25.10.10

Companhia de Jesus

Por Vanderlei Faria
A Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola, cavaleiro da Espanha no século XVI, ao transcorrer do ano de 1534. Objetivando como principal razão de sua criação, o combate contra o movimento protestante, utilizando como método oensinamento religioso especialmente preparado para tal finalidade. Os aristocratas europeus e o catolicismo romano, estavam cada vez mais preocupados com o crescimento forte e influente do protestantismo reformista, ou daReforma Protestante, mais comumente conhecida.

Porém a Companhia em sua divisa – “Para a Maior Glória de Deus”, tradução de “Ad Majorem Dei Gloriam” – mostrava o intenso ato de sua atividade apostólica. Eram os religiosos consagrados para pregações, realizavampesquisas em âmbitos teológicos e exegéticos, aplicavam-se às suas missões, direcionavam retiros espirituais dentre outras atividades. Também ensinavam em universidades e colégios, tendo sido criado pelos jesuítas o curso secundário autônomo.

Não era, a Companhia de Jesus, como as outras companhias, uma ordem religiosa. Tendo em seus integrantes combatentes, um sentimento a ponto de considerarem-se como um exército militar organizado da igreja, ou como soldados da mesma. Achavam eles que deveriam como deveres de ofício, combater eliminando aos que viessem a pôr os princípios do catolicismo em risco, infiltrando-se para isto nas atividades culturais e sociais, diga-se, em todas elas.

Na bula Regimini Militantis ecclesiae, o Papa Paulo III concedeu a oficial aprovação no ano de 1540, no dia 27 de Setembro para a Companhia de Jesus. Como dever os membros da Companhia tinham, em direta dependência ao sumo pontífice, obedecê-lo presando-lhe voto em caráter especial.

Estando dividida em grupos de províncias, conforme critérios referentes à linguística e geografia, a Companhia compunha suas formações assistenciais. Os reitores, assim denominados nos colégios, eram governadores das casas, diga-se de todas elas, sendo destribuídos para cada província, atuando como superiores das mesmas, tendo cada grupo de casas o seu próprio reitor junto aos colégios. Os delegados das províncias, formavam a Congregação Geral, que por sua vez elegia o Superior Geral, a quem pertencia o poder supremo da Companhia.

A evangelização dos índios, habitantes das terras que haviam acabado de serem descobertas, era a tarefa ou missão principal dos Jesuítas, cuja atividade era intensa no combate contra o movimento protestante e na inquisição, principalmente na Espanha e na Itália. Faziam parte da formação destes religiosos, estudos nas áreas de religião, leis, humanidades, línguas e medicina. Tendo chegado em 1549 ao Brasil, os Jesuítas iniciaram suas atividades de catequese na cidade de Salvador, Estado da Bahia ao erguer um colégio e assim fundar a Província Brasileira da Companhia de Jesus.

Fonte: História Brasileira

Horário de Verão


Regiões que adotam o horário de verão (azul), que já adotaram e não adotam mais (laranja) e que nunca adotaram (vermelho).

Horário de verão ou DST (Daylight Saving Time) é a prática de adiantar o relógio em uma hora. O mesmo foi Idealizado por Benjamin Franklin, em 1784, nos Estados Unidos. A intenção de Franklin era aproveitar a luz natural durante os dias mais longos do ano. No entanto, o governo americano não gostou da idéia. O primeiro país a adotar oficialmente o DST foi a Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial.

O objetivo do horário de verão é a economia do consumo de energia por meio do melhor aproveitamento da luz natural do dia. Assim, a prática reduz a demanda em períodos considerados como “horários de ponta” (das 18 às 21h), onde o consumo é bem maior. No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932. Em 1985, depois de 18 anos sem sua instituição, a prática de adiantar os relógios em uma hora foi novamente adotada em razão da queda do nível de água nos reservatórios das hidrelétricas. Após esse período, o horário de verão passou a ocorrer em todos os anos.

Por meio do aproveitamento da luz natural, se obtém uma redução de 4 a 5% no consumo de energia elétrica, o que faz com que o país não sofra com problemas decorrentes da falta de energia. O DST se inicia no verão pelo fato de a estação ser a mais quente e a que mais provoca o aumento do consumo de eletricidade: refrigeração, condicionamento de ar, ventilação, etc., além de apresentar os dias mais longos que as noites.

O horário é adotado em toda a Europa, na maior parte da América do Norte e Austrália. A medida é mais eficaz nas regiões distantes da linha do Equador, já que nesta estação os dias são mais longos e as noites mais curtas. Nas regiões próximas ao Equador, o horário de verão traz poucos benefícios, pois os dias e as noites têm duração igual ao longo do ano.

Embora proporcione a redução do consumo, o horário de verão é visto por muitos como algo relativamente desnecessário e prejudicial à saúde, já que o mesmo altera o relógio biológico das pessoas, provocando uma mudança brusca dos ritmos do organismo humano que, normalmente, estão sincronizados entre si, seguindo uma ordem temporal interna.

O horário de verão (2010/2011) iniciou no dia 17 de outubro de 2010 e terminará no dia 20 de fevereiro de 2011. As Regiões brasileiras que adotam esse horário são: Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Fonte:

A criação dos Hospitais


Por Ana Lucia Santana
Nos tempos antigos não é comum a presença de um recanto próprio para pessoas enfermas, no qual elas fossem retidas e submetidas a terapêuticas específicas por profissionais da saúde; geralmente os doentes eram agrupados junto com os miseráveis, órfãos e viajantes, no que concernia à carência de desvelo.

A expressão hospital procedia do latim ‘hospitalis’, que tem o sentido de ‘ser hospitaleiro’, qualidade que provém de ‘hospes’, que tem a conotação de ‘hóspede, estrangeiro’, e também de ‘aquele que hospeda’. Atualmente este termo é similar ao vocábulo ‘nosocomium’, o qual significa ‘local dos enfermos, asilo dos doentes’.

