A suástica foi incorporada em diferentes civilizações dos mundos ocidental e oriental.
Um símbolo carregado de uma memória triste que marcou o século XX pelas atrocidades acontecidas na Alemanha Nazista. Essa seria a primeira definição que alguém, com poucos conhecimentos históricos, ofereceria no momento que visse o célebre escudo que um dia estampou a bandeira alemã. Entretanto, poucos conhecem a trajetória da suástica, um antigo símbolo que teve os mais diferentes significados ao longo do tempo.
Alguns estudos apontam que esse mesmo símbolo, também conhecido pelo nome de “cruz gamada”, apareceu a mais de 3000 anos atrás em algumas moedas utilizadas na antiga Mesopotâmia. Além disso, diversas outras antigas civilizações – como os índios navajos e os maias – também registraram essa mesma marca em artefatos de sua cultura material. A primeira significação definida da suástica surgiu entre os praticantes do hinduísmo.
Em sânscrito, a palavra suástica significa “aquilo que traz sorte”. Entretanto, o posicionamento dos braços que compõe o símbolo tinha significações religiosas completamente opostas. Quando seus braços estão em sentido horário (conforme observado na bandeira nazista) a suástica seria um ícone mágico capaz de chamar a atenção das divindades malévolas. Se estivesse disposta de maneira inversa, poderia atrair boas energias, bem como servir como uma referência ao deus Sol.
Em outras culturas também é possível observar usos bastante variados para essa mesma simbologia. Os chineses adotavam a suástica para representar o número 10.000; a maçonaria a utiliza como meio de representação de uma constelação próxima à estrela Ursa Maior; e os bascos representam por meio da suástica a imagem de uma dupla espiral. Ainda assim, entre tantos outros usos e significações, a mais conhecida foi difundida pela poderosa máquina de propaganda nazista.
A associação entre a suástica e o nazismo teria sido feita pelo poeta alemão Guido List, que sugeriu o uso do símbolo como síntese do orgulho nacionalista alemão e o repúdio ao povo judeu. Estudos recentes indicam que o encontro entre o nacionalismo alemão e a suástica foi possível graças às precipitadas interpretações do arqueólogo alemão Heinrich Schliemann.
No final do século XIX, esse estudioso coordenava uma pesquisa no estreito de Dardanelos, onde presumidamente haveria sido construída a cidade de Tróia. Durante algumas escavações, Heinrich encontrou vários artefatos com suásticas bastante semelhantes a outras que ele havia encontrado nas proximidades do Rio Oder, na Alemanha. A partir disso, ele presumiu que havia algum elo entre os antigos povos gregos e os teutões, que primeiramente ocuparam a Alemanha.
Entretanto, ao contrário do que possa aparentar, a suástica apareceu no mundo Ocidental antes do movimento nazista ganhar força na Europa. Os membros da Sociedade Teosófica, fundada por Madame Blavatsky, incorporou a suástica entre seus símbolos. No início do século XX, a Coca-cola distribuiu vários pingentes promocionais com a suástica. Ironicamente, os combatentes da 45ª Divisão de Infantaria Americana utilizaram uma suástica laranja durante a Primeira Guerra Mundial.
Na Alemanha, o símbolo seria primeiramente incorporado por algumas organizações nacionalistas e militares. A escolha do símbolo para o Partido Nazista foi justificada por Hitler em seu livro “Minha Luta”. De acordo com o líder nazista, a suástica teria a capacidade de representar a luta em prol do triunfo do homem ariano e o desenvolvimento da nação alemã por meio da campanha anti-semita. Com isso, a suástica viria a ganhar a sua mais reconhecida interpretação.
Na atualidade, grupos religiosos procuram combater as idéias negativas que foram vinculadas à cruz gamada por meio do nazismo alemão. Um grupo norte-americano conhecido como “Amigos da Suástica” promove a divulgação dos significados originais do símbolo e faz questão de demonstrar veementemente que são completamente contrários ao nazismo ou qualquer outra ideologia racista.
Por Rainer Sousa
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