Por Matheus Blach
Materialismo Dialético: Uma análise de Immanuel Wallerstein
“A realidade social é um processo de incessantes contradições que só podem ser apreendidas em termos dialéticos” (WALLERSTEIN, Immanuell).
Segundo Wallerstein, existem seis principais teses de Karl Marx. Através delas podemos fazer uma análise historiográfica dos últimos 400 anos de modo a percebemos que elas são bem aplicáveis em qualquer contexto que se queira estudar e ainda possibilitando em certa medida nos prevenir de possíveis perigos de um futuro próximo. Para Marx a única maneira de entender os processos históricos é fazendo uma analise das transformações ocorridas em sua infra-estrutura, ou seja, no que ele chama de modo de produção ou as relações do homem com o mundo real. Um exemplo clássico, em que a análise de Marx torna-se bem adequada, é o da transição do feudalismo para o capitalismo sobre a perspectiva das transformações da infra-estrutura, do modo de produção. Ele demonstra que o modo de produção feudal, baseado na relação de trabalho e servidão sofre mudanças a ponto de se tornar contraditória com a realidade social em um momento que surge a gene de uma nova classe, a burguesia, que provocaria a revolução social e levaria ao capitalismo.
A frase de Wallerstein “A realidade social é um processo de incessantes contradições que só podem ser apreendidas em termos dialéticos” é a primeira destas seis teses que ele menciona. Para o autor o trabalho da vida de Marx sempre se viu diante de uma “tensão epistemológica” entre a “teoria abstrata” e a “história concreta”, ou seja, o conflito ente a analise e as proposições teóricas Marxianas e a aplicabilidade delas no mundo concreto. O conceito da dialética de Marx tem origem no pensamento de Hegel, porém ele faz uma inversão da dialética Hegeliana que dizia que o que determina o mundo real e as relações entre os homens é mundo das idéias. Um exemplo prático disso é o seguinte, para Hegel o homem pensou na cadeira, teve a idéia da cadeira e depois executou essa idéia tornando-a material, real. Já segundo a inversão de Marx, o seu materialismo dialético, toda a estrutura social se constrói a partir da relação material dos homens com o mundo real, portanto o próprio pensamento nasce desse conflito do mundo material com o mundo das idéias. Retomando ao exemplo da cadeira, sob o olhar de Marx, o homem em sua relação material com o mundo real criou a necessidade e a condição material de ter a cadeira e a partir dessa necessidade ele a idealizou e a construiu.
Portanto o que Wallerstein quer demonstrar quando afirma que esta frase é a primeira das seis principais teses de Marx é que todo o processo histórico, as transições, as transformações que determinam a realidade social tem origem e devem ser analisados segundo o materialismo histórico e dialético que defendem que essas ocorrem através da relação do homem com o mundo real determinante do mundo das idéias e que as relações existentes dentro desses processos são conflituosas, paradoxais ou dialéticas tal qual é o próprio ser humano que se constitui a partir disso.
Referências Bibliográficas
WALLERSTEIN, Immanuell. Impensando as Ciências Sociais. SP Casa da Idéias
MICHAEL, Löwy. “Ideologias e Ciência Social: elementos para uma análise marxista”. São Paulo: Cortez, 2003.
QUINTANEIRO, Tânia. “Um toque de Clássicos: Durkheim, Marx e Weber”. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
REIS, José Carlos. “A História entre a Filosofia e a Ciência”. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
Fonte: História Magister Vitae