Documentos que remontam a 3000 anos a.C. comprovam o exercício da medicina entre os assírio-babilônicos. Estaprofissão era regulamentada pelo Código de Hamurabi, que data de 2.250 anos a.C. Mas não há comprovação alguma que indique onde essa prática era concretizada e como era realizado o atendimento, apesar do historiadorHeródoto comentar, em sua obra, sobre a existência de um suposto mercado, ao qual os enfermos eram transportados para terem suas dores diagnosticadas.

A vinda do Cristianismo instaura um ponto de vista mais humano, modificando assim a estrutura social e imbuindo o ser humano de novas obrigações; evolui então velozmente a ideia de ajuda aos necessitados e aos doentes, bem como aos que se encontram em trânsito. Eles são socorridos com a ajuda financeira provida pelos cristãos. O decreto de Milão, de 313 d.C., instituído pelo imperador Constantino, dotando o Cristianismo da liberdade de ação, e o Concílio de Nicéia, de 325 d.C., o qual estabelecia o atendimento compulsório aos carentes e enfermos, constituíram a motivação final para o desenvolvimento dos hospitais.

As diaconias, nesta época, propiciavam os cuidados necessários aos que precisavam de socorro. Na cidade de Roma os acomodamentos eram mais vastos e bem estruturados; alguns estudiosos, por esta razão, avaliaram estes recantos somente como locais de ajuda aos enfermos; mas não se pode esquecer que os miseráveis e os estrangeiros também eram recepcionados nestes espaços. Muitas ordens religiosas, durante o período medieval, também se dedicaram a este trabalho.

A criação dos hospitais foi estimulada principalmente pelo aprimoramento do aprendizado da Medicina e pela evolução das obras sanitárias. Um exemplar dos hospitais construídos em terras islâmicas, durante a Idade Média, é o do Cairo, edificado em 1283. Nele havia enfermarias distintas para pacientes com lesões, os que já estavam em recuperação, as mulheres, os doentes da visão, e assim por diante. Um médico administrava o complexo, com a ajuda de outros profissionais; homens e mulheres, na tarefa da enfermagem, assessoravam o atendimento.

No continente europeu, em fins do século XVIII e princípio do XIX, como consequência da Revolução Industrialinglesa, impulsionada a partir de 1750, crescia uma nova e poderosa classe social, a burguesia, imbuída de novas aspirações nas esferas sócio-econômica e moral. Foram implementadas, então, providências mais eficazes no campo da higiene e da saúde pública.

Neste contexto surgiram os hospitais modernos, estruturados com novas técnicas, aperfeiçoadas através de longos estudos e inquirições na área da Medicina. A partir deste momento os doentes são distanciados de seus familiares e da sociedade e asilados nestes edifícios, frios, impessoais e carentes da afetividade dos entes amados. Hoje, algumas organizações não-governamentais, como os Doutores da Alegria e outras, procuram devolver o prazer e o afeto a estas instituições, através de atividades lúdicas e engraçadas.

Fontes:
Franklin Santana Santos.Perspectivas Histórico-Culturais da Morte, in Franklin Santana Santos e Dora Incontri (orgs). A Arte de Morrer – Visões Plurais, Volume 1. Editora Comenius, Bragança Paulista, 2009.

http://www.prosaude.org.br/noticias/jun2002/pgs/encarte.htm#2

Dia Internacional contra Exploração da Mulher


Direitos trabalhistas não garantem igualdade entre homens e mulheres

O dia 25 de outubro foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o dia internacional contra a exploração da mulher.

Desde os mais antigos tempos que as diferenças sociais entre mulheres e homens são grandes, sendo os homens considerados mais capacitados que as mesmas, além de possuírem mais direitos.

Com o passar dos anos, houve uma luta travada pelos direitos da mulher, e essa passou a participar dos processos de eleições, trabalhar fora de casa, ter registro em carteira e direitos trabalhistas.

No Brasil, esses direitos foram conquistados no governo de Getúlio Vargas, em 1932, dando maior liberdade às mulheres e melhores condições de vida e trabalho para as mesmas.

Pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelam que, no Brasil, a maioria da população é constituída por mulheres (51,2%).

O movimento feminista surgiu ainda no século XIX, na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas, mesmo assim, as mulheres não conseguem conquistar os mesmos direitos dos homens.

Em vários países são tidas como cidadãs de segunda casta, estando subjugadas às vontades e decisões de seus esposos, pais, irmãos ou parentes próximos, não podendo participar das decisões da família, sem direito a voto, sem manter qualquer tipo de participação política ou administrativa.

Segundo disposto pela Organização das Nações Unidas, os direitos entre homens e mulheres são os mesmos, não devendo ser levados em conta a etnia, religião, língua, etc., mas não é isso que se vê na prática.

As mulheres não são respeitadas por suas capacidades, são desvalorizadas no seu trabalho, não recebem salários iguais aos dos homens, são vítimas de assédio moral e sexual, além disso, sofrem preconceitos de todos os tipos.

As mulheres trabalham muito mais que os homens, pois além de trabalhar fora para ajudar no sustento da família, ainda prestam serviços dentro de casa, sendo responsáveis pelo funcionamento organizado do lar, da educação dos filhos, etc.

Uma das maiores conquistas das mulheres foi a invenção da pílula anticoncepcional, na década de 60, dando liberdade sexual às mesmas, podendo controlar a gravidez.

Com tantas conquistas e direitos, ainda ficou comprovado que a mulher por si só não seria capaz de defender seus direitos. Dessa forma, a ONU criou uma convenção específica, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, adotada pela Assembleia Geral, que entrou em vigor a partir de 1981.

No documento são especificados: igualdade entre os sexos, os direitos humanos, as liberdades fundamentais, as necessidades políticas, econômicas, sociais, culturais, civis, etc., a fim de fortalecer a classe.

Por Jussara de Barros

Fonte:

Micro-História


A Micro-História é um gênero da historiografia que reduz a escala de observação de seus objetos na pesquisa histórica.

Existem várias formas de se escrever história. A ciência História é definida por várias metodologias que resultam em técnicas de pesquisas diferenciadas. A forma tradicional de se escrever História fazia uso de uma abordagem narrativa geral, identificando estruturas que se alteravam em eventos de longa duração. Mas o desenvolvimento da ciência permitiu o florescimento de novas metodologias que enriqueceram o campo.

