1.O QUE É EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD)?
De acordo com a legislação educacional brasileira, "educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação."(definição que consta no Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB lei n.º 9.394/96.).
1.1 A evolução na educação à distância no Brasil, sua legislação segundo o que rege a LDB. As tecnologias telemáticas que permitem uma rápida comunicação entre professores e alunos.
Justificativa: A educação à distância, surge na Alemanha em 1890. A seguir, inúmeros países adotam o ensino a distância como uma opção a mais para ministrar cursos em nível médio, técnico, universitário e, de pós-graduação. A lnglaterra, foi o primeiro país a instituir a "Universidade Aberta",verdadeiro marco de vanguarda no ensino superior a distância.
2. VISÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Desde a Antigüidade constatam-se iniciativas de intercambiar informações, de veicular orientações, instruções entre pessoas ou cidades dedicam à modalidade da educação a distância. Tanto na Grécia como, posteriormente, em Roma, as pessoas comunicavam-se através de correspondência (correio), com o intuito de troca de informações sobre o cotidiano privado e/ou da comunidade, transmitindo informações, notícias úteis ao desenvolvimento econômico e social das comunidades. No entanto é na modernidade que se manifestarão as primeiras iniciativas de ensinar determinados saberes sem a relação presencial entre o preceptor (professor) e o aprendiz (aluno).
Por volta de 1728, a Gazeta de Boston (EUA) publicou um anúncio de autoria do professor Cauleb Philips em que dizia: “Toda a pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston” (SARAIVA, p.18). O Curso era o de taquigrafia. Mas foi no século XIX na Europa que o ensino por correspondência vai caracterizar-se como a primeira geração de procedimentos de ensino a distância. Segundo em 1883 na Suécia registrou-se a primeira experiência de um curso de contabilidade por correspondência.
Na Inglaterra (1840) Issac Pitman resume os princípios da taquigrafia em cartões postais que trocava com seus alunos. A “Phonografic Corresponding Society” foi criada na Inglaterra em 1843. Os alemães fundaram o primeiro Instituto de Ensino de Línguas por correspondência por iniciativa de Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt. Nos EUA por volta de 1873, Anna Eliot Ticknon funda a “Society to Encourage Study at home” e na Pennsylvania, Thomas J. Foster cria um curso sobre medidas de segurança no trabalho de mineração (International Correspondence Institute). No mesmo ano de 1891, a Universidade de Wisconsin passa a ofertar, em nível de extensão, cursos pelo correio. (SARAIVA, p.18). No início do século, mais precisamente no final da Primeira Guerra Mundial, houve procura muito grande por escolarização na Europa Ocidental, tendo em vista a falência dos Estados nacionais, a falta de Segundo recursos e a dispersão espacial dos demandantes, o que impulsionou a necessidade da institucionalização de um ensino a distância. (p.37) a URSS em 1922 criava um sistema de ensino por correspondência para assegurar a formação dos trabalhadores que, em dois anos, atendeu em torno de trezentos e cinqüenta mil estudantes.
Até a Segunda Guerra Mundial várias experiências foram adotadas, desenvolvendo-se melhor as metodologias aplicadas ao ensino por correspondência que, depois, foram fortemente influenciadas pela introdução de novos meios de comunicação de massa, sobretudo o rádio (...) (NUNES, s/d, p 7). Você encontrará no capítulo I do livro de Garcia Aretio “La Educacion a Distancia e la UNED”, um resumo cronológico dos principais eventos que fizeram os primórdios do ensino a distância no mundo e, no capítulo X, uma lista das mais destacadas organizações e redes internacionais que se dedicam á modalidade da educação à distância.
3. CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
Nos últimos dez anos assistimos a uma dramática e intensa internacionalização da economia, da comunidade e de informações que atividades. inovações constantes têm ocasionado repercussões definitivas no progresso científico e tecnológico, sem contudo dar conta da problemática da sociedade, cada vez mais desigual. Uma das questões presentes nas discussões é o novo tipo de associação entre ensino, educação e aprendizagem: emerge daí uma dubiedade de conceitos entre formar e informar, treinar, educar, ensinar e aprender, fato este que amplia a responsabilidade dos docentes nas instituições educativas em seus diferentes níveis (DEMO 1998). Freqüentemente Ensino a Distância e Educação a Distância são utilizados como sinônimos, no contexto do processo de aprendizagem.
Ensino e educação são sinônimos? Tente diferenciar.
