Poço e plataformas de banho em Harappa datados de 2200-1900 a. C. |
Esta civilização, que hipnotiza os trabalhos arqueológicos até hoje, surgiu quando os britânicos, que dominaram a Índia entre 1757 e 1947, começaram a construir ferrovias em seus, então, domínios. Quando inauguraram o primeiro trem, os construtores viram que seria difícil obter material para a sustentação dos trilhos. Quando escavaram trilhos para estabelecer as linhas entre as cidades de Karachi e Lahore, os trabalhadores encontraram tijolos de argila cozidos.
Os engenheiros encarregados da obra, os escoceses John e William Brunton, examinaram os tijolos encontrados e viram que se tratava de um substituto econômico para o cascalho. Assim, deram ordem para que seus subordinados continuassem a desenterrar. Aos poucos, outros objetos, incluindo estatuetas e selos com inscrições desconhecidas, foram sendo descobertos.
Porém, ninguém tomou providências para que o local fosse adequadamente preservado, e as construções continuaram. Dessa forma, os tijolos da então desconhecida cidade de Harappa acabaram por ser a base para a construção de pelo menos 160 quilômetros da ferrovia. Apenas 65 anos depois é que os arqueólogos chegaram à conclusão de que ali havia uma civilização que era da mesma época dos mesopotâmicos. Esta foi conhecida como Civilização do Vale do Indo ou Harappeana.
John Marshall era o diretor das pesquisas arqueo lógicas na Índia durante a década de 1920. Foi em 1924 que ele anunciou a descoberta de uma nova civilização, seus trabalhos haviam começado apenas dois anos antes no que era então o noroeste da Índia e hoje é conhecido como Paquistão. Selos estranhos foram encontrados, gravados numa escrita desconhecida. Entretanto, Marshall e sua equipe nem poderiam imaginar que eram apenas sinais de cidades inteiras.
Um pouco mais de trabalho e logo apareceram os primeiros traços do que hoje se sabe ser as ruínas de Mohenjo-daro e Harappa, que indicavam a existência de uma grande civilização da Idade do Bronze, datada de um período estimado entre 2600 e 1900 a.C. Hoje, essas ruínas são conhecidas como “Civilizações do Vale do Indo” e cobrem uma área enorme. Havia pelo menos cinco cidades grandes, bem como vilarejos e pequenos assentamentos agrícolas.
Os Edifícios
Mohenjo-daro, uma das cidades grandes, é a mais explorada e estudada até hoje. Os trabalhos recentes nessa cidade sugerem que no geral cobria uma área extensa (aproximadamente 200.670 metros quadrados). Destes, apenas 10% foram escavados. A área central, um enorme monte na cidadela, foi construído numa plataforma e paira cerca de 9 metros acima do nível do chão. É cercado por um muro, possivelmente para proteger os habitantes de inundações.
Muitas das construções na cidade, como em outros locais de escavação no Vale do Indo, foram construídas com tijolos cozidos. Há outros fatores comuns, incluindo o fato de que medidas padrões parecem ter sido usadas por toda a região. Também há por lá algumas construções proeminentes, incluindo uma conhecida como O Grande Banho, que parece ter sido importante parte de um ritual de purificação. O Banho mede 9,75 por 7,01 metros e tem uma profundidade de 2,44 metros. Os tijolos usados habitualmente foram mergulhados em betume para tornar o local à prova de água; era cercado por uma colunata e um complexo de pequenas salas. Havia próximo dali um celeiro de cerca de 50 metros.
A parte baixa da cidade, que poderia conter 100 mil habitantes, também estava acima do nível das inundações, embora fosse fortificada. Era constituída em forma de grade e as causas eram construídas ao redor de seus próprios quintais, que eram alguns metros mais altos. O que mais chama a atenção nessas construções é o fato da maioria delas possuir banheiros e um poço próprio e que eram conectadas ao sistema de esgoto da cidade, composto por uma série de redes de drenagem.
Mesmo antes que Marshall fizesse o anúncio oficial da descoberta das cidades do Indo, os selos com a misteriosa escrita já haviam sido descobertos na área