Entre 1981 e 1988 surgiu uma coleção, na Itália, organizada pelos historiadores Carlo Ginzburg e Giovanni Levi e intitulada de Microstorie. A coleção fez muito sucesso apresentando sua forma inovadora de se abordar o objeto de pesquisa e passou a influenciar historiadores em várias partes do mundo com as novas metodologias.

A Micro-História é uma forma de se pesquisar e escrever História na qual a escala de observação é reduzida. Sem deixar de levar em consideração as estruturas estabelecidas pela História Geral, a Micro-História se foca em objetos bem específicos para apresentar novas realidades. A proposta é que o historiador desenvolva uma delimitação temática extremamente específica em questão de temporalidade e de espaço para conseguir observar realidades que não são retratadas pela História Geral.

A Micro-História oferece grandes serviços à História Geral, já permite revelar fatos e realidades até então desconhecidas. Assim, a Micro-História aborda o cotidiano de comunidades determinadas ou apresenta biografias que complementem o contexto geral, mesmo que os indivíduos destacados fossem figuras anônimas. Na verdade, é isso que permite esclarecer as realidades conjunturais existentes dentro das estruturas já conhecidas.

A diferença da Micro-História para a História Geral é notória também quando é escrita. Enquanto esta se desenvolveu como um gênero mais ligado à narrativa histórica, a Micro-História se dedica a uma profunda exploração das fontes, utilizando os artifícios da narrativa, mas também da descrição etnográfica.

Ainda assim, a Micro-História demorou a se tornar conhecida no mundo. Durante muito tempo permaneceu como um método muito característico e restrito aos italianos.

A relação da Micro-História com a História Social se demonstrou muito frutífera. Uma vez que esta procura dar voz às camadas mais baixas da sociedade, a Micro-História contribui fornecendo elementos enriquecedores para permitir que os excluídos da História Geral se expressem.

A Micro-História forneceu um grande benefício também para a ciência História como um todo, já que incluiu no trabalho dos historiadores uma gama imensa de fontes de pesquisa até então desconsideradas. O trabalho do historiador se enriqueceu muito, mostrando-se capaz de reconstituir com melhores detalhes o cotidiano do passado.

Fontes:
REVEL, Jacques. Jogos de Escala.
VAINFAS, Ronaldo.Os protagonistas anônimos da História: microhistória .


Getulismo

Por Fernando Rebouças
Getúlio Dornelles Vargas, político estadista, presidente do Brasil de 1930 a 1945, por meio de um golpe pelo qual instaurou o Estado Novo no país, e de 1950 a 1954, eleito democraticamente pelo povo. A sua postura de “pai dos pobres”, autoritária e quase fascista rendeu-lhe a imagem de um chefe forte; seus tópicos de governos passaram a ser referidos na história como pontos principais do “Getulismo”.

Inicialmente, o “Getulismo”, além do período no qual Getúlio Vargas governou o Brasil, é conceituado como o conjunto de ideais e ações de governo, características e forma de governar impressas por Vargas. O “Getulismo” também se refere às prioridades, inovações e instrumentos administrativos desenvolvidos pela gestão dos governos de Getúlio Vargas.

O estilo de governo getulista surge na Era Vargas e, sobretudo, se coloca como um estilo de governar de maneira centralizadora e populista. O “Getulismo” no contexto pragmático e autoritário visou combater os movimento sociais, as reivindicações populares, mas, ao mesmo tempo, buscou beneficiar o trabalhador fixando a jornada detrabalho, o trabalho da mulher e o funcionalismo público.

Promoveu a indústria de base, a proteção à produção rural, ao trabalhador urbano e as forças armadas. O “Getulismo” repreendeu os direitos civis e as ações comunistas e criou uma ideológica aproximação com a Alemanha Nazista, que logo seria derrubada após os ataques às embarcações brasileiras em 1942, incentivando o Brasil a declarar guerra aos países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

O “Getulismo” também refere-se à “animalidade política” de Vargas, num conceito de cultura política instaurada e mantida por ele a punhos fortes. Acredita-se que essa cultura de governar ampliou as estruturas do país, mesmo em situações de crise como a aliança firmada com os EUA contra os países do Eixo, possibilitando a construção da indústria siderúrgica nacional.

As ações getulistas permitiram ao Brasil da época, crescer a altas taxas de crescimento ao ano, a manter um salário mínimo com poder de compra favorável crescimento urbano. Acredita-se que o “Getulismo” influenciaria a maneira de governar de presidentes posteriores, sendo uma referência de sucesso ou força governamental até os dias atuais.

Efeitos marcantes do “Getulismo” :

  • Relação direta com as massas
  • Onipresença do Estado Nacional
  • Desenvolvimentismo e o amparo social sob forma paternalista
  • Dimensão econômica de profundo investimento com a participação do Estado
  • Força e autoridade como mantenedores do poder e da imagem pessoal do governante

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Getulismo
http://www.scielo.br/scielo.php%3Fscript%3Dsci_arttext%26pid%3DS0102-01882001000100007+getulismo&cd=6&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
http://www.artigos.com/artigos/sociais/politica/nazismo,-facismo-e-getulismo-1516/artigo/+getulismo+no+brasil&cd=4&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
http://www.espacoacademico.com.br/039/39ricci.htm+getulismo+o+que+%C3%A9&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Simão Bolívar

Simão Bolívar
Estamos no início do século XX:
e já, a mais de três séculos, a Espanha explora suas colônias na América Latina, negando a todos os indígenas e aos crioulos (descendentes de pais europeus e levados para a América espanhola), qualquer possibilidade de participação na vida pública. A rígida vigilância dos governadores espanhóis torna extremamente difícil qualquer tentativa de rebelião. Todavia, afinal, o engenho de um único homem, patriota fervoroso, de natureza resoluta e apaixonada, faz com que os países da América do Sul consigam libertar-se da escravidão. O herói chamado "O Libertador" (El Libertador) é Simão Bolívar.