Segundo Maroto (1995), enquanto ensino expressa treinamento, instrução, transmissão de informações etc. a educação é estratégia básica de formação humana, isto é, aprender a aprender, criar, inovar, construir conhecimento, participar etc. É importante termos claro que concepção filosófico-política de educação vamos adotar na organização, planejamento e desenvolvimento de projetos educativos na modalidade de educação a distância. Antes de explicitarmos algumas concepções (definições) de Educação a Distância (EAD), é necessário conceber com clareza o fenômeno educativo. Luckes (1990), trabalha com três vertentes filosófico-políticas de educação. A primeira “vertente” é chamada de concepção redentora, porque a compreende Como manifestação social que objetiva formar a personalidade dos indivíduos, desenvolver suas habilidades e inculcar valores éticos julgados necessários à manutenção da vida em sociedade.
A educação deverá promover a adaptação do indivíduo a uma sociedade entendida como organicamente harmoniosa, reforçando os laços entre os indivíduos, promovendo a coesão social e a integração de todos (Idem, p.38).
Esta concepção de educação acredita no “poder” absoluto para interferir nos destinos da sociedade, curando-a, redimindo-a etc. É otimista em relação à determinação da educação sobre o conjunto da sociedade, não percebe nem compreende criticamente o fenômeno educativo (p.49).
A interpretação ou compreensão da educação como da sociedade implica entendê-la como elemento da própria sociedade, determinada por seus condicionantes econômicos, sociais e políticos, portanto a serviço dessa mesma sociedade e de seus determinantes. Ela é denominada reprodutivista, porque, embora seja crítica, no sentido de situar a educação (escolar ou não escolar) como um fenômeno histórico-social e, portanto, fruto de condições políticas, econômicas e culturais, diz que ela reproduz cultural e ideologicamente as condições materiais e espirituais de uma dada sociedade. Trocando em miúdos, a educação não é percebida enquanto práxis contraditória e nas suas possibilidades de contribuir para a transformação social. Ela apenas reproduz e perpetua as condições sociais.
A terceira vertente filosófico-política de educação caracteriza-se pela denominação de crítica, porque diferentemente das outras concepções, “interpreta a educação dimensionada dentro dos determinantes sociais, como possibilidades de agir estrategicamente. Assim ela pode ser uma instância social, entre outras, na luta pela transformação da sociedade, na perspectiva de sua democratização efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só políticos, mas também sociais e econômicos” (LUCKES 1990, p.49).
Colocamos estas três vertentes conceptuais de educação para que você possa entender que há diferentes olhares sobre a Educação e que, disto resultarão projetos redentores, reprodutivistas ou críticos /transformadores, tanto para a educação formal/convencional ou presencial, quanto para a Educação a Distância.
A educação pode ser, então, concebida como processo de formação humana mediante a qual uma dada sociedade perpetua e transmite saberes, conhecimento, valores etc.
Conforme Libâneo (1990), a educação “(...) é um (...) processo de desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas, físicas, morais, intelectuais, estéticas – tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais (...) A Educação corresponde (...) a toda a modalidade de influências e inter-relações que convergem para a formação de traços de personalidade social e do caráter, implicando uma concepção de mundo, idéias, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, princípios de ação em face de situações reais e desafios da vida prática” (p.22-23).
4. SIGNIFICADO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE
Reconstruir a história da Educação Permanente é um exercício semântico e ao mesmo tempo cultural. Segundo Ettore Gelpi (1985), a investigação da história da educação permanente em diferentes culturas afeta a educação no seu conjunto. “Em cada civilização, o fio condutor de uma educação permanente no espaço e no tempo está presente de maneira notável nos momentos de mudanças sociais, científicas, econômicas e tecnológicas, mudanças estas que alteram a estrita reprodução de classes sociais, aparato dos partidos etc.”(GELPI, 1985), citado por (pg. 21). lembra que há duas interpretações para se compreender a Educação Permanente. A primeira diz respeito à necessidade de contínua formação numa determinada época, provocada por uma sociedade que exige constante renovação de conhecimentos. A segunda explicita um discurso sobre a Educação Permanente, que é todo um trabalho teórico em torno desse fenômeno.
