O culto ao líder nacional: uma das manifestações do regime totalitarista.
Os regimes totalitários surgem no mundo contemporâneo em um período marcado pela crise do sistema capitalista em algumas regiões da Europa. Em sua definição mais básica, o totalitarismo faz referência a todo e qualquer tipo de governo onde um único indivíduo ou partido passa a controlar as diversas instâncias do Estado. Ao mesmo tempo, esse tipo de regime define um tipo de relação onde o governo tem grande poder de intervenção na vida de seus cidadãos.
Para compreendermos melhor de que forma o totalitarismo funciona, podemos pontuar algumas das formas onde esse governo manifesta sua presença. No campo político, o totalitarismo não aceita a existência de múltiplas orientações político-partidárias. Segundo o pensamento totalitário, a existência desse tipo de organização política incita um contexto de divisão prejudicial aos interesses da nação. Por isso, os regimes totalitários preferem reconhecer a presença de um único partido.
Na economia, o Estado totalitário empreende uma série de intervenções que colocam o mesmo como líder máximo e direto do progresso material da nação. De forma geral, as empresas estatais têm grande presença econômica e atuam essencialmente em setores da indústria de base e tecnológica. O desenvolvimento dessas duas áreas seria de grande importância para que os demais setores da economia pudessem prosperar economicamente.
Os instrumentos de repressão são colocados à disposição do Estado para que seus interesses sejam imediatamente atendidos. Justificando sua ação em nome da unidade e dos interesses nacionais, o Estado totalitário encerra as liberdades civis. As forças de controle policial utilizam de violência, perseguição política, prisão sumária, tortura física e psicológica para dissolver qualquer tipo de manifestação que ponha em risco a hegemonia do regime.
Além de utilizar da força, intervir na economia e assumir todos os papéis do Estado, o totalitarismo também conta com uma visão ideológica bastante específica. Buscando o elogio a períodos históricos “gloriosos” ou a fundamental ação de alguns “heróis nacionais” o regime totalitário preocupa-se em incutir a idéia de que sua ação política visa retomar um tempo de glórias e conquistas. Para legitimar tal visão entre os cidadãos, é costume controlar os meios de comunicação para propagandear suas idéias.
Os exemplos mais comuns desse tipo de governo foram vivenciados na Europa do pós-guerra, quando Alemanha e Itália foram controladas pelos governos nazista e fascista, respectivamente. Na União Soviética, esse mesmo tipo de regime também pode ser observado no período em que Joseph Stálin tomou conta do país, entre os anos de 1922 e 1953.
Apesar de poder ser observado por meio de características comuns, o totalitarismo também deve ser compreendido dentro das especificidades construídas em cada um dos países onde aconteceu. Além disso, a construção do totalitarismo não depende da derrubada completa de regimes de natureza democrática. Muitos regimes da atualidade mesclam dentro de suas democracias alguns elementos típicos de um governo totalitário.
Por Rainer Sousa
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