Simão Bolívar nasceu em Caracas, capital da Venezuela, em 1783 e viveu longos anos na Europa. Cumpridos os primeiros estudos, em Madri, seguiu depois para Paris. No início do século passado, foi à Itália, em Roma, e aqui, na sagrada terra do Aventino, jurou consagrar toda a sua vida à santa causa da independência americana.

As vicissitudes políticas da Espanha, naquela época, eram turvas e confusas e, naturalmente, mesma desordem repercutia também nas colônias latinas.

E como, desde muito tempo, os germes da rebelião minavam a alma dos indígenas, sobretudo dos crioulos, gente mais ou menos culta e inteligente, os povos oprimidos começaram a agitar-se.

Em Caracas, os primeiros movimentos revolucionários explodiram em 1810. Os patriotas eram chefiados pelo general Francisco Miranda, "o aventureiro da liberdade", que chamou a si Bolívar, e o fez ingressar no exército venezuelano, com o posto de coronel. Miranda, após 13 meses de governo da Nova República da Venezuela, foi obrigado a capitular, sob os duros golpes do general espanholMonteverde.

Em 1810 os crioulos (espanhóis nascidos na América) destituíram o governador e capitão geral Vicente Emparán, integrando uma Junta Conservadora dos Direitos de Fernando VII, eufemismo que ocultava verdadeiras intenções de independência política. Com a patente de coronel foi a Londres para arregimentar apoio para a revolução venezuelana. Na capital inglesa encontrou-se com Francisco de Miranda e o convidou para regressar à Venezuela. Perdida a primeira República, obteve passaportepara Curaçao, de onde viajou para Cartagena das Índias (atual Colômbia). Ali publicou o Manifesto de Cartagena (2 de novembro de 1812), no qual criticava a irresoluta atuação de Miranda, que conduziu a capitulação; e na Memória aos cidadãos de Nova Granada (15 de dezembro de 1812), convidava-os a acompanhá-lo para libertar a Venezuela.

Mas nem tudo de sua obra ficou perdido, porque Bolívar passou à ação. Ele não conheceu repouso em sua luta e, refugiando-se em Nova Granada, reuniu logo, em torno de si, os exilados e os voluntários de todas as nações, inflamando com sua palavra, os corações, pelo sagrado amor à liberdade. Aos valentes que o acompanharam, ele lhes deu trabalho, fadiga e vida dura, mas seu entusiasmo excitou aqueles poucos homens, que realizaram verdadeiros prodígios, tanto que, em 1813, pôde empreender sua primeira campanha de desforra, que ficou célebre na História.

Aos massacres, às violências, às crueldades dos espanhóis, Bolívar respondeu com uma famosa proclamação, que revela a força desesperada dos povos que invocavam seu direito de resistir. "Espanhóis, contem com a morte, ainda que inocentes! Americanos, contém com a liberdade, ainda que culpados!"

Com este brado nos lábios e no coração, Bolívar, guiando através de regiões desoladas e agrestes um punhado de soldados cansados, maltrapilhos famintos, com poucas armas, mantidos apenas pelo entusiasmo, entrou de novo em Caracas reerguendo o abatido lábaro da República Independente. Mas a luta não terminara: o comandante espanhol, que ainda dominava algumas partes do país, retomou uma guerra sem quartel, semeando, em seu caminho, violências e massacres. Em fins de 1814, de novo a Venezuela teve que ceder diante da força dos espanhóis dominadores. O Libertador, obrigado a fugir para o exílio, refugiou-se na ilha de Jamaica e, daí, para o Haiti, procurando organizar uma nova insurreição. Não lhe importava haver conhecido a derrota: ele devia conduzir à civilização sua gente, restituir a liberdade à sua pátria.

Reconquistada a capital, Bolívar governou através de três Secretarias de Estado. Os triunfos dos realistas o obrigam a viajar para Cartagena das Índias e, um ano depois, para a Jamaica, onde tornou conhecida sua famosa Carta de Jamaica (1815). Em Angostura (atual Cidade Bolívar) expôs seu plano político, apresentando um projeto de constituição onde propunha a criação de um grande estado, sob o nome de Grande Colômbia. Bolívar criou o Conselho de Estado e o Conselho de Governo. Instalou na cidade o segundo congresso da Venezuela (1819). O Discurso de Angostura é a sua peça de oratória mais importante. Faz uma análise sociológica dos venezuelanos, pronuncia-se contra a escravidão e pela democracia; mantém sua preferência pela centralização política e administrativa e propõe um poder moral para prevenir a corrupção administrativa. Eleito presidente do país, se dirigiu a Nova Granada. Empreendeu a ‘Campanha dos Andes’ que culminou com a batalha de Boyacá, a 7 de agosto de 1819, e três dias depois entrou vitorioso em Bogotá. Neste mesmo ano Constituiu a República da grande Colômbia, foi em auxílio dos peruanos insurretos e conseguiu libertá-los do jugo espanhol, fundando dois novos estados: o Peru, de que se tornou ditador, e o Alto Peru, que, em sua honra, assumiu o nome de Bolívia. Em 1820 assinou um tratado de armistício com o espanhol Pablo Morillo, que fracassou, o que levou ao recrudescimento da guerra que terminou na batalha de Carabobo e pôs fim ao domínio espanhol na Venezuela.

A Antônio José de Sucre, lugar-tenente de Bolívar, coube a incorporação de Guayaquil à Colômbia e a libertação de Quito. Em 1824, depois da batalha de Ayacucho, a América do Sul ficava livre do domínio espanhol e as rebeliões de Chuquisaca e La Paz levaram à criação da Bolívia, cuja Constituição foi redigida por Bolívar. Em 1826 o Peru nomeou-o presidente vitalício, mas o Libertador não aceitou.