Nos estudos que desenvolveu, o autor revela que na década de 70, quando organismos internacionais, como a UNESCO, desfraldaram a bandeira da Educação Permanente, aquela apresentava-a com um conceito “desideologizado”, ostentando um projeto de educação que deveria adaptar- se a todos os sistemas políticos, não importando o sistema social e econômico. Sintetizando, ele chama a atenção para a distinção de concepção que subjaz ao discurso ideológico conservador, que não revela as suas verdadeiras intenções. Sob a capa da a Educação Permanente esconde a continuidade de uma educação para a injustiça, isto é, uma educação inserta num contexto social injusto, o qual ela não coloca em questão (p.115-117).
A conceituação de educação permanente tem estimulado a imaginação e a criatividade institucional:
a) em relação aos diferentes períodos da vida e aos tipos e níveis das estruturas educativas (desde o pré-escolar até a educação da 3ª idade)
b) como princípio integrador das estruturas educativas (educação formal e não formal); c) como desenvolvimento e abertura de uma educação de adulto
d) como educação aberta através dos distintos meios de comunicação
e) como projeto educativo apoiado em métodos pedagógicos alternativos
f) como educação para toda a população, mais ou menos excluída da educação institucional.
A contradição mais importante, no entanto, é aquela entre uma educação permanente, reflexo da relação de forças institucionais, e uma educação permanente resultado das lutas educativas e culturais levadas a cabo por forças sociais, culturais e científicas. Mais além desta dialética, a educação de amanhã refletirá o desenvolvimento rápido das estruturas educativas formais que, na grande maioria dos países, permitirão o acesso a formas de ensino superior, em alguns casos à maioria da população; as possibilidades profissionais, estimuladas por inovações tecnológicas e pelas transformações das estruturas produtivas; ao prolongamento do trabalho e da vida e ao acréscimo de tempo para um trabalho elegido ou imposto; a possibilidade dos meios de comunicação de multiplicar as oportunidades educativas que se dirijam a todas as idades da população; a construção progressiva de unidades regionais, cuja função mais importante será intercultural ...(GELPI, 1985 p.22-23).
A educação permanente vem sendo ressignificada nos seus espaços de formação. Elevada a outros patamares, como o da formação continuada, segundo Anfope (1998, p.40), trata da continuidade da formação profissional, proporcionando novas reflexões sobre a ação profissional (...). Considera-se a formação continuada como processo de construção permanente do conhecimento e desenvolvimento profissional; a partir da formação inicial, é vista como proposta mais ampla, de humanização na qual o homem integral, unilateral, se produz a si mesmo em interação com o coletivo.
O que se pode concluir, a partir dos estudos, sobre educação continuada ou permanente?
A educação continuada ou permanente refere-se às oportunidades educativas ampliadas para o maior número de pessoas, permitindo perspectivas de qualificação profissional e a possibilidade de novas atividades.
5. CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Tratar de educação a distância implica não isolá-la da educação em gera. Sua preocupação basilar é a democratização e o acesso ao saber escolarizado, para atender a demanda imposta pela sociedade contemporânea, como uma das formas de superação de exclusão social. É importante evidenciar partindo da reflexão da Preti (1996) que “se antes existiam muitas resistências e pré-conceitos quanto a esta modalidade, parece que a conjuntura econômica e política no limiar do milênio acabou encontrando nesta modalidade uma alternativa economicamente viável, uma opção ás exigências sociais e pedagógicas, contando com o apoio dos avanços das novas tecnologias da informação e da comunicação.
Isto é, dentro da crise estrutural, a conjuntura política e tecnológica tornou-se favorável à implementação da EAD. Ela passou a ocupar uma posição instrumental estratégica para satisfazer as amplas e diversificadas necessidades de qualificação das pessoas adultas, para a contenção de gastos nas áreas de serviços educacionais e, no nível ideológico, traduz a crença de que o conhecimento está disponível a quem quiser “ (p.23). A educação a Distância deve ser entendida como um processo de formação humana que se organiza e desenvolve metodologicamente diferente do modelo presencial, no que concerne ao tempo e ao espaço. É, pois, uma modalidade de educação que imprime a necessária constituição de um Projeto Político Pedagógico sustentado por um quadro teórico-metodológico que irá nortear epistemologicamente todos os elementos constituintes e dinamizados da prática pedagógica.
É importante observar que a Educação a Distância (EAD) não pode ser vista como substituta da educação convencional, presencial. São duas modalidades do mesmo processo. Aquela não concorre com a educação convencional, tendo em vista que não é este o seu objetivo (NUNES, s/d). Vale ressaltar que ao não considerarmos a EAD como modalidade educativa alternativa para a democratização do saber, ela tem-se apresentado sob a forma de experiências isoladas e desconectadas de uma concepção filosófica-política consistente e necessária aos programas de educação.
