21 de setembro de 1993 - Boris Yeltsin dissolve o parlamento russo
O presidente russo Boris Yeltsin dissolveu o parlamento que, desde abril de 1992, resistia ao seu programa de reformas políticas e econômicas, e convocou eleições para uma Duma - nome do legislativo da Rússia pré-revolucionária - em 11 e 12 de dezembro. Com a medida, que o próprio Yeltsin reconheceu como inconstitucional, o presidente esperava afastar de seu caminho os deputados ex-comunistas, eleitos quando ainda existia a União Soviética. Em discurso o dirigente russo afirmou ter adotado a medida visando o melhor interesse do povo russo e que, como presidente eleito, não lhe restava outra alternativa para garantir a governabilidade e impedir que o caos se instalasse no país.
A reação do parlamento foi imediata. Seu presidente, Ruslan Khasbulatov, arquiinimigo de Yeltsin na luta pelo poder da Rússia, convocou uma sessão de emergência e anunciou que o impeachment do presidente poderia ser decretado pelo presidente do Soviete Supremo sem que houvesse necessidade de convocar uma reunião plenária, ou pelo Congresso dos Deputados do Povo. Quatro horas após o anúncio de Yeltsin, o Soviete Supremo destituiu o presidente de seus poderes e empossou o vice-presidente Alexander Rutskoi.
As principais potências ocidentais apoiaram a decisão de Yeltsin. O presidente Bill Clinton, após conversar com ele por telefone, disse que a crise constitucional em Moscou ameaçava os esforços de democratização e justifica a formação de um novo parlamento.
Apesar da decisão do parlamento russo, Boris Yeltsin ainda permaneceria no comando do país, utilizando-se de forças militares para sufocar a rebelião e, em outubro, aprovar uma nova constituição que ampliaria seus poderes.
Decisão contraditória
Responsável por transformar a Rússia em um país capitalista, deixando de lado o comunismo, Boris Yeltsin foi o primeiro presidente do país eleito democraticamente. Yeltsin assumiu a presidência em 1991, quando emergiu como um herói na defesa da democracia russa e foi uma peça chave para a dissolução pacífica da União Soviética. Por isso, sua decisão de fechar o parlamento de modo inconstitucional, em 1993, foi recebida por grande parte do mundo como uma reviravolta política inesperada e contraditória. Seu mandato se extendeu até 1999, quando foi sucedido por Vladimir Putin, e o seu governo foi marcado pelo colapso econômico da Rússia e o conflito com a Chechênia.
Fonte: JBlog