Alguns fatos que mostram como se deu a evolução tecnológica dos notebooks e laptops:
Observação: todas as fotos dessa página foram retiradas da Wikipedia.
Máquina de Babbage
1882: o inglês Charles Babbage constrói um dispositivo mecânico que fazia cálculos numéricos; o dispositivo tornou-se conhecido como "Máquina de Babbage" e é considerado o primeiro computador da História.
Babbage projetou e construiu a máquina para substituir os trabalhadores humanos (então chamados 'computers', ou computadores) que construíam item a item tabelas numéricas, como por exemplo de logaritmos e funções trigonométricas. A primeira máquina de Babbage, chamada 'difference engine' (ou máquina diferencial), calculava valores de funções polinomiais (diversas funções, como as logarítmicas e trigonométricas, podem ser aproximadas por funções polinomiais). A máquina diferencial aplicava conceitos de elementos finitos, o que permitiria implementar aproximações das operações de divisão e multiplicação.
Devido à complexidade (o dispositivo compunha-se de dezenas de milhares de peças), não conseguiu concluir a máquina; Babbage projetou ainda outras duas máquinas (a segunda também uma máquina diferencial, e a terceira uma mais complexa, chamada 'analytical machine', ou máquina analítica). Entretanto, já no século 20, cientistas construíram máquinas de acordo com os planos de Babbage, e elas funcionaram a contento; tais máquinas encontram-se expostas no Museu de Ciência de Londres.
Foto do ENIAC, em 1946
1944: Pesquisadores da IBM e da Universidade de Harvard apresentam o Mark I (esse nome foi dado por Harvard; a IBM havia batizado a máquina como Automatic Sequence Controlled Calculator). O Mark I é considerado o marco da moderna História dos computadores.
O Mark I foi o primeiro dispositivo a funcionar de forma automatizada, ou seja, uma vez iniciada a computação, não se requeria intervenção humana. Utilizava 765.000 componentes (válvulas, diodos, capacitores, relés) e centenas de kilômetros de cabos; pesava 4500 kg; tinha 16 metros de comprimento, 2.4 metros de altura e 1 metro de profundidade.
Segundo o site da IBM, o Mark I podia fazer adições em menos de um segundo, mas multiplicações levavam seis segundos, e divisões, doze segundos.
Essas máquinas pioneiras viram um relativamente rápido progresso nas décadas seguintes, graças principalmente à Guerra Fria, que levava o Governo Americano a incentivar investimentos em tecnologia. Em 1946, a Universidade da Pensilvânia apresentou o ENIAC; a própria Harvard desenvolveria os Mark II, III e IV, agregando cada vez mais tecnologia. A IBM (que foi fundada para fazer o processamento dos dados do Censo de 1890 nos EUA, e depois dedicaou-se por bom tempo a rodar folhas de pagamento de outras empresas) era parceira de ambos os projetos, o que lhe permitiu consolidar-se como líder absoluta no campo da computação por várias décadas.
1952: lançamento do IBM 701. Enquanto as máquinas anteriores eram protótipos experimentais, o IBM 701 foi a primeira máquina construída em série (dezenove máquinas da série foram entregues).
O IBM 701 foi a primeira máquina a utilizar o conceito de memória, dispositivo que armazena internamente os dados processados; até então, todas as máquinas utilizavam cartões perfurados. Essa foi a primeira máquina da linha IBM 700, que incluiu a 702, 704, 705 e 709.
1964: a IBM apresenta o IBM/System360, o primeiro business mainframe do mercado (ou seja, o 360 foi o primeiro computador destinado a finalidades comerciais; os anteriores eram destinados a finalidades científicas).
O 360 foi o primeiro a apresentar o conceito de modularidade, ou seja, o comprador poderia comprar diferentes módulos, de acordo com suas necessidades computacionais (o modelo mais barato vinha com 8 K bytes de memória). Essa flexibilidade permitiu a diversas empresas comprarem seu primeiro computador.
