Marrocos e o Estreito de Gibraltar
No século XIX o Marrocos era governado por um sultão muçulmano, por tribos amotinadas e por senhores feudais independentes. A excelente localização geográfica e a proximidade do Marrocos com a Argélia, já em poder da França, agradavam os franceses, pois tinham um interesse peculiar nessa região em razão das riquezas minerais ali existentes. Nesse sentido, o Marrocos havia despertado a cobiça de várias nações europeias, mas em 1904 o comércio francês já ultrapassava o de qualquer outro país da região. A França pretendia transformar o Marrocos não só em uma fonte de riqueza, mas também em um ponto de apoio para a defesa da Argélia.
A crise no Marrocos foi desencadeada por um acordo secreto feito pela França e pela Inglaterra, esse acordo tinha como principal objetivo o desmembramento do território marroquino que compreenderia numa ínfima parte da fronteira de Gibraltar com a Espanha e o resto pertenceria à França; em troca, a Inglaterra receberia o direito de agir livremente sobre o Egito. A região marroquina era também do interesse dos alemães que em 1905 conseguiram para o kaiser Guilherme II algumas terras em Tânger, com a aquisição de terras os alemães acharam-se no direito de protestar contra a negociação escusa entre França e Inglaterra.
A crise do Marrocos foi solucionada, aparentemente, de maneira diplomática pelo Congresso Internacional de Algeciras em 1906, na Espanha, no qual a França contou com o favorecimento de todos os envolvidos na querela marroquina. Em 1912 os alemães aceitaram receber uma parte do Congo Francês para abandonar todas as suas pretensões no Marrocos. Um ano depois a insatisfação das partes era nítida, de um lado os franceses diziam-se vítimas de chantagem alemã e do outro, a reclamação dos alemães era que as terras cedidas pela França à Alemanha não compensavam a perda dos privilégios na exploração do Marrocos.
A administração do general francês Lyaytey conseguiu apaziguar a crise no Marrocos graças a uma política de respeito às tradições, costumes e religiões dos nativos, apoiada por inúmeras medidas de ordem prática no sentido do crescimento material desses povos. Assim instaurou-se na rica região marroquina a paz francesa, mas não por muito tempo, pois surgiu uma onda de nacionalismo no Marrocos e, sem dúvida, tornou-se um dos problemas mais graves e de difícil solução para o governo francês. Assim, em 1956 a França foi obrigada a reconhecer a independência do Marrocos.
Por Lilian Aguiar
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