Por Cristine Delphino |
A região do Sul foi bastante ocupada por alemães que começaram a chegar no Brasil em 1824 e instalaram-se em São Leopoldo ou em Porto Alegre. Os Muckers ocupavam uma região chamada Padre Eterno, hoje conhecida como Sapiranga, que ficava próximo ao vilarejo Fazenda Leão e Campo Bom, entre Ferrabraz e Hamburgerberg.
Nesta época, os imigrantes passavam por grandes dificuldades. As pessoas que se encontravam em Padre Eterno e viviam da agricultura, estavam descontentes com a falta de assistência médica e educacional oferecida pelo Governo. Gozavam de uma situação diferente das quais os primeiros imigrantes alemães gozavam, eles haviam prosperado economicamente e viviam em uma colônia que tinha o seu próprio jornal.
Quando alguém adoecia pedia auxílio para o famoso curandeiro João Jorge Maurer, que curava com a ajuda das plantas. João, analfabeto, conheceu as plantas depois que a sua esposa Jacobina Mentz Maurer adoecera e então um curandeiro Ludwig Buchorn curou a sua mulher e o ensinou sobre as ervas e no que podiam ser usadas. João passou a praticar então em Padre Eterno, já que o médico mais próximo encontrava-se a três horas e passou a usar a sua casa como um pequeno hospital.
Já a sua mulher Jacobina, curava a alma; ela lia a bíblia, fazia pregações junto com o pastor João Jorge Klein e acreditava que Deus falava com ela. A cada final de semana aumentava o grupo de seguidores que se reuniam na casa do casal. Existiam algumas regras rígidas a serem seguidas, como não beber, não fumar e não ir as festa. Muitos moradores da região não se converteram a essa nova religião. Os seguidores dos Maurer então resolveram tirar os seus filhos das escolas comunitárias.
Como a situação ia ficando cada vez mais quente entre os Muckers e os demais colonos, o chefe de polícia da região prendeu Jacobina e o seu marido, mas a liberou já que não possuía provas. Este episódio só veio a fazer com que o poder de Jacobina ganhasse mais força e que seus seguidores se convencessem do seu poder.
Foi então que o caos explodiu. A casa de Marinho Kassel, um ex-seguidor dos Maurer foi misteriosamente incendiada, causando a morte de sua mulher e seus filhos. Logo em seguida, a casa do comerciante Carlos Brenner também é incendiada, causando a morte de seus filhos e por fim um tio de João Jorge foi executado. Os Muckers foram responsabilizados de todos os crimes.
No dia 28 de junho de 1874, a polícia intervem. Cerca de 100 homens cercam o lugar de concentração dos Muckers, sendo liderados pelo coronel Genuíno Sampaio. Sem contar com nenhum estratégia, o seu grupo sofreu 39 baixas, enquanto que os Muckers que resistiram ferozmente só tiveram seis. Esta batalha deu ainda mais força para a fé que Jacobina pregava e para os seus seguidores.
Numa nova batalha, no dia 18 de julho, o coronel cercou a casa onde se encontravam os religiosos, incendiou e matou 16 muckers, sendo que Jacobina conseguiu fugir. Porém durante a noite, um dos seguidores atirou no coronel que morreu no dia seguinte.
Três dias depois ocorreu um novo enfrentamento mas com a forte resistência dos religiosos os soldados foram obrigados a se retirarem. A vitória só foi possível, quando Carlos Luppa, um ex-seguidor de Jacobina resolveu ajudar os soldados. No dia 2 de agosto, os soldados chegaram até o morro de Ferrabrás, onde se encontravam todos os Muckers. Muitos foram mortos, inclusive Jacobina, os que sobreviveram foram presos durante oito anos e quando finalmente foram colocados em liberdade foram obrigados a aguentar a forte perseguição dos demais colonos.
Fontes:
http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=367603
http://www.millarch.org/artigo/revolta-dos-muckers
http://www.uniblog.com.br/cintialemes/46024/revolta-dos-mucker.html
http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num07/art_03.php
http://www.riogrande.com.br/historia/temas_muckers.htm