Esse modelo consolidou definitivamente a liderança da IBM no mercado de mainframes. Outras empresas de porte como a General Electric e a RCA lançaram também alguns modelos, mas não puderam competir com a Big Blue.
A família 360 foi provavelmente a que mais deu lucros à IBM; os 360 foram vendidos até 1977. Em 1971, a IBM lançou a família 370, que tinha retro-compatibilidade dom os 360, e que prolongou a supremacia da IBM por outros quase 20 anos.
1975: a IBM lança o IBM 51000, o primeiro personal computer (computador pessoal); até então, não existia a idéia de que cada usuário tivesse seu próprio computador (as máquinas eram caras, e seu uso era compartilhado entre todos os usuários).
Foi o primeiro modelo a contar com monitor e teclado. A máquina podia ter 16, 32, 48 ou 64 k de memória. O processador de 16 bits era um PALM (Put All Logic in Microcode).
A IBM, entretanto, não tinha interesse em difundir o modelo, visto que ela dominava folgadamente o mercado de mainframes, e não lhe era comercialmente interessante a difusão do uso de máquinas pessoais.
1976: Steve Jobs e Steve Wozniak fundam a Apple. O primeiro computador vendido pelo empresa, o Apple I, era pouco mais do que uma placa-mãe, sem teclado e sem monitor. Em 16 de abril de 1977, a empresa apresenta oApple II, que se tornou um grande sucesso e marcou o início da era da popularização da computação pessoal. O Apple II vinha com teclado e monitor colorido; os primeiros modelos utilizam fitas cassete para armazenar dados, mas foram logo substituídos por controladores de disco de 5 1/4". Os primeiros modelos foram vendidos por preços variando de US$ 1298 (com 4 kB de RAM) até US$ 2638 (com 48 kB de RAM).
Praticamente à mesma época, dois outros fabricantes, pressentindo o interesse do mercado por modelos de computadores pessoais, anunciaram produtos que também se tornariam ícones.
Apple 2 | TRS 80 | PET Commodore |
Em agosto de 1977, a Radio Shack, uma cadeia de vendas de eletrodomésticos, lançou o TRS-80, Tandy Radio Shack, que vinha com teclado, monitor preto-e-branco e 4 kB de memória. O modelo alcançou grande sucesso, pois a Radio Shack tinha muitas lojas; o TRS-80 era vendido a US$ 599. O primeiro lote tinha 3000 máquinas, porque, caso não fossem vendidas, seriam utilizadas nas 3000 lojas da rede; as vendas, entretanto, chegaram a 10.000 no primeiro mês, 55.000 no primeiro ano e 250.000 até 1981, quando saíram de linha.
Em setembro de 1977, a empresa canadense Commodore anunciou o lançamento do PET Commodore. No ano anterior, a Commodore tinha adquirido a empresa MOS Tecnologies, desenvolvedora do chip 6502, utilizado no PET (e também no Apple II). Isso permitiu-lhe baixar os preços; o site da Commodore informa que os primeiros modelos foram vendidos por US$ 599, e que a empresa tinha logística para fazer distribuição mundial.
IBM 5150, o IBM PC
1981: percebendo o crescimento do mercado de máquinas pesoais, a IBM lançou o IBM 5150; apesar de ser da mesma família do IBM 5100, lançado em 1975, o 5150 tinha profundas diferenças, como a utilização de um microprocessador comercial, o Intel 8088, e um sistema operacional novo, o DOS (ler mais abaixo). Graças à grande campanha de marketing da IBM, o modelo tornou-se conhecido como IBM PC (Personal Computer); a partir do sucesso do modelo, o termo PC passou a designar todos os computadores de uso pessoal.