Em 1826, convocado o Congresso dos Estados Libertadores, em Panamá, ele propôs reunir todas as novas nações em uma só confederação. Mas foi acusado de desejar um governo tirânico, personalista, e a suspeita e a desconfiança armaram os braços dos conspiradores, que atentaram contra sua vida. Amargurado com tanta iniqüidade e incompreensão, Bolívar apresentou várias vezes demissão, mas, sempre, chamado por aqueles que ainda acreditavam nele, soube recalcar a amargura no fundo do coração, para recomeçar a lutar pelo bem de sua pátria. Afinal, porém, sua decisão foi irrevogável porque disse ele ao partir para o exílio: — "Eu não tenho mais pátria a oferecer meu sacrifício. Os tiranos do meu país tiraram-me a pátria".

Retirando-se à vida privada, pobre, sozinho, renegado pelos seus concidadãos, Bolívar morreu em dezembro de 1830.

Na história da América do Sul, a figura de Simão Bolívar ocupa lugar de destaque. Realmente, depois da morte da esposa, ocorrida em 1803, deu toda sua vida pela independência, não só do seu país mas também por outras nações da América do Sul. Esteve sempre pronto para esquecer as ofensas recebidas, assim que verificava que sua presença e as suas qualidades de homem político poderiam ajudar uma nação a tornar-se independente dos dominadores estrangeiros.


Fonte:
http://netopedia.tripod.com/biogra/simao.htm

100 grandes momentos da história do cinema

Al Pacino Roger Ebert, crítico do jornal “Chicago Sun-Times”, divulgou uma lista de 100 grandes momentos do cinema que agradou em cheio aos cinéfilos. Embora ele não os tenha numerado, pois não é um ranking, acrescentamos os números para facilitar o trabalho de quem quiser confrontar as informações com o que mostram os filmes. Considerado um dos mais influentes críticos americanos, Ebert é dotado de admirável capacidade de observação. Suas escolhas vão do mais espetaculoso, a corrida de bigas em “Ben-Hur”, ao detalhe mais sutil, a sombra da garrafa escondida em “Farrapo Humano”. Em muitos casos são minúcias que escapam à percepção de espectadores distraídos.

Ebert registrou suas observações puxando pela memória, ensejando diferenças entre o que escreveu e o que de fato ocorre nos filmes relativos aos momentos número 21, 33, 45, 46, 79, 83 e 88. Nós optamos por adequar o conteúdo destes ao que se vê ou se ouve nos filmes. Em algumas situações, sentimos a necessidade de inserir explicações entre colchetes, para facilitar a compreensão dos leitores; em outras, acrescentamos o título do filme a que o texto se refere. Também completamos os nomes de vários diretores e atores.

Agora, duas ou três coisas sobre a tradução. Conforme explicou recentemente o jornalista Euler de França Belém (em texto sobre Mario Vargas Llosa), “em tradução, perde-se alguma coisa que só pode ser assimilada na própria língua”. A nosso ver, o tradutor deve preocupar-se mais em reproduzir a ideia do que o sentido de cada palavra. Mas, onde foi possível, esforçamo-nos inclusive para manter a estrutura da frase original. Nos casos que envolvem diálogo, mais cuidado ainda se requer. Na legendação de filmes, o tradutor tem mais liberdade porque, em tese, o contexto lhe facilita as coisas. Além disso, ele precisa economizar vocabulário para dar ao espectador tempo de ler tudo antes que entre a legenda seguinte. (Nada que justifique, porém, os equívocos que espectadores mais exigentes percebem.)

Na ausência da imagem, como aqui, é impreterível que se tente exprimir o máximo de conteúdo, mesmo sabendo que é impossível traduzir todas as nuances. Perfeição não existe, evidentemente, mas perseverar em busca da excelência é fundamental para quem lida com cultura. Após conhecer as argutas observações de Roger Ebert, tomara o leitor se sinta apto a fazer sua própria lista de grandes momentos do cinema.


A LISTA

1 — Clark Gable em “E o Vento Levou”: “Francamente, querida, eu não ligo a mínima”.

2 — Buster Keaton de pé, tranquilo, enquanto a parede da casa cai sobre ele; é salvo por estar posicionado exatamente no vão da janela [em “Marinheiro de Encomenda” ou “Capitão Bill Jr.”].

3 — Charlie Chaplin sendo reconhecido pela moça cega, em “Luzes da Cidade”.

4 — O computador Hal 9000 fazendo leitura labial, em “2001: Uma Odisseia no Espaço”.

5 — A Marselhesa cantada em “Casablanca”.

6 — Branca de Neve beijando Dunga na cabeça [em “Branca de Neve e os Sete Anões”].

7 — John Wayne pondo a rédea na boca em “Bravura Indômita” e galopando no prado com uma arma em cada mão.

8 — James Stewart em “Um Corpo Que Cai”, aproximando-se de Kim Novak, que vem do outro lado do quarto, e dando-se conta que ela personifica todas as suas obsessões — melhor do que ele sabe.

9 — A experiência das origens do cinema provando que, na corrida, os cavalos ficam às vezes com as quatro patas no ar.

10 — Gene Kelly cantando na chuva.

11 — Samuel L. Jackson e John Travolta discutindo sobre como dizem “quarteirão” [sanduíche do McDonald’s] na França, em “Pulp Fiction — Tempo de Violência”.

12 — A lua recebendo no olho o cartucho disparado pelo canhão, em “Viagem à Lua”, de George Méliès.

13 — Pauline em perigo, amarrada aos trilhos da estrada de ferro [em “Minha Vida, Meus Amores”].

14 — O garoto correndo alegremente ao encontro do pai que regressa, em “Sounder – Lágrimas de Esperança”.

15 — Harold Lloyd pendurado no mostrador do relógio em “O Homem Mosca”.

16 — Orson Welles sorrindo enigmaticamente no portal, em “O Terceiro Homem”.

17 — O anjo olhando Berlim do alto com tristeza, em “Asas do Desejo”, de Wim Wenders.

18 — O filme de Zapruder mostrando o assassinato de Kennedy: um momento congelado no tempo repetidamente.

19 — Um africano saudoso de casa, dizendo tristemente a uma prostituta que o que realmente quer não é sexo, mas cuscuz, em “O Medo Devora a Alma”, de Rainer Werner Fassbinder.

20 — O Coiote suspenso no ar [no desenho animado do Papa-Léguas].