O que podemos dizer da utilização da tecnologia como ferramenta de ensino em EAD?
A educação a Distância (...) não deve ser simplesmente confundida com o instrumental, com tecnologias a que recorre. Deve ser compreendida como uma prática educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar o conhecimento. É, portanto, uma alternativa pedagógica que se coloca hoje ao educador que tem uma prática fundamentada em uma racionalidade ética, solidária e comprometida com as mudanças sociais” (PRETI, 1996, P.27).
Compreende-se que, como na educação convencional, a concepção teórico-metodológica que irá informar e conformar o planejamento, a organização e o desenvolvimento de um projeto educativo na modalidade de educação a distância, poderá garantir o acesso, a permanência e a formação do cidadão.
Podemos perceber que a EAD não substitui a educação presencial. No que diferem estas duas modalidades de educação? A EAD, então, pode ser compreendida numa perspectiva crítica, como processo de formação humana que se organiza, planeja e se concretiza diferentemente daquela da educação presencial, sobretudo no que concerne a espaciotemporalidade. Para a professora Maria Lúcia Neder, “a estrutura da EAD modifica o esquema de referencia associada à presença do professor e do estudante, uma vez que decompõe o ato pedagógico em dois momentos e dois lugares: o ensino é mediatizado, a aprendizagem resulta do trabalho do estudante, a reação do aluno em face do conteúdo vem indiretamente ao docente por meio dos tutores, e a interação em sala de aula é em grande parte reduzida “ (NEDER, 1999).
Para a referida autora as vertentes epistemológicas se apóiam e se afiliam às teorias educacionais de aprendizagem que deslocam o centro da relação pedagógica do professor para o aluno. A grande maioria da clientela da EAD é de adultos. Assim, é importante observar que os projetos educativos levem em conta as características socioculturais e individuais dos alunos, trabalhando os conteúdos a partir desta realidade. Segundo Aretio (1996), a EAD difere da modalidade de ensino presencial por ser “um sistema de comunicação bidirecional que substitui a interação pessoal na sala de aula de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemáticas e conjunta de diversos recursos didáticos e apoio de uma organização e tutoria que propiciam uma aprendizagem independem e flexível”.
Apresentaremos na seqüência diferentes concepções de educação à distância de teóricos que vêm discutindo a temática: Ibanêz (1986). Educação a Distância é um sistema multimídia de comunicação bidirecional como o aluno alijado do centro docente (escola), e facilitado por uma organização de apoio, para atender de um modo flexível o aprendizado independente de uma grande população dispersa.
O sistema pode configurar-se como desenhos tecnológicos que permitem economias de escala (MORE, 1972). A educação a Distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem separadas das discentes, de tal forma que a comunicação entre o professor e o aluno podem realizar-se mediante textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas (PETERS, 1983).
A educação a Distância é um método de repartir conhecimentos, habilidades e atitudes, em que se caracteriza a tarefa mediante a aplicação de divisão de trabalho e de princípios organizativos. Assim como pelo uso extensivo dos meios técnicos, especialmente para o objetivo de reproduzir material de ensino de alta qualidade, pelo qual é possível instruir um grande número de estudantes ao mesmo tempo e onde estejam vivendo. É uma forma industrial de ensinar a aprender.
5.1 A Educação a Distância é uma nova modalidade educativa, alternativa pedagógica que não vem para substituir a educação presencial; mas é fruto de uma série de determinações presentes no atual estágio de desenvolvimento científico-tecnológico e exonômico das complexas forças produtivas, estágio político, cultural, didático educacional.
Subsumida a ela, há um novo paradigma educativo, na medida em que rompe com o ato pedagógico, historicamente concebido como um processo unitário e indissociável no tempo e no espaço, ou seja, a relação presencial entre professor e aluno. O docente não está mais em permanente face a face com seu educando; no entanto, esta relação continua existindo em novo patamar, alicerçando-se na mediação estabelecida pelos meios didático-pedagógicos contemporâneos.
