Após a conclusão do primeiro ato revolucionário do
continente europeu, o partido revolucionário continental foi derrotado. Os
rápidos movimentos de 1848 não foram obra de simples indivíduos, mas
manifestações espontâneas e irresistíveis de necessidades nacionais
seguidas por numerosas classes em todo país.
A composição das diferentes classes que constituem a base
de toda a organização política, era na Alemanha mais complicada do que
noutros países. Enquanto na Inglaterra e na França o feudalismo estava
totalmente destruído, ou pelo menos reduzido a proporções muito
insignificantes, por uma poderosa e rica classe média concentrada em
grandes cidades e particularmente na capital, a nobreza feudal prevalecia
com uma enorme quantidade dos seus antigos privilégios.
A grande massa da nação, que não pertencia à nobreza nem à
burguesia, estava constituída nas cidades pelos pequenos comerciantes,
lojistas e trabalhadores, e no campo, pelo aldeões.
O desenvolvimento da classe trabalhadora, no aspecto social
e político estava muito distante do da Inglaterra e França, houve um certo
desencontro no desenvolvimento e na articulação das classes, até que se
chegou ao desmembramento político que houve na Alemanha.
O ESTADO PRUSSIANO
Os príncipes menos influentes da Alemanha em parte se asseguraram
contra uma supremacia da Áustria e da Prússia, para unir fortemente as
províncias que estavam sob as suas ordens. A Dieta da Confederação era
um simples foguete para usurpar a sua independência como estados
soberanos e também servia para frear toda oposição.
Para completar a confusão das idéias reinantes na Alemanha,
a partir de 1830, com estes elementos de oposição política estavam
misturados, compêndios mal interpretados, da filosofia alemã das
universidades e investigações mal dirigidas acerca do socialismo francês,
especialmente do sansimonismo; o grupo de escritores que se ocuparam
com esta heterogênea confusão de idéias designava-se presumidamente a
si mesmo como a “Jovem Alemanha” ou a “Escola Moderna”. Em 1848 a
Alemanha encontrava-se às vésperas de uma revolução e essa revolução
teria estalado então com toda certeza se a Revolução Francesa de
fevereiro não a tivesse detido.
O RESTANTES ESTADOS ALEMÃES
Mesmo considerados como Estados inferiores desde os
movimentos revolucionários de 1830, tinham-se mantido completamente
sob a ditadura do Dieta, isto é, da Áustria e da Prússia, foram
estabelecidas constituições como mão de defesa contra as ordens dos
Estados e como meio para unir as Assembléias Provinciais.
A religião católica, como acontecia na Alemanha em 1845 e
em todos os Estados, eram consideradas como uma parte da lei do
território.
De forma em geral o estado da Prússia e dos pequenos
Estados nos fins de 1847 era o seguinte:
A classe média, apercebendo-se da sua força e decidia a não sofrer
por mais tempo os entraves que limitavam e entorpeciam as suas
transações comerciais, a sua produtividade industrial e a sua ação de
classe com o despotismo feudal e burocrático; uma parte da nobreza rural
transformada em produtora, oferecendo os seus artigos no mercado e,
com a mesma igualdade de interesses, partilhando a sua causa da classe
média; as classes marcantes inferiores descontentes, sem poderem
desembaraçar-se dos tributos e obstáculos lançados na marcha dos seus
negócios, mas sem nenhum plano definido de reformas que pudessem
assegurar a sua posição dentro do organismo social e político; os artesãos
oprimidos aqui pelas exacções feudais e ali pelos prestamistas, pelos
usuários e pelos procuradores; a classe trabalhadora doas cidades
participando no generalizado.
ÁUSTRIA
A Áustria permaneceu quase oculta até Março de 1848. O
governo se apoiava em 2 princípios fundamentais: manter a zona de
diferentes nações sujeita a lei prussiana e em relativa separação com os
demais, e contar com o seu apoio com as duas classes sociais, a dos
senhores feudais e a dos grandes capitalistas dedicados à especulação.
Não havia uma única classe que estivesse contente, nem que pudesse
agradecer ao governo a mais pequena concessão, porque, se este
conseguia dar alguma, não era a custa dos fundos do tesouro, que não
podia, mas as expensas da aristocracia e do clero, porque os grandes
banqueiros e os possuidores dos fundos públicos, em face dos últimos
acontecimentos na Itália em virtude da crescente oposição da Dieta da
Hungria e do dissolvente espírito de descontentamento geral e o constante
grito de reforma, tudo isso a impor-se contra o império, não acreditavam
que este se encontrasse suficientemente capaz de fortalecer a sua fé e
assegurar a solidez e a solvência do império austríaco.