21 — Zero Mostel lançando um copo d’água no histérico Gene Wilder, em “Primavera para Hitler”, de Mel Brooks, e Wilder gritando: “Estou histérico! Estou molhado!”

22 — Um velho sozinho em casa, tendo de lidar com a morte da mulher e a indiferença dos filhos, em “Era Uma Vez em Tóquio”, de Yasujiro Ozu.

23 — “Fumando”. Resposta de Robert Mitchum, mostrando o cigarro, quando Kirk Douglas lhe oferece um cigarro em “Fuga do Passado”.

24 — Marcello Mastroianni e Anika Ekberg dentro da fonte em “A Doce Vida”.

25 — O momento em “Céu e Inferno”, de Akira Kurosawa, quando o milionário descobre que não é seu filho que foi sequestrado, mas o filho do seu motorista — e os olhares dos dois pais se encontram.

26 — A visão distante de pessoas surgindo no horizonte no final de “A Lista de Schindler”.

27 — R2D2 e C3PO em “Guerra nas Estrelas”.

28 — E.T. e o amigo passando de bicicleta na frente da lua.

29 — Marlon Brando gritando “Stella!” em “Uma Rua Chamada Pecado”.

30 — Hannibal Lecter sorrindo para Clarice em “O Silêncio dos Inocentes”.

31 — “Um momento! Um momento! Vocês ainda não ouviram nada!” As primeiras palavras ouvidas no primeiro filme falado, “O Cantor de Jazz”, ditas por Al Jolson.

32 — Jack Nicholson tentando pedir um sanduíche de frango em “Cada um Vive como Quer”.

33 — “Ninguém é perfeito”. Última fala de Joe E. Brown em “Quanto Mais Quente Melhor”, justificando para Jack Lemmon que casará com ele, mesmo ele tendo dito que é homem.

34 — “Rosebud.” [Palavra dita por Charles Foster Kane ao morrer, em “Cidadão Kane”.]

35 — A divertida caçada em “A Regra do Jogo”, de Jean Renoir.

36 — O olhar assombrado de Antoine Doinel, herói autobiográfico de François Truffaut, na imagem congelada no final de “Os Incompreendidos”.

37 — Jean-Paul Belmondo com o cigarro enfiado na boca insolentemente em “Acossado”, de Jean-Luc Godard.

38 — A fundição do grande sino de ferro em “Andrei Rublev”, de Andrei Tarkovsky.

39 — “O que vocês fizeram nos olhos dele?” Mia Farrow em “O Bebê de Rosemary”.

40 — Moisés separando as águas do Mar Vermelho em “Os Dez Mandamentos”.

41 — O velho encontrado morto no balanço do parque, sua missão cumprida, no final de “Viver”, de Akira Kurosawa.

42 — O olhar assombrado da atriz Maria Falconetti em “O Martírio de Joana d’Arc”, de Carl Dreyer.

43 — As crianças olhando o trem passar em “A Canção da Estrada”, de Satyajit Ray.

44 — O carrinho de bebê solto na escadaria em “O Encouraçado Potemkin”, de Sergei Eisenstein.

45 — “Tá falando comigo?” Robert De Niro em “Taxi Driver — Motorista de Táxi”.

46 — “Meu pai fez uma oferta que ele não podia recusar.” Al Pacino em “O Poderoso Chefão”.

47 — O misterioso cadáver nas fotografias em “Depois Daquele Beijo”, de Michelangelo Antonioni

48 — “Uma palavra, Benjamin: plásticos.” De “A Primeira Noite de um Homem”.

49 — Um homem morrendo no deserto em “Ouro e Maldição”, de Erich von Stroheim.

50 — Eva Marie Saint agarrada à mão de Cary Grant no monte Rushmore, em “Intriga Internacional”.

51 — Fred Astaire e Ginger Rogers dançando.

52 — “Não existe cláusula de sanidade mental!” Chico para Groucho em “Uma Noite na Ópera”.

53 — “Chamam-me Senhor Tibbs!” Sidney Poitier em “No Calor da Noite”, de Norman Jewison.

54 — A tristeza dos amantes separados em “Atalante”, de Jean Vigo.

55 — A vastidão do deserto e, em seguida, as minúsculas figuras surgindo, em “Lawrence da Arábia”.

56 — Jack Nicholson na garupa da motocicleta, com um capacete de futebol americano, em “Sem Destino”.

57 — A coreografia geométrica das garotas de Busby Berkeley.

58 — O pavão abrindo a cauda na neve, em “Amarcord”, de Federico Fellini.

59 — Robert Mitchum em “O Mensageiro do Diabo”, com AMOR tatuado nos dedos de uma mão e ÓDIO, nos da outra.

60 — Joan Baez cantando “Joe Hill” em “Woodstock — 3 Dias de Paz, Amor e Música”.

61 — A transformação de Robert De Niro de esbelto boxeador a barrigudo dono de boate, em “Touro Indomável”.

62 — Bette Davis: “Apertem os cintos. Vai ser uma noite turbulenta!”, em “A Malvada”.

63 — “Essa aranha é do tamanho de um carro!” Woody Allen em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”.

64 — A corrida de bigas em “Ben-Hur”.

65 — Barbara Harris cantando “It Don’t Worry Me” para acalmar a multidão em pânico em “Nashville”, de Robert Altman.

66 — A disputa de roleta-russa em “O Franco-Atirador”.

67 — Cenas de perseguição: “Operação França”, “Bullit”, “Os Caçadores da Arca Perdida”, “Diva – Paixão Perigosa”.

68 — A sombra da garrafa escondida na luminária, em “Farrapo Humano”.

69 — “Eu poderia ser um lutador [de boxe]”. Marlon Brando em “Sindicato de Ladrões”.

70 — O discurso de George C. Scott sobre o inimigo em “Patton — Rebelde ou Herói?”: “Vamos passar por ele como faca quente na manteiga”.

71 — Rocky Balboa correndo escadaria acima e agitando os punhos no alto, com Filadélfia a seus pés [em “Rocky — Um Lutador”].

72 — Debra Winger se despedindo dos filhos em “Laços de Ternura”.