É um processo educativo que, como a educação convencional ou presencial, implica dimensões biopsicossociológicas dentro de uma relação mediada e mediatizada do professor com o aluno. “ As novas mídias em pleno desenvolvimento neste final de século, aportadas na informática e na comunicação, têm possibilitado novas formas de intercomunicação, que vêm garantindo ou possibilitando que a relação presencial/dialógica possa ser também realizada sobre outro paradigma, que envolve as dimensões do tempo/espaço através de uma relação dialódica virtual. “ (AS, 199). O material didático se constitui no material impresso produzido para possibilitar o estudo, o aprendizado do aluno e/ou as narrativas combinadas da imagem, do som e a utilização de todas num hipertexto, tornando-se ferramentas de mediação na acão do ensino e da aprendizagem nesta modalidade educativa. O processo de aprendizagem passa a ter sua ênfase na ação discente. O aluno tem um papel preponderante na construção e apropriação do conhecimento, apoiando-se na mediação desenvolvida entre o material didático-pedagógico produzido pelo professor, o qual deverá propiciar-lhe uma aprendizagem mais autônoma e segura.
Por aprendizagem autônoma entende-se um processo de ensino e aprendizagem centrado no aprendente, cujas experiências são aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumir-se como recurso do aprendente, considerado como um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de por si dirigir e regular este processo. Este modelo de aprendizagem é apropriado a adultos com maturidade e motivação necessárias á auto-aprendizagem (...)” (TRINDADE, 1992, p.32; CARMO, 1997, p.300; KNOWLES, 1990 citados por BELLONI, 1999, p.40).
O papel docente nesta nova práxis educativa procurará garantir o aprendizado do seu aluno a distância. Torna-se muito mais complexo seu papel na medida em que precisa, ao invés de “dar aulas” face a face, passar a lecionar através de utilização de outras linguagens apoiadas por meios informacionais e de comunicação, que atingirão não apenas 30 ou 40 pessoas, mas às vezes centenas delas, numa relação de tempo e espaço diferentes da atividade presencial que conhecemos. O trabalho docente, neste contexto de EAD, caracteriza-se pela parceria, que vai desenvolver-se com a participação da tutora, reservada a um profissional da mesma área, que estará na “ponta” do processo de ensino-aprendizagem, garantindo a qualidade do processo de apropriação do conhecimento.
O tutor ou orientador acadêmico tem o papel didático-pedagógico de acompanhar, motivar, orientar e estimular o aprendizado de um aluno adulto, “solitário” da EAD. Seu trabalho será mais qualificado na medida em que conheça com profundidade o material didático produzido pelo professor, muitas vezes até podendo participar de sua produção e/ ou reformação, sobremodo se estiver inteirado do projeto político-pedagógico do curso. Conforme Preti (1996): “O tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem de cada cursista, estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o processo de ensino-aprendizagem dos cursistas. É por intermédio dele, também, que se garantirá a efetivação do curso em todos os níveis.”. Você pode consultar Maggio (2001) para perceber aspectos mais detalhados do papel didático-pedagógico que assume o tutor no sistema de EAD. Outro aspecto, que é fundamental na EAD, diz respeito aos procedimentos avaliativos, os quais deverão estar presentes no acompanhamento do aprendizado do aluno, mediante o trabalho do tutor, na avaliação contínua do material didático, por parte do aluno, tutor e docente; na avaliação do papel da tutoria pelo aluno e docente e a avaliação do próprio curso nesta modalidade. Isto tudo para assegurar um constante acompanhamento pedagógico, que garantirá a qualidade e a seriedade da educação à distância.
Portanto, “ (...) ao não consideramos a EAD como modalidade educativa alternativa para a democratização do saber, ela tem-se apresentado sob a forma de experiências isoladas e desconectadas de uma concepção filosófico-politica consistente e necessária aos programas de educação “ (UFPR/SETOR DE EDUCAÇÃO, 2000, p.32). É preciso imiscuirmo-nos nesta nova modalidade educacional, é preciso pôr o pé na lama, estabelecer diálogo com os novos atores e interlocutores. Afastarmos-nos disto, acreditando que a EAD trata ainda de pacotes tecnicistas, de instrução programada, acreditando que com isso estaremos garantindo a qualidade e o processo de democratização somente pela educação presencial tradicional é não encarar a realidade objetiva, com um dado real, como referência, como critério para a feflexão e a ação. Entendemos que a EAD pode se constituir num mecanismo de democratização do acesso a novas linguagens mediáticas e a inserção ou reinserção de contingentes de excluídos da sociedade digitalizada e globalizada.
