21.9.09

Uma homenagem ao Almirante Negro


Exposição na Biblioteca Nacional apresenta os documentos que colocaram a Revolta da Chibata nos livros de história do Brasil.

por Bruno Fiuza

Reprodução
João Cândido lê os termos da anistia concedida pelo governo federal a alguns participantes da revolta
Para comemorar os 50 anos do lançamento do livro A revolta da Chibata, do jornalista cearense Edmar Morel, a Biblioteca Nacional organizou a exposição “A revolta da Chibata – O jornalista e o marinheiro”. Inaugurada no dia 10 de setembro, a mostra fica em cartaz até novembro e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, no terceiro andar da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

A obra homenageada não é um livro qualquer: foi o primeiro a contar a história da rebelião organizada por um grupo de marinheiros no Rio de Janeiro em 1910 para reivindicar o fim dos castigos corporais na Marinha. No dia 22 de novembro daquele ano, um grupo de oficiais da Armada brasileira tomou os encouraçados
Minas Gerais, São Paulo eDeodoro, e apontou os canhões dos navios para o palácio do Catete, na época sede do governo federal.

A revolta durou até o dia 26 de novembro, quando o governo do presidente Hermes da Fonseca concedeu anistia aos insurretos. Foi, no entanto, uma vitória de Pirro para os marinheiros. Poucos dias depois os revoltosos começariam a ser demitidos da Marinha e, na sequência, presos e torturados. O único participante da revolta que sobreviveu à repressão foi o líder do movimento, João Cândido, conhecido como o “Almirante Negro".

Por mais de 40 anos, a revolta foi um tabu para as Forças Armadas brasileiras. Os poucos pesquisadores que tentaram levantar a história na década de 30 foram perseguidos pela Marinha e tiveram de desistir da empreitada. Foi só em 1958 que Edmar Morel conseguiu reunir o material necessário para contar a história daquela que ele batizou de
A Revolta da Chibata, título do livro que publicou em 1959. Morel não só reuniu documentos como entrevistou pessoas ligadas ao movimento, incluindo João Cândido, de quem ficou amigo. A exposição em cartaz na Biblioteca Nacional apresenta 35 documentos usados pelo jornalista para resgatar do ostracismo uma revolta popular que, se dependesse da Marinha, continuaria relegada aos porões da história.
A Revolta da Chibata – O jornalista e o marinheiro
Fundação Biblioteca Nacional – Terceiro andar
Avenida Rio Branco, 219 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Até 30 de novembro. De segunda a sexta, das 10h às 15:30h.
Informações: (11) 3095-3879. Entrada gratuita.

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