Pressionada pelo sucesso da Apple, TRS e Commodore, e percebendo que o modelo 5100 não poderia atingir preços competitivos, a IBM usou uma estratégia diferente para o projeto do PC; em vez de desenvolver o projeto internamente, a empresa resolveu montar a máquina utilizando produtos comercialmente disponíveis de diferentes fabricantes. A IBM cometeu dois enormes erros de avaliação. Àquela altura, a IBM era uma das maiores empresas do mundo, e não temia concorrência; a empresa disponibizou a arquitetura da máquina, para que os fabricantes de periféricos projetassem dispositivos compatíveis. A IBM entendia também que não havia motivos para despender esforços no desenvolvimento de um sistema operacional próprio; a companhia apenas preocupou-se em desenvolver e patentear o BIOS (Basic Input-Output Software), um software básico que controla o carregamento posterior do sistema operacional.
Utilizando o prestígio da marca IBM associado a grandes distribuidores como a Sears e a Computerland, logo o IBM tornou-se um sucesso. Isso logo atraiu outras empresas que, se não podiam competir com a IBM no ramo de mainframes, podiam competir no ramo de máquinas pessoais. O BIOS da IBM passou por engenharia reversa, e logo outras versões, que não infringiam a patente da IBM, estavam no mercado. Já em 1982, a Columbia Data Products(CDP) lançava sua versão do PC; em 1993, seria a vez da Compaq (na década de 1990, a Compaq tornou-se a maior vendedora de PCs no mundo; posteriormente, a Compaq foi comprada pela HP).
Por achar que não valia a pena desenvolver um sistema operacional para o PC, a IBM resolveu contratar a tarefa junto a uma então pequena empresa, chamada Microsoft. A Microsoft, por sua vez, também terceirizou a tarefa: contactou uma empresa chamada Seattle Computer Products e comprou, por US$ 75.000, os direitos sobre um sistema operacional chamado QDOs (o autor do QDOs foi um programador chamado Tim Paterson); o QDOs foi licenciado à IBM, que o renomeou para PC-DOS. Logo a seguir, quando a CDP começou a produzir clones do IBM PC, a Microsoft vendeu-lhe a licença, que ela já rebatizara de MS-DOS. A partir daí, com a explosão dos PCs, a Microsoft (e suas versões de MS-DOS e Windows) tornou-se a maior empresa de tecnologia do mundo.
Osborne 1, o primeiro portátil.
Cabia debaixo de um banco de avião.
O teclado ficava na
parte interna da tampa.
1981: Adam Osborne, que comandava uma editora de livros técnicos, lançou o que hoje se considera o primeiro computador portátil da História: o Osborne Portable Computer, ou Osborne 1.
Pesava 12 kg, tinha uma tela de 5 polegadas, e custava US$ 1795. O objetivo de Osborne (que ele atingiu) era construir uma máquina que coubesse debaixo do assento de um avião.
A máquina de Osborne teve boas vendas (aproximadamente 10 mil unidades por mês) enquanto foi monopolista. Com a entrada de competidores no mercado, a Osborne computadores foi à falência em 1983.
1982: A Compaq apresentou o primeiro computador portátil compatível com o IBM PC. O próprio nome da empresa deriva do inglês Compact, compacto em português, uma referência ao pequeno tamanho das máquinas.
O Compaq Portable tinha um clock de CPU de 4.77 MHz, memória RAM de 128 K, floppy disk de 320 k, e um monitor CRT de 9 polegadas. Pesava 12.5 kg, e tal como o Osborne 1, era construído na forma de uma maleta, com o teclado adaptado na parte interna da tampa. Apesar do alto custo (US$ 3.590), sua maior capacidade e, principalmente, sua total compatibilidade com o PC (a Compaq investiu US$ 1 milhão para fazer engenharia reversa do BM BIOS e pagou licença à Microsoft pelo MS-DOS) tornaram o modelo um grande sucesso. Também graças à compatibilidade, a Compaq tornou-se a maior produtora de clones do IBM PC, e em alguns anos tornou-se a maior produtora de desktops no mundo; há alguns anos, quando a concorrência já havia minado a liderança da Compaq, ela foi adquirida pela HP.
Epson HX-20
O primeiro com as dimensões
de um caderno.