Sem dúvida que a analise crítica das novas bases tecnológicas e da expansão das relações capitalistas são posicionamentos pertinentes aos profissionais da Educação; todavia o desvelamento do real e suas contradições histórico-sociais apenas, sem posturas de intervenção efetiva, de apropriação e articulação na própria contradição, não tem, no meu entendimento, contribuído para sairmos do discurso para a práxis. Tem-nos mobilizado num arrazoado verborrágico, que não avança e que precisa ser dialetizado, urgentemente, com vistas ao processo de transformação, sob pena, como já vem acontecendo, de “ jogarmo-nos juntos com a criança e a água do banho”. As novas condições e relações que se apresentam na materialidade objetiva e na subjetividade estão a exigir de nós novos patamares de análise, compreensão e intervenção na formação do cidadão; bem sabemos que essas condições têm implicado uma contradição social de proporção globalizado.
Ainda assim, cumpre apostar em que os processos educativos, que surgem desta mesma contradição, apresentam possibilidades e limites. Mediante projetos político-pedagógicos engendrados nas Universidades, podem estabelecer-se mediações com o mundo do trabalho. Assim, um contingente cada vez mais amplo de excluídos da cidadania, do conhecimento e da sociedade cibernética vão logrando redimir-se do atraso e da privação, para adentrar o mundo de insonhado futuro. Há liberdade para escolher o ritmo, os passos do estudo e decidir sobre os objetivos, meios didáticos, avaliações etc, permitindo ao estudante decidir também sobre a forma de como estudar. Com respeito à aprendizagem do adulto, salienta que, se desejamos compreender como o adulto aprende, é importante olhar para fora da instituição escolar. Você concorda?
Os adultos enfrentam seus problemas, buscando as formas para conseguir solucioná-los. Para ele os adultos aprendem em casa, na biblioteca, no campo ou assistindo a qualquer manifestação cultural.
Para Wedemeyer, a crescente industrialização, a luta pelos direitos e liberdade sobretudo pelas classes menos privilegiadas, os radicalismos políticos, as manifestações jovenis nos idos dos anos 60, a mudança de estilo de vida e a demanda crescente pela educação têm configurado um novo modelo de educação de adultos, que contempla os seguintes postulados:
a) Os adultos são, por definição, auto-responsáveis; de acordo com isto, tem direito a decidir sobre o que e como será sua educação.
b) Há de considerar as diferenças individuais, sobre todo o campo dos estilos cognitivos.
c) Se as instituições apóiam as demandas de aprendizagem dos adultos, estes conseguirão apoiar-se a si mesmos.
d) O surgimento e o desenvolvimento de uma série de elementos tem facilitado a irrupção do fenômeno da educação não presencial.
Utilizando racionalmente a escrita, a imprensa, a correspondência, a telecomunicação e os textos programados, supõe Wedemeyer que pode vencer plenamente o problema da distância ou a separação entre o professor e o aluno.
6. POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ao longo das décadas de 70 e 80 o Governo Federal criou várias comissões ou grupos de trabalho para discutir a questão do ensino a distância no Brasil. Segundo Niskier (1996), em 1977 foi criado um grupo de trabalho para estudar a possível implantação de uma Universidade Aberta e a Distância nos moldes da Open University Britânica.
Mais de anos depois no Governo Sarney, outro grupo de trabalho concluiu documento denominado “Por uma Política Nacional de Educação Aberta e a Distância (1989).
Neste algumas linhas gerais para implantação da EAD no Brasil foram definidas:
• Proceder ai levantamento da demanda real de necessidade, a ser atendida pela metodologia de EAD.
• Promover a formação de equipes multidisciplinares para a produção de programas.
• Ampliar o acervo das bibliotecas escolares, de modo a incorporar também vídeos, disquetes e outros materiais.
• Incentivar a produção de programas locais de rádio e televisão.
• Apoiar técnica e financeiramente programas e projetos de EAD promovidos por instituições públicas de ensino e organizações da sociedade civil sem fins lucrativos.
• Estabelecer mecanismos de acompanhamento e avaliação de programas e projetos da EAD.
• Aproveitar a infra-estrutura de instituições de ensino médio e superior, para torná-las centros de EAD regionais e/ou estaduais.
• Incluir a metodologia da EAD nos currículos dos curso de educação e de comunicação.
• Oferecer, nas universidades, cursos de especialização em metodologia de educação à distância.
