Por Felipe Araújo |
A proposta era encontrar uma rota menor do que a utilizada pelos portugueses para encontrar especiarias na Ásia. Anexada à carta, havia um mapa do Oceano Atlântico no qual tentava-se provar que era mais fácil chegar à Ásia navegando rumo a oeste do que contornando a África. Assim, Colombo escreveu a Toscanelli, que lhe retribuiu de forma encorajadora. Isso fez com que Cristóvão iniciasse as tentativas de patrocínio da corte espanhola para suas viagens. Após anos de insistência, sua expedição acabou sendo aprovada por Luís de Santangel, tesoureiro privado da rainha, que conseguiu angariar verba para a navegação.
Então, no dia 3 de agosto de 1492, Cristóvão Colombo partiu com três caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña. A tripulação era de 100 homens e rumava às Ilhas Canárias. Após 33 dias de expedição, um vigia da Niña avistou terra. Apenas dois navios remanescentes voltaram em 1493. Após o sucesso inicial de Colombo, muitas navegações foram custeadas pelos espanhóis.
Acusado de não retornar o dinheiro investido pela corte, Colombo partiu novamente em 1498. Conseguiu tocar a costa da América Central em dois pontos e supunha ter chegado à Ásia. Sua quarta viagem deu-se em 1502 com quatro navios que tentavam chegar às Índias, mas fracassou mais uma vez. Segundo o historiador Pierre Vilar, no seu livro História da Espanha, “não foi um romantismo fácil o que aureolou os nomes de Colombo, Pinzón (…), os descobridores. As suas viagens apaixonadas, as surpresas desvanecidas, a sede de ouro e de evangelização constituem sem dúvida a mais extraordinária epopéia da história humana. E, aliás, de modo algum uma simples aventura, às vezes desordenada pela avidez, outras engrandecida pela fé”.
Após dez anos de tentativas de navegação, o lucro obtido pela Espanha estava muito aquém do esperado. Mas um espírito de otimismo rondava as fronteiras marítimas e a mente dos exploradores: por mais que o dinheiro não viesse, o processo empírico de descoberta do mundo estava sendo aprimorado.
Os espanhóis já haviam passado por diversas terras que compõem a América do Sul e Central, tendo navegado até mesmo pela foz do Rio Amazonas. Grandes nomes que fincaram suas bandeiras nesta época foram: Alfonso de Ojeda, Alfonso Niño, Vicente Yanez de Pinzón, Juan de la Cosa e Américo Vespúcio.
Outro navegador importante para os descobrimentos espanhóis foiFernão de Magalhães. Apesar de ser um jovem da nobreza de Portugal, conseguiu apoio da Espanha e partiu para sua viagem ao redor do mundo em 20 de setembro de 1519. Contou com cinco navios decaídos e 250 tripulantes. O número de homens espanhóis não foi possível para preencher todas as embarcações, por isso foram chamados portugueses, italianos, franceses, gregos e apenas um inglês.
Começaram a viagem pelo cruzamento do Atlântico até o extremo Leste da costa brasileira. Então rumaram para o Sul buscando passar pelos oceanos Pacífico e Índico. Magalhães chegou a Patagônia e decidiu aguardar a primavera para prosseguir. Isso causou um motim, pois alguns tripulantes descordavam da estratégia. Fernão saiu vitorioso da batalha, retomou viagem e acabou descobrindo o estreito que leva seu nome. O Estreito de Magalhães é considerado um local traiçoeiro para a passagem marítima e é navegado com cautela até hoje.
Houve outra baixa na expedição de Magalhães, um dos pilotos, ensandecido, aprisionou o capitão e ordenou o retorno imediato à Espanha. Entretanto, a viagem continuou rumo a um oceano desconhecido e chegou às costas do Chile.
Após o naufrágio de um navio, as três embarcações restantes cruzaram 19 mil quilômetros do Pacífico, mas vários tripulantes morreram de inanição e escorbuto.
Em 1521 ancoraram na Ilha de Guam, porém, foram saqueados pelos nativos. Após três dias foram para as Filipinas e finalmente chegaram às Índias. Fernão de Magalhães foi morto pelos nativos Filipinos neste mesmo ano e a tripulação que restou teve que queimar um navio por falta de tripulação a bordo. Dos dois navios que restaram, um acabou ficando para trás devido ao péssimo estado do casco e, assim, restava apenas uma embarcação: Victoria, que finalizou a viagem de circunavegação em 1522.
Nos 150 anos que se seguiram após o descobrimento da América, a Espanha perdeu seu poderio e seus navegadores acabaram superados por outras nações. O país entrou na Idade Moderna como um ícone do “cavaleiro andante”, assim como os principais personagens de suas tradicionais novelas picarescas. O pícaro, sujeito arrastado pela sorte da vida e pela esperteza que supõe ter, ruma na direção do desconhecido. Porém, por mais que encontre apenas o fracasso, tudo que viveu e sentiu não esmorece.
Fontes:
Migliacci, Paulo. Os Descobrimentos: Origens da supremacia européia. São Paulo: Editora Saraiva, 1994.
Silva, Janice Theodoro. Descobrimentos e Colonização. São Paulo: Editora Ática, 1987.
Fante, John. Pergunte ao Pó. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimentos_espanh%C3%B3is
http://www.suapesquisa.com/grandesnavegacoes/
http://pt.shvoong.com/humanities/1931485-descobrimentos-espanh%C3%B3is-hist-da-am%C3%A9rica/
http://www.colegioweb.com.br/historia/as-navegacoes-espanholas-