O brasileiro inventor do avião
Em 2006 foi celebrado o centenário do primeiro vôo realizado em um aparelho mais pesado do que o ar, ou a própria invenção do avião, como queiram. O primeiro vôo de um objeto mais pesado que o ar foi realizado em 23 de outubro de 1906, através da teimosia (persistência), audácia e do gênio inventivo de um brasileiro chamado Alberto Santos Dumont. O aparelho com o qual fez a proeza, foi batizado por Dumont de 14-Bis. Santos Dumont nasceu em Minas Gerais, no dia 20 de julho de 1873, e já na sua infância destacava-se pelo talento com que produzia pequenos objetos voadores, feitos de bambu e propulsão a elástico. Em 1892, aos dezenove anos, inicia em Paris estudos de Física, Química e Matemática, além de desfrutar da efusiva vida cultural lá existente. Já em 1898, após um longo período de pesquisas e estudos em balonística, eleva-se aos céus de Paris em um balão de 113 metros cúbicos, quando a tecnologia vigente condicionava o uso a um volume de 700 a 800 metros cúbicos, fator de grandes riscos de acidentes. O invólucro de seda japonesa pesava apenas 3,5kg e a rede envolvente e o cordame de sustentação apenas 1,8kg. Um padrão tecnológico bastante avançado para a época. Nos três anos seguintes constrói seis balões, e em 1901 contorna a Torre Eiffel. O percurso total durou 29 minutos e 30 segundos, partindo do Campo de Saint Cloud e executado com precisão e destreza. A façanha valeu-lhe o prêmio Deutsche de La Meurthe. O prêmio, no valor de 125 mil francos, foi dividido por Santos Dumont entre seus mecânicos e auxiliares, cabendo uma parcela (75 mil francos) ao chefe de polícia de Paris para que os trabalhadores pobres pudessem resgatar ferramentas empenhadas. Gestos de grandeza que, ao mundo, revelavam o gênio e o humanista. Nos cinco anos que se seguiram, desenvolveu nove outros projetos, com a média de um a cada seis meses. Em 1906, o milionário Ernst Archdeacon institui a taça que leva seu nome e o prêmio de 3.000 mil francos para aquele que, com tração própria, conseguisse levantar vôo, percorrendo uma distância mínima de 25 metros, em um aparelho mais pesado que o ar. Santos Dumont trabalha, então, no projeto que o mundo, anos mais tarde, denominaria "avião". Era o 14-Bis. O modelo concebido por Santos Dumont era inverso ao que conhecemos hoje; ou seja, as asas e o motor estavam localizados na parte traseira. As superfícies de comando foram colocadas numa caixa vazada na parte dianteira, onde era flexionada determinando assim o giro direcional da aeronave. No dia 23 de outubro, no campo de Bagatelle, na presença de centenas de pessoas e de uma câmara cinematográfica, Santos Dumont decola, percorrendo 61 metros de distância e 8 de altura. Marca que seria superada por ele mesmo dias depois, em 12 de novembro. O brasileiro vence o desafio e inaugura uma nova era para a humanidade: o transporte aéreo surgia a partir de então como uma possibilidade concreta e não mais como um sonho. Mas, além do avião, Santos Dumont acabou, por necessidade e sem nenhuma intenção inventiva, foi o idealizador do relógio de pulso. Na comemoração da vitória do contorno da Torre Eiffel em seu balão, o gênio comentou com o amigo e joalheiro Lois Cartier da dificuldade de saber o tempo de vôo, já que usava as duas mãos nos controles e não tinha como usar o relógio no bolso do colete. Algum tempo depois Dumonte recebeu um relógio de pulso do amigo e, posteriormente, o modelo Santos foi produzido em série. Em 1910 Santos Dumont fez seu último vôo como piloto. De volta ao Brasil, ao saber do uso de sua invenção na Revolução Constitucionalista do Brasil, em 1932, ou seja, seus aviões estavam sendo usados numa revolução fratricida, Dumont entrou em forte depressão e acabou se suicidando em julho daquele mesmo ano, na cidade de Guarujá, Santos, SP. Santos Dumont recebeu o título de Marechal-do-ar e pelo decreto lei de 1971, foi proclamado Patrono da FAB (Força Aérea Brasileira). Ele escreveu 3 livros: A Conquista do Ar-1901, Os Meus Balões-1904, e O Que Eu Vi, O Que Nós Veremos-1918. Fontes: Ministério da Aeronáutica Enciclopédia Abril - Jornal da Barra |