Oferecer cursos de especialização para professores e outros profissionais de ensino superior, em face da carência de recursos humanos com titulação adequada e formalmente exigida (NISKIER, 1996). Somente na década de 90 podemos observar uma gradativa implementação de iniciativas governamentais com certa perenidade. O Ministério da Educação e a Fundação Pinto (TVE – RJ) lança em 1990 o Programa Um Salto o Futuro, com o objetivo de qualificar professores do Ensino Fundamental em serviço, através da modalidade de tele-educação. O Programa TV-Escola, lançado em 1995, por sua vez, constituiu um avanço em relação ao “Um Salto para o Futuro”, ao incorporar e produzir novas formas de aprendizagem para os docentes e novos materiais audiovisuais para uso em sala de aula, contribuindo para a qualidade da prática pedagógica e para formação continuada dos professores em tecnologia da Educação. Alonso (1996) ressalta que em 1993 foi estabelecido um Convênio entre o MEC e as Universidades Públicas Brasileiras no sentido de criar uma Sistema Público de EAD em nível de terceiro grau. A conseqüência prática deste foi a constituição do Consórcio Interuniversitário de Educação p.39). acordo com as demandas regionais, definindo linhas de trabalho em EAD que contemplassem a diversidade, os problemas e as características de um país como o nosso.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei Nº 9.394/96), promulgada em 20 de dezembro de 1996 prevê a implantação gradativa da Educação a Distância (EAD) no Sistema Nacional de Ensino. Conforme Garcia (1998), “a plena entrada em vigor da LDB Nacional apresenta mais de 100 dispositivos que necessitam de regulamentação especial, quer seja do Conselho Nacional quer seja dos Conselhos Estaduais de Educação” (p.37). Porém, no que tange a EAD, as ações governamentais têm sido muito ágeis na promulgação de legislação complementar que define orientações básicas para implantação, credenciamento e avaliação dos programas de teleducação.
O Art. 80 da Lei estabelece que a União incentivará o desenvolvimento de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e, regulamentará os requisitos básicos necessários para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos a distância. O Decreto Nº2494/98 veio regulamentar o Artigo 80 da LDB, definindo a compreensão (oficial) do que é EAD, da oferta, do credenciamento, da autorização e dos exames. A Portaria Nº301/98 normatiza os procedimentos de credenciamento para a oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica a distância (www.mec.gov.br).
A seriedade dos programas de EAD pode ser colocada em xeque “(...) há uma resistência muito acentuada, em certos setores governamentais e da intelectualidade acadêmica, com respeito à seriedade dos cursos de EAD. Respondo: Por que então não se fecham certos cursos presenciais, já que muitos sistematicamente transgridem as normas legais, funcionando como semipresenciais e continu am com o privilégio de dar diplomas a alunos. Neste momento estão por se definirem os rumos políticos da EAD, no Brasil, para os próximos 15, 20 anos, que tanto poderão consolidar novos parâmetros de qualidade educativa quanto contribuir para aumentar a segmentação social em nosso país” (GARCIA, p.38). Ainda Walter Esteves Garcia lembra-nos: “O prestígio de que desfrutam hoje algumas instituições que desenvolvem EAD repousa na excelência de seus colaboradores, sejam eles professores, técnicos, experts em diferentes mídias etc. Em alguns ambientes circulam visões equivocadas, pretendendo fazer da educação a Distância uma atividade que não exige grandes investimentos. (...) Os investimentos iniciais são elevados, não só porque os primeiros resultados custam a aparecer, diferentemente da educação presencial, e exigem elevados custos em infra-estrutura, preparo de programas, definição das estratégias operacionais, equipes de apoio, etc” (GARCIA, 1998, p.39.
7. ACEITAÇÃO DA EAD
7.1 A IMPLEMENTAÇÃO
A implementação do ensino a distância tem sido um desafio durante parte da história da humanidade. Desde a segunda metade do século XX, o que realmente consagrou o ensino a distância foi o chamado curso por correspondência, exemplo que encontramos ainda nos dias de hoje, que é um dos mais antigos e inclusive obteve um desenvolvimento do aluno a distância. Também a utilização da televisão como grande instrumento de educação que atingiu seu pico após a popularização do vídeo cassete, que trouxe uma série de soluções para o ensino a distância (NISKIER, 1999).