1982: a empresa japonesa Epson lançou o modelo Epson HX-20, que foi o primeiro modelo com dimensões de um notebook (caderno, em inglês); veja anúncio de lançamento do Epson HX-20 em uma revista inglesa de outubro de 1982.
O HX-20 tinha, aproximadamente, as dimensões de uma folha A4 (30 cm x 21 cm) e pesava ao redor de 1.6 kg. Tinha 16 kB de RAM (expandíveis), um monitor LCD de 120 x 32 pixels (menor do que os visores dos telefones celulares atuais), uma pequena impressora e um drive de fitas mini-cassete.
O revolucionário HX-20 marcou a entrada das empresas japonesas no mercado de notebooks. Além da própria Epson, logo outras empresas lançaram modelos, como aKyocera, a Fujitsu, a Sony, a NEC e a Toshiba, entre outras.
Em 1983, a Kyocera apresenta uma evolução do HX-20: o TRS-80 Modelo 100; a Kyocera vendeu o projeto para a Radio Shack, que o distribuiu com grande sucesso nos Estados Unidos. O Modelo 100 tinha aproximadamente as mesmas dimensões do HX-20, mas a impressora e o drive de fita foram removidos para dar espaço a uma tela de LCD maior (260 por 64 pixels).
A partir daí, a concorrência entre americanos, japoneses e europeus levou a um rápido desenvolvimento dos notebooks.
Em 1984, a IBM lança seu primeiro portátil, o IBM 5155; as dimensões eram similares às do Osborne 1, mas o 5155 tinha impressionantes (para a época) 256 kB de RAM.
TRS-80 Model 200
O primeiro 'dobrável'
Em 1985, a Radio Shack lança o modelo TRS-80 Modelo 200; esse foi o primeiro notebook dobrável como um caderno, com o monitor ocupando uma das metades.
Em 1988, a NEC lançou o modelo Nec Ultralite. A NEC estava na verdade desenvolvendo um portátil que provesse mobilidade aos seus engenheiros que trabalhavam nas linhas de montagem de PABX; quando os engenheiros de computação perceberam que podiam colocar MS-DOS aos portáteis, estava criado o Ultralite. A NEC fez uma grande campanha de lançamento, pouco antes da COMDEX 1988; pela primeira vez, utilizou-se o termo notebook para designar essas pequenas máquinas portáteis (até então, o termo era laptop).
Em 1989, a Apple lança o Macintosh Portable, seu primeiro modelo portátil.
Em 1990, a Compaq lança o modelo SLT/286. Além de evoluir do microprocessador 8086 para o 286, esse modelo foi a primeiro a contar com tela VGA (até então, todas as telas eram monocromáticas, fossem verde, laranja ou azul).
Em 1992, a IBM lança sua linha Thinkpad, com os modelos 700 e 700C. Essas máquinas já vinham com Windows 3.1, processador 486 de 50 MHz, disco rígido de 120 MB, 4 MB de RAM (expansíveis até 16 MB). O modelo 700C foi a primeira máquina a apresentar tela com tecnologia TFT. Outra inovação desses modelos foi apresentar um pequeno ponteiro (trackpoint) no meio do teclado, em substituição ao mouse.
Em 1994, o ThinkPad 755CD foi o primeiro notebook a vir com drive de CD-ROM; em 1997, o ThinkPad 770 seria o primeiro a vir com drive de DVD-ROM. Em 2005, toda a linha de PCs da IBM, inclusive a série Thinkpad, foi adquirida pela Lenovo.
De 1990 para cá, a evolução dos notebooks passou a acompanhar de perto a evolução dos desktops. Os crescentes ganhos em desempenho de CPU e o preço declinante das memórias (incluindo as de vídeo) são rapidamente repassados para os portáteis. Periféricos (gravadores de CD/DVD, dispositivos USB, etc) e aplicativos (especialmente para conexão em rede e à internet) para notebooks são tão comuns como para desktops.
Nos dias atuais, com o aumento do desempenho e da conectividade, diversos notebooks se propõem a substituírem completamente a estação de trabalho.