73 — A montagem das cenas de beijo em “Cinema Paradiso”.

74 — Os convidados do jantar que acham que de alguma forma não podem ir embora, em “O Anjo Exterminador”, de Luis Buñuel.

75 — O cavaleiro jogando xadrez com a morte, em “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman.

76 — O zelo selvagem dos membros da Ku Klux Klan em “O Nascimento de uma Nação”, de D. W. Griffith.

77 — O problema da porta que não para fechada, em “As Férias do Sr. Hulot”, de Jacques Tati.

78 — “Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos.” Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses”.

79 — “Agora eu sei que não estamos no Kansas.” Judy Garland em “O Mágico de Oz”.

80 — O plano que começa no alto do saguão e termina em close-up da chave na mão de Ingrid Bergman, em “Interlúdio”, de Alfred Hitchcock.

81 — “Não tem muita carne nela, mas a que tem é de primeira.” Spencer Tracy sobre Katharine Hepburn em “A Mulher Absoluta”.

82 — A excursão dos doentes mentais em “Um Estranho no Ninho”.

83 — “Sempre pareço bem quando estou à beira da morte.” Greta Garbo a Elizabeth Allan em “A Dama das Camélias”.

84 — “Levou mais de uma noite para mudar meu nome para Shanghai Lily.” Marlene Dietrich em “O Expresso de Shangai”.

85 — “Estou andando aqui!” Dustin Hoffman em “Perdidos na Noite”.

86 — W. C. Fields atirando punhados de neve cenográfica no próprio rosto, em “O Último Drink”.

87 — “Da próxima vez que você não tiver nada pra fazer, e muito tempo disponível, venha me ver.” Mae West em “Minha Dengosa”.

88 — “Consegui, mamãe. O topo do mundo!” James Cagney em “Fúria Sanguinária”.

89 — Richard Burton explodindo quando Elizabeth Taylor revela o “segredo” deles, em “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”

90 — Henry Fonda de cabelo cortado em “Paixão de Fortes”.

91 — “Distintivos? Não temos distintivos. Não precisamos de distintivos. Não tenho que te mostrar droga de distintivo nenhum.” Alfonso Bedoya para Humphrey Bogart em “O Tesouro de Sierra Madre”.

92 — “Aí está o seu cachorro. Ele está morto. Mas tinha de haver algo que o fazia mover-se [quando vivo]. Não tinha?” Do documentário “Portais do Céu”, de Errol Morris.

93 — Não toque no terno!” Burt Lancaster em “Atlantic City”.

94 — Gena Rowlands chega à casa de John Cassavetes num táxi cheio de animais adotados, em “Amantes”.

95 — “Quero viver novamente. Quero viver novamente. Quero viver novamente. Por favor, Deus, deixe-me viver novamente.” James Stewart para o anjo em “A Felicidade Não Se Compra”.

96 — Burt Lancaster e Deborah Kerr abraçados na praia, em “A Um Passo da Eternidade”.

97 — Mookie jogando a lata de lixo pela janela da pizzaria de Salvatore, em “Faça a Coisa Certa”.

98 – “Adoro o cheiro de napalm pela manhã.” Robert Duvall em “Apocalypse Now”.

99 — “A natureza, Sr. Allnut, é algo em que fomos postos neste mundo para superar.” Katharine Hepburn para Humphrey Bogart em “Uma Aventura na África”.

100 — “Mãe de misericórdia. Este é o fim de Rico?” Edward G. Robinson em “Alma no Lodo”.

Fonte:revista bula

A corrida pelo primeiro vôo

Na mesma época de Santos Dumont, outros inventores criaram engenhocas bizarras - do varal alado ao avião-morcego - na tentativa de ganhar os céus

por Amauri Segalla

A Paris do início do século 20 era o lugar ideal para pessoas que possuíam algum grau de excentricidade. Tolerante, a cidade abrigava gente de todos tipos. Além de intelectuais, escritores, artistas, boêmios, milionários, príncipes e cientistas, a capital da França recebia com orgulho inventores que disputavam a primazia de conceber a forma mais eficaz de voar. Enquanto Santos Dumont reinava como uma espécie de guru dessa turma, muitos aviadores desenvolviam aeroplanos bizarros aos olhos de hoje, mas verdadeiras proezas para um período em que os automóveis ainda eram raros. Quanto mais esquisita a máquina supostamente voadora, maior era o destaque nas páginas dos jornais, o que tornava os jovens inventores estrelas pop cortejadas nas ruas, cafés e restaurantes.

Os campos de prova atraíam multidões, embora quase sempre os experimentos terminassem sem alcançar seu objetivo – o de voar, obviamente. Não era um desafio simples. Os estudos no campo daaerodinâmica aérea avançavam rapidamente, mas havia ainda muita incerteza quanto à possibilidade de decolar com uma estrutura pesada e de motor potente, capaz de gerar força suficiente sem, no entanto, destruir a aeronave e o piloto. A química dos combustíveis também alcançara um estágio surpreendente, mas explosões não eram raras de acontecer. Dezenas – talvez centenas – de pioneiros morreram em suas tentativas, o que só reforçava o aspecto heróico dos primeiros aviadores.

A atmosfera revolucionária, realçada por conquistas recentes como os grandes balões e os dirigíveis movidos a gás, impulsionava os inventores, apesar dos perigos evidentes. Eles sabiam que o primeiro a realizar um vôo num aparelho mais pesado que o ar teria como recompensa a glória definitiva. Numa feliz coincidência histórica, naquele momento a fotografia também avançava a passos largos, o que permitiu que fotógrafos profissionais e amadores registrassem para a posteridade as imagens dos inventores e suas máquinas aladas. Parte dessas imagens saborosas está no livro Aviation: The Early Years (Aviação: Os Primeiros Anos), publicado em Londres pela The Hutton Getty Picture Collection.

