Protestos na região mataram 156 e feriram mais de mil nesta semana.
Mapa mostra região dos confrontos entre polícia e minoria étnica muçulmana uigur no oeste da China (Foto: Ilustração/G1)
Nesta semana, a China repreendeu manifestações com violência na região norte do país. Ao menos 156 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas. Os conflitos envolvem uma minoria etnica chamada uigur. Muçulmanos, eles compartilham poucos laços culturais com os chineses.
A região em que habitam é hoje a província autônoma de Xinjiang. Antes da conquista chinesa, o local era conhecido como Turquestão Oriental e chegou a abrigar um reino. Há hoje cerca de 9 milhões de uigures vivendo na China.
Histórico
Os prováveis ancestrais dos uigures são tribos nômades da Mongólia que se fixaram na região. Por volta do século XVII, eles se converteram ao Islã e fundaram o Reino Islâmico Uirgur do Turquestão Oriental. Tudo estava em paz, até a vizinha China se interessar pela área. O Império Manchu da dinastia Qing anexou a região pela primeira vez em 1759, mas perdeu o controle após levantes uigures.
Em 1877, as tropas chinesas reconquistaram a região - que foi formalmente integrada ao império chinês como Xinjiang ("novo domínio"), em 1884. A queda do imperio Manchu, em 1911, abriu uma brecha para a briga de poder entre senhores da guerra da região.
Apoiada pela ex-União Soviética, a República do Turquestão Oriental foi fundada em 1944. Mas, com pouco tempo de existência, ela perdeu o apoio soviético, que passou a ser dado aos comunistas da China.
O ditador soviético Josef Stálin então pressionou por um acordo entre o novo país e o Partido Comunista Chinês para que o território fosse cedido à China sem violência. Em 1949, um avião que levava representantes do Turquestão a Pequim para tentar negociar a situação caiu misteriosamente, matando todos os ocupantes.
Naquele mesmo ano, Xinjiang foi rapidamente incorporada à nova República Popular da China. Pequim então deu início a uma política de incentivo à migração para a região, e a proporção de chineses da etnia han aumentou de 6% em 1949 para 41,5% em 1976, segundo dados da ONG Human Rights Watch.
A relativa liberalização da região começou em 1980, com uma autorização para Xinjiang se tornar região autônoma e com um maior respeito à cultura e praticas religiosas uigures. Mas o incentivo à migração continuou e, só nos anos 1990, 1,2 milhão de pessoas se instalaram na província.
A migração é um dos motivos de tensão, já que muitos chineses mais bem preparados conseguem empregos mais rapidamente.