A INSURREIÇÃO DE VIENA
Em 13 de Março de 1848 o povo de Viena derrubou do
poder o príncipe Metternich e obrigou-o a fugir vergonhosamente do
território. A Revolução de Viena, foi realizada pelo desejo quase unânime
de todos. A burguesia, os pequenos industriais e os trabalhadores se
voltaram contra o governo, a revelação fez com que a classe média fosse
moralmente a mais predominante, camponeses gozavam de liberdade
absoluta e os seus trabalhos foram coroados de êxito na Áustria mais do
que em nenhuma outra parte da Alemanha. E se a Áustria se encontra
tranqüila nesse momento, isso se deve principalmente a imensa maioria
do povo, através da revolução.
A INSURREIÇÃO DE BERLIM
Berlim foi o segundo centro do movimento revolucionário,
embora não encontrasse apoio unânime como encontrou em Viena.
Houve uma Revolução em fevereiro que manifestou-se como uma
revolução das classes dos trabalhadores contra a classe média:
proclamava o desaparecimento desta e a emancipação dos trabalhadores.
Os camponeses prussianos, como na Áustria, aproveitam a
revolução para sacudir a própria opressão feudal. A classe média se
voltou contra os seus antigos e inseparáveis aliados; resultou de tudo isso
que ao fim de três meses de emancipação, após as execuções militares
que particularmente se realizavam na Silésia, o feudalismo restabelecido
e patrocinado pela anti-feudal burguesia que antes se impunha.
A ASSEMBLÉIA NACIONAL DE FRANKFURT
Depois das vitórias populares de Viena e Berlim, foi
decidido que houvesse uma Assembléia representativa para toda
Alemanha. Esta corporação foi eleita e reuniu-se em Frankfurt ao lado da
antiga Dieta federativa. O povo esperava que a Assembléia Nacional
alemã decidisse o verdadeiro critério de todos os pontos submetidos a
controvérsia e que atuaria como suprema autoridade legislativa em toda
Conferência Germânica.
Mas ao mesmo tempo a Dieta que a tinha convocado não
determinou as suas atribuições, ninguém sabia, por conseguinte, se os
seus direitos tinham força de lei ou se, pelo contrário, necessitava da
sanção da Dieta e dos próprios governos. A Assembléia também seria a
oportunidade de acabar com a divisão territorial da Alemanha.
CHECOS, POLACOS E ALEMÃES
A questão da nacionalidade e do fenômeno da confusão em
todos os distritos foi a socialização de algumas classes a partir do
trabalho, e com isso deu-se que o crescimento da população deu-se que o
crescimento da população tornou-se motivo de fundação de cidades nesta
região e a fabricação de artigos ficou monopolizada pelos judeus, que
eram mais alemães do que eslavos. Mas, como muitas vezes acontece, a
agonizante nacionalidade Checa, que vinha morrendo na história em
conseqüência dos fatos assinalados desde há quatro séculos, fez em 1848
um último e supremo esforço para reconquistar a sua primitiva
nacionalidade.
O PAN-ESLAVISMO. O CONFLITO SCHLESWING-HOLSTEIN
Enquanto o governo alemão era mal visto em todos os lados,
os governantes alemães, liberais e constitucionais, esfregavam as mãos de
alegria. Tinham conseguido sufocar os movimentos da Polônia e da
Boêmia e em todos os lados fizeram reviver as antigas animosidade
nacionais, que anteriormente tinham impedido toda a inteligência entre a
Alemanha, a Polônia e a Itália. Habituaram o povo às cenas de guerra
civil e à sua própria repressão através do militarismo. O exército
prussiano na Polônia e o austríaco em Praga, voltaram a recuperar a
confiança em si e, entretanto, o superabundante patriotismo da
revolucionária juventude dirigia-se a Schleswing e à Lambardia para ser
reprimido pelas garras de aço do inimigo, enquanto o exército regular, o
verdadeiro instrumento de ação da Prússia e Áustria, se colocava em
condições de voltar a obter a confiança popular, pelas suas vitórias sobre
o estrangeiro.
A ASSEMBLÉIA DE FRANKFURT E A REVOLUÇÃO DE PARIS
Uma crise ministerial disfarçada seguiu-se autorizado pelo
governo estabelecido pela Assembléia Nacional de Frankfurt, comandada
pela Prússia, tendo como efeito um armistício com a Dinamarca. Esta
forma infeliz de proceder excitou a indignação popular. Levantaram-se
barricadas, mas tinham-se enviado já para Frankfurt tropas suficientes e,
após seis horas de combates, a insurreição acabou por ser reprimida. Estes
combates preliminares deram ao partido anti-revolucionário a única e
valiosa vantagem de que agora o governo que tinha nomeado por eleição
popular, o governo imperial de Frankfurt e a Assembléia Nacional
tivessem ficado desprestigiados aos olhos do povo.
Fonte: http://poucodetudo.com/2011/03/30/a-alemanha-na-fase-da-revolucao/