Nos dois casos acima, acontece que, em um, o aluno tem uma grande atividade, visto o fato de que o curso por correspondência se trata de uma transferência da informação de forma escrita (estática), o aluno deve se esforçar a ler e compreender conceitos os quais são apresentados em formas muitas das vezes não muito ilustrativas, pois não há uma participação do educador.
No outro caso, da televisão, existe uma grande participação do educador, o qual inclusive se apresenta diante do aluno através da televisão, cuja desvantagem é que apesar de ser uma apresentação dinâmica de informação, o aluno fica alienado, à frente da televisão, que não lhe proporciona nenhum tipo de atividade ou mesmo acompanhamento de seu aprendizado, levando o aluno à imparcialidade e à omissão de pesquisa e leitura.
Para o sucesso do ensino a distância, especialistas alegam uma possível solução é a junção das duas alternativas acima. E esse casamento é possível através da Internet, a qual possui todos os recursos para oferecer dinamismo para ambos, tanto para o educando como para o educador. E para se entender melhor como utilizar a Internet no ensino a distância, o educador deve-se preocupar com a execução de um curso a distância e à avaliação, enfim, que se dá no acompanhamento e no desenvolvimento do aluno à distância (LUCENA, 1997).
8. A AVALIAÇÃO
A forma de avaliação e acompanhamento de um curso oferecido via Internet é bem simples, sendo que essa avaliação fica a critério e criatividade de cada um. A grande importância do educador é se preocupar com o objetivo do curso, pois esse deve oferecer, no final, um certificado de conclusão ao aluno. Os mecanismos de avaliação, durante e até ao final do curso, devem funcionar como segurança do reconhecimento da EAD pelos órgãos de competência, visto que o aluno deverá realizar pelo menos uma avaliação (preferencialmente no final) em corpo presente, de acordo com a legislação brasileira em vigor para a prática do ensino a distância (MORAN, 2006).
Os mecanismos de avaliação podem ser dos mais diversos tipos, dependendo do nível de implementação do curso oferecido, podendo ser desde um questionário respondido via e-mail até testes on line com resultado instantâneos. Com relação à integridade das respostas dos testes e à confiabilidade da avaliação, que muitos não acham de total credibilidade, essa fica por conta de quem constrói a avaliação.
Segundo a professora Regina Blois Pereira, 34 anos, não se pode criticar o ensino a distância simplesmente pelo fato do aluno não estar de corpo presente para ser avaliado e aí dar margem a alegações de “cola”. “Respostas em grupo não tem nenhum sentido, pois a avaliação pode ser dinâmica, oferecendo questões diferentes à”. cada um dos participantes e com nível de profundidade na disciplina que só quem realmente realizou o curso poderá responder, além do que seu tempo de resposta poderá até ser cronometrado”, explica a professora.
Uma forma de garantir a validade e qualidade do certificado oferecido ao final do curso é a realização de um rigoroso acompanhamento, da mesma forma que ocorre em um curso convencional, ou seja, acompanhamento de presença, trabalhos e participação em grupos de debate. Todo esse tipo de acompanhamento pode ser realizado para que o curso oferecido possa transmitir ao mercado um comprometimento com a seriedade e qualidade do ensino proposto, pois se não houver empenho do aluno, ele será ou apenas não receberá o certificado de conclusão do curso.
Professores ligados na implantação dos cursos à distância na Internet explicam que qualquer forma de ensino ao nível da “perfeição” é trabalhoso e envolve um certo custo para seu projeto possa atingir sucesso.
Em contrapartida, há como se criar implementações simples na Internet, não tão sofisticadas mais que obterão um ótimo nível na qualidade do ensino como um todo. Isso é possível pelo fato da Internet ser um instrumento de pesquisa e comunicação, onde todas as atividades do aluno podem ser acompanhadas e direcionadas dentro da própria rede, o que faz com que o mesmo possa despertar para a pesquisa e descobrir novas informações que estão disponíveis na Internet, ajudando no aprendizado e fortalecendo seu conhecimento (JONASSEN, 1992)
Precisamos reinventar a forma de ensinar e aprender, presencial e virtualmente, diante de tantas mudanças na sociedade e no mundo do trabalho. Os modelos tradicionais são cada vez mais inadequados. Educar com novas tecnologias é um desafio que até agora não foi enfrentado com profundidade. Temos feito apenas adaptações, pequenas mudanças. Agora, na escola e no trabalho, podemos aprender continuamente, de forma flexível, reunidos numa sala ou distantes geograficamente, mas conectados através de redes.
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