A Inquisição torturou e executou várias pessoas acusadas de crimes contra a fé católica.
A primeira tentativa de promover esse tipo de perseguição religiosa apareceu nos escritos do abade Pedro, o Venerável, que defendia a tese de que, para se combater os hereges, seria necessário o cumprimento de quatro estágios que envolviam a investigação, a discussão, o achado e a defesa do indivíduo relacionado a esse tipo de prática. Já no ano de 1215, o Concílio de Latrão determinou que todo aquele que negasse o catolicismo seria excomungado e entregue às autoridades para que sofresse as devidas punições.
Pouco tempo depois, um sacerdote espanhol chamado Domingos de Gusmão articulou o estabelecimento da “Milícia de Jesus”. Esta primeira instituição abrigava todos aqueles que estivessem dispostos a utilizar de armas e violência para defender a hegemonia católica. Nesse tempo, a propagação dos cátaros, uma expressiva seita da Baixa Idade Média, serviu como um primeiro alvo dos inquisidores responsáveis por execuções que visavam reprimir o restante da população com a terrível morte na fogueira.
Já nessa época, os inquisidores circulavam pelas cidades em busca de confissões e denúncias que permitissem o acionamento do processo investigativo. Nicolau Aymerich foi um dos mais célebres inquisidores medievais, pois chegou a escrever uma obra em que determinava uma série de conselhos para que a identificação de hereges e feiticeiras fosse promovida. Segundo algumas estimativas, mais de 50 mil pessoas, sendo a maioria mulheres, foram mortas por algum envolvimento com a feitiçaria.
No século XV, a atuação dos inquisidores passou a se enfraquecer e, dessa forma, outras motivações ganharam força no desenvolvimento de tal patrulha religiosa. Sob esse novo contexto, principalmente na região ibérica, observamos a violenta ação da Inquisição Católica contra os judeus, historicamente marginalizados pelo fato de serem “culpados pela morte de Cristo”, por sua visível posição de destaque no desenvolvimento das atividades comerciais e no ambiente das universidades.
Outra importante motivação que justificou o reavivamento da Santa Inquisição foi o processo de formação dos Estados Nacionais. Na Espanha, o processo de expulsão dos mouros só foi possível mediante o sistemático confisco dos bens de judeus que eram perseguidos pelos investigadores da Igreja. Apesar de tentarem se converter para fugirem de toda essa perseguição, os judeus eram alvo da desconfiança da população genuinamente católica e eram distintos pela alcunha de “cristãos novos”.
O medo e os terrores impostos pelo Tribunal da Santa Inquisição foram somente abolidos a partir do século XIX. No século seguinte, o tribunal foi transformado na “Congregação para a Doutrina da Fé” e limitou sua ação a questionar os teólogos católicos que discutiam os dogmas de sua crença. Apesar de extinta, os moldes de ação da Inquisição ainda se mostram vivos na ação invasiva dos regimes totalitários e das facções religiosas fundamentalistas.
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