Excesso de peso

Um dos aviadores mais populares na virada do século 19 para o século 20 era o francês Clement Ader. Mais do que um aventureiro, Ader era um cientista por vocação. Formado em engenharia, foi o responsável pela instalação dos primeiros telefones em Paris e por notáveis experimentos com motores a vapor. Em 1890, ele teria conseguido levantar a 20 centímetros do solo, por alguns segundos, numa engenhoca mais pesada que o ar, o Eole. No entanto, o feito não foi confirmado pela falta de testemunhas. Sete anos depois, Ader apresentaria ao mundo o Avion III, aeronave com hélice de bambu e asas de seda. O aparelho foi inspirado em seus estudos sobre morcegos. Com motor a vapor que deveria gerar uma força equivalente a 40 cavalos, o Avion III jamais decolaria, justamente por ser pesado demais. No entanto, o gênio inventivo tornou-o famoso na Europa e idotrado na França, onde até hoje é considerado um dos pioneiros da aviação.

O reconhecido rigor científico de Clement Ader não era norma entre muitos de seus contemporâneos. Bem ou mal, o avião-morcego incorporava conceitos aerodinâmicos e não poderia ser acusado de aberração. O mesmo não se pode dizer do extravagante aparelho construído em 1908 pelo marquês d’Ecquevilley- Montjustin. Estranhas telas fixadas por uma armação de tubos de aço e sustentadas por uma hélice de 2,5 metros de comprimento lembravam a forma de um varal. Para levar o vôo, o aparelho contava com um motor de 7 cavalos. Animado com a obra, Montjustin acionou a imprensa, que acabou por fazer algum estardalhaço. No dia e hora marcados, o varal alado fez inúmeras tentativas e, claro, nada de levantar vôo.

Mesmo aqueles que conseguiram sair do solo por uma margem pequena não puderam reinvidicar a invenção do avião. Justamente por voar muito baixo e percorrer distâncias curtas demais, sem sustetanção, eles fazem parte de um seleto grupo de notáveis – mas não tem seu mérito historicamente reconhecido. Um caso clássico é o do engenheiro romeno Trajan Vuia, que em março de 1906 fez seu monoplano decolar a uma altura de um metro e a voltar ao chão 12 metros depois. O feito foi alcançado no região de Montesson, perto de Paris, e passou para a posteridade por uma outra razão. Puxado por um motor de automóvel de 26 cavalos, seu monoplano tinhas rodas, constituindo-se num precursor primário do trens de pouso que anos depois passaram a fazer parte da estrutura de todaaeronave.

Houve, no entanto, quem levantasse vôo por poucos metros, mas mesmo assim conseguiu um lugar nobre na história da aviação. Em 1906, Paul Cornu, um modesto inventor que desenvolvia motores, triciclos a vapor e automóveis, construiu a primeira máquina capaz de fazer uma decolagem vertical, o que lhe garantiu um lugar na história como o inventor do helicóptero. Movida por um motor de 2 cavalos, a máquina consistia numa estrutura composta por duas rodas de bicicleta ligadas por um correia, um chassi de aço e telas de seda dispostas como hélices. Em novembro daquele ano, o aparelho decolou verticalmente, sem piloto, e permaneceu por quase 2 minutos no ar – uma eternidade. Em 1907, Cornu foi mais longe: ele próprio voou durante 20 segundos a 30 centímetros do chão num aeroplano com asa rotatória

Precursor do joystick

As mentes brilhantes que viviam na Paris do início do século 20 foram responsáveis pelo surgimento de vários equipamentos e artefatos tecnológicos que ainda hoje, 100 anos depois, continuam a demonstrar eficiência na suas aplicações. O matemático e físico Robert Esnault-Pelterie desenhou e construiu vários aeroplanos, todos eles batizados com as iniciais R.E.P, marca que se tranformou num mito no mundo da aviação. Pelterie introduziu os amortecedores nas rodas e inventou o cinto de segurança. Mas sua maior criação foi o manche, como é chamado o volante dos aviões. Os primeiros exemplares que construiu tinham alavancas verticais e deslocavam-se de forma longitudinal. Daí a explicação para o fato de muitos atribuírem a ele a invenção do joystick. Hoje, há na internet comunidades de jogadores de videogame que consideram o aviador francês um mito.

Algumas dessas conquistas devem-se à competição tecnológica e científica estimulada pelas autoridades francesas. Era comum o lançamento de desafios e prêmios em dinheiro conferidos a aviadores que alcançassem determinados feitos – o próprio Santos Dumont venceria alguns deles. Em 1908, os parisienses ficaram especialmente eufóricos com a façanha de Henri Farman e Gabriel Voisin, vencedores da prova do primeiro vôo de um quilômetro. O biplano pilotado por Farman, que se tornaria amigo de Santos Dumont, fez um vôo circular de 1,5 mil metros e, o que ainda era considerado um fato notável, aterrissou em segurança. Meses depois, Farman atingiu a marca de 2 mil metros. Não demorou e as grandes distâncias percorridas pelos aviões tornaram-se banais, mas os feitos desses desbravadores dos ares permaneceram intocados pela história.

Como um albatroz

No rol de esquistices, poucos inventores foram tão criativos quanto o marinheiro Jean-Marie Le Bris. Homem ligado ao mar, Le Bris construiu um um planador inspirado num albatroz. O aparelho tinha casco igual ao de um barco, asas e rabo de pássaro. Em 1868, Le Bris decolou após ser puxado por cavalos a galope. Para sua surpresa – e pavor – o planador atingiu uma altura de 100 metros, mas conseguiu pousar na areia com segurança. Le Bris teve o mérito de deixar para a posteridade o primeiro registro fotográfico de um aeroplano.

Transporte de carga

O primeiro vôo de carga ocorreu em novembro de 1910, quando uma loja de departamentos de Columbus, nos Estados Unidos, contratou os irmãos Wilbur e Orville Wright – que sete anos antes haviam voado pela primeira vez com o Flyer – para transportar um lote de seda até a cidade de Dayton, em Ohio. O vôo foi realizado em meio a protestos da imprensa local, que não se conformava com o fato de os trens terem sido preteridos em favor do “perigoso e imprevisível avião”. Um anos depois, também nos Estados Unidos, foi realizada a primeira experiência de correio aéreo.

Fonte: Aventuras na História