AP Photo)
Fonte: http://avax.news/fact/Death_Faces_Part_4.html