Por Antonio Gasparetto Junior |
No ano de 1893 quem governava a província do Rio Grande do Sul era Júlio de Castilhos, o qual possuía forte vínculo com o poder central e o então presidente Floriano Peixoto. Defendendo idéias federalistas e consecutivamente mais descentralizadoras um grupo se organizou na tentativa de derrubar Júlio de Castilhos do poder. Esse grupo era liderado por Gumercindo Saraiva e Gaspar da Silveira Martins. Ambos os revolucionários estiveram exilados no Uruguai ao longo de alguns anos, onde permaneceram na região típica por receber os espanhóis que provinham da região de Maragateria. Na tentativa de impor uma identidade “estrangeira” sobre os revoltosos, o grupo que estava no poder passou a chamá-los de Maragatos.
A tentativa de tirar vantagem através da suposta alcunha de maragatos não logrou sucesso para o grupo que estava no poder. Os revoltosos não se incomodaram muito com o apelido que lhes fora imposta e pouco tempo depois chegaram até mesmo a criar um jornal que possuía como nome o próprio termo maragatos.
Com o movimento liderado por Gumercindo e Gaspar da Silveira os maragatos deram então inicio a Revolução Federalista no ano de 1893. Os maragatos revidaram ao criar um apelido que identificasse também o grupo que estava no poder e que defendia uma política mais centralizada, os chamaram de Pica-paus.
Certamente, entre a troca de alcunhas, o impacto negativo foi mais forte para os que passaram a ser denominados como Pica-paus. Isso porque os maragatos logo se identificaram com o termo e providenciaram sua promoção através do próprio jornal e também porque seus líderes não se incomodavam e não escondiam de ninguém o exílio que tiveram que cumprir no Uruguai.
Por outro lado, a alcunha gerada para identificar o grupo que estava ao lado de Júlio de Castilhos tinha três motivos bem diferentes. Em primeiro lugar, o apelido tinha como fundamento o tipo de cobertura que os militares que apoiavam essa facção utilizavam, as listras brancas usadas seriam semelhantes a um tipo de pica-pau que é comum ao sul do Brasil. Em segundo lugar, os revoltosos zombavam que o barulho das armas utilizadas pelos seguidores de Júlio de Castilhos assemelhava-se com as bicadas de um pica-pau na madeira. E em terceiro lugar, completando a vestimenta, o chapéu usado pelos defensores do governo à época parecia um bico, isso porque possuía uma ponta fina e comprida com um penacho atrás, o que os maragatos acusavam de lembrar a ave que permitiu a alcunha.
Pica-paus e maragatos se declaravam então opositores e se enfrentaram durante a Revolução Federalista de 1893. O combate chegou ao fim após uma guerra civil que durou até agosto de 1895, tendo como vencedores os Pica-paus.
Fontes:
http://www.infoescola.com/historia/revolucao-federalista/
http://www.scribd.com/doc/2980604/Historia-do-Brasil-PreVestibular-1893-Revolucao-Federalista
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pica-pau_(Revolução_Federalista)
http://www.riogrande.com.br/historia/temas_maragatos_e_picapaus.htm